Fátima Oliveira: Meu sonho era ver os Sarneys saindo pelo voto e não à francesa

Tempo de leitura: 3 min

A vida felliniana e felliniesca de Sarney et caterva…

Fátima Oliveira, em O TEMPO
[email protected] @oliveirafatima_

Volto ao repisado tema: o clã Sarney, cujo patriarca, aos 84 anos, sentindo o cheiro da derrota nas eleições de 2014, no Amapá e no Maranhão, se viu obrigado a não disputar mais um mandato de senador pelo Amapá e anunciou seu “amarelar” estribado em desculpas esfarrapadas: cuidar da mulher doente.

Imaginei Sarney de pijama fazendo um chazinho para dona Marly Macieira Sarney. Até fiquei enternecida porque se nós, maranhenses, devemos algo ao clã é à dona Marly, que, da profundeza do silêncio de toda a sua vida (namorou Sarney desde 1947, e casaram-se em 12.7.1952), conseguiu algo que nós, que há anos bradamos “Xô, Sarney”, jamais conseguimos!

@FlaviadoCoroado tuitou: “Dona Marly Sarney merece uma estátua: o Maranhão está feliz porque a senhora nos livrou de Sarney. Amém!” #SomosDonaMarly.

Quem pilhou um Estado por meio século não merece piedade! O patriarca não se faz de rogado para mentir. Basta ler seu último artigo. Além de destilar todo o seu ódio anticomunista, caprichou em megalomania: “Retribuí, devolvendo ao Estado o que realizei, e tudo do que aqui foi feito passou pelas minhas mãos, até os adversários!”. É infâmia demais!

E arrematou: “Depois de 60 anos de mandato… Ocupei todos os cargos políticos da República, chegando a ser presidente. Sou o senador que mais tempo passou no Senado, do qual fui presidente quatro vezes: 38 anos. Atrás de mim vem Rui Barbosa, com 33 anos” (“De convenção em convenção”, EMA, 29.6.2014). Esqueceu que dom Pedro II reinou por 49 anos e ele, no Maranhão, reina desde 1966!

Ninguém mais do que Sarney soa tão felliniano (personagem com traços caricatos e grotescos). Sempre que revejo “E la Nave Va” (1983), genial bizarrice de Fellini – a viagem-funeral do luxuoso navio Glória N. com as cinzas da cantora de ópera Tetua Edmea para a ilha de Erina, onde ela nasceu –, tenho a impressão de que é o funeral de Sarney.

É que a vida de Sarney, além de felliniana, é felliniesca – contém cenas em que imagens alucinógenas invadem uma situação comum, sobretudo no tocante à riqueza subtraída do povo maranhense. Somemos todas as obras que Sarney diz ter feito em meio século de mando no Maranhão e comparemos com o patrimônio pessoal legal do clã. O Maranhão perde feio! É impossível que, somados todos os proventos auferidos por Sarney, Roseana e Zequinha em cargos parlamentares e executivos, tenham gerado tanta riqueza familiar! Com razão @mellopost: “O problema não é José e Roseana Sarney estarem deixando a política. O problema é estarem saindo pela porta da frente”.

Para compleA vida felliniana e felliniesca de Sarney et caterva…tar o espetáculo felliniesco, aparece a filha imitando o pai: “Já fui tudo o que eu podia ser. Não quero mais disputar eleição. Não quero saber mais de mandato… Eu estou perdendo toda a minha biografia. Estava virando apenas a filha de Sarney. Eu tenho uma vida política própria. Fui a primeira mulher governadora do país. Sempre tive uma forte atuação na luta das mulheres”.

Pergunto: na luta das mulheres de qual país? Vida política própria? Outra mentira deslavada! Ela entrou na política como herdeira do pai (vide “Em nome do pai e do clã”) e continua. Ponto final!

O meu grande sonho era ver os Sarneys expurgados da vida pública pelo voto do povo, e não saindo quase à francesa, como se não estivessem à beira do precipício da derrota eleitoral. Como disse Flávio Dino na Convenção da Mudança, no dia 29.6, que homologou sua candidatura a governador do Maranhão, à qual compareceram 10 mil pessoas: “Nenhum império dura para sempre”.

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Cláudio

… “Com o tempo, uma imprensa [mídia] cínica, mercenária, demagógica e corruta formará um público tão vil como ela mesma” *** * Joseph Pulitzer. … … “Se você não for cuidadoso(a), os jornais [mídias] farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas, e amar as pessoas que estão oprimindo” *** * Malcolm X. … … … Ley de Medios Já ! ! ! . . . … … … …

matuto

84 anos?
É Deus não existe.

Pitagoras

Tá vivo o gajo?

Francisco (o anônimo)

“O meu grande sonho era ver os Sarneys expurgados da vida pública pelo voto do povo, e não saindo quase à francesa (…)”.

Nós baianos, compreendemos a sua ira santa. Mas o santo desse povo da ARENA é inacreditavelmente forte. Todo baiano só se desloca por Salvador através de uma Avenida ACM… e mesmo que queira fugir desse pesadelo, terá de fazer isso pelo Aeroporto Luis Eduardo Magalhães…

E ainda restam muitos oligarcas desses por inúmeros estados do Brasil.

Rafael oliveira

Lula e o petê vão sentir muita falta do José Sarney, aliás, Lula gostaria que em cada estado houvesse um ou dois Sarneys no Congresso. Para Lula/petê é muito mais fácil governar com Sarneys, Collors, Ranans, Jucás, Jaders e toda a turma que mantém o norte/nordeste no subdesenvolvimento.

Fernando

Uma pena.

Sarney foi um homem honrado que defendeu com unhas e dentes o governo Lula quando houve a tentativa de golpe do mensalão.

Fará falta!

    Pitagoras

    kkkkk…conta outra, cara pálida!

    Ah sim. Tem aquela do controle da inflação. Com sua reconhecida capacidade técnico-econômica ajustou a inflação…em 80% ao mês!

Jandira Martins

Finalmente parece que vamos escorraçar esses Sarneys da política do Maranhão. Só lamento que nenhum foi pra cadeias

Ester Nolasco

Significados de Sair à francesa – Sair furtivamente, em silêncio: Esgueirar-se de um local, geralmente escapando de uma situação incômoda.
A expressão significa sair sem se despedir, nem mesmo dos anfitriões; sair sem aviso prévio, sem ser notado.
Há quem defenda a sua origem no costume francês ou na expressão sair franco, uma vez que o vocábulo franquia tem o significado de imposto de saída (Luis da Câmara Cascudo em Locuções Tradicionais do Brasil). Daí sair a francesa significaria, em princípio, saída franca, isenta de impostos.
Há ainda os que entendam que ela tenha surgido durante a Guerra dos Sete Anos (1756 a 1763), pelos ingleses, como forma de humilhar os franceses. Na verdade, não existe a certeza quanto à sua origem.
Despedir-se ao se retirar nem sempre foi considerado educado. Ao contrário, poderia ser considerado inoportuno aquele que interrompesse o divertimento dos que estivessem entretidos, ao abandonar uma reunião.
Os franceses, conhecidos pela etiqueta, não concordaram com a expressão, que tem mais de duzentos anos, e a mudaram para “sair à inglesa”.
No entanto, o costume, generalizado, adquiriu posteriormente o sentido de descortesia, e a expressão permaneceu intacta, quanto ao seu sentido

Yole

Enquanto quem não mora no Maranhão não consegue imaginar as maldades da família que tanto roubou de nós, quem aqui está sabe que eles foram de muita crueldade e souberam se manter no poder por meio século

    Rafael oliveira

    Sendo os últimos doze anos com a ajuda do petê.

Sr. Indignado

Não quero dar idéia, mas cuidado maranhenses, ainda vão querer mudar o lindo nome do estado para Sarneilandia, como pode ocorrer em Santa Catarina, mudando para Bornhausland.

    Pitagoras

    Faz sentido, pois 90% dos prédios públicos lá tem um “sarney” no nome…

Valdeci Elias

Podia ser pior. O Maranhão podia estar a meio século nas mãos do PSDB. E com o apoio total da imprensa , seria o Estado mais honesto do Brasil.

Urbano

Os políticos fi da ditadura são todos desse quilate. E esse então… mais decente impossível. Pode até haver igual, mas duvido que tenha mais inteireza.

Claudius

Justiça seja dita :

Depois de Getúlio, historicamente, houve apenas dois atos de bravura
dos ditos dirigentes deste dito país, frente ao real problema brasileiro.

Um foi a taxa de juros a 7,5 de Dilma Roussef
e
O outro foi a moratória brasileira, sob o governo de José Sarney, captaneada pelo herói nacional DILSON FUNARO.

Marduk

Quanto ódio! Os Sarneys foram importantíssimos para a tal governabilidade.

Rapaz

Eu pensava que “sair à francesa” era ser decapitado. Aqui ainda há o ingênuo sonho que um dia a família Sarnenta vai pagar pelo descaso de seu reinado sobre a capitania do Maranhão.

Lukas

Cadê a estaca?, perguntaria Paulo Francis…

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