A dura aprendizagem de Glen Greenwald sobre a mídia brasileira

Tempo de leitura: 4 min

da Redação

Logo depois da eleição presidencial de 2006, o repórter Rodrigo Vianna foi informado pela TV Globo de que não teria seu contrato renovado.

O jornalista sentou-se diante de um computador da redação de São Paulo para escrever uma carta de despedida. Um preposto dos irmãos Marinho pretendia expulsá-lo às pressas, mesmo tendo Rodrigo uma longa carreira de bons serviços prestados à emissora e da excelente relação pessoal com repórteres, editores e colegas em geral.

Hoje apresentador do Bom Dia Brasil, Chico Pinheiro interveio, sugerindo ao preposto que permitisse a despedida.

Aquela carta se tornou pública e continha afirmações graves: Rodrigo denunciou que, na campanha presidencial de 2006, a Globo não tinha se comportado de maneira isonômica com os candidatos. Tentou prejudicar o então presidente Lula, que disputava a reeleição.

Para reler a carta, clique aqui.

A Globo respondeu oficialmente à carta de Rodrigo. Seguiu-se intensa polêmica.

Olhando em retrospectiva, aquele foi um alerta importante. Apesar da história de omissões e manipulações da Globo ser antiga e imensa, nunca uma denúncia havia sido feita com tanta força — e por uma testemunha ocular — através das nascentes redes sociais.

Ou seja, atingiu um imenso público em todo o território brasileiro, via internet. Com isso, milhares e milhares de pessoas tomaram para si a tarefa de monitorar a Globo e fazer suas próprias denúncias.

É um dos motivos pelos quais, nas manifestações de hoje, não faltam cartazes denunciando o caráter partidário, não isonômico, do jornalismo da emissora.

Agora, aos poucos, essa massa crítica vai se tornando internacional, graças aos correspondentes internacionais baseados no Brasil.

O caso mais recente — e grotesco — foi o da completa omissão da confissão de Michel Temer, feita em Nova York, de que o motivo para o impeachment de Dilma Rousseff foi o fato dela não ter aderido ao programa Ponte para o Futuro, do PMDB, de cunho neoliberal.

Não saiu absolutamente nada na Globo — nem em qualquer outro veículo brasileiro.

A colunista conservadora Lucia Guimarães, do reacionário Estadão, ainda tentou desqualificar a denúncia do Intercept.

Foi isso o que mudou desde a denúncia de Rodrigo Vianna em 2006: depois de praticamente banir os que pensavam diferente das redações, numa verdadeira limpeza ideológica,  as empresas passaram a formar e promover uma verdadeira legião de militantes políticos que se apresentam como jornalistas imparciais ou comentaristas neutros.

Porém, além das redes sociais temos agora jornalistas estrangeiros radicados no Brasil, como Glen Greenwald, para testemunhar e denunciar:

Grande mídia ignora confissão de Temer, exceto por acusação falsa de colunista do Estadão

Ontem, Inacio Vieira do The Intercept Brasil expôs uma das mais significativas provas das verdadeiras motivações por trás do impeachment da presidente eleita, Dilma Rousseff. Em palestra para um grupo de empresários e dirigentes da política externa americana, o atual presidente, Michel Temer, admitiu que não foram as pedaladas fiscais que deram início ao processo de impeachment, mas a oposição de Dilma à plataforma neoliberal, composta de cortes em programas sociais e privatizações, proposta pelo PMDB.

Mas o que é ainda mais revelador do que o casual reconhecimento das motivações golpistas de Temer é como a grande mídia brasileira — unida em torno do impeachment — ignorou completamente o comentário do presidente. Literalmente, nenhum dos inúmeros veículos do Grupo Globo, nem o maior jornal do país, Folha, e nenhuma das revistas políticas sequer mencionou os comentários surpreendentes e incriminadores de Temer. Foi imposto um verdadeiro apagão. Enquanto diversos jornalistas e sites independentes abordaram a admissão do recém-empossado, nenhum dos grandes veículos de comunicação disse uma só palavra.

A única exceção à cortina de silêncio que se fechou foi a colunista do Estadão, Lúcia Guimarães, que investiu horas no Twitter humilhando-se, num enorme esforço em negar que Temer havia dito o que disse. Começou por insinuar que o The Intercept Brasil teria feito um “corte” suspeito no vídeo que alterava sua genuinidade — basicamente acusando Inacio Vieira de cometer uma fraude — sem apresentar nenhuma prova quanto a isso. Tudo em função de proteger Temer.

Após um colunista da Folha enviar um link para o vídeo completo, Lúcia escreveu que só poderia acreditar que Temer havia feito a afirmação quando visse os drives originais das câmeras exibidos simultaneamente. Ela acrescentou que o que torna suspeita a reportagem é o fato de Temer ser um autor de um best-seller de direito constitucional, que não diria um “despautério” desses. Apenas quando a transcrição oficial completa do Palácio do Planalto foi publicada, a colunista finalmente admitiu que Temer havia dito a tal frase, mas, em vez de retratar as acusações falsas ou se desculpar com Inacio Vieira e com o The Intercept Brasil por ter sugerido que o vídeo teria sido fraudado, ela apenas publicou a parte relevante do discurso de Temer, como se ela mesma tivesse descoberto a citação e estivesse informando seus seguidores. Mesmo após admiti-lo, a jornalista alegou de forma ligeiramente amargurada que os oponentes do impeachment estavam transformando a questão em um carnaval e comemorando a revelação.

Mesmo tento sido forçada a fazê-lo por ter se complicado para defender Temer, ao menos uma colunista do Estadão reconheceu a existência de uma reportagem de tamanha importância. O resto da grande mídia brasileira a ignorou por completo. Imagine a seguinte situação: o recém-empossado presidente de um país admite para uma sala repleta de oligarcas e imperialistas que ele e seu partido deram início ao processo de impeachment da presidente eleita por razões políticas e ideológicas, e não pelos motivos previamente alegados. Toda a grande imprensa brasileira finge que nada aconteceu, se recusa a informar os brasileiros sobre a admissão do presidente e ignora as possíveis repercussões sobre o caso do impeachment.

Leia também:

Os golpes dentro do golpe


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Comentários

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FrancoAtirador

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DataFrias Excluiu Arbitrariamente

a Candidata do PT, Luizianne Lins,

do 2º Turno da Eleição em Fortaleza.

http://www.opovo.com.br/app/opovo/politica/2016/09/24/noticiasjornalpolitica,3660724/juiz-acata-pedido-do-pt-em-fortaleza-sobre-pesquisa-datafolha.shtml
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Messias Franca de Macedo

Os idiotas daqui sem um único voto &$ o idiota Trump dos EUA!

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Do blog Nocaute • O Blog do emérito e impávido jornalista e escritor Fernando Morais
https://www.facebook.com/nocautefernandomorais/videos/vb.204321206621737/282050758848781/?type=2&theater

Bel

E o que ele dirá da imprensa golpista que omite dos paulistas notícias sobre um dos candidatos a prefeito:
Russomanno deu calote em 17 meses de aluguel e mais de R$ 40 mil a cozinheiro. https://jornalistaslivres.org/2016/09/russomanno-deu-calote-em-17-meses-de-aluguel-e-mais-de-r-40-mil-cozinheiro/

Luiz Carlos P. Oliveira

Edgar Rocha: e a “reforma na Educação” corroborará para que este “sentimento” de percepção cívica seja enterrado de vez. Teremos uma geração indiferente ao senso de patriotismo, que todo cidadão deve nutrir pela sua Nação.

    Edgar Rocha

    Sr. Oliveira, com toda consideração por suas colocações, meu preocupo mais com o tipo de pátria para qual o Estado Golpista ensinará nossos jovens a nutrir respeito.

Luiz Carlos P. Oliveira

Com o andar da carruagem as melancias vão se acomodando. A cada dia surgem mais “novidades” no golpe sujo que impetraram ao Brasil. Nada do que já não sabíamos (exclusos aqui os coxinhas – sabe nada, inocente). Estes só se darão conta do que apoiaram quando começar a arder “lá”. É questão de tempo.

FrancoAtirador

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A Promiscuidade entre Jornalistas e o PSDB

https://pbs.twimg.com/media/CtLotWeWgAAZ4ae.jpg

https://twitter.com/QueileSoares/status/779941553997484032
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lulipe

E a censura aos comentários ao “status quo” petista, a quem recorrer?

José Carlos Vieira Filho

O que é um best-seller de direito constitucional? Mais de 100 exemplares vendidos? Quantos lidos?
Por quem e onde é citado?

Edgar Rocha

Todos nós conhecemos as contradições do fascismo, sua imoralidade, sua ilegalidade…. Um fato como este entrará para a História, corroborará as teses que denunciam o golpe e mostrará o quanto as instituições brasileiras e uma boa parcela da sociedade – em todos os extratos sociais – se encontra, no presente momento… indiferente!
O texto acima é um inegável patrimônio Histórico para os que viverão após o fim deste processo em que estamos todos afundados.
Lembremos da total incapacidade da sociedade alemã e de uma grande parcela do mundo no período das Grandes Guerras em sentir – isto mesmo, sentir! – os arrepios de pavor aos quais deveriam suscitar os discursos de Hitler e dos formuladores do nacional-socialismo ou, para desgosto da esquerda, do próprio socialismo soviético. A ênfase à palavra sentir vem, assim em oposição a perceber, entender, inteligir. Isto é esperar demais daqueles que de alguma forma, encontravam resposta fácil e eficaz às suas mais profundas inseguranças. E estas, não podemos esquecer, foram deliberadamente suscitadas pelo regime como forma de anulação do pensamento racional ou dos sentimentos capazes de gerar dúvidas quanto à maldade aberta e declarada que emergiu, graças à arrogância dos que ascendiam ao poder pelo paralelismo institucional e por expedientes macabros. Em resumo, uma ampla base social abriu mão da capacidade de sentir em troca da euforia da plenitude e da “perfeição ética” de estar “participando” de algo grande, uníssono, falsamente protegido pela argumentação de não fazer nada mais do que cumprir as regras do jogo.
As defesas dos nazistas diante do apoio dado ao absurdo humano que foi aquele regime são unânimes. Todos lamentam os horrores cometidos e o apoio dado a estes, mas alegam a certeza de que não faziam nada mais do que cumprir ordens, agir como alguém de bem, obedecendo às regras e exercendo com total eficiência aquilo que lhes era mandado. Foram fieis cumpridores do dever perante a sociedade, perante o Estado ou perante à instituição a qual serviam diretamente. Estariam, pois, cegados por um contexto generalizante e impessoal.
O refresco histórico a estes indivíduos é dado quando assistimos a documentários ou reportagens sobre a figura humana dos nazi-fascistas no seio de sua intimidade familiar. Falam da doçura do avô Mengele, do carinho do titio Hitler com os filhos de Goebbels, das boas donas de casas, parideiras-belas-comportadas-e-do-lar como a Sra. Goebbels e as moças militantes que atuavam heroicamente nas fábricas de pequenos arianos, criados e selecionados para servir ao Estado alemão.
Restou, portanto, durante cinco décadas, o recolhimento do indivíduo nazista à insignificância da família Doriana, último refúgio da eugenia de Estado. Este ovo branco, lindo, de forma perfeita, foi chocado e acalentado por todo este tempo, enquanto a pequena serpente ganhava forças, alimentada por sua gema de ódio concentrado, de frustração humana irreparável devido à necessidade de manter intacta a casca limpa e protetora que lhe protegia ao mesmo tempo que a oprimia. Agora a serpente cresceu. A casca se tornou inútil e limitante. O ambiente externo, enfim, se tornou propício para uma eclosão em massa.
Todos os pequenos monstrinhos saíram do subterrâneo com apetite voraz. Uniram-se num frenesi alimentício contra tudo que lhe couber na boca. Tudo que, diferente destes, possua sangue quente, corre risco.
Desta vez, o ardil do ninho subterrâneo foi descoberto. Se o mundo quiser seguir adiante na História, não basta a trégua que os manteve intactos por tanto tempo. O limite da convivência pacifica foi testado com o advento da malfadada política de coalizão, implementada pelas esquerdas mundias. Tentaram domesticar uma doença, achando que esta não seria mais que uma forma de vida inocente. Não se vive com aquilo que pretende nos exterminar. Depois deste momento, tudo vai mudar. E eu espero ardentemente que não mais se pretenda preservar ninhos de cobras em suas próprias casas.
(Texto sendo reenviado. Se estiver repetido, por favor desconsiderem.)

Alexandre

Alguém aí tem uma bazuca?

FrancoAtirador

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Coitado do Glen. Ainda Não Havia Testemunhado
um Golpe de Estado Promovido Descaradamente
por Uma Máfia de Empresários de Comunicação.

Aliás, essa Imprensa Venal e Corrupta de Gângsters
do Rio de Janeiro e de São Paulo, se não foi o Primeiro,
foi o Maior Cartel Empresarial a se constituir por aqui.

E a Maior Parte da População está tão acostumada
a ver que as Autoridades não tomarão Providências
que já nem dá mais bola pra essa Situação no PaíZ.

O Povo foi Vencido pelo Cansaço de Tanta Desilusão.
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Edgar Rocha

Todos nós conhecemos as contradições do fascismo, sua imoralidade, sua ilegalidade…. Um fato como este entrará para a História, corroborará as teses que denunciam o golpe e mostrará o quanto as instituições brasileiras e uma boa parcela da sociedade – em todos os extratos sociais – se encontra, no presente momento… indiferente!
O texto acima é um inegável patrimônio Histórico para os que viverão após o fim deste processo em que estamos todos afundados.
Lembremos da total incapacidade da sociedade alemã e de uma grande parcela do mundo no período das Grandes Guerras em sentir – isto mesmo, sentir! – os arrepios de pavor aos quais deveriam suscitar os discursos de Hitler e dos formuladores do nacional-socialismo ou, para desgosto da esquerda, do próprio socialismo soviético. A ênfase à palavra sentir vem, assim em oposição a perceber, entender, inteligir. Isto é esperar demais daqueles que de alguma forma, encontravam resposta fácil e eficaz às suas mais profundas inseguranças. E estas, não podemos esquecer, foram deliberadamente suscitadas pelo regime como forma de anulação do pensamento racional ou dos sentimentos capazes de gerar dúvidas quanto à maldade aberta e declarada que emergiu, graças à arrogância dos que ascendiam ao poder pelo paralelismo institucional e por expedientes macabros. Em resumo, uma ampla base social abriu mão da capacidade de sentir em troca da euforia da plenitude e da “perfeição ética” de estar “participando” de algo grande, uníssono, falsamente protegido pela argumentação de não fazer nada mais do que cumprir as regras do jogo.
As defesas dos nazistas diante do apoio dado ao absurdo humano que foi aquele regime são unânimes. Todos lamentam os horrores cometidos e o apoio dado a estes, mas alegam a certeza de que não faziam nada mais do que cumprir ordens, agir como alguém de bem, obedecendo às regras e exercendo com total eficiência aquilo que lhes era mandado. Foram fieis cumpridores do dever perante a sociedade, perante o Estado ou perante à instituição a qual serviam diretamente. Estariam, pois, cegados por um contexto generalizante e impessoal.
O refresco histórico a estes indivíduos é dado quando assistimos a documentários ou reportagens sobre a figura humana dos nazi-fascistas no seio de sua intimidade familiar. Falam da doçura do avô Mengele, do carinho do titio Hitler com os filhos de Goebbels, das boas donas de casas, parideiras-belas-comportadas-e-do-lar como a Sra. Goebbels e as moças militantes que atuavam heroicamente nas fábricas de pequenos arianos, criados e selecionados para servir ao Estado alemão.
Restou, portanto, durante cinco décadas, o recolhimento do indivíduo nazista à insignificância da família Doriana, último refúgio da eugenia de Estado. Este ovo branco, lindo, de forma perfeita, foi chocado e acalentado por todo este tempo, enquanto a pequena serpente ganhava forças, alimentada por sua gema de ódio concentrado, de frustração humana irreparável devido à necessidade de manter intacta a casca limpa e protetora que lhe protegia ao mesmo tempo que a oprimia. Agora a serpente cresceu. A casca se tornou inútil e limitante. O ambiente externo, enfim, se tornou propício para uma eclosão em massa.
Todos os pequenos monstrinhos saíram do subterrâneo com apetite voraz. Uniram-se num frenesi alimentício contra tudo que lhe couber na boca. Tudo que, diferente destes, possua sangue quente, corre risco.
Desta vez, o ardil do ninho subterrâneo foi descoberto. Se o mundo quiser seguir adiante na História, não basta a trégua que os manteve intactos por tanto tempo. O limite da convivência pacifica foi testado com o advento da malfadada política de coalizão, implementada pelas esquerdas mundias. Tentaram domesticar uma doença, achando que esta não seria mais que uma forma de vida inocente. Não se vive com aquilo que pretende nos exterminar. Depois deste momento, tudo vai mudar. E eu espero ardentemente que não mais se pretenda preservar ninhos de cobras em suas próprias casas.

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