É Fantástico: Depois de transformar críticas em elogios a Roberto Carlos, Globo retrata apartheid doméstico como história de amor

Tempo de leitura: 3 min

Captura de Tela 2015-09-14 às 21.24.57

Globo manipula até Cinema: “Fantástico” transforma “Que Horas ela Volta” numa fábula de amor entre patrões e empregados

por Rodrigo Vianna, no Escrevinhador

Ricardo Calil não entendeu nada. No blog que mantem no UOL, o crítico de Cinema estranhou a forma como o jornalismo da TV Globo tratou o filme “Que Horas Ela Volta?”.

O filme, diz Calil, é “uma reflexão crítica sobre as contradições sociais brasileiras centrada nas relações entre uma família de classe alta de São Paulo, sua empregada doméstica e a filha desta (que chega do Recife e fica morando um tempo na casa dos patrões). O filme de Anna Muylaert – que vem fazendo merecido sucesso mundo afora e foi escolhido como candidato brasileiro ao Oscar – revela o quanto ainda há de Casa Grande e Senzala nessas relações e o quanto o Brasil se libertou das heranças escravagistas nos últimos anos.”

Mas o programa dominical da Globo conseguiu transformar o filme estrelado por Regina Casé em “uma história de amor entre patrões e empregadas – ao colocá-lo lado a lado com duas histórias reais ‘edificantes’ que versam sobre o mesmo tema.”

O Jornalismo da Globo, dirigido por Ali Kamel, não gosta muito de explicitar contradições. O diretor de Jornalismo da Globo acredita que não há racismo no Brasil: “não somos racistas”, diz ele.

O curioso é que o filme de Muylaert é uma co-produção da Globo Filmes, braço cinematográfico da Rede Globo.

“Isso significa que a reportagem do “Fantástico” é um curioso caso em que se fez o marketing de um filme afirmando o contrário do que ele defende“, estranha Calil, que emenda: “Não se via nada parecido desde que a Globo transformou em elogios as críticas do filme Tim Maia a Roberto Carlos.

O crítico também reproduz entrevista da diretora – em que ela explica do que o filme trata…

— “O filme retrata a diferença social entre os personagens e a quebra de regras sociais pré-estabelecidas. Como você avalia essa relação patrão x empregadas no Brasil?

(Anna Muylaert) Acho que a PEC das empregadas deu um grande passo no sentido da profissionalização da doméstica, mas acho que ainda falta bastante para a sociedade brasileira abandonar seus arraigados hábitos coloniais.

— A PEC influenciou na construção do filme?

Eu escrevi este roteiro pensando em falar das regras de convivência sociais no âmbito doméstico. Essas regras separatistas, nós sabemos, não são faladas, mas estão aí. Quando eu criei a Jéssica tão segura de si, não estava pensando em política, mas em fugir de um clichê dramatúrgico da coitadinha da filha da empregada. Mas, quando o filme ficou pronto, todos reconheceram que ele estava falando de um Brasil pós-Lula. E eu concordei. Uma personagem como a Jéssica não seria verossímil antes de seu governo. Acho que, entre erros e acertos, houve uma melhora da autoestima do povo brasileiro. E a PEC das empregadas, sem dúvida, tem a ver com o final do filme. Acho que foi um grande passo para tirar o estigma do escravagismo e tornar a empregada doméstica uma profissional como qualquer outra.”

Ou seja, quem for ao cinema assistir a “Que Horas Ela Volta?” esperando encontrar uma história de amor entre patrões e empregados vai se sentir tão “satisfeito” quanto os espectadores que foram ver “Praia do Futuro” para reencontrar a macheza do Capitão Nascimento.


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Leo V

Agamben, sobre uma partida de futebol entre judeus e nazistas nos campos de concentração:

“Essa partida poderá parecer a alguém como se fosse uma breve pausa de humanidade em meio a um horror infinito. Aos meus olhos, porém, como aos das testemunhas, tal partida, tal momento de normalidade, é o verdadeiro horror do campo. […] aquela partida nunca terminou, é como se continuasse ainda, ininterruptamente. Ela é o emblema perfeito e externo da “zona cinzenta” que não conhece tempo e está em todos os lugares. […] dela também provém a nossa vergonha, de nós que não conhecemos os campos e que, mesmo assim, assistimos, não se sabe como, àquela partida que se repete em cada partida dos nossos estádios, em cada transmissão televisiva, em cada normalidade cotidiana. Se não conseguirmos entender aquela partida, acabar com ela, nunca mais haverá esperança.”

Giorgio Agamben em “O que resta de Auschwitz”

FrancoAtirador

.
.
O Capo Di Tutti Capi Marini tem seus Próprios Escravos de Plantão de Fim-de-Semana
.
e para Eventuais Manifestações da Manada de Muares Nazi-AntiPetistas aos Domingos.
.
.

wladimir teixeira

A globo sofre de “síndrome de george orwell “

Dilma Coelho

Vocês continuam insistindo com esse mi mi mi sobre a família que tem o nome daquele biscoito, ainda por cima a tal de regina casé, quem conhece as histórias dela sabe sobre o que estou falando, realmente é tudo muito indigesto.
Vamos aproveitar melhor o nosso tempo. Há coisas bem melhores para se fazer. Dessa turma não quero saber. Há mais de 20 anos que os desconheço.

Edgar Rocha

A Globo é mesmo o intestino grosso do Brasil. Transforma tudo em merda.
E a platinada sabe fazer isto como ninguém. Se conseguiram cooptar as manifestações de rua num tributo ao fim da democracia, o que podem fazer com uma mera produção cinematográfica. Ela sabe que, mais importante que controlar todos os setores de produção cultural ou de manifestação social, é controlar o filtro pelo qual estas coisas passam quando entram na nossa cabeça. Tentam conduzir o público para ver apenas o que lhes interessa. Antecipam-se ao senso crítico e dão a versão mastigada da realidade. assim, tudo que se vê é o que os formadores de opinião desejam que deva ser visto. A sofisticação da estratégia de contenção do pensamento passa não só por oferecer uma versão fácil, apostando na preguiça mental de quem tem contato com outras ideias. Ela necessita de instrumentos de coação – moral, ética e física – sobre os interlocutores. Nada mais violento, mais ditatorial do que isto!
Infelizmente, o autoritarismo intelectual dos meios de comunicação é reflexo de algo muito mais profundo e mais sombrio. A “inteligência” brasileira – seja ela autodenominada de esquerda ou de direita – tem se permitido lançar mão de tais recursos de autoafirmação e escamoteamento das fragilidades de sua produção “intelectual” não é de hoje. Nossos intelectuais são muito hábeis em criar instrumentos facilitadores do que chamam pomposamente de ‘ócio produtivo’. Nas áreas das ciências humanas são poucos que se atrevem a ir às ruas, conhecer internamente a sociedade, criar ou afirmar a afinidade necessária entre o intelectual e a sociedade que o sustenta e que espera ver-se – sem mentiras – refletida no trabalho acadêmico. Soma-se a isto o corporativismo que impede a crítica interna na academia e temos nas universidades um verdadeiro criadouro de ideias – e métodos – a serviço do statu quo. Por último, é bom lembrar que tais métodos são experimentados sobretudo nos trabalhos de propaganda e marketing. Quem consegue vender até uma imagem boa da Globo, consegue tudo. Só não sei se o marketing virou área filosófica, ou se o pensamento filosófico virou marketing puro.
Caramba, fiquei com vontade de comer bolacha de sal.

Marcio

Sempre fomos confortados com oque vem de cima,ja vem pronto,juntar para dividir..militarismo..e quando as coisas começam a acontecer de verdade e tudo mundo ta vendo..querem nos enganar novamente para nos roubarem…parece a novelinha da Gl a mininha casa com o vovozinho..mas no final o mata e fica com tudo…

Viviane

Ufa, fico feliz em saber que não fiquei incomodada sozinha! Não consegui explicar a minha filha o porquê do mal-estar enquanto assistíamos à “reportagem”. Que bom que as pessoas estão percebendo coisas que não podem mais ser tidas como “normais”…

clodoaldo

O povo brasileiro, como disse a própria cineasta, está com a autoestima em alta, mas a nossa elite continua vira-lata como sempre, com a sua autoestima muito baixa. Afinal deixar de ter uma super potência pisando em suas costa e difícil quando se aceita a condição de capacho.

roberto

O cinema (sic) brasileiro, não passa de uma novela idiótica da globo, mais compactada, em pouco menos de duas horas.
Os atores são os mesmos espalhafatosos,feios e careteiros da globo.
A produção é péssima como as novelas.
Títulos burros e de mau gosto.
Direção, roteiro, som, imagem, câmeras etc ,horrorosos.
Efeitos especiais e ação, inexistentes, tudo é lerdo, moroso ,estático, chato.
Personagens forçados e anti naturais. Nada é atuado,mas representado, como no palco.
Estamos um século atrasados em cinema e com grande culpa também dessa praga cultural chamada globo.

FrancoAtirador

.
.
Na Visão dos Donos da Mídia Empresarial FamiGliar Patriarcal
.
as Criadas Domésticas são Mucamas Agregadas do Clã Parental.
.
.
Patriarcalismo: O Modelo de Senhorio Feudal
.
O Modelo Patriarcal é um tipo de Estrutura Familiar Extensa,
Composta não apenas do Núcleo Conjugal e d@s Filh@s,
mas incluindo um Grande Número de Parentes, Aderentes,
Agregad@s, Afilhad@s, Criad@s e Escrav@s, tod@s Submetid@s
ao Chefe do Clã que acumula as Funções de Marido, Pai e Patriarca.
.
A Família Patriarcal, portanto, é essencialmente Constituída
em um Núcleo Econômico, onde o “Pater” é o Provedor
dos Membros Subordinados do Grupo Familiar Parental,
e, por conseguinte, o Detentor de uma Autoridade Máxima
que se impõe como Poder Autocrático sobre os Demais.
.
Esse Tipo de Organização Social foi instituído no Brasil,
já no Início da Colonização Portuguesa, no Século XVI,
sob Forte Influência da Cultura Medieval Ibérica.
.
Aqui, o Modelo de Família Patriarcal teve Grande Implicação
na Forma de Ordenamento Político, Econômico e Jurídico,
estabelecido na Origem sob as Práticas do Coronelismo
do Apadrinhamento e do Clientelismo que estenderam
os Domínios Privados do Âmbito Familiar à Esfera Pública.
.
Assim um Tripé Fundamental, Estruturador da Sociedade Brasileira,
.
foi Assentado nas Bases do Processo de Colonização do Brasil:

o Latifúndio, a MonoCultura AgroPecuária Extensiva e a Escravidão,
.
sob Domínio Absoluto do Grande Proprietário de Terras, o Patriarca.
.
.
Alguns BraSileiros que pesquisaram e analisaram,
sob Ângulos Diversos e com Abordagens Variadas,
o Fenômeno Social do Patriarcalismo no Brasil:
.
• Sérgio Buarque de Holanda
• Raymundo Faoro
• Gilberto Freyre
• Sérgio Buarque de Holanda
• Darcy Ribeiro
• Caio Prado Jr.
.
(http://abre.ai/patriarcalismo)
(http://www.brasilescola.com/historiab/familia-patriarcal-no-brasil.htm)
.
.

Marat

É que o público da globo não entende nada sobre conflitos (nem deseja entender, vejam como são nossas escolas estaduais!). Além do mais, a globo, como (de)formadora de opinião, prefere manter o povo bem burrinho, de modo a este povo continuar votando no psdb, que insere suas propagandas na… globo… que emburrece o povo de SP…

Marat

Samba do Criollo Doido… Chama o síndico!!!

Deixe seu comentário

Leia também