Jorge Souto Maior: Não ignorem o “babaca” do Felipão

Tempo de leitura: 3 min

 Não ignorando o “babaca”!

por Jorge Luiz Souto Maior

Podia simplesmente ignorar o Sr. Luiz Felipe Scolari, vulgo, Felipão, mas não é possível fazê-lo, nem tanto por ser ele o atual técnico da seleção brasileira ou por levar na bagagem reconhecidos méritos profissionais, mas em razão de sua recente declaração no sentido de que a melhor solução para o racismo é ignorar os “babacas” que cometem atos racistas, não adiantando nada puni-los.

Ora, se tratamos de racismo estamos falando de um crime, considerado pela ordem jurídica como inafiançável e imprescritível, dada a sua gravidade em termos de agressão ao ser humano, individualmente considerado, e à humanidade, por lhe impor sério retrocesso histórico.

Assim, com muito boa vontade se poderia dizer que “babaca” é o Felipão, pois os racistas são, em concreto, criminosos. E, querendo o atual técnico da seleção brasileira, ou não, os que cometem tal crime devem ser punidos. Aliás, com maior rigor, ao minimizar o sofrimento alheio, ao ser complacente com o criminoso, pregando a ausência de sua punição, o Sr. Luiz Felipe pode ser visto como cúmplice de todos os novos crimes de racismo que venham a ser cometidos no futebol brasileiro, ou fora dele, vez que teria, de certo modo, incentivado a conduta.

Do ponto de vista específico do tipo penal, quando alguém se dirige a outra pessoa de forma determinada, como se dá nas partidas de futebol, entende-se que o crime cometido não é de racismo e sim de “injúria racial”, sendo que para a punição deste crime, que é prescritível e afiançável, há a necessidade do ofendido formular queixa.

As práticas racistas no futebol, com esse autêntico eufemismo jurídico, possuem grande chance de não ser punidas, pois há uma pressão histórica, socialmente institucionalizada, para que o ofendido não aja. Nestes termos, torna-se ainda mais grave a declaração do técnico da seleção, sobretudo em época de convocação, vez que reforça a lógica que procura impedir que os jogadores, cidadãos vitimados por esse crime, exerçam o seu direito de exigir a punição do agressor.

É oportuno consignar também que já passou da hora da organização do futebol brasileiro e dos poderes instituídos se posicionarem de forma mais responsável e concreta a respeito, para superar, de vez, esse absurdo.

De fato e de direito, as partidas em que a “injúria racial” for verificada devem ser imediatamente cessadas, independente de qualquer tipo de transtorno, pessoal ou econômico, que tal decisão possa causar, chegando-se a isso com, ou sem, manifestação do ofendido.

Além disso, é necessário que as autoridades auxiliem, com o uso de todos os recursos que possuam, na apuração da autoria do crime, para a necessária e inevitável punição individualizada do criminoso, estendendo-se os efeitos da punição, no campo esportivo e financeiro (perda de pontos, exclusão do campeonato e multas) ao clube a quem se identifique o torcedor criminoso, sendo essencial, por fim, superar essa postura cínica do direito que enquadra o fato como “injúria racial”, já que isso, na prática, culmina com a impunidade, passando a tratá-lo como realmente é: racismo.

Deve-se pensar, ademais, na produção de resultados análogos com relação a manifestações homofóbicas, como a que se verificou no último Corinthians x São Paulo.

Para que se inverta essa situação, na circunstância atual, o primeiro passo é não ignorar o “babaca” do Felipão, refutando, com veemência, sua manifestação, que foi, no mínimo, irresponsável.

Sei que ao fazer esse registro, estarei eliminando todas as últimas esperanças que pudesse nutrir em torno de uma convocação para a Copa, mesmo após dois golaços na pelada do final de semana. De todo modo, é infinitamente melhor expressar isso e não ir à Copa, do que ir para a Copa e, buscando impedir que qualquer “inconveniente” desvie o foco da competição e de seus negócios, pregar o silêncio, o conformismo e a tolerância diante de atos racistas.

São Paulo, 10 de março de 2014.

Jorge Luiz Souto Maior é professor livre-docente da Faculdade de Direito da USP.

Leia também:

Carlos Vainer: Rio promove “limpeza urbana” e será mais desigual em 2016


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Comentários

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M D

A mídia muitas vezes é cretina ou simplesmente incorre em erro. O que eu entendo do que ele quis dizer, na minha opinião, é que, por exemplo, o jogador de futebol que for ofendido por manifestações racistas deve, simplesmente, ignorar, ele não está defendendo que nada seja feito pelas autoridades. Eu fui educado a não responder a provocações e xingamentos, simplesmente ignorar o autor. Mas a mídia gosta de polêmica.

Acho o racismo uma coisa seriíssima, que deve ser tratada da mesma forma. Mas também acho cretinice de jornalismo ficar fazendo determinadas perguntas a atletas, técnicos e pessoas leigas no assunto. Eles além de não serem obrigados a saber tudo, nem sempre respondem exatamente aquilo que pensam pela situação em que são perguntados. Eu mesmo já me vi nessa situação, de ser pego de surpresa não saber o que falar, e , por nervosismo me arrepender da resposta. No ano passado , em meio às manifestações de junho, perguntaram aos jogadores de futebol o que eles achavam das manifestações. PORRA, eles não são capacitados a responder esse tipo de pergunta. Não são estudiosos do assunto. Muitos jornalistas ,sociólogos e etc não sabiam o que estava acontecendo. Aí vem um jornalista cretino falar mal do jogador porque não deu uma resposta que ele jornalista queria que ele desse. Essas perguntas devem ser feitas para estudiosos, que mesmo assim não vão saber responder a todas. É a mesma cretinice quando o jornalista pergunta ao Presidente da República qual deve ser o centroavante da seleção, ou qual o esquema tático deve ser adotado. Sou leitor de vários blogs “Sujos”, e esses blogs ( incluindo esse aqui) prestam um inestimável serviço à sociedade. Se muito mais pessoas os lessem , talvez não estaríamos vivendo esse clima de golpe que presenciamos. Mas vocês jornalistas também não estão com essa bola toda, muitas vezes falam como se fossem donos da verdade. Criticar alguém sem o mínimo de compreensão também é uma tremenda babaquice, e até maior , porque vocês têm uma escolaridade e uma formação compatível com a função que exercem. Vejo jornalista falando besteira “a torto e a direito” e não vejo a mesma repercussão. O problema não só do racismo como de qualquer tipo de violência é uma questão de evolução moral do indivíduo. Deve haver leis , educação e punição, sim , mas mesmo num sistema perfeito esse problema existiria, porque o ser humano é imperfeito. Se punição resolvesse esse problema, os EUA seriam uma nação sem violência, porque não existe punição maior do que a pena de morte, e eles têm a maior população carcerária do planeta. Se vocês jornalistas querem respostas coerentes , façam perguntas coerentes com a formação do entrevistado!

Marat

Esqueci de dizer uma coisa: Apesar de tudo, torcerei pelo Brasil, diferentemente da veja e da folha, torcedores fanáticos de Estados Unidos e Inglaterra.

Marat

Não podemos nos que esquecer, que, não obstante ser um técnico vencedor, o Felipão é da direita, assim como grande parte dos profissionais do futebol. E, não esqueçamos, parte expressiva da direita convive numa boa com os fascistas.

Gustavo

Técnico de futebol é técnico de futebol, e o Felipão atingiu a excelência nesse aspecto. Professor, se é livre docente, deve ter atingido a excelência em alguma coisa também. O resto é, veladamente, fazer coro ao “não vai ter copa”. Enquanto isso, em São Paulo tá faltando água. Faltando água para PPP – http://www.conversaafiada.com.br/economia/2014/03/14/tijolaco-em-sp-racionamento-e-para-periferia-pobre-e-petista/

Patriota

Cont. 02:
Punir os clubes a torto e a direito, sem uma investigação criteriosa, pode levar os clubes a sofrer punições injustas, vamos nos atentar ao clube, um torcedor comete crime de injuria contra um jogador ou um arbitro, o clube é suspenso do campeonato, imagine o caos social que irá acontecer, os funcionarios do clube perderão seus empregos, os jogadores terão seus contratos rescendidos, e entrarão com processos na justiça, quem irá pagar esses prejuizos, se os clubes brasileiros já andam falidos, se fecar as portas irá piorar mais ainda, daí o cuidado redobrado que se deve ter.

Patriota

Cont. 01:
É preciso muito cuidado quanto a punição dos clubes e dos cidadães, afim de não cometer injustiças, nenhum clube manda nenhum cidadão ofender os jogadores adversarios bem como o trio de arbitragens, não há no mundo nenhum sistema de fiscalização 100% seguro, a minha sugestão é que todo o expectador (cidadão) que assistem a expetaculos, sejam eles jogos de futebol, shows, peça teatral, cinema e etc. tenham um cartão magnetico de identificação para acesso para esses eventos, caso venha a cometer algum ilicito, o seu cartão bloqueará o acesso a esses eventos em todo o Brasil, porque se não for assim, um grande time que estiver ameaçado de rebaixamento, um torcedor fanatico pode se inflitrar na torcida adversaria e prejudicar esse clube, fora do campo, a situação é bem pior, ficará muito dificil provar de quem é autoria do delito, basta observar a lista enorme de crimes insoluveis e que a policia civil não consegiu identificar o autor do delito. continua no proximo comentario.

Patriota

O preconceito sempre existirá, infelizmente boa parte dos negros é racista, observem que os negros quando evolui financeiramente mais racistas eles ficam, pouquissimos se casam com negras, preferem casar com “LOIRAS” e “MORENAS”, isso não é uma forma de racismo disfarçada. A população de Salvador é de predominancia negra, voces já viram algum “PREFEITO” negro?, eles proprios renegam suas origens, observem qual é a cor das dançarinas dos grupos de pagode e de forro, negra é uma raridade, um certo grupo de pagode, assim que consegui algum sucesso, a primeira coisa a fazer foi retirar a dançarina negra do grupo, e passou a importar dançarinas “LOIRAS e MORENAS” se outros estados, cont. no proximo comentario.

marcosomag

A fala do Felipão vem da velha prática de desestabilização psicológica, a conhecida “catimba”, que existe em todos os esportes (todos, mesmo). Como disse o ex-jogador Gil em um célebre entrevista em uma rádio católica de MG (áudio disponível no You Tube), para ganhar o jogo “só não vale dar o kú!” Portanto, as declarações do Felipão sobre racismo devem ser relativizadas.

Urbano

Eu já vi até leão desaparecer do gramado do Serengeti, depois de uns sopapos…

Julio Silveira

O Felipão as vezes é de amargar.
O sujeito é um tosco que deu certo. Se deu bem, mas é um cara do bem.
Certamente não deve ter refletido sobre a asneira que falou, as vezes acontece. Na pressão, instado a falar sobre um problema, acaba por sair besteira. Nessa foi o Felipão zagueiro, destruidor de canelas.

    BACAMARTE

    Nessa linha de cerebros de isopor estão ainda Ronaldo o fenomeno,bebeto e o Pelé todos grandes poetas quando se calam, conforme detonou o baixinho Romário.

abolicionista

Felipão está apenas fazendo seu trabalho, foi muito bem pago pra isso. Quando abaixou as calças e vestiu a camisa de técnico da seleção brasileira, pagou esse preço. Já fez coisa muito pior, inclusive. A questão está na FIFA, na CBF, são essas siglas que encomendam as opiniões no futebol brasileiro.

De resto, o Brasil nunca aboliu a escravidão, por que teria abolido o racismo?

Elias

O Titi definiu bem o Felipão naquele episódio do “fala muito, fala muito”. Isso em campo. Nas entrevistas ele frustra muito mais. Fã de Pinochet: “…ele fez muita coisa boa no Chile…”. Outra frase infeliz foi: “se não tiver pressão, vai trabalhar no Banco do Brasil, senta no escritório e não faz nada” que mereceu (com razão) nota de repúdio dos bancários do Rio de Janeiro e em seguida dos trabalhadores da área financeira de todo o Brasil. Chamá-lo de panaca, no contexto do professor Souto Maior, é um redundância que soa legal.

ricardo silveira

Felipão, certamente, não é racista, mas é um babaca reacionário e muito negativo à formação dessa meninada que gosta de futebol e acaba ouvindo ou lendo o que esse senhor diz.

Moacir Moreira

Chamar alguém de bicha por acaso é ofensa?

Os próprios homossexuais se chamam de bichas entre si.

Nada vejo de homofobia nisso.

jader

Quem defende mensaleiros também deve ser considerado cúmplice dos corruptos que estão por vir.

    Luiz Hara

    Obviamente você está referindo aos verdadeiros Mensaleiros Tucanos mineiros. Este sim, as provas são vastas e não precisa recorrer ao Domínio do Fato para dar a sentença.

Marcelo

Será que chamar alguém de babaca e imbecil é certo ? Para exigir respeito não seria necessário respeitar os outros tb ?

    FrancoAtirador

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    Não dá bola. Faz como o Felipão disse pra fazer: ignora.
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luis castro

vixi, gente, eu já penso que o cara não falou em nenhuma impunidade, apenas disse quão babaca é ser um cara racista, que racista nenhum merece ibope, que o racista seja punido sem tanto alarde, prá não ter o tal 15 minutos de fama” simplesmente.,. agora, daí querer dizer que ele, o Felipão, é a favor de impunidade vai uma longa distancia…

Apavorada com a cara-de-pau humana.

Menos por favor.

flavio jose

“se tratamos de racismo estamos falando de um crime, considerado pela ordem jurídica como inafiançável e imprescritível, dada a sua gravidade em termos de agressão ao ser humano”. Quantas pessoas ficaram presas no Brasil por preconceito racial?. Dr.Jorge Luiz Souto Maior a lei só tem validade quando é respeita pelos juízes e fim de papo.

Fernando

Felipão é e sempre foi direitista, do tipo ´´pátria de chuteiras“ e ´´copa das copas“.

FrancoAtirador

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Pôrra!

A gente tentando mudar uma cultura secular de banalização do racismo no Brasil,
e vem esse imbecil, que sequer tem noção do alcance das próprias declarações,
deseducar a população, através dos meios de comunicação cúmplices da desinformação.

Se um desses “babacas” chamasse o Scolari de Colono Fascista Italiano (http://migre.me/ihHLU), ele certamente não iria ignorar.
No mínimo, iria dar uma cotovelada no nariz dos “babacas”, como fazia com os atacantes adversários – negros e brancos, pois é um democrata – quando era zagueiro arranca-toco no Caxias e no Juventude, times de futebol da serra gaúcha (http://migre.me/ihHNx).

Desta vez, o Felipão pisou na bola e deixou o campo livre
para os pontas-de-lanças racistas chutarem.
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10.03.14 | 17h36
OAB/RS

Contra o racismo, OAB/RS recebe árbitro de futebol Márcio Chagas da Silva

Na tarde desta segunda-feira (10), o secretário-geral da OAB/RS, Ricardo Breier, recebeu o árbitro de futebol, Márcio Chagas da Silva, que foi vítima de atos discriminatórios na semana passada, durante uma partida válida pela 12ª rodada do Campeonato Gaúcho 2014.

Breier afirmou que a Ordem gaúcha atua efetivamente em prol dos direitos humanos e da cidadania.
“Uma das principais bandeiras da entidade é defender aqueles que se sentem vitimados”, lembrou.
Ficou deliberado que a OAB/RS participará do julgamento no TJD-RS, que ocorrerá na próxima quinta-feira (13), na sede da Federação Gaúcha de Futebol (FGF).

Também participaram da reunião: o coordenador da Comissão de Direitos Humanos (CDH) da OAB/RS, conselheiro seccional Rodrigo Puggina; o chefe de gabinete da seccional, Julio Cesar Caspani; e o membro da CDH, Jorge Terra.

Puggina garantiu que a CDH intensificará as discussões sobre o tema. Para ele, é inadmissível que casos como este ainda ocorram. “Estamos tratando junto aos membros da Comissão a promoção de debates para que o preconceito seja suprimido da sociedade”, anunciou.

Por sua vez, o árbitro expôs que, “no País, ainda há muitas pessoas vítimas de atos discriminatórios que não conseguem relatar publicamente e, por isso, estes fatos seguem ocorrendo”.

Por meio de uma nota oficial, publicada na última sexta-feira (07), a OAB/RS repudiou, por meio da sua Presidência, da Comissão de Legislação e Direito Desportivo e da Comissão de Direitos Humanos, as manifestações racistas praticadas contra o árbitro, durante e após a partida entre o Clube Esportivo Bento Gonçalves e o Veranópolis Esporte Clube Recreativo e Cultural.

Para a OAB/RS, não é possível tolerar ações discriminatórias de qualquer espécie em um momento em que estamos, de forma permanente, lutando pela reafirmação de direitos humanos e preceitos básicos da democracia, tais como a tolerância e o respeito entre os cidadãos.

Wagner Miranda
Estagiário de Jornalismo

(http://www.oabrs.org.br/noticias/contra-racismo-oabrs-recebe-arbitro-futebol-marcio-chagas-silva/14273)
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9:46, sexta-feira, 7 de março de 2014 Por Redação | bomdiaRS

Árbitro chora após episódio de racismo no RS

“Quando me deparei com meu veículo com as portas amassadas e bananas por cima… banana no cano de descarga, eu fiquei muito decepcionado por ser tratado dessa forma, já que vivemos numa cidade relativamente educada e evoluída.
Eu pensei no meu filho.
Pensei: ‘Eu vou dar um beijo no meu filho’ e dizer: -Cara, para ti isso não vai acontecer porque isso é muito ruim, é muito ruim.”

As feridas abertas pelo ataque racista a Márcio Chagas da Silva vão demorar a fechar.

Após apitar o jogo entre Esportivo e Veranópolis, na Montanha dos Vinhedos, em Bento Gonçalves-RS,
ele se emocionou ao relembrar o episódio.

Em sua casa, em Porto Alegre, o árbitro lamentou o ato:

– Quando me deparei com meu veículo com as portas amassadas e bananas por cima… banana no cano de descarga, eu fiquei muito decepcionado por ser tratado dessa forma, já que vivemos numa cidade relativamente educada e evoluída. Eu pensei no meu filho. Pensei: “Eu vou dar um beijo no meu filho” e dizer “cara, para ti isso não vai acontecer porque isso é muito ruim, é muito ruim” – disse, chorando.

Segundo ele, desde a entrada no gramado na Montanha dos Vinhedos, ouviu ofensas.

E, ao ir embora, encontrou as bananas em seu carro, no estacionamento.

– Eu me senti muito mal, bem decepcionado, porque a gente sai de casa sempre para fazer o melhor trabalho possível.
Lógico que os erros da arbitragem vão acontecer, e não foi motivo para que tivesse acontecido tudo isso dessa forma negativa, porque, se forem buscar as imagens e até as análises da partida, não há lances contestáveis pra que pudesse acontecer uma manifestação tão negativa como foi dessa forma.
E até meu questionamento aos meus colegas no término da partida foi… isso porque a equipe do Esportivo venceu a partida, imagine se fosse ao contrário. De repente colocariam fogo no meu carro? Invadiriam o vestiário? – questionou.

O árbitro garantiu que vai fazer boletim de ocorrência e que aguarda um posicionamento da Federação Gaúcha de Futebol:

– Eu preenchi a súmula, eu vou fazer o boletim de ocorrência ainda, porque não consegui fazer ontem (quarta-feira). Fiquei bem abalado emocionalmente e não consegui fazer naquele momento, queria voltar o mais rápido possível para minha residência. Vou entrar em contato com o sindicato dos árbitros, para ver qual procedimento adotar. E esperar o julgamento da Federação Gaúcha de Futebol a esse fato lamentável – disse.

Márcio Chagas diz não ter dúvidas de que os insultos saíram do local onde estavam os torcedores da equipe da casa, já que a divisão na arquibancada, segundo ele, fica bem clara.
Além de relatar o incidente na súmula do jogo, ele aguarda um posicionamento do sindicato dos árbitros sobre o assunto.

Diz que ouviu xingamentos como “macaco”, “teu lugar é na selva” e “volta para o circo”, entre outros.

As ofensas foram percebidas também no intervalo da partida.
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Vídeo com a entrevista concedida
pelo ser humano ofendido por “babacas”
por causa do ‘excesso’ de melanina na pele:

07/03/2014 às 11h05
Fala Brasil/TV Record, via R7

(http://noticias.r7.com/videos/racismo-torcedores-colocam-bananas-em-carro-de-arbitro-de-futebol/idmedia/5319c3710cf2e8e708ce4923.html)
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09/03/2014 20:58
Blog do Mário Magalhães

Vítima de racismo dias antes, árbitro se emociona com ovação de torcida49

Em Pelotas (RS)

Márcio Chagas da Silva, árbitro negro de 37 anos de idade e 15 de futebol, nunca havia sido aplaudido pela torcida em massa ao entrar em campo. Pois neste domingo, pontualmente às 16h51, ele foi não apenas aplaudido, mas ovacionado pelos torcedores do Esporte Clube Pelotas, assim que pisou no gramado do estádio da Boca do Lobo.

A manifestação foi um protesto contra as ofensas racistas sofridas por Chagas na quarta-feira, em Bento Gonçalves. Na cidade da serra gaúcha, torcedores do Esportivo, que recebia o Veranópolis, xingaram-no, colocaram bananas no seu carro e danificaram a lataria do veículo.

“Fiquei emocionado”, disse Chagas ao blogueiro depois da partida de hoje, ainda uniformizado e suado. “Cheguei a ficar engasgado. Não é normal árbitro ser aplaudido. Achei bacana”.

No confronto entre dois fortíssimos candidatos à queda para a segundona do Campeonato Gaúcho, o Pelotas perdeu em casa para o São Luiz, de Ijuí, por 2 a 1.

A equipe pelotense exibiu uma faixa de apoio a Chagas: “Márcio!! O Lobão está contigo. Racismo não!”. O lobo é mascote do Pelotas, clube centenário da cidade localizada pouco mais de 250 quilômetros ao sul de Porto Alegre _seu rival local é o Grêmio Esportivo Brasil.

Em campo, também foi desfraldada outra faixa contra o racismo, em nome do Sindicato dos Árbitros do Rio Grande do Sul.

“Racismo não. Força Chagas”, estampou uma faixa da torcida, em azul e amarelo, as cores do Pelotas.

Jogadores das duas equipes abraçaram o juiz.

Também neste domingo a presidente Dilma Rousseff se pronunciou no Twitter contra o racismo, solidária com Chagas e Arouca, jogador do Santos, xingado com impropérios racistas na semana passada.

Na quarta-feira, de acordo com descrição de Márcio Chagas da Silva, ele ouviu insultos desde antes do apito inicial, relatou reportagem do UOL. Eis os termos da súmula:

“Conduta do público muito ruim, hostil e desrespeitosa, com manifestações racistas por parte dos torcedores do Clube Esportivo de Bento Gonçalves. Estes proferiram as seguintes palavras quando nos dirigíamos ao vestiário da arbitragem: ‘Volta para a selva seu negro macaco, ladrão, safado, imundo. Temos que matar vocês todos seus negros sujos. Márcio Chagas tu é a escória do mundo, seu lixo, mal intencionado”’.

O gesto dominical da torcida áureo-cerúlea tem ainda mais relevância, considerando um episódio recente. Neste Gauchão 2014, no qual o Pelotas agoniza, um torcedor do clube havia berrado “macaco” para um atleta negro visitante, como denunciou semanas atrás o próprio Chagas, que apitou a partida contra o São Paulo, de Rio Grande (RS).

De palco de uma ofensa racista isolada, a Boca do Lobo se transformou no cenário de repúdio massivo ao racismo.

Chagas distribuiu hoje seis cartões amarelos, três para cada time. Ele assinalou um pênalti incontestável para o Pelotas. Embora Sandro Sotilli tenha convertido a cobrança, sua equipe perdeu.

A arbitragem foi muito boa, conforme opinião generalizada.

(http://jornalbomdiars.com.br/arbitro-chora-apos-episodio-de-racismo-no-rs)
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Homem negro ofendido chora ao pensar no filho:
-Cara, pra ti isso não vai acontecer,
porque isso é muito ruim, é muito ruim…



Times gaúchos, do Pelotas e do São Luiz de Ijuí,
e torcedores repudiam racismo contra árbitro.
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    Silas Flávio Costa

    Franco ao seja lá quem for, a lei contra atos de racismo brasileira infelizmente não funciona. Quem esta preso por racismo? Não concordo com o Felipão, mas, alguém como o Sr. Jorge Luiz Souto Maior que para criticar o posicionamento do Felipão precisa xinga-lo, não fica muito atrás do Felipão não.

    FrancoAtirador

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    Não precisas advogar para o Felipão.

    Ele não dá bola pra isso. Ignora.
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    Bueno

    O Felipão é criado no boqueirão, bairro de P. Fundo. Desde pequeno (acredite ele já foi pequeno) odeia ser chamado de “colono”, só assim.
    Os imigrantes italianos foram (e seus descendentes, são) uma força motriz na economia do Brasil. Mas eram operários sem emprego e sem muita cultura lá no origem q pra cá vieram pra trabalhar sem tempo para o verniz cultural. Seus descendentes fizeram o dever de casa e estão aí. O termo colono lá na região do planalto médio do Rio Grande é depreciativo por q reacende na pele a ignorância dos 1ºs imigrantes (seus -deles, bisavós) e por tal, introjetou em alguns descendentes um complexo de inferioridade, nada q a grana preta do futebol ñ consiga apagar.
    O Felipão ñ deve ter jogado no Caxias, talvez no Flamengo. Flamengo e Juventude eram os times de Caxias do Sul q fundiram-se para formar o Caxias FC, depois o Juventude abandonou a join-venture e o Flamengo assumiu sozinho o nome de Caxias.
    Ah, na entrevista deste post o Felipão está lendo o tele-prompter com a mesma edição do Ronaldão e do Pelé, um dos artigos do Ai-5, digo Lei Geral da Copa, escrito na Inglaterra.

    FrancoAtirador

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    31/08/2013 – 15:59
    LANCE!NET

    LANCEPRESS! – Caxias do Sul (RS)

    Com a presença de Felipão, Caxias lança linha de camisas retrô

    Ex-zagueiro, técnico da Seleção Brasileira
    atuou pelo clube entre 1973 e 78

    Luiz Felipe Scolari, técnico da Seleção Brasileira, foi a grande atração no lançamento da linha de camisas retrô alusivas a década de 1970 do Caxias, clube que atualmente disputa a Série C do Campeonato Brasileiro. O evento, realizado na manhã deste sábado, ainda contou com ex-jogadores que defenderam a equipe da Serra Gaúcha.

    O ex-zagueiro Felipão defendeu o Caxias entre 1973 e 1975, quando o clube ainda se chamava Associação Caxias e, entre 1976 e 78, quando o atual nome, Sociedade Esportiva e Recreativa Caxias do Sul, havia sido adotado.
    (http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociedade_Esportiva_e_Recreativa_Caxias_do_Sul)

    Em 79, ele deixou o Caxias para atuar no rival Juventude.

    Outros jogadores que atuaram pelo Caxias na década de 70, como Bagatini, Sedenir, Clóvis, Osmar, Zezinho, Baroni, Júlio Cesar e Paulo Cesar Tatu, estiveram presentes no evento.

    Eles, ao lado de Felipão, estiveram presentes no duelo que marcou a inauguração dos refletores do Centenário, no dia 15 de setembro de 1976, quando o Caxias empatou sem gols com o Palmeiras, em duelo da quinta rodada do Grupo A do Brasileirão.

    – A gente aproveita para relembrar a história. O que fizemos pelo clube ninguém vai apagar. E também para encontrar os amigos, já se passaram 37 anos desse jogo memorável – destacou Bagatini.

    O próximo compromisso de Felipão será pela Seleção.
    Os jogadores convocados por ele para os amistosos contra Austrália e Portugal, nos próximos dias 7 e 10 de setembro, respectivamente, terão de se apresentar até o início da noite desta segunda, no Hotel Brasília Palace, em Brasília.

    As camisas retrô do Caxias – nas cores grená e branca – são vendidas na Loja Ninho do Falcão. Os sócios do clube têm desconto e podem adquirir cada camisa por R$ 119. Já a baby look custa R$ 109. Para os demais torcedores o valor será de R$ 132 e R$ 120, respectivamente.

    (http://www.lancenet.com.br/selecao/presenca-Felipao-Caxias-camisas-retro_0_984501618.html#ixzz2votuyNdu)
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Bacellar

Alem de escalar o Julio Cesar no gol…

Mauro Assis

“o Sr. Luiz Felipe pode ser visto como cúmplice de todos os novos crimes de racismo que venham a ser cometidos no futebol brasileiro, ou fora dele, vez que teria, de certo modo, incentivado a conduta”

Putz! Incentivado????

Quer dizer que quando alguém diz que sempre haverá babacas criminosos está incentivando o crime?

E a abordagem de “deixar prá lá” nem é tão absurda. Vejam o que diz o Morgan Freeman nesse vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=tNEoIo3XMws

    Robson

    Quando ouço algo a respeito de Morgan Freeman, me vem em mente o seguinte discurso de Malcom-X:

    “É necessário saber que, historicamente, havia duas espécies de escravos:
    o negro da casa e o negro do campo. O negro da casa vivia junto do senhor, na senzala ou no sótão da casa grande. Vestia-se, comia bem e amava o senhor. Amava mais o senhor do que o senhor amava a ele. Se o senhor dizia: — Temos uma bela casa. Ele respondia: — Pois temos. Se a casa pegasse fogo, o negro da casa corria para apagar o fogo. Se o senhor adoecesse dizia: — estamos doentes. Se um escravo do campo lhe dissesse ‘vamos fugir desse senhor’, ele respondia: — Existe uma coisa melhor do que o que temos aqui? Não saio daqui. O chamávamos de negro da casa. É o que lhe chamamos agora, porque ainda há muitos negros de casa.”

    Mauro Assis

    Robson, nada mais injusto, o Morgan Freeman foi sempre um militante da causa negra nos EUA. Vc simplesmente não entendeu o que o cara disse.

    Roberto

    Legal abrir a discussão, Mauro. Eu acho que cumplicidade imputada ao Felipão é exagero apesar de achar o comentário dele infeliz.
    O Morgan Freeman quis dizer que devemos deixar de diferenciar um homem do outro através da cor da pele. Mas tenho certeza de que ele, assim como nós, devemos reagir a qualquer ataque feito a alguém, seja pela cor, seja pela crença ou seja pelo posicionamento político. Ignorar discriminação é omissão. Na Alemanha pré segunda grande guerra, a omissão levou ao holocausto. Acho exagero culpar o Felipão, mas não concordo com o posicionamento dele. Fui professor e sempre evitei o confronto público com um aluno que tivesse um posicionamento imoral. Mas, em particular, eu conversava e orientava(não acredito em punição no processo de educação). Acho que cabe punição e reeducação quando o cidadão já está formado como é o caso do adulto que assume uma posição discriminatória.

    Mauro Assis

    Roberto,

    Eu não entendo assim. O que o Morgan disse claramente foi que devemos parar de falar em raças, isso não existe. Assim como não existe “cultura negra”, o recorte cultural é essencialmente geográfico e temporal.

    Se o cara ofender alguém por sua cor da pele, já existe a lei, que seja punido por ela. Mas qualquer recorte inventado artificialmente pelo governo baseado em cor da pele só reforça o preconceito

    O “não adianta” do Felipão é nessa linha, sempre vão haver os idiotas.

Marcelo Teixeira

Felipão é mais um a exercer descaradamente a negação de origem.
Em um mundo onde o conceito de negócio engoliu o esporte e Felipão que foi jogador medíocre prospera pois faz parte de uma corrente que não tem compromissos a não ser com seus objetivos individuais.
Como técnico é um cara grosseiro que a todo momento sai distribuindo coices em que lhe contesta os métodos e se vale desses jovens talentosos e que orientados apenas para vencerem as agruras impostas por usa origens humildes ajudam esse que ganha títulos sim , mas empobrece o esporte ao montar esquemas cheio de cabeçudos dispostos a qualquer tarefa em campo por uma vitória, por um título.
Aposto que Felipão deve concordar com as decisões de Joaquim Barbosa, Gilmar Mendes, Ronaldo Caiado, Serra, Bolsonaro, Marco Feliciano e as lideranças médicas brasileiras que patrocinaram o maior ato de racismo e xenofobia da história do Brasil contra os Médicos Cubanos.
O mais lamentável é o Pelé e, como ele gosta de variar, o Edson Arantes do Nascimento se calarem.
Perde o esporte, perde o povo.

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