Donald Trump, a torcida da mídia por Hillary e os que foram deixados para trás pela globalização

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Luiz Carlos Azenha, de Amsterdã

As pessoas, no aeroporto, se diziam incrédulas: Donald Trump se elegeu presidente dos Estados Unidos, com os republicanos em maioria na Câmara e no Senado.

Um candidato xenófobo, racista, grosseiro — como isso pode acontecer?

Frequentadores de aeroportos talvez tenham mesmo dificuldade para entender.

Eles são, em sua maioria, os beneficiários da globalização que, sob o controle do mercado financeiro, transferiu renda da base para o topo da pirâmide.

Há alguns dias, escrevi um texto sobre como a crise econômica de 2008, nunca de fato resolvida, teve impacto no que chamamos de “democracia representativa” em diferentes partes do mundo.

Tratei de questões que alinhavam a política econômica adotada pelo governo Temer com a revolta dos eleitores estadunidenses que levaram Trump ao poder.

Apesar de ser um produto acabado do establishment dos Estados Unidos, o que o milionário fez foi mobilizar em torno de si muitas das forças revoltadas com o establishment dos Estados Unidos, tão bem representado por Hillary Clinton.

Hillary é tão insider que teve apoio praticamente unânime da mídia estadunidense. Às vezes, foi torcida descarada mesmo.

Como dizia Bernie Sanders antes de aderir a ela, Hillary era a candidata de Wall Street, dos banqueiros. “Mudança na qual você pode acreditar”. Ou na qual os banqueiros podem confiar. Trump disse claramente aos eleitores: eu conheço por dentro as mutretas do “sistema” e vou atacá-las. Tudo indica que é pura demagogia eleitoral.

Trump explorou a raiva dos que foram deixados para trás, navegando na mesma onda que levou o Reino Unido a optar pelo Brexit.

Do ponto-de-vista econômico, a primeira consequência clara da vitória de Trump será a suspensão dos acordos internacionais de comércio que certamente avançariam sob Hillary Clinton. É, portanto, um golpe contra a globalização.

Do ponto-de-vista da política externa, vence a tendência isolacionista que estava submersa nos Estados Unidos. Isso é ruim para o multilateralismo, base da política externa do Itamaraty, submetido agora às intempéries da personalidade do apresentador de TV tornado ocupante da Casa Branca.

Do ponto-de-vista da política interna, trata-se de um profundo golpe contra o que os estadunidenses chamam de geografia interna da Beltway, o rodoanel que circunda a capital dos Estados Unidos. Mesmo o Partido Republicano tradicional será demolido e reconstruído à imagem e semelhança de Trump e seus seguidores, inclusive os desmiolados, xenófobos e racistas.

Depois da Segunda Guerra, o mundo criou uma arquitetura multilateral que tinha como objetivo evitar novos conflitos com a mesma escala. Especialmente depois da queda do Muro de Berlim, foi sobre ela que se assentou a globalização e o “livre mercado” que, na prática, concentrou renda e deixou milhões e milhões de desempregados e subempregados, não representados ou subrepresentados pela política local.

Brexit e Trump são duas rachaduras bem evidentes nesta arquitetura, tanto quanto, no Brasil, a falência da representatividade se expressou recentemente quando ausências, votos brancos e nulos “ganharam” eleições em várias metrópoles.

Nunca é demais lembrar que capitalismo em crise precisa de guerra e que a instabilidade política internacional convida à guerra — mas é cedo para dizer se Brexit e Trump são necessariamente passos neste sentido.

Veja também:

Um vídeo imperdível de Ana Roxo sobre a ocupação das escolas


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Comentários

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Marc.

Sei não, Azenha, esse artigo faz uma avaliação mais matizada da vitória de Trump: http://www.gearoidocolmain.org/trumping-the-new-world-order/

FrancoAtirador

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“A Alemanha e a América estão unidas por Valores –
Democracia, Liberdade, Respeito pelo Estado de Direito,
Dignidade das Pessoas independentemente
da sua Origem, Cor da sua Pele, Religião,
Gênero, Orientação Sexual ou Visões Políticas.
Tendo estes Valores como Base, ofereço-me
para trabalhar com o futuro presidente dos EUA.”

Ângela Merkel
Chefe do Governo da Alemanha
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“Treino é Treino, Jogo é Jogo.
O Treino é a Campanha.
O Jogo Começa Agora”
“Nas Democracias, as Decisões
do Eleitorado se Respeitam”

José Serra
Chanceler* do braZil
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https://t.co/iK2xvco4EZ
https://twitter.com/DCM_online/status/796500929168162816

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-estadista-e-os-golpistas-a-reacao-de-merkel-e-a-da-dupla-temer-serra-a-vitoria-de-trump-por-kiko-nogueira/
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FrancoAtirador

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Eleição do Nazi-Fascista Trump Convulsiona

Metrópoles Cosmopolitas Norte-Americanas

https://twitter.com/PersonalEscrito/status/796512149552164864
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Leo

As eleicoes estadunidenses sao a prova viva de que nao sabemos o que efetivamente ocorre nos EUA. O mesmo povo “doido” que fez Obama permanecer na Casa Branca por 8 anos foi o mesmo que elegeu Trump.
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A era Obama foi aquela que mais prejudicou Israel, assim como foi o período em que os valores judaico-cristãos foram amplamente combatidos.
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Trump foi eleito pelos mais pobres, pelos desempregados. Nao pensem por meio da manipulacao midiatica, mas leiam livros e aprendam que o estabilshment é, em verdade, largamente financiado pelos democratas.

Otto Maia

SERRA: PIADA, CINISMO OU SENILIDADE?

NÃO É PIADA: SERRA DEFENDE RESPEITO AO VOTO
Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Em declaração a jornalistas nesta quarta-feira 9, ao comentar a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos, o ministro das Relações Exteriores, José Serra, destacou a importância de se respeitar o resultado da eleição (americana); “Nas democracias, as decisões do eleitorado se respeitam e se cumprem”, disse; o PSDB, partido de Serra, liderou o golpe parlamentar contra Dilma Rousseff após a derrota do senador Aécio Neves (PSDB) ao Planalto, que não se conformou com o resultado das urnas

9 DE NOVEMBRO DE 2016 ÀS 20:44 // RECEBA O 247 NO TELEGRAM Telegram

247 – Depois de tentar minimizar a declaração que fez em julho contra Donaldo Trump, quando disse que sua vitória nos Estados Unidos seria um “pesadelo”, o ministro das Relações Exteriores, José Serra, pediu respeito ao resultado das eleições – norte-americanas.

Não é piada. Em declaração a jornalistas nesta quarta-feira 9, ao comentar a vitória de Trump à presidência, Serra destacou a importância de se respeitar a escolha dos Estados Unidos.

“Nas democracias, as decisões do eleitorado se respeitam e se cumprem”, disse.

O partido de Serra, PSDB, liderou o golpe parlamentar contra Dilma Rousseff no Brasil após a derrota do senador Aécio Neves (PSDB) ao Planalto, justamente pela falta de respeito ao resulatdo das urnas.

    Leo

    O tripé é PT, PMDB e PSDB. PT serviu de “bucha” e caiu fora. Entra o PMDB para promover as reformas. Logo apos, Temer cai (impugnacao da chapa Dilma-Temer) e, assim, o PMDB cai fora. Aí, entao, surge o PSDB para receber os despojos de guerra…

    A logica do golpe as avessas é essa… Pode escrever!

FrancoAtirador

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Ganhou o Candidato com o Mote: ‘América Branca para Homens Brancos’.
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“Casal de Brancos Retornam à ‘Casa Branca’, donde não deviam ter Saído”.

No Caso, um Descendente de Alemães e de Escoceses, Donald John Trump,

Casado com a Iugoslava Melanija Knavs, Não Foi Um Ponto Fora da Curva.
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Um Presidente Negro é que foi um Acidente de Percurso Histórico nos EUA.
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Não foi a Xenofobia, foi o Racismo o Vencedor das Eleições Presidenciais lá.
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Melania_Trump
https://pt.wikipedia.org/wiki/Donald_Trump#Fam.C3.ADlia

https://pt.wikipedia.org/wiki/Fl%C3%B3rida#Ra.C3.A7a_e_etnias
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ohio#Ra.C3.A7a_e_etnias
https://pt.wikipedia.org/wiki/Michigan#Ra.C3.A7a_e_etnias
https://pt.wikipedia.org/wiki/Wisconsin#Ra.C3.A7as_e_etnias
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pensilv%C3%A2nia#Ra.C3.A7a_e_etnias
https://pt.wikipedia.org/wiki/Carolina_do_Norte#Ra.C3.A7as_e_etnias
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    FrancoAtirador

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    Note-se que nos Estados Unidos da América

    os Latinos são Considerados de Outra ‘Race’,

    Negros, Índios, Amarelos, Mouros (Muslims)…

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Hisp%C3%A2nicos#O_uso_do_termo_nos_Estados_Unidos
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    FrancoAtirador

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    A Misoginia BRD [BelaLôraBurra RecatadaMudaSorridente DoLarIncapazConfinada],

    e a Homofobia são Acessórios Complementares à Ideologia da Supremacia Branca.
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    FrancoAtirador

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    https://pbs.twimg.com/media/Cw0Q-TcWgAICiEG.jpg

    A Vitória da Tradicional Família Branca da América
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    Na Grécia, Partido Neo-Nazista ‘Águia Dourada’
    celebra Eleição de Trump como a Grande Vitória
    Favorável às Nações Nobres “Racialmente Limpas”.
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    Partidos de Extrema-Direta Franceses e Britânicos
    vibram com o Estupendo Desempenho na América.
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Morvan

Boa tarde.

Desde cedo falei que a eleição [indireta] dos estadunidenses era algo muito importante, assim como escolher entre a frigideira e o fogo. Para nós, da periferia, bien sûr.
Conversei com gente (brasileiros e estadunidenses) que lá habita e a pressão do P.I.G. de lá lembrava muito a daqui, no Satélite. Li bastante em jornais menos, digamos assim, hilariantes, como o Le Monde, para formar uma opinião. Porque a imprensona brasileira não pode ser acusada de independência nem muito menos de originalidade.
Ocorre que a vitória dele era previsível. Publiquei o que significa[va] para o mundo Aqui (F. B.).
Pode-se até alegar o risco de o equilíbrio, típico dos estadunidenses, de eleger o Congresso e contrapor com um Executivo da outra facção, para não por todos os ovos na cesta, ter ido para o brejo. Ambos, Câmeras e Executivo serão Republicanos, agora. Mas alegar mudanças profundas na Governança, não me parece que seja o caso. Outra coisa. Trump pode até se lambuzar, afinal, acaba de obter um mandato, mas quem já tem as mãos sujas de sangue é a falcona.

Saudações “#ForaTemerGolpsista; quem luta por Justiça tem que enfrentar a justi$$a“,
Morvan, Usuário GNU-Linux #433640. Seja Legal; seja Livre. Use GNU-Linux.

Wendel

Bom, pelo sim, pelo não, de uma certeza não podemos fugir, qual seja:
– As colonias estão desesperadas e sem rumo, pois com a eleição do Trump na Metrópolis, tocou barata voa nos mercados dominados pelos rentistas e parasitas !!!!
Além é claro, na imprensa mundial, dominadas pelos que muito bem conhecemos!!!
Viva a democracia !!!!!!! E os que não concordam com o que foi escolhido pela maioria do eleitorado norte-americano, mesmo sendo em eleição indireta, conforme é, os delegados, é o que dizem, são os representantes do povo nesta escolha !!!
Então, criticar que o show man é agora o primeiro mandatário daquela metrópolis, só me faz rir !!!!
kakakakakakakakakakak !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

E viva a democracia ????????????????????????????????

marcio ramos

América Profunda, explicação para o fenômeno Trump
http://outraspalavras.net/destaques/na-america-profunda-explicacao-para-o-fenomeno-trump/

(…)

Você descreve sua viagem de cinco anos como a busca de uma narrativa profunda. A quê exatamente você se refere?

Esse é o conceito básico do livro. Quando perguntamos a alguém: “Quais são as suas ideias políticas?” É de se esperar que respondam falando dos seus valores e do tipo de políticas que gostariam de ver aplicadas. Mas por baixo disso há algo mais básico. Eu chamo a isso de deep story (narrativa profunda). Todos, sejamos de esquerda ou de direita, a temos. É a narrativa da vida como cada um a sente, desprovida de juízos morais e de fatos. É como um sonho, mas que parece real para uma pessoa.

A narrativa profunda da direita que subjaz a tudo o que escutei durante esses cinco anos é essa: A pessoa está numa fila, como em uma espécie de peregrinação; no final dessa fila está o sonho americano, que essa pessoa deseja e crê que merece, porque cumpriu as regras e trabalhou duro a vida toda; só que a fila não anda, e de repente as pessoas começam a ver que outros estão cortando a fila na frente delas. Isso provoca uma enorme sensação de injustiça.

Quem corta a fila nessa estória? Não tem ninguém para impedir isso?

Os que cortam a fila são os negros que, por meio de políticas de discriminação positiva, têm acesso a postos de trabalho que normalmente estavam reservados aos brancos. Antes da Affirmative Action, as políticas estatais de discriminação positiva, as mulheres não podiam ter acesso aos postos de trabalho dos homens. Agora podem. Imigrantes e refugiados… todos esses grupos.

Essa gente que espera na fila não tem, concretamente, nenhum rancor contra ninguém. Só querem alcançar o sonho americano, mas algo se interpõe no seu caminho e lhes empurra para trás. Nessa narrativa, isso é culpa de Barack Obama, que deveria vigiar a fila. Para todos então, ele seria o cara que facilita que os outros cortem a fila. Isso torna o governo federal uma imensa máquina de marginalização. “É o governo deles, não o nosso. Não quero pagar imposto para eles. Quero ficar de fora. Eu sou um estrangeiro na minha própria terra”.

Há uma outra parte nessa deep story: Enquanto a fila não anda, você vê alguém na frente se voltar para trás e dizer: “Sulistas estúpidos! Estão ferrados. Vocês são uns ignorantes”. É como uma bofetada.

(…)

Hans Bintje

Fato: se você tivesse feito a reportagem a dois quarteirões do Aeroporto, o texto teria sido bem diferente.

As pessoas teriam falado, em inglês:

– I have no idea whatsoever what Trump will do next.

O momento é de dúvidas, Azenha. Mas Trump tem um enorme trunfo: ganhou numa eleição, não num golpe de Estado.

Fernando

Meio constrangedor ficar comemorando a vitória do Trump hein.

Bacellar

Não apostaria num confronto Wallstreet X Trump para além da fachada…

Mas ando errando bastante; embora antes dele sair candidato eu tivesse certeza de que seria um Republicano o eleito em 2016, depois de sua nomeação eu não acreditava que os EUA fossem descer tão baixo. Assim como não acreditava em Dória JR. Parece que a imbecilização foi além dos limites imagináveis…

    Bovino

    Também acho que loucuras não serão aprovadas pelo congresso, mesmo com maioria. O único jeito de permanecer 4 anos é “pegando leve” com Wall Street, senão leva Golpe.

    Do jeito que é maluco, pode ser que ele renuncie antes da posse, igual o candidato “Babaca Inútil” da 20ª temporada de South Park.

Lukas

Trump venceu sem o apoio de Reinaldo Azevedo.
Incrível, não!?

    FrancoAtirador

    .
    .
    Lá o Trump Não Precisa
    do Apoio do Reizinho da Veja
    ou do Astrólogo da Virgínia.
    Já tem o da Ku Klux Klan.
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    .

lulipe

Depois da surra que tomou por aqui nas eleições não resta mais nada à esquerda do que comemorar a vitória de Trump…

Eugenio Arima

Prezado Azenha,

Tenho muito respeito por suas análises e se permitir colaborar com seus pontos de vista, gostaria de expor da seguinte forma: Certa feita, Joseph Campbell, renomado pesquisador da religião e mitos, foi questionado sobre as razões para as pessoas rezarem. Respondeu em termo gerais: progénie, saúde, fortuna. A economia tem sido a pletora disto, porque segundo seus parametros, é preciso capital para isto. Seu ícone mercado, é encarregado de estimular as pessoas a pedirem cada vez mais, mas como não há justiça e as pessoas são egoístas, a distribuição é desigual. O rentismo, que afirma que é necessário maximizar os resultados, para se pagar mais bonus, mais salários e por fim, mais dividendos, se encarrega da busca obssessiva pelos resultados. Por isto, empregos são exportados, jornadas são ampliadas, pressão. Quando é do outro lado da cerca, tudo bem. Lembra? somos egoístas. Trump e os demais facistas, são a resposta a estas preces. Queremos que resolva nossos problemas, não interessando o que aconteça com os outros. Se puder se vingar, fazer correr o sangue dos inimigos, ainda melhor, como já vemos aqui no Brasil. Isto é democracia, uma massa disforme, sem alma, sem sentimentos que quer atender seu desejo, sem se importar com o todo. Mesmo que isto se volte contra ela.

Edgar Rocha

Obrigado pela análise certeira. Quanto a última questão levantada, será que agora a ala conservadora estaria mais preocupada com o inimigo interno? É o que parece.

William

“Nunca é demais lembrar que capitalismo em crise precisa de guerra e que a instabilidade política internacional convida à guerra — mas é cedo para dizer se Brexit e Trump são necessariamente passos neste sentido.”
Pelo menos resta esta dúvida, pois, para alguns analistas políticos internacionais, se a belicista Hillary Clinton fosse eleita, a guerra seria uma certeza.

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