Tarso Genro: Uma explicação para a ofensiva da turma da Petrobrax

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Turma da Petrobrax na ofensiva: o monstro da Época e a destruição de Veja. O que há por trás das notícias?

Tarso Genro: O capital está vencendo. Como a esquerda pode barrá-lo?

22 de abril de 2014

Por Tarso Genro

Para a Carta Maior, reproduzido no site do MST

A lenta, mas firme desagregação da esquerda européia depois da quebra da URSS, está ancorada em fatores “objetivos”, tais como as mudanças no padrão de acumulação capitalista –“pós-industrial” como já analisavam alguns economistas há trinta anos — que atravessaram a sociedade de alto a baixo.

Estas mudanças alteraram as expectativas políticas, o modo de vida, as demandas do mundo do trabalho e da constelação de prestadores de serviços, dos técnicos das atividades da inteligência do capital, dos sujeitos dos novos processos do trabalho e de amplos contingentes da juventude.

Estes, originários de famílias das classes médias, que perderam o seus “status” social e o seu poder aquisitivo, adquiridos na era de ouro da social-democracia. A social-democracia não se renovou, nem o comunismo, para responder a estas transformações.

A desagregação, todavia, também está ancorada na ausência de respostas – fator “subjetivo” dominante — dos núcleos dirigentes da esquerda comunista e social-democrata. Esta falta de formulação superior pode, parcialmente, ser atribuída a uma ausência de “caráter” — pela “acomodação” teórica e doutrinária dos seus dirigentes — mas este não é, certamente, o fator preponderante: o vazio de respostas de esquerda à nova crise do capital tem outras determinações mais fortes.

Mesmo aqueles que se jogaram para uma posição “movimentista” — mais, ou menos, corporativa — aparentemente radical (ou os que se propuseram a enfrentar o retrocesso com práticas de Governo ou com novas elaborações no âmbito acadêmico) não conseguiram – nos seus respectivos espaços de interferência – abrir novos caminhos que se tornassem hegemônicos.

A adesão da social-democracia francesa, italiana, espanhola e portuguesa – para exemplificar — aos remédios exigidos pela União Européia (leia-se Alemanha), põe por terra as esperanças que algum governo europeu, num futuro próximo, possa inspirar mesmo uma saída social-democrata novo tipo à crise atual.

Tudo indica que a recuperação da Europa capitalista virá por um canal “social-liberal”, depois de um longo período de reestruturação das classes em disputa. Teremos perdas significativas para os trabalhadores do setor público e privado, para as micro, pequenas e médias empresas, que são responsáveis pela maior parte da oferta de empregos. A isso se agregará uma forte pressão sobre os imigrantes e a crescente redução dos gastos públicos, destinados à proteção social.

Paralelamente a este desmantelamento tudo indica que crescerão as alternativas nacionalistas de direita, de corte autoritário e mesmo neo-fascistas, pois o vazio que gera desesperanças pode fazer renascer o irracionalismo das utopias da direita extrema.

Se isso é verdade, o nosso problema brasileiro é bem maior do que parece. A contra-tendência instituída no Brasil, que criou dez milhões de empregos no mesmo período em que foram destruídos mais de sessenta milhões de postos de trabalho em todo o mundo, está sob assédio.

O nome deste assédio é a garantia do pagamento rigoroso — com juros elevados — da dívida pública, para que o sistema financeiro global do capital possa ter reservas destinadas a bancar as reformas e por em funcionamento um novo ciclo de crescimento das economias do núcleo orgânico do capitalismo global.

Cada uma das alternativas que sejam propostas para o próximo período, visando desenvolver o país, combatendo as suas desigualdades sociais e regionais — sejam elas de inspiração neo-keinesiana ou socialista — só poderão ter efetividade e capacidade de implementação política se mostrarem de maneira coerente como elas se comunicam, acordam ou confrontam, com este cenário global.

Ou seja: como as alternativas poderão ser efetivas no território, numa situação de domínio integral do capital financeiro sobre os cenários econômicos e políticos do mundo.

O internacionalismo hoje é, conjunturalmente, mais democrático e social do que propriamente “proletário”, naquele sentido clássico que foi proposto pelo filósofo de Trévèrs.

As conquistas democráticas e sociais das nações estão bem mais ameaçadas depois da crise que se iniciou com o “sub-prime”, pois os governos são vítimas de uma pressão brutal para reduzir, ainda mais, a sua autonomia política e assim integrar-se, pacificamente, nas contaminações globais da crise.

Apresentar soluções internas, portanto, é também apresentar alianças de sustentação destas políticas no cenário internacional, para que as propostas não sejam voluntaristas ou demagógicas

Caso as formações políticas e os governos não consigam apresentar alternativas aceitas pelo senso comum, dificilmente terão apoio popular para governar. O seu fracasso — e o povo sabe disso — terá reflexo imediato como aniquilamento das conquistas de inclusão social, econômica e produtiva, que ocorreram no Brasil nos últimos dez anos.

Este é, na verdade – nos dias que correm — o dilema, tanto demo-tucano e marino-campista, como do extremismo corporativista e movimentista: ambos deveriam responder qual é, nos quadros da democracia política, o efeito imediato na vida das famílias — especialmente das chamadas “novas classes médias” e dos trabalhadores — dos seus projetos concretos de Governo, demonstrando como é possível aplicá-los pela via democrática.

Os ataques à Petrobras, que vem sendo modulados, tanto pela direita neoliberal como pelas oposições anti-PT e anti-Lula — de corte direitista e esquerdista — talvez sejam a síntese mais representativa desta dificuldade.

O ataque, turbinado pela grande mídia, dá espaço para estes grupos políticos não dizerem, de forma clara (se fossem eleitos), o que fariam com a economia e com as funções públicas do Estado, no próximo período. Unidos, esquerdismo e neoliberalismo, desta vez no ataque ao Estado — não somente ao Governo — ficam absolvidos de fazerem propostas para dizerem como o país deverá operar, gerando emprego e renda, ao mesmo tempo que se defende da tutela do capital financeiro e das pressões da dívida pública.

A desmoralização de um ativo público da dimensão da Petrobras, os ataques ao seu “aparelhismo” político, a crítica aos gastos públicos excessivos (programas sociais, na verdade), os ataques às políticas do BNDES – de forma combinada com um permanente processo de identificação da corrupção com o Estado e com os Partidos em geral — fecham um quadro completo do cerco ao país: liquidem com a Petrobras e teremos o Estado brasileiro pela metade; acabem com os gastos sociais e teremos uma crise social mais profunda do que a das jornadas de junho; restrinjam o BNDES e o crescimento – que já é pífio — se reduzirá ainda mais; desmoralizem os partidos e a política e a técnica neoliberal substituirá o contencioso democrático.

Como os militares estão aferrados às suas funções profissionais e constitucionais e não estão para aventuras, o golpismo pós-moderno vem se constituindo através da direita midiática. Esta, se bem sucedida no convencimento a que está devotada, encarregaria um novo Governo social-liberal da desmontagem do atual Estado Social “moderado”, obtido no Brasil num cenário mundial adverso.

Lido este cenário de refluxo da esquerda e de retomada dos valores do neoliberalismo selvagem, que devasta as conquistas da social-democracia européia, pode-se concluir que o debate verdadeiro no processo eleitoral em curso – momento mais importante da nossa democracia republicana concreta – é o seguinte: ou o projeto lulo-petista se renova, baseado no muito que já fez e conquista novos patamares de confiança popular; ou o refluxo direitista liberal, que assola a Europa, chegará em nosso país pela via eleitoral, legitimado por eleições democráticas.

A semeadura da insegurança, que precede as inflexões para direita, está em curso em todos os níveis e para responder a esta sensação manipulada — que vai da economia à segurança pública — é preciso dizer de maneira bem clara quais os próximos passos contra as desigualdades e contra perversão da política e das funções públicas do Estado. Chegamos a um momento de defesa política de um modelo novo combinado com a velha luta ideológica.

Recentemente o MST, no seu Congresso Nacional, deu uma demonstração de acuidade política e clareza programática. Fez a vinculação da questão agrária do país a um novo conceito de reforma: vinculou as demandas particulares dos deserdados da terra à produção de alimentos sadios para os cidadãos de todas as classes, numa verdadeira rebelião agroecológica, que faz a disputa no terreno da produção e da política.

Particularmente ele se reporta àqueles que mais sofrem os efeitos “fast-foods”, turbinados por agrotóxicos e por malabarismos genéticos, cujos efeitos sobre a espécie humana ainda não são avaliáveis na sua plenitude.

Trata-se, na verdade, da superação de uma demanda particular de classe – uma reforma agrária baseada na mera redistribuição da propriedade – para um plano universal de interesse da totalidade do povo, sem a perda das suas raízes classistas. Belo exemplo que vem do povo para ser absorvido e renovar a cultura política da esquerda.

O capital financeiro, no mundo, está vencendo, mas pode ser barrado pela imaginação criadora de uma esquerda que seja consciente da grandeza das suas tarefas nos momentos de refluxo. O MST deu um belo exemplo. A esquerda o seguirá?

PS do Viomundo: Do ponto-de-vista meramente eleitoral, a atual ofensiva tira da candidata Dilma um tema que ela usou extensivamente em 2010, ou seja, a ameaça da privataria que paira sempre sobre os tucanos. Agora Aécio pode se apresentar como a pessoa que vai “salvar” a Petrobras. Sei.

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Silvio Tendler: Dá para produzir alimentos sem veneno para nossos filhos


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Comentários

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pierre

Tarso Genro, ministro da justiça do Lula, e o atual ministro da justiça da Dilma, mais conhecido por zé, foram os primeiros a acreditarem no mentirão armado e contado pelo PIG. Partiram para cima do Dirceu, Delúbio e Genoino com unhas de tigre e uma bandeira com a seguinte inscrição O PT PRECISA RENASCER. Hoje, mesmo com Dirceu, Genoino e Delúbio presos, o PT não renasceu. Fizeram a farra para o PIG, o PT não renasceu e eles continuam segurando as alças do caixão. O PT tornou-se um exportador de traíras, Luiz Helena, Mariana, etc. Estou doido de vontade que esses dois senhores largue as alças do caixão do PT e vá buscar em outros partidos oportunidades melhores para continuarem a detonar o PT. Não são confiáveis.

    Julio Silveira

    E esse, o Tarso traiu até seu discurso de ministro da educação, aquele do piso nacional da categoria dos professores, se juntando a tucanos na justiça para não pagar o piso que promulgou. É esse tipo de políticos que os Valmores da vida querem dar proteção criando anteparos para os que tem críticas coerentes.

Rodrigo Silva

O que me deixa mais triste é saber que tudo isso já era mais do que previsível , pelo menos para mim, que não sou nenhuma raposa da política.
O governo, e o PT, se deixou levar pelos números de aprovação da presidenta, e perdeu a oportunidade de por uma pá de cal na oposição neoliberal.
Esse problema da Petrobras é de 2006 e ninguém pensou que uma hora viria à tona? Sim, pois na Petrobras há muita gente contra o PT que pode muito bem vazar documentos.
E a Copa do Mundo? Gastou-se bilhões de reais para fazer um papelão desses. Estádios que ficarão prontos em cima da hora.Perdeu-se uma bela oportunidade de fazer uma bela propaganda do país.
Ainda acredito que dá para retomar o rumo e que a vaca não irá para o brejo.

Julio Silveira

Tarso Genro, ah! o Tarso Genro, um bufão no salão.

    Valmont

    Esse tipo de comentário, ofensivo ao meu ver, não merece acolhimento em um espaço que preze minimamente o respeito às pessoas.
    Quem perde com isto é o espaço democrático do Viomundo.

    rogerio membribes

    Concordo plenamente. Autorizo O mediador do site a não publicar esse tipo de comentario.

    Lafaiete de Souza Spínola

    Carta Capital já entrou, faz tempo, nessa linha!

    É a abertura para comentários desse quilate e mão dura para quem procura comentar apresentando um projeto para o país. Este tipo de comentário parece não dar IBOPE e os alinhados, também, não gostam.

    Ser independente e apresentar uma alternativa séria é andar em mato tomado por ortiga.

    Infelizmente, foi assim que Hitler explorou o descontentamento geral provocado pela falta de propostas sérias e tomou o poder.

    Julio Silveira

    Cidadão, antes de mais deixa eu te dizer que respeito e muito este blog, e foi exatamente por respeito a ele que fui tão econômico em minha observação digamos debochada deste cidadão. Não sei quem és nem me interessa, mas eu como cidadão que vive no estado que hoje é governado por ele, inclusive com ajuda de meu voto, e vendo como ele é, um exímio propósitor, mas fraco no cumprimento de suas próprias proposições é que me fizeram lançar mão dessa jocosidade tão natural entre os cidadãos brasileiros. Você, querer calar quem só tem compromisso com a cidadania, para mostrar tua canina fidelidade diante de uma constatação e insatisfação com um político tão comum como o Tarso é repetir aquilo que tantos conservadores fazem. Tenho dito faz tempo, alguns correligionários de políticos enganadores que criticam queos adversários o fazem apenas para garantir a boquinha as minhas custas e de tantos como eu que não está nas bocas e são considerados no jogo apenas na hora de pagar as contas. Agora para seu governador e para você governado, acredito e tenho até certeza que dentro deste partido tenha quadros muito melhores que este, que por você deveria fazer calar um cidadão. Ainda bem que Deus ainda não deu asas a cobra e espero que em minha existência isso não venha a ocorrer.

    Julio Silveira

    Mais uma coisa, meu caro, tenha certeza que em blog de pessoas como você não haveria necessidade de me censurar, já que neles eu sequer participaria.

Romanelli

então, o MST, tardiamente (e bota tarde nisso), deu o exemplo ..e deu mesmo ?

Agora só falta seus irmãos nas cidades fazer o mesmo.

Irmãos, estes DELINQUENTES, BANDIDOS e criminosos que insuflam a invasão de propriedades, a construção e a MANUTENÇÃO de guetos e favelas, a deterioração das cidades

.eles que manipulam impunemente as massas pra que avôs, pais, filhos e netos se perpetuem no vício do ROUBO e da violência, no desprezo ao esforço e ao mérito ..destes que ao invés da cidadania, tentam a todo o custo forçar o povo a se contentar com POUCO

Pouco ou quase nada se comparado à defesa de uma política cidadã e intransigente, porém sensata, na demanda por MORADIAS de boa qualidade, em áreas devidamente urbanizadas (e não maquiadas) ..enfim

Quando esta esquerda retardatária, recheada de ONGs por todos os lados, vai acordar e perceber que o que elas praticam nada mais é do que a submissão do povo como aos seus próprios caprichos ?

http://obutecodanet.ig.com.br/index.php/2014/04/16/o-curioso-video-da-lider-de-um-movimento-dos-sem-teto-e-seu-captiva/

em tempo, vc sabia que pruma área IGUAL a Alagoas e maior que SERGIPE, Estados com população média de 3 milhões de habitantes, que o Parque do XINGU tem tão somente 5 mil habitantes ?

Pois é, tá na hora de abrirmos os olhos e começarmos a falar sério, não ?

ahhh sim, e que 12,5 % do território brasileiro é reservado aos povos indígenas que não somam nem 900 mil almas (0,45% da população)

tem coisa errada, tem muita coisa errada acontecendo ..e a interesse de quem, hein ?

Adilson

Respeito muito o Tarso Genro, mas é de bom alvitre sair do campo teórico e fazer algo objetivamente contra a tentativa dos demotucanos em conluio com o PIG de alcunhar a Presidenta Dilma como estupradora da Petrobras. Vide o exemplo do Senador Lindeberg Farias que partiu para cima dos Senadores Aécio e Mário Couto e os desmoralizou diante da opinião pública, pois os 2 senadores tucanos não são dos mais assíduos no parlarmento, porque não suportam comparações.
PS: O PIG e DEMOTUCANOS irão pedir uma CPI da Universidade portuguesa de Coimbra, explico: é que a Universidade de Coimbra vai usar a nota do ENEM para que alunos brasileiros possam estudar em Portugal, sendo a primeira universidade estrangeira a usar o ENEM como critério de avaliação no seu vestibular. A oposição vai pedir uma CPI ja que não tiveram a capacidade de democratizar o acesso à universidade, ou seja, foram péssimos “jestores” não lhes restam tentar melar mais um grande sucesso do governo Dilma. É um absurdo, assim não dá…o que esses portugueses de Coimbra querem com os despreparados estudantes brasileiros e o decadente Brasil?

Luís Carlos

Para alguns, tudo se resume ao inferno dentro do governo. Sequer admitem interesses da oposição pela direita e pela esquerda.
Concordo com Tarso, o MST deu rico exemplo. E não foi só para o Governo, foi para a esquerda, incluo aí movimentos. (disse movimentos, não táticas).

    Leo V

    Não é questão do inferno estar só dentro do governo. É questão de não achar que o inferno são os outros.

    Não há nenhum impulso dentro do governo de implementar políticas social-democratas, ou ampliá-las, como se queira.
    Então o discurso do Tarso fica canhestro.

    Sobre o MST, seria bom o Tarso Genro a que movimentos que seriam corporativistas que ele se refere. Os que tem tido visibilidade levantam bandeiras que tocam toda a população, ou questões que afetam os mais pobres: moradia, transporte público…
    Não vejo no que ampliar direitos soiais, ou efetiva-los, pode ser corporativo.

Fabio Passos

Os privatas do PiG-psdb querem voltar para entregar tudo o que não conseguíram durante fhc.
aécio never é o líder da quadrilha neoliberal.

Em 2014 vamos nos livrar definitivamente destes canalhas.

nivaldo

A realidade está mostrando que o modelo reformista implementado pelos governos do PT na última década, está esgotando suas possibilidades e vamos acabar num dilema: retorno da direita neoliberal e o consequente desmanche das politicas sociais ou avanço da esquerda com maior mobilização democrático-popular para implementar as reformas estruturais do sistema em todos os niveis (economico, politico e social…)

Dinis

O que não dá para entender é o governo financiar a mídia golpista enchendo as burras dles com nosso dinheiro! Pô vamos tirar toda publicidade desta cambada!

Leo V

Tarso Genro vive sempre numa contradição pelas vias que caminha.
Reprime e criminaliza manifestações populares num momento. No outro diz que se não fosse governador iria protestar contra a Copa.

Que social-democracia que o PT no governo está em vias de traçar?

Engraçado, quando pessoas saem às ruas exigindo transporte público e gratuito, ou saúde pública e gratuita, ou educação pública e gratuita, bandeiras que parecem bastante social-democratas, o que o governo federal (PT) faz? Criminaliza, desqualifica. Não aproveita essa potência para avançar.

Então Tarso Genro, o inferno não são os outros, o inferno está lá dentro do governo.

Mauro Silva

A impressão que fica é que Dona Dilma não está preparada para um debate dessa envergadura.
Lamentável!
Cortem os gastos em publicidade já!

Mário SF Alves

Gostei disso. Gostei do que li. Gostei da análise.

E convém ressaltar:

“Lido este cenário de refluxo da esquerda e de retomada dos valores do neoliberalismo selvagem, que devasta as conquistas da social-democracia européia, pode-se concluir que o debate verdadeiro no processo eleitoral em curso – momento mais importante da nossa democracia republicana concreta – é o seguinte: ou o projeto lulo-petista se renova, baseado no muito que já fez e conquista novos patamares de confiança popular; ou o refluxo direitista liberal, que assola a Europa, chegará em nosso país pela via eleitoral, legitimado por eleições democráticas.”
__________________________________
E apenas para efeito de raciocínio. Creio que se em lugar de “neoliberalismo-selvagem” empregássemos a expressão equivalente “capitalismo-selvagem”, o significado no que tange a impactos sociais/exclusão social seria o mesmo.

Agora a dúvida: e se, deus livre e guarde, sair vitoriosa a irresponsável [e criminosa] campanha de horror midiático contra o PT, “nascida” em 2009, lá no iniciozinho da crise econômica mundial, quando sem meias palavras exaustivamente repetiu aos quatro cantos do País a estória de que seríamos atingidos por um implacável tsunami econômico, o mesmo que o Lula sabiamente escanteou e chamou de marolinha?

E, se, enfim, também em razão disso, forem eleitos os representantes do dito neoliberalismo-selvagem? E, aí, sim, quando a catástrofe vier, será que tais novos governantes teriam o zelo de adotar previamente medidas transitórias e/ou mitigadoras. Quais?

E se tais medidas provisórias/transitórias, ainda que circunscritas ao campo do subdesenvolvimentismo capitalista, o qual não são proibidos de ultrapassar, não forem bem sucedidas?
___________________________________
Hoje, 24/04, assisti um palestra na única Universidade pública no ES.

Na realidade, entrei no auditório errado, mas o tema “Crise Mundial e Política Econômica no Governo Dilma” me atraiu. Ainda que de sobreaviso, posto que tratar um tema dessa envergadura no tempo de uma palestra exigiria bem mais do que mera determinação; e que não sendo assim, seria mais um caso do famoso “muita areia pr’um mísero caminhãozinho”.

Não precisei de mais de 15 minutos para entender que estava diante de mais uma caixa de ressonância do PiG. Constrangedor, claro. Não por mim, que estava ali por acaso, mas pelos estudantes da referida Universidade.

Resumo da ópera-bufa: a crise é mundial, mas o governo é incompetente. E no vale tudo contra o governo:

1) Dá-lhes Agência de risco, Standard & Poor’s, que em março/14 rebaixou a nota de crédito soberano do Brasil;
2) Dá-lhes pibinho e dá-lhes inflação;
3) Dá-lhes que a dívida pública vai aumentar;
4) Dá-lhes vulnerabilidade econômica [externa e interna] do Brasil;
5) Dá-lhes comparação chinfrim entre Brasil e China;
6) Dá-lhes que o FHC foi pego de surpresa com as crises da Rússia e do México;
7) Enfim, quase que por último, dá-lhes a pérola: “só a ditadura militar, ali chamada de governo militar, com os PNDs, deu provas de que sabia planejar.”

Ah, o palestrante?

Não sei. Sei que é economista, tem doutorado em alguma coisa e que estava ladeado por alguém do PSOL.
________________________________
E por incrível que pareça, a palestra quase foi salva pelo gongo. É que na questão do planejamento/infraestrutura, o palestrante lembrou de relance as Reformas de Base. Ufa! Que agradeça a Celso Furtado!

    Mário SF Alves

    Em tempo:

    “E se tais medidas provisórias/transitórias, ainda que circunscritas ao campo do subdesenvolvimentismo capitalista, o qual não são proibidos de ultrapassar, não forem bem sucedidas?”

    Onde se lê “o qual não são proibidos de ultrapassar”, leia-se “o qual são terminantemente proibidos de ultrapassar”. Ainda que, hipótese remotíssima, para isso tivessem audácia, partido e competência.

Urbano

E a nossa luta tem que se pautar de forma a mostrar claramente para o povo, que a nossa social-democracia é puro estelionato contra ele, pois o social e a democracia inexistem; é pura farsa tão quanto o liberal empunhado por outros embusteiros iguais e de sempre.

    Urbano

    Na verdade, tanto quanto e não tão quanto.

    Urbano

    A propósito, o mercadante perdeu alguma sílaba?

    Urbano

    Eu perdi uma, mais 66,66% de outra, pois era para escrever liberalismo…

André Reis

Ou vai, ou racha.

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