Você sabe qual é o verdadeiro programa da direita para o Brasil?

Tempo de leitura: 3 min

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O verdadeiro programa da direita

por Silvio Caccia Bava, sugerido pelo Rodrigo Carvalho

É um exercício de juntar as partes e buscar compreender esse discurso, que agora se torna raivoso, de uma direita que está presente no espaço público e nos estádios de futebol e já disputa as eleições, com as armas que tem.

Vale tudo para tirar o PT do governo. Seu maior poder é o controle da mídia. É por meio dela que a direita disputa a opinião pública e impõe sua visão de mundo. A internet muda um pouco esse estado de coisas, permitindo a expressão da pluralidade e o questionamento da realidade. Mas ela não tem o poder da TV. Mais de 95% dos domicílios brasileiros têm televisão. E seus moradores, todos os dias, passam horas assistindo a uma variedade de programas, aliás, não tão variados assim.

Há vários meses está em curso uma campanha, capitaneada pelos principais jornais e TVs, de ataques ao governo e de desgaste da presidente Dilma, da candidata Dilma. A disputa eleitoral, que deveria se transformar num embate entre dois projetos, não aparece assim. É um contínuo martelar de acusações contra o governo federal: corrupção, aparelhamento da máquina pública, má gestão, centralismo, descontrole das obras públicas, leniência com manifestações sociais que atentam contra a propriedade privada e quebram bancos e lojas.

A crítica ao governo federal deve ser feita, mas os problemas apontados precisam ser enfrentados na raiz, isto é, na própria forma como o sistema de representação política brasileira foi capturado pelo poder econômico. Nas últimas eleições para o Congresso Nacional, 230 parlamentares eleitos foram financiados majoritariamente por menos de 5% das empresas que se engajaram em algum financiamento eleitoral.

O presidencialismo de coalizão cobra seu preço e as distorções no nosso sistema político representativo são reais. Mas o que se vê é a manipulação da opinião pública. Ocorre que a verdadeira agenda da direita concentradora tem de ficar escondida do eleitorado. Como ela ganharia a eleição prometendo privatizações, arrocho salarial e desemprego? Como os verdadeiros interesses não podem ser apresentados, o foco passa a ser o combate à corrupção, a necessidade de honestidade, o compromisso com o interesse público, a maior capacidade de gestão para aperfeiçoar o desempenho do Estado. É o mesmo que não dizer nada. E os recursos públicos, serão aplicados onde?

Segundo os ideólogos da direita, a economia vai mal e o país está sendo levado para uma fase ruim. O PIB é baixo. A inflação é alta. As exportações fraquejam. A balança comercial vai para o vermelho. O investimento caiu. Os ativos na Bolsa de Valores e as taxas de juros caíram. Os aumentos reais de salários e o maior investimento nas políticas sociais pressionam os custos. O superávit primário está ameaçado e o país caminha para um cenário de baixo crescimento que precisa ser evitado. Esse é o discurso formulado pelo capital, especialmente pelo setor rentista.

A proposta, na realidade, em primeiro lugar, é aumentar os juros da dívida pública e o superávit primário. Isso para atender ao setor rentista. Depois, reduzir salários e os benefícios previdenciários, e flexibilizar os contratos de trabalho, destituindo direitos. O aumento do desemprego para pressionar os salários é desejável. Haverá também privatizações, aumento nas tarifas públicas e cortes no orçamento das políticas sociais, abrindo espaço para as empresas privadas ampliarem sua presença no setor. Como anunciado, o novo governo eleito assinará tratados de livre-comércio para internacionalizar nossa economia, isto é, abrir o mercado brasileiro ainda mais para as grandes corporações transnacionais, destruindo a indústria nacional, o pequeno e médio empresário. Essa abertura envolve a redução de tarifas de importação e a livre circulação dos fluxos de capitais, tão a gosto do capital especulativo financeiro.

E para tudo isso é necessário ganhar as eleições e assegurar o controle do Estado.

Essas propostas estão sendo aplicadas na Grécia, na Espanha e na Itália, e não têm nada de original. Elas obedecem aos interesses e ao comando das grandes corporações transnacionais e da acumulação financeira. Qualquer veleidade de autonomia ou de projeto de desenvolvimento deve ser engavetada.

Mas, como veremos nesta edição, e contrariando a análise precedente, o brasileiro vai melhor do que antes, há mais empregos, seu salário melhorou, as políticas sociais melhoraram. O motor da economia é, e sempre foi, o mercado interno. A novidade não está no andar de cima, com seu consumo de elite. A novidade está no ingresso de dezenas de milhões de brasileiros no mundo do consumo, alimentando um mercado de produtos de massa, circuitos curtos de produção e consumo, gerando emprego e bem-estar. Tudo isso implicou a redução do ganho dos rentistas.

Então, neste caso, a economia vai mal para quem?

Silvio Caccia Bava é diretor e editor-chefe do Le Monde Diplomatique Brasil

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Comentários

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Narr

É necessário ressaltar o programa da direita em relação às lutas de classes: reprimir os movimentos populares.

Na hipótese da eleição de Aécio, qualquer protesto será encaixado na narrativa do “chororô dos perdedores, gente faz baderna porque não aceita a democracia das urnas”.

Raphael

Qual Direita? Não vejo nenhum partido apresentando propostas com valores de Direita (tirando o PSC, mas duvido muito da convicção deste partido, uma vez que nas eleições passadas apoiou o PT). PSDB está mais para Centro-Esquerda ou Social-Democracia ou ainda Socialismo Fabiano, isso qualquer pessoa minimamente esclarecida sabe. E desse jogo de compadre dos Centristas A La Esquerda estamos cansados. Chega da bipolaridade PT x PSDB, o Brasil merece mais. Queremos algo novo! Sentimos falta de uma real representatividade de Direita, com valores Liberais e/ou Conservadores, algo importante para qualquer democracia séria. Só que aqui no Brasil fizeram uma lavagem cerebral enorme…que falar em liberalismo e/ou conservadorismo é crime: vão taxá-lo de reacionário, fascista, coxinha e outros prenomes……..mal sabem que os alienados são eles: filhotes de Gramnsci, disseminando ódio entre classes/pessoas/raças/sexos e miséria, não leram UM livro de economia e não se prestam a fazer uma análise “teoria x prática”, para ver que o socialismo bolivariano só é bom para o Partidão do poder (PT) e seus asseclas, bem como para os Metacapitalistas (maiores apoiadores do sistema socialista mundial). Para o POVO: miséria, restrição de direitos, alienação, mentiras, corrupção, violência e desmoralização. Dispenso agressões verbais sem conteúdo.

    Andrade Neto

    Eis o típico desvairado doutrinado por Olavo de carvalho reproduzindo seus chavões.

    Bacellar

    Era uma vez uma ditadura militar fascista de extrema direita. Essa ditadura criou um “partido” para dar ares democráticos ao sistema totalitário. Esse partido se chamava ARENA, obviamente um partido de direita. Acabou a ditadura e o partido continuou existindo, mas pegava mal ter sido o partido da ditadura. O partido entNao trocou de nome e virou PFL. Após alguns anos e cada vez menor, pois alem de ser um partido de direita criado na ditadura seus quadros também eram péssimos na administração pública esse partido resolveu mudar de nome outra vez. Seus marqueteiros tentando apagar a pecha de partido da ditadura resolveram partir, pelo menos na nomenclatura, para a o conceito oposto, e o partido virou o Democratas, mas conhecido como DEM.

    Eis apenas um exemplo da “direita que não existe”.

Bene

Esses são os representantes da máfia financeira internacional, querem o poder para escravizar o povo. Viva Dilma viva os trabalhadores.

Bacellar

Apesar da miríade de partidos e rascunhos de partidos que existem no Brasil apenas dois possuem de fato projeto conciso de poder e de nação. Claro que falo do PT e do PSDB.

PMDB e similares funcionam mais como associações representativas de setores econômicos poderosos. Grandes balaios de poderes regionais necessitados de representatividade junto ao estado, seja para poderem se manter competitivos economicamente seja para expandir as forças. Portanto não há projeto de nação mas apenas defesa de interesses.

Partidos pequenos de esquerda em diversos casos são agremiações que fizeram do meio político meio de subsistência. Possuem quadros que vivem do aparelho partidário. Não possuem fôlego financeiro para campanhas de peso e portanto são conscientes de que não jogam para ganhar. Em outros casos são braços de sindicatos de certo porte e de tal maneira acabam agindo de acordo com os interesses de tais centrais sindicais (muitas vezes centrais cooptadas pelo interesse dos contratantes e não dos trabalhadores). Em nenhum dos casos necessitam criar um projeto de nação viável.

Partidos pequenos de direita são clubinhos de esquizofrênicos. Seus projetos são delirantes e portanto não são de fato projetos. Nessa categoria apenas os partidos de fundo teológico tem algum potencial de voto, mas acabam agindo da mesma maneira que o PMDB, ou seja, levados apenas pelo interesse econômico direto. Por mais que joguem para sua torcida tendo discursos conservadores inflamados no cerne a questão é financeira mesmo.

PT e PSDB sim tem projetos de poder e consequentemente de nação.

O projeto petista se baseia em uma espécie de social democracia desenvolvimentista consentida, que leva em conta os atrasos sociais e econômicos do país, a ferocidade da oligarquia tradicional e poderes exógenos, e compreende que todo o avanço precisa ser negociado palmo a palmo no toma-lá-da-cá da política nacional. Um tipo de desenvolvimentismo de marcha lenta, muitas vezes permissivo e covarde, aquém da necessidade dos déficits históricos sociais, mas ainda assim sólido em relação a tudo que tivemos e que pode criar uma base para nova etapa posterior de desenvolvimento.

O projeto do PSDB é o de uma nação neoliberal que extraia o potencial econômico de qualquer recurso até o osso. Uma nação de alto desenvolvimento econômico porem sem distribuição de riquezas. Possuir oligarquia internacionalizada e poderosa e um povo que se contente com as sobras que eventualmente puderem ser distribuídas. Nenhum pudor repressor para conter quaisquer insatisfações com brutalidade. Trata-se de um projeto importado e de consequências graves para o futuro da população e da nação brasileira. Um projeto que já fez água até mesmo em nações poderosas e que levou a bancarrota nações menores. Lastimável.

Não é um quadro bonito o do cenário político das eleições de 2014. Pessoalmente adoraria poder votar em um partido de esquerda comunista com um projeto sólido de sociedade e capacidade eleitoral para a disputa. Tal partido infelizmente não existe e é o Partido dos Trabalhadores a única opção viável para tentar, vejam bem; tentar, nos livrar de uma crise anunciada.

Nada de novo sob o sol.

    Bucaneiro

    Finalmente uma opinião inteligente aqui. Parabéns Bacellar!

    Marcus

    Como é legal quando alguém expressa sua própria opinião, sem ser radical pra qualquer lado, sem fanatismo e principalmente, sem agressões as pessoas de opiniões ou interesses diferentes dos seus. Uma pena que seja tão raro, porque atualmente ta impossível discutir política de uma forma proveitosa, pois 95% dos textos e comentários estão atrelados a interesses e são baseados em informações distorcidas ou manipuladas de mídias, também interesseiras. Dessa forma, ninguém aprende, ninguém constrói conhecimento, ninguém se une em prol da nação, fica apenas um lado tentando convencer o outro, e vice versa, e se agredindo, de forma que obviamente, ninguém vai abrir a mente para considerar qualquer colocação do “outro time”, por mais que está faça muito sentido.
    Vejo também de forma parecida pelo que tenho tentado aprender em meio a tanta informação tendenciosa. Torço também por algo diferente, mas não comunista.

C. Acácio

Há uma pergunta que não quer calar. Porque os industriais apoiam essa candidatura ?

Pafúncio Brasileiro

Principal item do “programa” da direita: Manutenção do patrimonialismo, custe o que custar.

Luís Carlos

A direita não tem projeto para o Brasil. Tem projeto para si mesma.

Fabio Passos

Que dúvida?
aécio neve quer continuar a rapinagem neoliberal de fhc:

– privataria
– entregar o Pré – sal para os abutres
– baixar salários
– eliminar cotas
– acabar com programas sociais
– desemprego em massa
– liberdade total para especuladores

aécio neve quer garantir privilégios para a “elite” branca e rica… e detonar todas as conquistas sociais do Brasil.

O candidato do PiG-psdb é o retrocesso. O atraso.

    Carrasco

    Quem entregou o pressal aos abultres foi Dilma e o PT Fábio. Ela entregou o pressal e junto com o PT privatizou estradas, aeroportos, sucateou para privatizar a ELETROBRAS, está desmontando a PETROBRAS e está sucateando os portos, PT PSB e PSDB não são diferentes em nada todos eles defendem apenas os interesses deles.
    A única diferença é que o PT agora endoidou de vez e quer restaurar um bloco comunista aqui na América Latina, para substituir o bloco comunista da U.R.S.S.

Julio Silveira

O verdadeiro programa da direita para o Brasil é voltar a sua antiga e natural devoção ao norte. Tão propicia a facilidades anti éticas que se tornem culturais e ainda lucrar com a bengala, transformada em apoio, para toda e qualquer iniciativa impopular que será dada, por conta de suas administrações praticamente compartilhadas expressas nas ingerências, e da sua parte submissão, para encobrir a incompetência (mais mal intencionada), para atender aos interesses da maioria da cidadania.

roberto

Programa da oposição : “DE IDA AO PASSADO”

Urbano

O único e ansiado programa da oposição ao Brasil é um puxa bacanal com o dinheiro publico…

    Edna Lula

    O programa da direita reacionária e golpista para as próximas eleições – onde será completamente derrotada – é deixar o Brasil como ele era ao final do governo entreguista FHC.
    Dilma 2014. PT PARA SEMPRE!

    Urbano

    Exato, Edna Lula. E o indecente danoso ferrando henriqueaux é tão cínico que chega a citar o mensalão do PT em suas resenhas, a fim de se defender. E limpinho como ele é, hein?

Edgar Rocha

É pela pauta política/econômica pouco palatável que se cogita, em caso de derrota nas urnas, a instalação do Estado policial como meio para a implantação autoritária de medidas inaceitáveis de retrocesso. Se, por um lado, a mídia é o principal agente de interferência no jogo democrático, caso esta falhe em sua função ocorrerá, por outro lado, uma tentativa de apropriação pela força das instituições, com vistas a “salvar o país do projeto lulo-petista”. E não contem com apoio internacional se chegramos a este ponto. Quanto mais forte se mostra uma democracia, maior é a agressividade dos que saem perdendo com ela. Foi assim na Europa Oriental, no Oriente Médio, em parte da América Latina e, no caso do Brasil, só não chegou a este ponto devido aos seus vínculos internacionais. A reunião atual dos BRICs é de suma importância neste sentido. Mas, esta não trará panaceia alguma, se o Brasil não se propuser, além de alterar as regras para os meios de comunicação, rever a lógica das instituições de repressão, necessárias a qualquer Estado forte, porém, alinhadas com o pensamento arcaico do período ditatorial. O povo da periferia já sofre e muito com a instrumentalização destas instituições, vivendo algo que só agora ameaça a classe média (ainda) pensante, porém inerte (vide profissionais liberais e comunicadores que sequer consideram o risco de um sistema policial corrupto e direitista quanto analisam os riscos políticos de um enfrentamento com a direita. Preferem adiar a discussão e não tocar no assunto até que, uma vez vencida nas urnas, a direita mostre seu lado mais violento para além das periferias, como tem feito já nas manifestações). A única proposta vigente e, ao meu ver, precária, é a da desmilitarização. é pouco e injusto, uma vez que não se discute a punição aos crimes cometidos até agora, caso esta ocorra. É bom começar a articular ajuda externa se a luta do conservadorismo chegar a este ponto. Pro bem dos BRICs, do Brasil e do povo.

José X.

Excelente artigo!

Isso sim é importante, não aquelas bobagens de black blocs, PSOL, MPL, etc.

Quem não tem programa de governo (PSOL e adjacências), ou não pode mostrar seu programa de governo (direita, capitaneada pela Globo, e servindo aos interesses financeiros) usam o moralismo hipócrita (corrupção), o discurso da “incompetência” (“Petrobrás quase quebrando”), ou o discurso da “ditadura” (típico do PSOL e da extrema esquerda) para tentar ganhos eleitorais. Como a extrema-esquerda nanica não tem potencial eleitoral, na prática fazem de fato aquilo de que são sempre acusadas: agir como linha auxiliar para a direita.

Mardones

Só o horário eleitoral nos salvará. Já que não teremos Ley de Médios.

Jane Pita de Souza

Não se preocupem !
Aécio não vai ganhar essa eleição !
O povão vai evitar isso !

Clemir Rocha

Ronald Reagan fez isso quando assumiu a presidência dos Estados Unidos em 1981. Abriu para o capital volátil e especulativo. E reduziu os impostos dos ricos. Com isso o país quebrou e levou metade da Europa junto em 2009. A quebra da economia estadunidense começou lá em 1981 com as mesmas ações propostas pelo candidato Aécio Neves, que não é ator, mas representa muito bem os interesses da direita neoliberal.

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