Fernando Brito: E onde é que foi parar o “inevitável” apagão elétrico?

Tempo de leitura: 3 min

Lembram-se?

Preço da energia desaba no “mercado livre”. Onde está o apagão?

10 de junho de 2014 | 11:19

por Fernando Brito, no Tijolaço

Passamos três ou quatro meses debaixo de uma campanha irresponsável e terrorista de que o Brasil iria enfrentar um “apagão” elétrico este ano.

“Especialistas” ficavam o tempo todo recomendando cortes no fornecimento e até um “racionômetro” andou sendo noticiado nos jornais.

É claro que a situação, depois da maior seca já registrada na região Sudeste não era o melhor dos mundos.

Mas o sistema jamais trabalhou abaixo dos índices de segurança.

Tudo isso era, além do uso político-eleitoral – afinal, o que melhor que um “apagão” para temperar o caldo terrorista do “O  Brasil é um caos”? -, um esforço de lobbu para ganhar dinheiro e obrigar o governo a concessões cada vez maiores às geradoras e distribuidoras de energia, que vão todas muito bem, obrigado.

Não é preciso muito esforço para imaginar o que isso travou investimentos que demandassem energia que, afinal, os jornais diziam que não iria haver.

Só que o jogo virou na “banca” de apostas.

O preço da energia contratada no mercado “livre” – aquela não coberta por contratos de longo prazo entre geradoras, distribuidoras e grandes consumidores – que foi às alturas, despencou.

Na penúltima semana de maio era de R$ 822.

Um semana depois, R$ 575.

Esta semana, ficou entre 258 e 357 reais, com preços de até R$ 145 na Região Sul, onde os temporais produziram uma elevação de perto de 25% no armazenamento dos reservatórios.

E todo o “mercado” sabe que haverá uma nova queda na próxima semana.

Há exatamente um mês, os mesmos especialistas caíram de pau na Petrobras por ter vendido contratos de energia de suas usinas termoelétricas a R$ 262.

Subsídio! Irrealismo tarifário!

Cegaram a dizer que a nossa petroleira ia ter prejuízo anual de R$ 2,8 bilhões.

A Petrobras, quando começar a entrega desta energia, provavelmente terá é  um lucro significativo, uma vez que o vendeu pelo preço de pico (R$ 262) registrado até o início do período de escassez.

Aconteceu o mesmo quando, com o dólar rondando os R$ 2,40 a empresa divulgou seu plano de investimentos estimando uma cotação de R$ 2,23. Chegaram a pedir explicações formais para a empresa, “tamanho absurdo”.

Esta situação é um pequeno exemplo de como a mídia e o mercado “bolsista” brasileiro olham nossa economia com “alma de quitandeiro”.

Tudo é a ânsia lobby por lucros estratosféricos e imediatos.

É como se questões como eletriciade e combustíveis pudessem ser tratadas como o tomate é na feira.

Aliás, só na feira, porque o ilustre leitor e a esperta leitora devem ter percebido como, mesmo na alta generalizada da fruta vermelha, o preço de sua versão processada industrialmente permaneceu quase estável, vairando entre R$ 1 e 1,50 o sachê de polpa ou molho, cuja materia prima foi adquirida em contratos de preço firme e entrega certa.

A situação total de armazenamento hídrico – um conceito que, cada vez mais vai se aproximando da disponibiulidade total, porque a interligação entre as regiões avança fortmente –  no país vai encostando em 44%, o que é um valor quase  6% maior do que o do final de março.

A diferença entre o que ocorre no sistema elétrico e o que acontece com o minguante Sistema cantareira não tem mistério: é interligação dos sistemas, multiplicidade de fontes e manejo adequado das disponibilidades.

Em resumo: planejamento, ação e gestão.

Tudo o que não houve em São Paulo.

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Comentários

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Mário SF Alves

“A diferença entre o que ocorre no sistema elétrico e o que acontece com o minguante Sistema Cantareira não tem mistério: é interligação dos sistemas, multiplicidade de fontes e manejo adequado das disponibilidades.

Em resumo: planejamento, ação e gestão.
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Tudo o que não houve em São Paulo.”
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Ou… claro, sem dizer da causa principal; ou seja, a privatização irresponsável e corsária da SABESP. Noutros termos: privataria/ação entre amigos com almas de quitandeiro/tomateiros do apocalipse/bolsistas.

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“Na penúltima semana de maio era de R$ 822. Um semana depois, R$ 575.”

“Esta situação é um pequeno exemplo de como a mídia e o mercado “bolsista” brasileiro olham nossa economia com “alma de quitandeiro”.

Tudo é a ânsia lobby por lucros estratosféricos e imediatos.”
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Agora imagine-se o tamanho do rombo ou o prejuízo causado à economia nacional daí decorrente.

Os nomes de tudo isso?
1) Crime contra a economia popular;
2) Cobiça, ambição, vandalismo econômico e absoluta certeza de total impunidade;
3) Crime contra a ordem política/desestabilização institucional.

Chamar tamanha irresponsabilidade de política ou de reação oposicionista é falácia das mais rasteirinhas.

José Nivaldo

O inevitável apagão elétrico não ocorreu cara pálida. Porque o PIB do Brasil vem crescendo a robustas taxas de 0,9% a 1,5%. Se viesse crescendo a 7,5% a energia não daria conta. Mas isso é só um pequeno detalhe.

    Mário SF Alves

    Uai, Nivaldo, seus oráculos são capazes de predizer o déficit de energia, mas são incapazes de conjugar a dimensão e respectivos impactos negativos da crise econômica mundial no Brasile, portanto, prever o PIB, é isso?

    Cá entre nós, fraquinhos eles, hein?

Luís Carlos

Não vai ter apagão! Não vai ter água em SP!

Vlad

Depois da chuva, aparecem os profetas do acontecido, caçadores de leão empalhado, valentões de luta cancelada e outros boca-abertas do gênero.

Ao travesseiro, confessam:
Diuma, a eletrizada : “Valeu, meu São Pedro!”
Alckmin, o aguado : “Valeu, meu São Pedro!”

No fim das contas, o frio na espinha de ambos bem mostra os jestores que são….ponto.

    Ulisses

    Conde drácula? Não entendi sua imbecilidade. Se faltasse água liga as termos. Por isto não houve racionamento, alem das transmissões interligadas no Brasil. Ponto para Dilma. Agora o outro faltou água, bebe lama! Sem interligação. Precisou faltar para pensar em puxar água de outro lugar. Coisa de 3 anos pelo menos. E viva seu Alckmin

Hélio Jacinto Pereira

O Verdadeiro “apagão” é o “Volume morto” da Cantareira !

Urbano

De 2003 para cá, apagão no Brasil, pra valer mesmo, só a de sinapses dos sabujos da oposição, em decorrência da sua eterna aridez de neurônios…

Dimas

E o jeitão tucano de lidar com as seguidas derrotas:
http://www.aldeiagaulesa.net/2014/06/psdb-leaks-estrategia-do-caos-para.html

    Mário SF Alves

    É isso? Se for e comprovada a origem é gravíssimo. Como justificar jurídica e constitucionalmente uma atitude dessas? Lembra a movimentação golpista de 64.

Bacellar

Peguem lá atras enterrado por aqui no site eu j᧠dizia em 2013 que o Alckmin possuia (e possui) blindagem contra a desestabilização pois seu eleitorado cativo é conservador, embora tenha oscilado em alguns momentos para seu eleitorado todo e qualquer problema pode ser debitado na conta de petistas e vandalos…Da uma tese de doutorado esse fenomeno eleitoral que é o Alckimin em SP e o Aecio em MG, administrações péssimas, podres, e com capital eleitoral…Incrivel.

    Zanchetta

    É como a Dilma e os 33% dela…

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