Como a luta contra o apartheid foi perdida nos bastidores

Tempo de leitura: 7 min

No campo, os negros continuam serviçais dos brancos (foto reprodução do Nova África)

Como o pacto do Congresso Nacional Africano com o diabo vendeu os pobres da África do Sul

por Ronnie Kasrils*

Diário britânico Guardian, 23 de julho de 2013

No começo dos anos 90, nós da liderança do CNA cometemos um sério erro. E nosso povo ainda está pagando o preço.

Os jovens da África do Sul hoje são conhecidos com a geração dos Nascidos Livres.

Eles desfrutam da dignidade de terem nascido em uma sociedade democrática com direito ao voto e a escolher quem vai governa. Mas a África do Sul moderna não é uma sociedade perfeita. Igualdade total – social e econômica – não existe e o controle das riquezas do país continua nas mão de poucos, por isso nosso desafios e frustrações crescem.

Veteranos da luta contra o apartheid como eu frequentemente se perguntam, diante dessas decepções, se o sacrifício valeu a pena. Apesar de minha resposta ser sim, deve confessar com grande apreensão: acredito que deveríamos estar bem melhor.

Houve grandes avanços desde a conquista da liberdade em 1994: na construção de casas, creches, escolas, estradas e infraestrutura, fornecimento de água e eletricidade para milhões, educação e saúde gratuitas, aumento das aposentadorias e verbas sociais, estabilidade financeira e bancária, crescimento econômico modesto mas constante (ao menos até a crise de 2008).

Esses ganhos, no entanto, perdem a força diante da precariedade da oferta de serviços que resultou em protestos violentos das comunidades pobres e marginalizadas, graves desigualdades nos setores de saúde e educação, um violento aumento do desemprego, brutalidade e tortura endêmicas por parte da polícia, disputas de poder nos bastidores do partido no poder — que se tornaram ainda piores desde o afastamento de Mbeki em 2008 — uma tendência alarmante ao segredo e ao autoritarismo do goveno, a interferência no judiciário e as ameaças à mídia e à liberdade de expressão.

Até mesmo a privacidade e a dignidade de Nelson Mandela foram violadas por pessoas do alto escalão do CNA em nome da oportunidade barata de fotografá-lo.

Mais embaraçoso e chocante foram os eventos do Bloody Thursday – 16 de agosto de 2012 –, quando a polícia massacrou 34 mineiros em greve na mina de Marikana, da Lonmin, empresa baseada em Londres.

O massacre de Shaperville, em 1960, me levou a ingressar no CNA. Para mim, Marikana foi ainda mais perturbador: uma África do Sul democrática não deveria ter este tipo de barbaridade. Ainda assim, o presidente e seus ministros se trancaram em uma cultura de esconder a verdade. Inacreditavelmente, o Partido Comunista da África do Sul, meu partido por mais de 50 anos, não condenou a ação da polícia.

A luta pela libertação da África do Sul chegou a um ponto elevado mas não atingiu seu zênite quando derrubamos o apartheid. Naquela época, tínhamos muitas esperanças para o nosso país dada sua economia industrial moderna, suas riquezas minerais estratégicas (não somente ouro e diamantes), e uma classe trabalhadora e um movimento sindical organizados com uma rica tradição de luta. Mas esse otimismo não considerou a tenacidade do sistema capitalista internacional.

De 1991 a 1996 foi travada a batalha pela alma do CNA e ela eventualmente foi perdida para o poder das corporações: caímos na armadilha da economia neoliberal – ou, como alguns reclamam hoje, “vendemos nosso povo rio abaixo”.

O que chamo de acordo com o diabo aconteceu quando tomamos um empréstimo do FMI às vésperas de nossa primeira eleição democrática. Esse empréstimo, com exigências que impediram a adoção de uma agenda econômica radical, foi considerado um mal necessário, como também o foram as concessões para manter as negociações nos trilhos e conquistar a terra prometida ao nosso povo.

A dúvida passou a reinar suprema: nós acreditávamos, erroneamente, que não havia outra opção; que tínhamos que ser cuidadosos, já que a partir de 1991 nosso poderoso aliado, a União Soviética, falida por conta da corrida armamentista, havia desmoronado.

Indesculpavelmente, tínhamos perdido fé na habilidade de nossas massas revolucionárias de vencer todos os obstáculos. Não importa quais eram as ameaças de isolar uma África do Sul radical, o mundo não teria ficado sem nossas vastas reservas minerais. Perder a calma não era necessário ou inevitável. A liderança do CNA deveria ter se mantido determinada, unida e livre da corrupção – e acima de tudo, ter mantido sua disposição revolucionária.

Ao invés disso, fraquejamos.

A liderança do CNA deveria ter se mantido fiel ao compromisso de servir o povo. Isso teria lhe dado a hegemonia necessária não somente frente a classe capitalista estabelecida mas sobre os elitistas emergentes, muitos dos quais buscariam riqueza através do fortalecimento da economia negra, de práticas corruptas e da venda de influência política.

Quebrar o regime do apartheid através da negociação, e não de uma guerra civil sangrenta, pareceu na época uma opção boa demais para ser ignorada. Entretanto, naquele momento, o poder estava com o CNA e as condições eram favoráveis para uma mudança mais radical na mesa de negociações do que aquela que acabamos aceitando.

Não é certo que a velha ordem, a não ser os extremistas radicais isolados, tivesse capacidade de recorrer à repressão sangrenta que a liderança de Mandela temia. Se tivéssemos mantido a calma, poderíamos ter ido mais adiante sem fazer as concessões que fizemos.

Foi um erro calamitoso da minha parte focar em minhas próprias responsabilidades e deixar os assuntos econômicos por conta dos especialistas do CNA. Entretanto, naquele momento, muitos de nós não sabiamos muito bem o que estava acontecendo nas discussões econômicas de alto nível.

Como Sampie Terreblanche revelou em sua crítica “Lost in Transformation”, no fim de 1993 grandes estratégias de negócios – costuradas em 1991 na residência do magnata da mineração Harry Oppenheimer em Johannesburgo – estavam se cristalizando em discussões secretas, durante a madrugada, no Banco de Desenvolvimento da África do Sul.

Estavam presentes às discussões líderes de mineração e energia da África do Sul, os chefes das empresas norte-americanas e britânicas com presença na África do Sul – e jovens economistas do CNA, alunos de economia das escolas do Ocidente. Eles se reportavam a Mandela e foram forçados a se submeter, por medo ou por terem sido enganados, diante das opiniões que que haveria consequências desastrosas para a África do Sul se o governo do CNA levasse adiante políticas econômicas que os empresários consideravam desastrosas.

Todos os meios de erradicar a pobreza, que era a promessa de Mandela e do CNA aos “mais pobres dos pobres”, se perderam no processo. A nacionalização das minas, como foi previsto pelo Freedom Charter, foi abandonada.

O CNA aceitou assumir a responsabilidade por uma vasta dívida da era do apartheid, que deveria ter sido cancelada.

O imposto sobre a riqueza dos super ricos, para financiar projetos de desenvolvimento, foi deixado de lado e as corporações domésticas e internacionais, que enriqueceram com o apartheid, foram isentadas de qualquer indenização financeira.

Foram instituídas obrigações orçamentárias extremamente rígidas que atariam as mãos de qualquer governo futuro; a obrigação de implementar uma política de livre comércio e abolir todas as tarifas protecionistas e todas as normas do livre comércio neoliberal foram aceitas.

As grandes corporações puderam transferir sua listagem na bolsa para o exterior. Na opinião de Terreblanche, essas concessões do CNA constituem “decisões traiçoeiras que vão perseguir gerações futuras da África do Sul”.

A liderança do Partido Comunista-CNA, ávida por ocupar os cargos políticos (eu, assim como os outros) prontamente aceitou um pacto com o diabo para ser amaldiçoada no processo. Ela deixou uma economia tão amarrada na fórmula global neoliberal e no fundamentalismo do mercado que existe muito pouco espaço para aliviar os problemas da maior parte do nosso povo.

Não é de estranhar que a paciência do povo esteja se esgotando; que seus protestos angustiados aumentam enquanto cresce a deterioração das condições de vida; que os que estão no poder não encontrem soluções.

As migalhas que sobram vão para a elite negra emergente; a corrupção deitou raízes e os gananciosos e ambiciosos brigam como cães por um osso.

Na África do Sul, em 2008, os 50% mais pobres recebiam apenas 7,8% da renda total. Enquanto 83% dos brancos da África do Sul estão entre os 20% que têm as maiores rendas, em 2008 apenas 11% da nossa população negra faziam parte deste grupo. Essas estatísticas escondem o sofrimento humano consumado. Não é de espantar que o país tenha testemunhado um grande aumento nos protestos civis.

O mergulho no escuro deve ser evitado. Eu não acredito que não haja esperança para a coalizão em torno do CNA. Existem ótimas pessoas nas fileiras. Mas uma revitalização e uma renovação de alto a baixo é urgentemente necessária. A alma do CNA precisa ser restaurada; seus valores tradicionais e suas cultura precisam ser restabelecidos. É preciso romper o pacto com o diabo.

No momento, a maioria empobrecida não vê saída a não ser com o partido que está no poder, apesar de a habilidade do CNA de manter estas alianças esteja se deteriorando. A oposição parlamentar efetiva reflete os interesses dos grandes negócios de várias estirpes e, enquanto uma oposição parlamentar forte é vital para manter o CNA na linha, muitos eleitores querem políticas socialistas e não medidas inclinadas a servir aos interesses dos grandes negócios, mais privatizações e medidas econômicas neoliberais.

Isso não significa que resgatar o país da crise dependa apenas do CNA, do SACP [Partido Comunista da África do Sul] e do Cosatu [Congresso dos Sindicatos Sul Africanos]. Existe um número incontável de patriotas e camaradas em organizações que já existem e em outras que estão sendo formadas que são vitais para o processo.

Também existem os caminhos legais e institucionais, como a promotoria pública e a comissão de direitos humanos que – incluindo o direito de apelar ao tribunal constitucional – podem testar, expor e desafiar as injustiças e as violações de direitos.

As táticas e estratégias dos movimentos de base – sindicatos, organizações civis e comunitárias, grupos de mulheres e de jovens – mostram o caminho a seguir com sua ação não violenta, digna mas militante.

*Esse é um trecho editado da nova introdução da autobiografia de Ronnie Kasrils, “Armed and Dangerous”.

PS do Viomundo: Um dos líderes africanos amaldiçoados pela mídia corporativa não apanha apenas por liderar um regime brutal. Robert Mugabe, do Zimbábue, foi forçado pelo povo a promover a reforma agrária que contrariou os interesses dos colonizadores britânicos e passou a ser vilipendiado. Foi o único. Na África do Sul a estrutura agrária permanece a mesma do colonialismo. As melhores terras estão nas mãos dos brancos. Veja abaixo com a excelente repórter Aline Midlej para saber mais.

A herança africâner (4) from Luiz Carlos Azenha on Vimeo.

A disputa pela terra no Zimbábue (16) from Luiz Carlos Azenha on Vimeo.


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Comentários

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Mário SF Alves

Meus deus! Quequéisso?
Renato em resposta ao Lulipe:

“Você assistiu né….viu o Lulinha lá.
E FHC, Bill lembrou dele…eh eh eh.
Viu Dilminha, linda…quer ver em 2014.
Quando ela trocar o nome de PSDB por PCC,
isto depois de dar uma enroscada………
Pergunte pro Agripino, se ela enroscou, quando
ela prânto a soca nele..ou não assitiu, não acredito
lulipe”

Só rindo, Valeu Renato.

Mário SF Alves

“Parabéns Azenha pelos videos que você nos apresenta! São videos extraordinariamente esclarecedores, pois nos mostram que o apartheid e a escravidão se mantêm cada vez mais intensos na Africa do Sul; os nativos negros, que representam a maioria da população sul-africana, continuam escravos dos brancos, e realizando serviços de categorias inferiores. É isso que a elite burra, primitiva, pouco evoluída socialmente, pretende manter como regime predominante no Brasil. Em termos de evolução antropológica social Brasil e África do Sul mostram-se em um mesmo estágio.”

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Endosso o que disse o Jayme Vasconcellos Soares. Parabéns! Parabéns pela aula de história e, por que não dizer, de educação política contida no texto. E, sem desmerecer ninguém, diria que estamos no rumo certo.

Mário SF Alves

A visão pode ser um tanto estanque. Claro. Mas, ainda assim útil. Valeu.
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Proponho uma reflexão coletiva a partir dela. Que tal?

Mário SF Alves

Relato fantástico, histórico, imprescindível.

E quão próximo de um passado não muito remoto e da realidade que ainda insiste em se perpetuar aqui. Afinal, somos todos um similar caldeirão de etnias; todos provimos do mesmo berço. Ou não?

A diferença talvez consista apenas na arquitetura da Casa Grande. E só. No mais é tudo igual. Ou melhor, pior. Aqui, com o Brasil sendo o que é, esse país quase continente, riquíssimo, e nas barbas de outro gigante, o imperialismo norte-americano, claro, a geopolítica não só o determina, mas, também o contém e apequena.

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Merece destaque:

“Inacreditavelmente, o Partido Comunista da África do Sul, meu partido por mais de 50 anos, não condenou a ação da polícia.”

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Inacreditável?

Nem tanto. Inacreditável seria o PiG dar-se conta disso e parar de fazer proselitismo e terrorismo com essa estória rota e requentada de comunismo. Isso, sim, seria inacreditável.
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Mas, por fim a descompensação toda por si mesmo explica:

“De 1991 a 1996 foi travada a batalha pela alma do CNA e ela eventualmente foi perdida para o poder das corporações: caímos na armadilha da economia neoliberal – ou, como alguns reclamam hoje, “vendemos nosso povo rio abaixo”.
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A alma do CNA… Sim, é isso, a alma. É isso. É essa a chave: a queda do Ocidente na armadilha, no terrorismo, na insanidade e na perspectiva de um potencial novo holocausto que poderá nos ocorrer a menos que dê um basta definitivo à economia neoliberal.

Bernardino

qua, 11/12/2013 – 12:09
Roberta Ragi

Excelente matéria, esta e a do Zizek, sobre Mandela e o Apartheid, na África do Sul. Madiba foi grande, mas a plasticidade e o poder da economia neoliberal são mesmo difíceis de expurgar, capazes de “meter qualquer povo rio abaixo”.

Tb aqui, em terras tupiniquins, andamos de pacto em pacto, com o diabo.

FAÇO minhas as palavras da Internauta Roberta RAGI e de fato como é dificil operacionalizar as IDEIAS.É preciso ser Grande,corajoso e FEROZ

NO Cômputo das Grandes Revoluçoes do seculo XX se espremer so acharemos poucos lideres que concretizaram sua Pregaçao com melhorias paara seu povo e que hoje persistem.Vamos aos nomes e País::Revoluçao RUSSA que legou uma grande e potencia nuclear,respeitada no mundo e temida pelos EUA.Nao citarei nomes pq todos ja sabem Lenin e cia bela

CHINA,Grande potencia hoje que fez sua revoluçao pelo MAO,CHU EN LAI e DEN CHIAO PING,este fez o pulo do Gato e esta vencendo o inimigo com EUA com suas proprias armas: O Capitalismo.Mas nada disso aconteceria se a populaçao nao fosse alfabetizada e preparada para a transiçao como ocorreu emais o país se armou fez sua BOMBA e depois partiu pra ganhar dinheiro tudo com politizaçao e patriotismo,isto é a base foi FEITA!!

A Pequena CUBA.fez sua revoluçao e Fidel perseguido nao recuou implantou reformas,educou seu povo e melhorou ,apesar de todo Boicote,Cuba tem bons indices educacionais e de SAúdePublica,porem tudo isso com Confronto e coragem!!

Nao poderia deixar de citar o CHAVEZ que dentro do jogo democratico confrontou e fez sua revoluçao,melhorando a naçao e seu povo e peitando a burguesia e os EUA no plano externo.É exemplo de CORAGEM

Conclusao pelos artigos citados este e o do ZIZEK deduzimos que o MANDELA foi lutador no CNA quando jovem e preso por longos anos.Poreem quando livre nao confrontou,preferiu as negociatas com o Baronato BRANco afim de conquistar o PODER e uma vez neste,nao foi corajoso o suficiente pra promover REFORMAS pra melhoria do seu POVO e hoje o resultado esta aí:uma naçao desigual social e econimicamente e com altos riscos de ter de volta o proprio ovo da serpente: O RACISMO.

Governo de CONCILIAÇAO acaba e o conciliador acaba sendo comido por ULTIMO.A Historia nao falha as grandes naçoes foram forjadas no CONFRONTO pq foram lutas de Ideais contra tirania e exploraçao CANALHA

Nesse sentido os grandes lideres acima elencados: MAO.CHU,DENG,FIDEL e em menor escala PERON E GETULIO por nao serem internacionais legaram frutos aos seus paises e ouso incluir ROOSEVELT que mesmo capitalista confrontou os BAndidos de WALL STREET e saiu vencedor com o NEW DEAL

Quando a MIDIA PORCA VEM INCENSAR,como o Mandela,é pq ela nada perdeu junto com os plutocratas seus Patroes!!!
Nesse sentido pra mim o MANdela teve seu merito em lutar contra o racismo,porem transforma-lo em panteao e formador de uma grande NAÇAO,isso nao ate porque a Africa do sul nao melhorou seus indices socias e O Baronato Branco saiu vencedor do ponte de vista ECONOMICO

Grandes guerreiros foram todos CITADOS acima pq foram forjados no CONFRONTO de antes e depois de conquistarem o PODER,resultando em melhoria significativa de suas NAÇÕES

    Mário SF Alves

    Desasnante, Bernardino. Simplesmente desASNANTE.

    Claro. Ainda assim é impossível negar que sistemas autoritários ainda que transitórios ou em vias de transitoriedade sejam todos eles, sim, deploráveis.

    Uns menos, concordo. Outros, dissimulados, covardes, assassinos sem limites, indo até o holocausto em nome de fração mínima da população, eternamente condenados a jamais expressar publicamente suas reais intenções e interesses, são e serão injustificáveis, sempre.

Luís Carlos

Grande material. Jornalismo do qual sentimos muita falta e necessitamos demais.
Muito bom o material. Parabéns a Aline pelo trabalho.Parabéns ao Viomundo, novamente.

Roberta Ragi

Excelente matéria, esta e a do Zizek, sobre Mandela e o Apartheid, na África do Sul. Madiba foi grande, mas a plasticidade e o poder da economia neoliberal são mesmo difíceis de expurgar, capazes de “meter qualquer povo rio abaixo”.

Tb aqui, em terras tupiniquins, andamos de pacto em pacto, com o diabo.

Narr

Na RAS, havia brancos cumprindo pena por lutarem contra o racismo: eram militantes do Partido Comunista.
No Conselho de Segurança da ONU, a URSS sempre votou a favor das sanções contra o regime de Pretória, os EUA e o UK vetavam.
O apoio soviético a Fidel Castro garantiu a presença de 15.000 cubanos que derrotaram os intervencionistas sul-africanos.
Hoje, querem tirar casquinha do fim do racismo.
Como no poema de Neruda, todos são anti-racistas, todos podem comemorar a derrota do Apartheid, menos os que mais duramente o combateram.
Joaquim Nabuco profetizava que um dia contariam que a escravidão no Brasil foi extinta por ordem dos latifundiários.
Mais um pouco, e leremos na Veja que Apartheid era sustentado pela URSS, por Cuba e pela esquerda sul-africana.

wendel

Os cometários sobre o artigo, estão realmente muito interessantes, então vamos fazer uma ilação, se me permitem!
A ida de quase cem chefes de estado aos funerais de Mandela, pede alguma reflexão. sobre os discursos e possíveis apertos de mãos entre inimigos históricos, sem dúvidas mostra o quanto de hipocrisia vivemos atualmente!
A gestão Mandela. no que pese alguns méritos, mostrou o quanto é dificil governar sem o aval dos poderosos, pois presidentes de nações, nada mais são que gestores de algo, que supomos ser autônomas!
Ledo engano!!! Haja visto o que tem sido a adminitração Obama e outros mais, que em discursos dizem: “We can” – “I have a dream” – “se eles dexarem”, enfim são inúmeros os sonhos não realizados, e que mostram somente a enorme diferença entre o real e o ideal!!
Finalizado diria: esta presença maciça de chefes de estado no funeral, esta mais parecendo uma convocação e um amostragem para o mundo tipo – vejam o tributo de reconhecimento para aqueles que cumprem nossas determinações, caso contrário…..

    Mário SF Alves

    Tá. Mas, nem tanto ao mar e nem tanto à terra.

    Mandela foi até onde era possível ir. Disso tenho certeza. Existem homens que jamais se deixariam trair. Existem homens, inclusive em organizações mafiosas, que jamais se deixariam corromper moralmente. Fosse ele um outro, 27 anos de cárcere, possivelmente, o teriam transformado num rato.

    Estratégias existem e são necessárias. O enfrentamento de um poder como o que hoje domina o Ocidente – e na África do Sul, ideológica e materialmente ocidentalizada, não é diferente – exige estratégia. Elas são mesmo imprescindíveis. Algumas pressupõem verdadeiros vazios ideológicos e há os que se aproveitam pessoalmente desse vazio interposto por elas. Esses sempre existirão.

Luís Carlos

Revoluções políticas não são revoluções sociais. Mudar o regime na África do Sul à época era necessário mas insuficiente. O grande capital fez concessões políticas para não mudar social e economicamente. Deu migalhas econômicas mas manteve o grande acúmulo e lucro econômico. Mandela foi sim, inegavelmente, líder absolutamente singular e que liderou seu povo para situação menos opressora do que antes, porém não rompeu com modelo econômico que sustentava Aparthaid. A democracia representativa é limitada e funciona na perspectiva de não fazer mudanças estruturantes. Esconde as relações materiais e necessidade de mudanças radicais na estrutura econômica e social sob manto da democracia política. Ideólogos neoliberais impõem preponderância da liberdade econômica (de capitas) sobre liberdade política, pois sabem que a mudanças na estrutura econômica geram mudanças na estrutura social, e não apenas mudanças políticas dentro da democracia representativa.
Racismo e machismo se sustentam nas relações materiais. Banir ambos definitivamente exige superar modelo econômico atual com radical mudança econômica e social para mudar relações materiais.

José Souza

Parabéns Azenha por postar o texto e os vídeos. Com esse material, eu e meus amigos, estamos melhorando nossos conhecimentos sobre a história recente da África do Sul. Obrigado.

Adriano Medeiros Costa

O Brasil é um país que nos anos 70 com uma mão reconheceu a independência de Angola e com a outra deu exílio ao ditador português Marcello Caetano…mas isso quase ninguém lembra…

FrancoAtirador

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Como sempre e em todos os lugares,

o Rosto Cruel do Capitalismo Tirânico

coberto por Maquilagens Democráticas.
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Jayme Vasconcellos Soares

Parabéns Azenha pelos videos que você nos apresenta! São videos extraordinariamente esclarecedores, pois nos mostram que o apartheid e a escravidão se mantêm cada vez mais intensos na Africa do Sul; os nativos negros, que representam a maioria da população sul-africana, continuam escravos dos brancos, e realizando serviços de categorias inferiores. É isso que a elite burra, primitiva, pouco evoluída socialmente, pretende manter como regime predominante no Brasil. Em termos de evolução antropológica social Brasil e Africa do Sul mostram-se em um mesmo estágio.

wendel

“O que chamo de acordo com o diabo aconteceu quando tomamos um empréstimo do FMI às vésperas de nossa primeira eleição democrática.”
“As migalhas que sobram vão para a elite negra emergente; a corrupção deitou raízes e os gananciosos e ambiciosos brigam como cães por um osso.”
Pincei estes dois trechos do artigo, como poderia ter pinçado outros mais, pois na realidade, este artigo retrata fielmente o que foi e continua sendo a África do Sul, após a chamada “democracia” naquele país e o fim do apartheid (?)!
Quero agradecer ao autor, Sr Ronnie Kasrils, e ao Viomundo por publicar este artigo que tão bem elucida o mito Mandela e os acordos de bastidores para entregarem o poder aos negros daquele país!
Minha ótica me diz que esta entrega se deu em virtude de se evitar uma guerra civil, que afetaria os lucros das corporações, principalmente norgte-americanas, inglesas e israelenses, e assim fizeram conforme bem mostra a famosa frase do filme Il Gattopardo – ” … é necessário que se mude, para continuar tudo como está”.
Como também já disseram, “o ovo da serpente uma hora irá eclodir”, mas esta já é outra história, pois os barões capitalistas, aquela altura, já migraram para outro país!!!!
Assim meus caros,

    Mário SF Alves

    “…acordos de bastidores para entregarem o poder aos negros daquele país”

    _________________________
    Poder? Que poder? Volta e meia caímos nessa esparrela de achar que quem conquista o governo necessariamente conquista o poder. Ledo engano. O que se conquista mal e porcamente é apenas o governo de um e somente um dos poderes da república. Governos de direita até que de certa forma sim, conquista o poder, mas… governos de esquerda, onde, quando?

renato

Não foi perdida, esta na cabeça do povo africaner.
Todos sabem das diferença, mexam nisto, e aguarde.
Desta vez os negros não ficarão sós e desarmados.
Não era isto que Mandela queria, mas convenhamos
vinte e sete anos, sabia o que estava fazendo, o
exercito Sul Africano é de que cor…não se cria
um idiota, em vinte e sete anos, matando seus amigos
e antecessores. Vamos a PAZ é possivel, mas não mexa
nas LIberdades, perene, constante, e agora é que estão
crescendo, os parceiros da Africa, já não é EUA…..
Engana-se alguem, que acha que Dilma ou o PT é sonso.
Muito menos o meu Presidente Lula.

Hudson Lacerda

Viomundo, sempre necessário e insubstituível!

Jayme Vasconcellos Soares

Enquanto predominar o capitalismo, ocorrerá a escravidão o apartheid, e a elite com seu chicote, hoje modernamente defendida pela mídia corporativa de direita. Do mesmo modo que na África, no Brasil verifica-se, com grande intensidade, o apartheid e a escravidão do trabalhador, sob a aceitação tácita do governo Dilma, que, aliás, oferece armamento para que os senhores de engenho mantenham as senzalas: a Presidenta Dilma numa postura tipicamente partidária dos representantes dos ruralistas, colocou Katia Abreu como uma das suas principais auxiliares; e a Katia Abreu usa o seu poder, como pode, para impedir a reforma agrária, e atacar e agredir o homem do campo, que busca um pedaço de terra para sobreviver, no uso de seu direito digno de cidadão brasileiro.
Com relação ao discurso, lido, proferido por Dilma, no enterro do líder africano Mandela, trata-se de uma peça de retórica, eivada de hipocrisias, e frases feitas, que pode ser concebido como um corpo desprovido de vida, sem alma.

Zilda

Fiquei muito desapontada com Mandela e os revolucionários sul-africanos desde que tomei conhecimento, por meio de matéria na Revista CartaCapital, de que na Constituição da África do Sul há um artigo permitindo que sejam fundadas cidades só de brancos e onde é proibida a entrada de negros. E já existe uma cidade com essas características. A revista mostrou foto de brancos moradores da cidade. Para mim é como gerar o ovo da serpente. Se os brancos são mais ricos e preparados, logo, logo o apartheid estará de volta.

luiz claudio pontes

Mandela era o cara. Ele sempre soube conviver com os opostos e dar a volta por cima das vicissitudes. Ele aprendeu na prisão que o radicalismo poderia por em jogo o futuro da Africa do Sul e de seu povo. Por esse motivo promoveu um governo de alianças onde negros e brancos conviviam em relativa harmonia. Ele não fez isso por bondade, mas sim por malandragem. Sabia ele que se batesse de frente com a minoria branca e rica afundaria o país em grave crise econômica como a ocorrida em Angola no governo de Samora Machel. Os brancos é que tinham a grana na Africa do Sul. Se eles metessem o pé não sobraria pedra sobre pedra para Mandiba reconstruir a nação e um possível fracasso seria atribuído a Mandela e à maioria negra.
Vale dizer que embora Machel fosse um grande revolucionário, não percebera que a perseguição aos portugueses provocaria a falência de Angola. Os lusitanos, perseguidos, deixaram a antiga colônia em 1974 e levaram todas as riquezas daquele país em gordas malas de dinheiro . Muitas delas vieram parar no Brasil e deram origem a muitas fortunas, principalmente no RJ e SP. Não pensem que foi mera coincidência o esperto Mandela ter se casado justamente com a ex-mulher de Machel Graça Machel, mulher de grande visão e intelectual refinada. Essa união trouxe ainda mais bagagem para que o grande Mandiba pudesse reconstruir a África tão sonhada por ele. Vale dizer que Mandela só foi solto pela minoria branca depois que o muro de Berlim foi ao chão e que por esse motivo a elite racista local e o capitalismo não mais viam nos seus quintais africanos o risco de mais uma nação marxista depois que a antiga URSS foi ao chão. Se ainda existissem os soviéticos fatalmente Mandela passaria seus últimos anos na cadeia ou teria sido morto como fora Machel em um atentado pela elite branca sul africana. Mandela fez o que pode no curto período em que esteve fora das grades e teve que fazer algumas concessões para que houvesse algum avanço, mas agora os sul africamos precisam lutar para que a África do Sul seja verdadeiramente de seu povo e não daqueles que os oprimiram.

    Paulo Roberto

    Samora Machel além de governar Moçambique também mandou em Angola?

Jane

Eu também achei o discurso meio capenga, sem paixão

Ary Gurgel

E a Globo que continua apostando que seu público é burro, hein?
Nem cita a decisiva e corajosa participação dos cubanos na batalha de Cuito Cuanavale em 1988, que quebrou as pernas dos racistas sul africanos.
Para a turma do Jardim Botânico foi a batalha que não houve, tal qual Itararé.

Parabéns, Baronesa de Cuito Cuanavale…

Bonifa

Sinceramente, não gostamos do discurso da Dilma na homenagem a Mandela. É um retrato de equívocos. Presta condolências, quando deveria prestar irmandade e alegria. O povo dança, e ela fala de velórios ocidentais. Uma diplomacia de erros, sinal de que o Itamaraty já não é o mesmo. Obama fez um belo discurso. Raul Castro foi exuberante. Dilma foi “formal e triste”, como diria C.D. de Andrade. Lula, teria entendido tudo e faria o povo do estádio de Johannesburgo delirar. Esta é a diferença.

    lulipe

    E para manter a rotina de “gafes” em discursos, confundiu sul-africanos com sul-americanos…

    renato

    Você assistiu né….viu o Lulinha lá.
    E FHC, Bill lembrou dele…eh eh eh.
    Viu Dilminha, linda…quer ver em 2014.
    Quando ela trocar o nome de PSDB por PCC,
    isto depois de dar uma enroscada………
    Pergunte pro Agripino, se ela enroscou, quando
    ela prânto a soca nele..ou não assitiu, não acredito
    lulipe

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