Mino Carta: A serviço da treva

Tempo de leitura: 3 min

A serviço da treva

por Mino Carta, na CartaCapital

Âncora do Jornal Nacional da Globo, William Bonner espera ser assistido por um cidadão o mais possível parecido com Homer Simpson, aquele beócio americano. Arrisco-me a crer que Pedro Bial, âncora do Big Brother, espere a audiência da classe média nativa. Ou por outra, ele apostaria desabridamente no Brasil, ao contrário do colega do JN. Se assim for, receio que não se engane.

Houve nos últimos tempos progressos em termos de inclusão social de sorte a sugerir aos sedentos por frases feitas o surgimento de uma “nova classe média”. Não ouso aconselhar-me com meus carentes botões a respeito da validade dos critérios pelos quais alguém saído da pobreza se torna pequeno burguês. Tanto eles quanto eu sabemos que para atingir certos níveis no Brasil de hoje basta alcançar uma renda familiar de cerca de 3 mil reais, ou possuir celular e microcomputador.

Tampouco pergunto aos botões o que há de “médio” neste gênero de situações econômicas entre quem ganha salário mínimo, e até menos, e, digamos, os donos de apartamentos de mil metros quadrados de construção, e mais ainda. Poupo-os e poupo-me. Que venha a inclusão, e que se aprofunde, mas est modus in rebus. Se, de um lado, o desequilíbrio social ainda é espantoso, do outro cabe discutir o que significa exatamente figurar nesta ou naquela classe. Quer dizer, que implicações acarreta, ou deveria acarretar.

Aí está uma das peculiaridades do País, a par do egoísmo feroz da chamada elite, da ausência de um verdadeiro Estado de Bem-Estar Social etc. etc. Insisto em um tema recorrente neste espaço, o fato de que os efeitos da revolução burguesa de 1789 não transpuseram a barreira dos Pireneus e não chegaram até nós. E não chegou à percepção de consequências de outros momentos históricos também importantes. Por exemplo. Alastrou-se a crença no irremediável fracasso do dito socialismo real. Ocorre, porém, que a presença do império soviético condicionou o mundo décadas a fio, fortaleceu a esquerda ocidental e gerou mudanças profundas e benéficas, sublinho benéficas, em matéria de inclusão social. No período, muitos anéis desprenderam-se de inúmeros dedos graúdos.

A ampliação da nossa “classe média”, ou seja, a razoável multiplicação dos consumidores, é benfazeja do ponto de vista estritamente econômico, mas cultural não é, pelo menos por enquanto, ao contrário do que se deu nos países europeus e nos Estados Unidos depois da Revolução Francesa. De vários ângulos, ainda estacionamos na Idade Média e não nos faltam os castelões e os servos da gleba, e quem se julga cidadão acredita nos editoriais dos jornalões, nas invenções de Veja, no noticiário do Jornal Nacional. Ah, sim, muitos assistem ao Big Brother.

Estes não sabem da sua própria terra e dos seus patrícios, neste país de uma classe média que não está no meio e passivamente digere versões e encenações midiáticas. Desde as colunas sociais há mais de um século extintas pela imprensa do mundo contemporâneo até programas como Mulheres Ricas, da TV Bandeirantes. Ali as damas protagonistas substituíram a Coca e o Guaraná pelo champanhe Cristal. Quanto ao Big Brother, é de fonte excelente a informação de que a produção queria um “negro bem-sucedido”, crítico das cotas previstas pelas políticas de ação afirmativa contra o racismo. Submetido no ar a uma veloz sabatina no dia da estreia, Daniel Echaniz, o negro desejado, declarou-se contrário às cotas e ganhou as palmas febris dos parceiros brancos e do âncora Pedro Bial.

A Globo, em todas as suas manifestações, condena as cotas e não hesita em estender sua oposição às telenovelas e até ao Big Brother. E não é que este Daniel, talvez negro da alma branca, é expulso do programa do nosso inefável Bial? Por não ter cumprido algum procedimento-padrão, como a emissora comunica, de fato acusado de estuprar supostamente uma colega de aventura global, como a concorrência divulga. Há quem se preocupe com a legislação que no Brasil contempla o específico tema do estupro. Convém, contudo, atentar também para outro aspecto.

A questão das cotas é coisa séria, e quem gostaria de saber mais a respeito, inteire-se com proveito dos trabalhos da GEMAA, coordenados pelo professor João Feres Jr., da Universidade do Estado do Rio de Janeiro: o site deste Grupo de Estudos oferece conteúdo sobre políticas de ação afirmativa contra o racismo. Seria lamentável se Daniel tivesse cometido o crime hediondo. Ainda assim, o programa é altamente representativo do nível cultural da velha e da nova classe média, e nem se fale dos nababos. Já a organização do nosso colega Roberto Marinho e seu Grande Irmão não são menos representativos de uma mídia a serviço da treva.

Leia também:

Sônia Correa: Em nome do “maternalismo”, toda invasão de privacidade é permitida


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Luci

Rede Globo manipulou (como denuncia o jornalista Mino Carta) e jogou seu manipulado na praça aos leões, para que ele reflita sobre sua origem e história de seus ancestrais.
Ele terá bastante tempo para entender porque lhe foi dirigida a pergunta e porque foi aplaudido, caiu na toca dos leões racistas.
Sobre a pergunta ao descartado é a Manipulação e desinformação, para distorcer a realidade e influenciar a opinião pública. Esta emissora faliu por falta de escrúpulo e competência. Na Argentina imprensa que esteve ao lado da ditadura o povo não reconhece, não dá crédito. Aqui a roda não rodou.

Abel

Estou ouvindo o som da TV na sala – o "Fantástico" (que minha mulher gosta de assistir, paciência) começou a desconstruir a imagem pública do Fernando Haddad. Todos os erros e vazamentos do ENEM vão ser colados na testa dele daqui até a eleição. E isso é só o começo…

Josias

Mino Carta acerta quando fala a Serviço da Treva!!!!

FrancoAtirador

.
.
DINHEIRO (Parte 1)

"Que é isto? Ouro? Ouro amarelo, brilhante, precioso?
Não, deuses: eu não faço protestos vãos.
Raízes quero, ó céus azuis!
Um pouco disto tornaria o preto branco;
o feio, belo; o injusto, justo; o vil, nobre;
o velho, novo; o covarde, valente.
Mas, ó deuses! Por que é isso? Isto que é, deuses?
Isto fará com que os vossos sacerdotes
e os vossos servos se afastem de vós;
isto fará arrancar o travesseiro
de debaixo das cabeças dos homens fortes.
Este escravo amarelo fará e desfará religiões;
abençoará os réprobos;
fará prestar culto à alvacenta lepra;
assentará ladrões, dando-lhes título, genuflexões e aplauso,
no mesmo banco em que se assentam os senadores;
isto é que faz com que a inconsolável viúva contraia novas núpcias;
e com que aquela, que as úlceras purulentas
e os hospitais tornavam repugnante,
fique outra vez perfumada e apetecível como um dia de abril.
Anda cá, terra maldita !
Meretriz, comum a toda a espécie humana,
que semeia a desigualdade na turba-malta das nações,
vou devolver-te à tua verdadeira natureza!

Ó tu, amado regicida!
Caro divorciador da mútua afeição do filho e do pai;
brilhante corruptor dos mais puros leitos do Himeneu!
Valente Marte! Tu, sempre novo, viçoso, amado galanteador,
cujo brilho faz derreter a virginal neve do colo de Diana!
Tu, deus visível, que tornas os impossíveis fáceis,
e fazes como que se beijem!
Que em todas as línguas te explicas para todos os fins!
Ó tu, pedra de toque dos corações!
Trata os homens, teus escravos, como rebeldes,
e, pela tua virtude, arremessais a todos em discórdias devoradoras,
a fim de que as feras possam ter o Mundo por Império!"

WILLIAM SHAKESPEARE em TÍMON DE ATENAS
.
.

    FrancoAtirador

    .
    .
    DINHEIRO (Parte 2)

    Shakespeare ressalta particularmente duas propriedades do dinheiro:

    (1) ele é a divindade visível, a transformação de todas as qualidades humanas e naturais em seus antônimos, a confusão e inversão universal das coisas; ele converte a incompatibilidade em fraternidade;

    (2) ele é a meretriz universal, o alcoviteiro universal entre homens e nações.
    O poder de inverter e confundir todos os atributos humanos e naturais, de levar os incompatíveis a confraternizarem, o poder divino do dinheiro reside em seu caráter como a vida espécie alienada e auto-alienadora do homem. Ele é a força alienada da humanidade.

    O que se é incapaz de fazer como homem, e, pois, o que todas as faculdades individuais são incapazes de fazer, é possibilitado pelo dinheiro. O dinheiro, por conseguinte, transforma cada uma dessas faculdades em algo que ela não é, em seu antônimo.
    O dinheiro é o meio e poder, externo e universal (não oriundo do homem como homem ou da sociedade humana como sociedade) para mudar a representação em realidade e a realidade em mera representação. Ele transforma faculdades humanas e naturais reais em meras representações abstratas, isto é, imperfeições e torturantes quimeras; e, por outro lado, transforma imperfeições e fantasias reais, faculdades deveras importantes e só existentes na imaginação do indivíduo, em faculdades e poderes reais. A esse respeito, portanto, o dinheiro é a inversão geral das individualidades, convertendo-as em seus opostos e associando qualidades contraditórias às qualidades delas.
    O dinheiro, então, aparece como uma força demolidora para o indivíduo e para os laços sociais, que alegam ser entidades auto-subsistentes. Ele converte a fidelidade em infidelidade, amor em ódio, ódio em amor, virtude em vício, vício em virtude, servo em senhor, boçalidade em inteligência e inteligência em boçalidade.
    Visto que o dinheiro, como conceito existente e ativo do valor, confunde e troca tudo, ele é a confusão e transposição universais de todas as coisas, o mundo invertido, a confusão e transposição de todos os atributos naturais e humanos.
    Aquele que pode comprar a bravura é bravo, malgrado seja covarde.

    O dinheiro não é trocado por uma qualidade particular, uma coisa particular ou uma faculdade humana específica, porém por todo o mundo objetivo do homem e da natureza.

    Assim, sob o ponto de vista de seu possuidor, ele troca toda qualidade e objeto por qualquer outro, ainda que sejam contraditórios.

    Ele é a confraternização dos incomparáveis; força os contrários a abraçarem-se.

    Karl Marx
    Manuscritos Econômico-Filosóficos
    Terceiro Manuscrito
    1844

    FrancoAtirador

    .
    .
    DINHEIRO (Parte 3)

    O dinheiro, já que possui a propriedade de comprar tudo, de apropriar objetos para si mesmo, é, por conseguinte, o objeto por excelência .
    O caráter universal dessa propriedade corresponde à onipotência do dinheiro, que é encarado como um ser onipotente.
    O dinheiro é a proxeneta entre a necessidade e o objeto, entre a vida humana e os meios de subsistência.
    Mas, o que serve de medianeiro à vida de um indivíduo também serve à existência de outros homens para o mesmo indivíduo.
    Ele é para o indivíduo a outra pessoa.
    O que existe para o indivíduo por intermédio do dinheiro, aquilo por que o indivíduo pode pagar (isto é, que o dinheiro pode comprar), tudo isso é o próprio indivíduo, o possuidor de seu próprio dinheiro. O poder do indivíduo é tão grande quanto o do seu dinheiro. As propriedades do dinheiro são as propriedades e faculdades próprias do seu possuidor. O que o indivíduo é e pode fazer, portanto, não depende absolutamente de sua individualidade.
    O indivíduo é feio, mas pode comprar a mais bela mulher para si. Conseqüentemente, esse indivíduo não é feio, pois o efeito da feiúra, seu poder de repulsa, é anulado pelo dinheiro.
    Ele é um homem detestável, sem princípios, sem escrúpulos e estúpido, mas o dinheiro é acatado e assim também o seu possuidor.
    O dinheiro é o bem supremo, e por isso seu possuidor é bom. Além do mais, o dinheiro poupa-o do trabalho de ser desonesto; por conseguinte, é presumivelmente honesto.
    Ele é estúpido, mas como o dinheiro é o verdadeiro cérebro de tudo, como poderá seu possuidor ser estúpido?
    Outrossim, ele pode comprar pessoas talentosas para seu serviço e não é mais talentoso que os talentosos aquele que pode mandar neles?
    Ele, que pode ter, mediante o poder do dinheiro, tudo que o coração humano deseja, não possui então todas as habilidades humanas?
    Não transforma o seu dinheiro, então, todas as suas incapacidades em seus contrários?

    Se o dinheiro é o laço que prende o indivíduo à vida humana, e a sociedade ao indivíduo, e que o liga à natureza e aos demais seres humanos, não é, o dinheiro, o laço de todos os laços?
    Não é o dinheiro também, portanto, o agente universal da separação?

    O dinheiro é o meio real tanto de separação quanto de união, a força galvano-química da sociedade.

    Karl Marx
    Manuscritos Econômico-Filosóficos
    Terceiro Manuscrito
    1844

Marcelo de Matos

Para botar mais lenha na fogueira sugiro que leiam o post de Miguel do Rosário, no Óleo do Diabo. O post tem o título “Polêmicas fúteis”. Costumo ler de vez em quando o Óleo, mas, parece-me que para fazer comentários no blog é preciso pagar uma mensalidade. Esse post fala sobre o Big Brother e tem alguns pontos com os quais concordo: “Hoje em dia o povo tem internet, tem DVD, e um quinto da população já possui TV a cabo. Então o menor dos problemas do Brasil é o Big Brother”.

MYLTON

Alastrou-se a crença no irremediável fracasso do dito socialismo real. Ocorre, porém, que a presença do império soviético condicionou o mundo décadas a fio, fortaleceu a esquerda ocidental e gerou mudanças profundas e benéficas, sublinho benéficas, em matéria de inclusão social.

Sr Mino isto e muito parecido com frases do samba do crioulo doido,como alias o artigo inteiro na minha opinião,
Se o sr. fizesse algum curso correlato as matérias que gosta de abordar, teríamos um enorme progresso.

EUNAOSABIA

Vocês já repararam que esses "defensores" dos negros, a maioria deles formado por brancos intelectualizados, ricos e bem sucedidos, nunca se apaixoram por uma mulher negra na vida??? nunca vi um deses tipos casado com negra… deve ser apenas coincidência.

    Ana

    Para entender a mensagem de Mino Carta não pode ser tolo e preconceituoso.

    Caracol

    Provavelmente porque você não tem amigos brancos intelectualizados, ricos e bem sucedidos que não sejam racistas. Eu, por exemplo, sou branco, intelectualizado, não rico, mas bem sucedido, e sou casado com uma negra. Tenho um primo que é branco, intelectualizado, bem sucedido que casou com uma negra e teiveram três filhas mestiças, aliás, lindas, lindas e muito "gente". Um de meus melhores amigos, branco, intelectualizado, esse sim rico além de bem sucedido é casado com uma negra.
    Acho que você devia ampliar seu grupo de amizades.
    Você é racista?

Sami

Quantos jornalistas negros tem a Record?

    mineiro

    é isso mesmo quantos jornalistas negros tem nesse record do bispo do capeta. e voces acham que a record é diferente do pig maldito mor em que? nao nos iludamos todas emissoras comerciais sem exessao defende o poder e o dinheiro. ate as publicas estao infelizmente indo para o mesmo caminho. entao nao tem diferençao entre essas emissora em lugar nenhum do mundo.

Marcelo de Matos

(parte 2) Est modus in rebus (em tudo deve haver um meio termo): “segundo estudo divulgado pela FGV entre 2010 e maio de 2011, a classe média é a única do estrato social brasileiro que continuou em expansão. No período, 3,6 milhões de pessoas migraram para a chamada classe C, apontou a entidade”. Pronto: desnecessário discutir a abrangência do termo classe média, quantos metros quadrados de apartamento habita, etc. Mas, voltando ao Big Brother: cada um assiste ao que gosta. A TV paga tem dezenas de canais com ficção científica, seriados, filmes. O autor do post, mesmo, aprecia alguns desses canais. O povo teria a TV Cultura, uma fundação pública criada no governo Abreu Sodré. Ocorre que a emissora tornou-se um feudo tucano e pouquíssimo propaga que possa ser chamado de cultura. Da emissora pública, sim, devemos cobrar uma programação voltada para a cultura. As particulares mostram o que o público quer ver, já que dependem da audiência e dos patrocinadores.

Marcelo de Matos

(parte 1) Nascido em Gênova e criador do Jornal da Tarde (grupo Estadão) e da Veja, Mino Carta, dedicando-se ao tênis, à píntura, à literatura e ao jornalismo nunca foi um admirador do Brasil. É natural vê-lo criticando o governo – na realidade não deve enxergar nada de bom por aqui. O Big Brother não é um bom programa, mas, nada tem de nacional. A Endemol, que é proprietária do formato, “é uma produtora holandesa de televisão, especializada em reality shows. Possui subsidiárias e joint ventures em 23 países, incluindo Portugal, Reino Unido, Estados Unidos, França, México, Espanha, Itália, Alemanha, Argentina, Brasil, Polônia, Índia, África do Sul e Austrália”. Como se vê, o “primeiro mundo” também assisti aos mesmos programas que nós. “Os efeitos da revolução burguesa de 1789 não transpuseram a barreira dos Pireneus e não chegaram até nós”. Os preconceitos da burguesia européia, pelo menos, transpuseram e chegaram.

O Chacal

Gostei do texto.

Marcelo de Matos

“in modus est rebus” (a virtude está no meio). Caracol: a virtude está no meio é "in medio virtus". In modus est rebus significa: há um limite entre todas as coisas, ou em tudo deve haver um meio termo.

    Caracol

    Perfeito, Marcelo, desculpe o lapso, você tem razão: "in medio stat virtus" é "a virtude está no meio".
    Mudemos a citação e conservemos o contexto.
    Obrigado!

    Carlos Carrilho

    Marcelo, a expressão latina, pelo que me lembre é "ESTO MODUS IN REBUS". "Esto" É FORMA VERBAL
    Marcelo, só para complementar as informações sobre as expressões latinas utilizadas no texto:
    EST0 é IMPERATIVO do ver SER- que pode ser traduzido tb, por Haver. ( ESTO- ESTOTE- sê tu , sede vós= dois exemplos: Esto brevis et placebis= Sê breve e agradarás, ou a expressão bíblica=Estote parati= Estai preparados, pois não sabeis nem o dia nem a hora)) A tradução mais adequada, no meu ponto de vista é: Haja modo nas coisas ( haja equilibrio, naquilo que se diz ou faz, em tradução livre). In medio, virtus= No meio está a virtude (o dito latino não contém o verbo stat, afirmado em outro comentário, embora esteja subentendido na expressão In medio (est) virtus ( e não stat). Quanto ao conteúdo do texto do Mino, julguei-o excelente. Para mim, seja o modelo importado com feições nativas ou não, em nada faz crescer a cultura ou ajuda na formação de uma leitura crítica da realidade. Para mim, é pura perda de tempo, mas tem inúmeros admiradores e é para essa platéia que o programa é feito. A finalidade da Globo, como tb. de outras emissoras, é apenas ganhar dinheiro, mesmo às custas da imbecilização do povo.
    um abraço
    Carlos Carrilho

CLAUDIO LUIZ PESSUTI

Por falar em "classe media" tai a pesquisa do Datafolha dizendo exatamente aquilo que Dilma e Lula querem:o Brasil e um pais de classe media.Este e o "temível PIG"… http://www1.folha.uol.com.br/poder/1037375-seis-e
Ah, alguém acompanha aquele programa Fatos e Versões da Globonews , com a Cristina Lobo(ou Cristiana não sei ao certo), em que ela , mais dois ou três representantes do "PIG" ficam falando dos assuntos políticos?Pois e, assistam , só elogios e referencias positivas a Dilma, principalmente desta tal Cristina.Elogios a escolha da nova presidente da Petrobras, ao "estilo Dilma" ,e vindo também dos outros jornalistas, que ontem era do Estado e da Folha.O mote e que Dilma "enquadrou" o PT…
E este e o "PIG" que quer derrubar o governo "trabalhista e popular" da "presidenta"…

    Alberto

    A mídia em geral está pegando muito mais leve com a Dilma do que com o Lula. Será que a mídia melhorou, ou o governo piorou?

    Franco Vítor

    Deve ser porque a Dilma adotou postura mais cautelosa frente ao PIG e ao PSDB. Começou dando entrevista exclusiva à Globo após sua eleição e afagando o ego – maior que a lua – do Fernando Henrique Cardoso, eterno presidente nos textos da mídia: só o Lula é ex. Não cogita nem tirar da gaveta a Ley de Medios nacional e por aí vai…

Lu_Witovisk

O mais esdrúxulo foi ler um comunicado do ministerio das cominicações, onde diz: " As cenas também serão avaliadas se estão em desacordo com as regras “com a manutenção de um elevado sentido moral e cívico, não permitindo a transmissão de espetáculos, trechos musicais cantados, quadros, anedotas ou palavras contrárias à moral familiar e aos bons costumes, expondo pessoas a situações que, de alguma forma, redundem em constrangimento, ainda que seu objetivo seja jornalístico”."

Se fosse para seguir a regra, esse BBB deveria ter sido extinto há 10 anos.

E TODO o conteudo da tv deveria ser extinto, salvo raras exceções, se aplicassem este outro trecho: Ainda de acordo com o informativo do Ministério, será verificado se as imagens estão “em desacordo com as finalidades educativas e culturais da radiodifusão”,

Julio_De_Bem

Não sei por quê, mas toda vez que leio Mino, imagino as porradas de Mohhamed Ali no figado dos adversários.

Caracol

A respeito dessa incongruência de uma
“nova classe média que não está no meio”, vejo assim:
Sob o ponto de vista filosófico, concordo com a máxima “in modus est rebus” (a virtude está no meio), mas quando lidamos com universos quantitativos, exatos ou absolutos, o conceito de classe “média” deveria ser substituído por “mediana”, ou seja, devemos incluir a consideração do fato de que a quantidade dos que constroem e habitam apartamentos de mil m2 pode ser ínfima se comparada à quantidade dos que passaram ater acesso a 3 mil reais de renda. Vamos então perceber que o “per capita” se constitui mesmo numa babaquice corruptora da realidade, e de que, embora seja um fato real e auspicioso a melhoria das condições de vida de um enorme contingente de irmãos brasileiros, esse conceito de “nova classe média” é um conceito furado. A “estatística” quer mostrar que a nova classe média está no meio, mas está lhufas, na verdade.
Assim: distribuem-se 10 galinhas entre 10 esfaimados. Um deles comeu duas galinhas. Um deles permaneceu então com fome, mas a “estatística” considera “uma galinha per capita”. Simples e frio assim. Dane-se o esfaimado, o que importa é a “estatística” e suas cretinas utilizações.
Considerando o colocado acima mais o fato de que – por si só – possuir computador, celular que toca musiquinha e tênis Nike não eleva necessariamente o nível cultural de alguém, olho para o Big Brother no seguinte contexto (aquele que me aterroriza):
Havia antigamente uma instituição que se chamava “mutirão”. Fazia parte da cultura nacional, e ainda hoje, nos arrabaldes da pequena cidade onde habito, nos sábados e domingos, pode se ver grupos de cidadãos em mutirão batendo a laje da casa do vizinho enquanto suas mulheres preparam um tacho de feijão para todos almoçarem. Isso está ficando raro. A “cultura” está mudando, graças a famigeradas influências culturais alienígenas como é o caso dessa referida excrescência televisiva. Ali se propaga a cartilha de como subir na vida não em função das próprias qualidades, mas sim pisando no pescoço do outro, derrubando o outro, abrindo caminho a golpes de punhais ou de vaginas, vale tudo. É a antítese do mutirão. De quebra assistindo um imbecil afirmando que “o amor é lindo” e chamando os caras de “heróis”. Lembremo-nos de que a competição é uma das pedras angulares do capitalismo alucinado e quanto mais desenfreada ela for, maiores serão os ganhos e lucros dos abutres, em detrimento da qualidade de uma sociedade que virou “mercado”. Esse e outros programas televisivos, combinados com a mencionada Lei de Gerson, resultam numa mistura explosiva. Arrebentam com qualquer valor humanístico e apodrecem qualquer sociedade.
É disso que tenho pavor, e reconhecendo que agora é tarde demais, pois Inês é morta, considero que a Rede Globo com seu Big Bosta tem responsabilidade na destruição de uma sociedade e de uma cultura (já meio bagaço, coitada, já de origem) seja ela “média” ou “mediana”, pois a quantidade de dinheiro na conta bancária jamais foi medida para a aferição de valor humano.
Os alucinados estão se afundando na big bosta e estamos todos sendo arrastados de roldão.

Deixe seu comentário

Leia também