Antônio de Souza: As duas caras de Aécio, recuos para inglês ver

Tempo de leitura: 3 min

Aécio com Armínio Fraga (à sua direita) e João Dória Jr., do “Cansei”. Alguma dúvida sobre a sua real cara?

por Antonio de Souza, especial para o Viomundo

O senador Aécio Neves, candidato do PSDB à presidência da República, é um camaleão em busca de votos.

Sem convicções realmente democráticas, ele apela apenas ao “marketing político”.

Nos últimos meses, foi possível flagrarmos alguns exemplos desse comportamento.

O mais escrachado foi em decorrência dos xingamentos à presidenta Dilma pelos VIPs do camarote do Itaú na abertura da Copa do Mundo, no Itaquerão, em São Paulo.

Aécio disse: os xingamentos foram a resposta à “arrogância” da presidenta.

Maciçamente a sociedade rechaçou os xingamentos. Foram um tiro no pé da elite brasileiros e de setores reacionários da mídia brasileira.

Aécio, então, provavelmente orientado por seus marqueteiros, repentinamente voltou atrás. Afirmou que críticas não devem “ultrapassar limites do respeito”.

Apoie o VIOMUNDO

Esse ziguezague mostra bem os dois Aécios: o que caminha junto com a direita brasileira e internacional aquele que, ao perceber o custo político-eleitoral da estratégia, recua.

Isso ficou bem claro anteriormente quando, em encontro com empresários, Aécio disse a Mônica Bérgamo, da Folha de  S. Paulo: “estou preparado para [implementar] decisões impopulares”.

Nessa mesmo matéria, Aécio e seu guru econômico, o ex-presidente do Banco Central de FHC, Armínio Fraga, foram muito claros sobre a necessidade de implantar medidas contra a população.

Diante dos ataques de seus adversários, Aécio voltar atrás. Mas de mentira.

Em entrevista recente ao Estadão, Armínio Fraga, que é o coordenador do programa econômico de Aécio,  diz que deve ser revista a política para o salário mínimo, reduzindo os seus aumentos, que provocará menor consumo e terá impactos no crescimento do PIB brasileiro.

Armínio Fraga defende também criar um teto para o gasto público e, assim, aumentar o superávit primário e cortar gastos, muito provavelmente nas áreas sociais, como fez no governo Fernando Henrique Cardoso. Além disto, pensa em diminuir o papel dos bancos públicos, reduzindo o crédito e levando o país à recessão.

O fato simbólico de Aécio ter entrado de mãos dadas com FHC na convenção tucana sinaliza bem como será o seu eventual governo: uma continuidade das políticas neoliberais que quase arruinaram o Brasil nos anos 90.

O governo FHC, para quem não se lembra, aumentou brutalmente a carga tributária, não gastou nas áreas sociais, ampliou o desemprego e quebrou três vezes o Brasil.

Portanto, muito diferente do que se vê hoje, em que mesmo enfrentando o sexto ano da maior crise internacional, o Brasil ainda se aproxima do pleno emprego e gera milhões de empregos.

Nesse sentido, que declarações de Aécio que valem?

As primeiras manifestações, claro, e não os recuos, para inglês ver.

Elas expressam com clareza a linha ideológica neoliberal e a prática política do governo FHC, que concorda em transformar a política e as eleições em partida de futebol e aprofundar o clima de ódio que vê nas redes sociais.

É terrível um candidato à presidência achar normal a agressão de baixo calão à sua adversária e sinalizar que nas eleições teremos um vale tudo.

Esta tragédia é reforçada com a nova declaração de Aécio que sinaliza para os partidos da base aliada “sugarem tudo” [de Dilma] e depois passarem a apoiá-lo.

Esta frase mostra que Aécio, sempre querendo parecer como paladino da moralidade, aprova as ações suspeitas e aceita a possível imoralidade com recursos públicos.

Ainda tem dúvida sobre a cara que vai um eventual governo Aécio?

Leia também:

Adriano Diogo: Nem irmã resgataria Aécio Neves de seu tsunami

Apoie o VIOMUNDO


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Nenhum comentário ainda, seja o primeiro!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


Leia também