Colunista de O Globo ensina aos leitores quem são “eles”, os pobres

Tempo de leitura: 3 min

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É patológico, doutora?

O plano cobre

SILVIA PILZ, em O Globo

13.01.2015 12h27m

Todo pobre tem problema de pressão. Seja real ou imaginário. É uma coisa impressionante. E todos têm fascinação por aferir [verificar] a pressão constantemente. Pobre desmaia em velório, tem queda ou pico de pressão. Em churrascos, não. Atualmente, com as facilidades que os planos de saúde oferecem, fazer exames tornou-se um programa sofisticado. Hemograma completo, chapa do pulmão, ressonância magnética, ultra de bexiga cheia. Acontece que o pobre – normalmente – alega que se não tomar café da manhã tem queda de pressão.

Como o hemograma completo exige jejum de 8 ou 12 horas, o pobre, sempre bem arrumado, chega bem cedo no laboratório, pega sua senha, já suando de emoção [uma mistura de medo e prazer, como se estivesse entrando pela primeira vez em um avião] e fica obcecado pelo lanchinho que o laboratório oferece gratuitamente depois da coleta. Deve ser o ambiente. Piso brilhante de porcelanato, ar condicionado, TV ligada na Globo, pessoas uniformizadas. O pobre provavelmente se sente em um cenário de novela.

Normalmente, se arruma para ir a consultas médicas e aos laboratórios. É comum ver crianças e bebês com laçarotes enormes na cabeça e tênis da GAP sentados no colo de suas mães de cabelos lisos [porque atualmente, no Brasil, não existem mais pessoas de cabelos cacheados] e barriga marcada na camiseta agarrada.

O pobre quer ter uma doença. Problema na tireoide, por exemplo, está na moda. É quase chique. Outro dia assisti a um programa da Globo, chamado Bem-Estar. Interessantíssimo. Parece um programa infantil. A apresentadora cola coisas em um painel, separando o que faz bem e o que faz mal dependendo do caso que esteja sendo discutido. O caso normalmente é a dúvida de algum pobre. Coisas do tipo “tenho cisto no ovário e quero saber se posso engravidar”. Porque a grande preocupação do pobre é procriar. O programa é educativo, chega a ser divertido.

Voltando ao exame de sangue, vale lembrar que todo pobre fica tonto depois de tirar o sangue. Evita trabalhar naquele dia. Faz drama, fica de cama.

Eu acho que o sonho de muitos pobres é ter nódulos. O avanço da medicina – que me amedronta a cada dia porque eu não quero viver 120 anos – conquistou o coração dos financeiramente prejudicados. É uma espécie de glamourização da doença. Faz o exame, espera o resultado, reza para que o nódulo não seja cancerígeno. Conta para a família inteira, mostra a cicatriz da cirurgia.

Acho que não conheço nenhuma empregada doméstica que esteja sempre com atacada da ciática [nervo ciático inflamado]. Ah! Eles também têm colesterol [colesterol alto] e alegam “estar com o sistema nervoso” quando o médico se atreve a dizer que o problema pode ser emocional.

O que me fascina é que o interesse deles é o diagnóstico.

O tratamento é secundário, apesar deles também apresentarem certo fascínio pelos genéricos.

Mesmo “com colesterol” continuam comendo pastel de camarão com catupiry [não existe um pobre na face da terra que não seja fascinado por camarão] e, no final de semana, todo mundo enche a cara no churrasco ao som de “deixar a vida me levar, vida leva eu” debaixo de um calor de 48 graus.

Pressão: 12 por 8

Como são felizes. Babo de inveja.

PS do Viomundo: É para isso que as Organizações Globo defendem a liberdade de expressão.

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Ricardo Melo: Ateu, graças a Deus


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Comentários

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Carlos N Mendes

Não consigo encontrar definição melhor – attention whore. Em tempos de Olavo de Carvalho e jabores, ser agressivo e insensível é bilhete premiado para receber cafuné do Ali Kamel ou do Reinaldo Azevedo. Esse artigo tem o valor moral de um comentário de troll o tratamento recomendado para esses casos é ignorar. Completamente.

Rodrigo

Colunista com o perfil de quem baba naquele que é muito mais abastardo do que ela (o praticamente igual, ainda que superior, ela compete) e, procura instantemente um ser para servir de pedestal, para que não veja e sinta a baixeza de seu caráter e a pobreza de seu espírito.

JURIDICO

a midia cada vez mais irá dar espaço para artigos idiotas objetivando desviar o debate da sua regulação…prestem atenção o status quo tem de ser mantido

ARMANDO A LIMA

Prum jornal que demitiu o Xéxeu, essa infeliz é prova de que a água já tá batendo no queixo…

Wiles Machado

Visto a atual situação do sistema de saúde brasileira, chega a ser cruel tais comentários. Por certo quem o redigiu, jamais precisou de atendimento médico especiazado em decorrência de doenças graves. Ignora dados da OMS sobre as taxas de mortalidades ligadas ao colesterol, diabetes, pressão arterial alta etc… “O sonho de um pobre é ter um Nódulo”…Triste ter que ler isso, estiguimatiza boa parte da população. Liberdade de expressão? Até onde vai? A liberdade em OFENDER pessoas?

jota

Imagine-se que para ser colunista seja necessário ter uma autoridade intelectual, conhecimento histórico, filosófico e bom senso. Essa deve ter sido apadrinhada, como tudo na Globo, e ter vindo de uma “faculdadizinha” de fundo de quintal, que não passou noções de ética.

Gerson Carneiro

Colunista da Globo é a demonstração do porquê o mundo não se importa com a Nigéria.

José Barbosa

Este é o retrato da mídia brasileira. Uma jornalista medíocre e racista falando mal dos pobres no jornal de uma família mafiosa. Pobres leitores.

Claudia Fernandes

Liberdade de expressão para todos. Inclusive para os estúpidos.
O tempo separará o joio do trigo.

Rogerio Leal

QUE TEXTO NOJENTOOOOO

fernando oliveira

No Brasil, o Apartheid não é material. É mental. Está na cabeça de meia dúzia de rola-bosta, pagos para sujar papel a mando dos mau caráter donos das empresas de comunicação.

Regina Fe

Infelizmente para ela, não há plano que cubra a doença da mediocridade. Nem no SUS. O bom da liberdade de expressão é que ela também expõe ao ridículo quem se julga sábio, mas que não expressa nada além de tolices, ou abobrinhas, em bom português.

Marta

Deixem de ser chatos. O artigo
é muito bom. É como se vestir bem pra missa de domingo. Pobre sabe o que é bom. Pobre quer deixar de ser pobre. Deixem de ter preconceito contra pobres. Vcs se identificaram com o que vai no texto. Vcs tbém são pobres, mas não querem admitir isso. Por isso, ficam de mimimi. Pobre tem pressão 12/8 e isso é bom. Aproveitem a saúde e vão se esforçar pra melhorar seus rendimentos e quem sabe ficar ricos.

    abolicionista

    Marta, se ser pobre é tão bom, pra que distribuir renda? Deixem as favelas como elas estão, ter pressão alta é uma beleza.

Abelardo

Vejam vocês a que ponto chegou a qualidade do jornal e a qualidade dos profissionais de jornalismo do O Globo. Está explicada a razão da bancarrota, que o fez demitir inescrupulosamente antigos colaboradores. Se alguns com bastante talento foram dispensados, imagino o que acontecerá com essa aí.

AngelaSales

Agora essa imbecil, por causa da óbvia e previsível revolta que causou, fez um adendo ao artigo pra dizer que o “humor cáustico” dela precisou ser explicado e que não teve a intenção de ofender kkkkkk desculpa de sempre: Os outros (nós) é que são burros e não entenderam a “humorista”

    Edgar Rocha

    Ok. Fiz umas piadas que, pelo jeito, não passaram. O teor era simples e direto: critiquei o elitismo da madame metida a jornalista, falei de suas eventuais características pessoais e comparei seu “humor cáustico” com o comportamento dos falecidos artistas do Charlie Hebdo. Ainda ironizei o fato de que, caso os palavrões não passassem, isto se deveria ao ‘bolivarianismo’ dos administradores deste blog. Deixei claro que era ironia (pra evitar análises desnecessárias). Mas, não passou.

    Já que pessoas sem crachá não podem ter senso de humor – ainda mais se for “cáustico” como o de cima e conter umas palavrinhas um pouco mais diretas – vou parar de reclamar feito pobre na enchente e falar um pouco mais sério:
    Minha mãe sofreu uma parada cardíaca em casa. Tinha mal de Alzheimer. Tentei reanimá-la mas com poucas esperanças de que ela sobreviveria. Eu e uma irmã colocamos minha mãe no carro e seguimos para o Hospital de São Mateus. Desci correndo, pedi uma maca e recebi a resposta: “Tá com pressa, traz no braço, ué”. Não questionei, retirei minha mãe do carro e entrei numa sala com uma mesa. Uma enfermeira tomava café e ali ficou. Recomecei as massagens cardíacas, implorando para que a atendessem. A mulher olhou pra mim com cara de quem fazia um favor desnecessário, chamou o segurança que me arrastou a força pra fora. Ela fez de conta que media os sinais vitais enquanto pediu que alguém chamasse uma doutora. Fui jogado pra fora do hospital e nada mais vi até que a médica chamou e notificou-me do falecimento. Se havia alguma chance de reanimação, esta, tenho certeza, não foi sequer usada. Ao final do dia cheguei pra vestir minha mãe no necrotério e não me deixaram. Nem a mim nem a nenhum parente. Só depois vimos que o braço estava com a pele dilacerada, talvez por um manejo errado do corpo. Não quero nem imaginar o que mais poderia estar oculto.
    Isto é a alegria do pobre de ficar doente. Como não posso xingar a dita cuja que escreveu o lixo acima, nem destilar ideias mirabolantes do que poderia ser feito a ela (talvez fosse eu acusado de terrorismo), achei que pudesse usar também da liberdade expressão pra deixar clara minha indignação. Meu único consolo é o de que possivelmente nenhum administrador deste blog possa ter dito “Eu sou Charlie”. Nem eu sou. Mas gostaria de ser um pouco. Só pra dizer umas bobagens de vez em quando e não ser censurado. Tenho certeza de que as diria somente quando me sentisse ofendido, como neste momento, diante desta aberração jornalística que vocês reproduziram de forma tão libertária.

    José Cidade de Oliveira Filho

    Caro Edgar, ler sobre sua triste experiência (da qual só posso dizer que lamento profundamente) só ressaltou o quanto o texto é grosseiro, inoportuno e ofensivo.
    Pior ainda foi a “justificativa” da autora tentando dar ao texto um viés de “humor” e colocando na conta do “humor vale-tudo”. Para ela o humor pode ser grosseiro, ofensivo, segregacionista, baixo, até desumano…tudo se justificaria desde que travestido de humor.
    Uma vergonha que haja espaço na mídia para tal manifestação. Não sou um militante extremado do politicamente correto. No mundo que vivemos, com certeza precisamos de humor e leveza, mas esse texto mostra bem (na minha opinião) o que se passa na mente de certas pessoas, que, sem coragem para manifestar diretamente sua opinião, a esconde usando o subterfúgio de ser uma construção textual satírica.

Marat

Uma pobre de espírito se divertindo com os pobres de dinheiro! Bem, vindo do PIG, nada (de ruim) me surpreende.

Marat

Isso ai é roteiro do Zorra Total?

Gerson Carneiro

O Globo publicaria meu testemunho sobre a baixaria dos brasileiros ricos em Cuba?

    Gerson Carneiro

    E se eu fizer uma alteração e envolver o PT (culpando, é claro)?

    Fúlvio Costa

    Podem até publicar o seu excelente testemunho, Gerson (aliás, parabéns e obrigado). Mas já sabe, né? Vão dizer que é algum “petralha” querendo “incitar ódio de classes”. Porque, para essa gente, falar sobre “mazelas” de ricos é isso: “incitar ódio de classes”. Destilar ódio contra pobres? Nunca, essa gente não sente ódio pelos pobres: essa gente tem “senso de humor”.

Edgar Rocha

kkkkk Brincadeirinha, gente. Não sou da imprensa nem tomei um tiro na fuça. Mas é que meu humor revolucionário me qualifica.

    Edgar Rocha

    Pelo jeito, não qualifica, não, né?

Runas Waldan

Prefiro viver no meio de pobres e ir às praias de pobres. Rico é por natureza, DEPRESSIVO. Os ricos e novos-ricos do Brasil gostam muito de amedrontar os pobres falando de crises iminentes. A Globo é a mãe de todas as desgraças e de 90% dos casos de depressão. Deus me livre dessa praga e abominação a essas babacas como a autora da desfeita aos pobres que tem medo de doenças. Doenças das quais a Globo adora fazer propaganda.

Gerson Carneiro

O texto da Silvia Pilz é baseado em suposições preconceituosas. Diferentemente do meu que presenciei a baixaria dos brasileiros ricos em Cuba.

Julio Silveira

Essa jornalista, se é que devemos considerá-la como tal, é uma autentica representante da elite nacional.
Essa elite que produz e reproduz uma cultura nefasta para os que esperam por um dia fazer uma nação desse país.
Seu ponto de vista centrado no principal ponto de seu corpo, o umbigo, é representativo e bastante revelador daqueles para quem ela escreve, e representa de forma solida a falta de empatia dessa gente que costuma liderar o povo com o proprio povo. Engraçado é perceber que esses que apresentam esse vazio cultural costumam ser os mais criticos, os mais irados, os maiores pregadores da insubordinação, costumam ser os maiores indutores culturais que, no fim, acaba por trabalhar contra a propria cidadania, inclusive a dela. E até dá para pensar, se mesmo não sendo de caso pensado isso não reflete o inconsciente dessa gente.

Fernando Lopes

Pergunta: Será que ela alguma vez foi em posto de saúde do SUS para comprovar todas essas imbecilidades que escreveu??? Duvido muito, pois parece daquelas que tendo nojo de pobre nunca foi ao SUS e paga uma fortuna por mês para um plano de saúde corrupto qualquer que a deixa meses esperando para que um simples exame de rotina seja “aprovado pelo plano”.
Enquanto eu que já foi operado duas vezes pelo SUS espero muito menos tempo e tenho um serviço muito melhor e de graça. Quem será que é mais inteligente???

    carmen silvia

    Fernando estou fazendo um tratamento de câncer pelo SUS e estou simplesmente encantada.Poderia me alongar neste post especificando melhor todo o atendimento do sistema,mas o que interessa é que sou tratada com respeito por todos os profissionais que me atenderam até hoje,os equipamentos são de ponta,os remédios são gratuitos,e para grande surpresa de muitos o tempo de espera pra se fazer uma consulta um exame, fica muito distante do médico particular da minha mãe que marcava consulta ás duas e só conseguíamos sair do consultório as sete.Isso por que era particular.

Antonio C

Tudo que a jornalista narra com precisão de detalhes era a sua própria prática. Que foi exclusiva desse grupinho que quer ser tratado de “ricos” e agora tem a companhia daqueles que ascenderam socialmente.

Ela diz que baba de inveja, não é só isso : é de ciúmes também. Agora tem que compartilhar.

Gerson

Essa Senhora depois de ler a saraivada de críticas sobre a “m” que escreveu, ela vai se defender dizendo: “Genteeeeeeeeeeee, foi só uma piada…onde está a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa no nosso país? Essas críticas só podem vir dos petralhas que defendem esse governo de pobre”.

Sttela Cabral

Essa jornalista é abobada.
As pessoas pobres são a força deste país, são fortes, corajosas e trabalham muito
As pessoas pobres tem o direito de se prevenir e cuidar da saúde
Agora os ricos, vou te contar….
Mas vamos deixar essa abestada pra lá, ela quer garantir o emprego, por isso escreveu essas sandices.

Márcio Gaspar

Eu achava que isso estava restrito a comentários em círculos de mesas a quem defende tal opinião preconceituosa, mas ter que ler isso num jornal das organizações Globo, não vou dizer que estou chocado, pois vindo das organizações Globo hoje em dia pode esperar qualquer coisa, o nível do jornalismo e dos jornalistas estão mais rasos do que os preconceitos das novelas da Globo e “humorísticos” de sábado à noite. Qual o propósito de tal artigo:Querer aparecer? Ser criticada para depois dizer “Liberdade de expressão”?, ou esta “jornalista” teve um mal dia com alguém “pobre” e resolveu descarregar seus ódios e preconceitos numa coluna de jornal. Que horror!!!

Fabio Passos

Que dondoca arrogante… se acha.
A ascensão social dos pobres incomoda muito a “elite” branca e rica.

O PiG é o lugar certo para esta colunista.

Silvano

Quando falo que a globo e cheia demarginais, tem gente que critica. Taí a verdade nua e crua. Não existe no país emissora com mais bsndidis do que a globo. Por estar razão fiz minha lei da mídia. O pig não entra na minha casa.

Tomudjin

A única razão que poderia justificar a falência da economia dos países ditos desenvolvidos é a lenta conscientização dos países considerados subdesenvolvidos, na questão da exploração natural e cultural a que esses sempre foram submetidos.
Por isso torna-se imprescindível que esses países subdesenvolvidos sejam vistos como causadores das mazelas da humanidade, do tipo: “terrorismo, homossexualidade, corrupção, Ebola etc…”, como se vivessem em um outro planeta, como se essas mazelas não fizessem parte da bolha em que vivem.
O fato é que geopolítica e a economia, do jeito que foi institucionalizada, faliu, assim como a falsa informação que eles insistem em preconizar. Pena que eles ainda não perceberam isso.

Isabel Cristina

Isso é revoltante.Não consigo entender como alguém ainda lê um jornaleco desse.

Zilda

Azenha, quero saber por que não se consegue mais compartilhar as matérias. Sempre aparece uma mensagem falando de “error”. Esquisito demais. Devia então abolir de uma vez a função que aponta a possibilidade de se encaminhar a matéria para um amigo.

    Luiz Carlos Azenha

    É mesmo? Desculpe, vamos checar o que está acontecendo. abs

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