Dois telespectadores que se espantaram com o Jornal Nacional

Tempo de leitura: 7 min

do Muda Mais

2 DE ABRIL DE 2014

ERRARAM

Plim plim: dois pesos, duas medidas

O equilíbrio é um princípio importante para o bom jornalismo. Especialmente quando está baseado em critérios objetivos e pode, de alguma forma, ser verificado. Junto à busca pela verdade e à pluralidade de opiniões, ele forja os princípios da atividade jornalística moderna.

Se você tem a impressão de que este equilíbrio é muitas vezes colocado de lado na cobertura dos casos mais rumorosos da política nacional, você está certo. O Muda Mais fez os cálculos do noticiário do Jornal Nacional sobre as denúncias de formação de cartel e pagamento de propinas no Metrô de São Paulo e os comparou com a cobertura da compra da refinaria de Pasadena pela Petrobrás. Resultado: a média de exposição diária do caso Petrobrás é nada menos do que 13 vezes maior do que o caso Alstom/Metrô de SP.

Entre 7 de novembro de 2013 e 25 de março último, ou seja, em 130 edições do JN, as denúncias e investigações sobre corrupção no Metrô de SP ocuparam cerca de 77 minutos do telejornal. Foram divulgadas 23 matérias. A mais longa teve 8 minutos e 15 segundos. Cinco delas duraram menos de 1 minuto. Em todas, o assunto era bem ponderado. Todos os acusados tinham direito de resposta para rebater as acusações. E todos, claro, refutaram. As expressões usadas nos textos das reportagem também são bem suaves. Para o Jornal Nacional, não há quadrilha, mas um “suposto cartel”. E não há acusados, mas suspeitos.

Em comparação, desde que o caso Petrobras/Pasadena eclodiu, há 11 dias, o Jornal Nacional dedicou a ele 64,5 minutos de cobertura. Foram 10 matérias, três delas com pelo menos 10 minutos cada. Nenhuma com menos de 3 minutos. E em todas não há suspeitos, mas acusados. E não há supostas questões contratuais no processo de aquisição da refinaria, mas irregularidades na compra da refinaria.

Vale a pena destrinchar os dados relativos às exposições dos dois casos no telejornal – que vai ao ar de segunda a sábado. Desde que surgiram as primeiras denúncias do caso do Metrô de São Paulo, os telespectadores ouviram “boa noite” da bancada do JN cerca de 130 vezes. Durante cinco meses completos, o tema foi abordado em 23 edições. Por outro lado, em apenas 11 dias – ou seja, 10 edições, excluindo-se o domingo – o caso Petrobras foi abordado em todas as oportunidades, ininterruptamente.

Portanto, se dividirmos o tempo total de exposição de cada um dos temas pelo número de edições que foram ao ar do telejornal desde a primeira aparição deles no noticiário, teremos algo curioso. Para o Metrô de São Paulo, nas 130 edições, houve 77 minutos de cobertura, ou seja, uma média de exposição diária de 35 segundos. Já o caso Petrobras chegou ao horário nobre da TV Globo por 64,5 minutos nas 10 edições, o equivalente a uma média de 6 minutos e 30 segundos de exposição diária. Os cálculos apontam para uma cobertura, proporcionalmente, 13 vezes maior do caso Petobrás em comparação ao do Metrô.

É compreensível que, em 130 edições, a temática acabe por se diluir e, portanto, apareça menos frequentemente ao longo do tempo. Chama a atenção, no entanto, que em apenas 10 edições, o caso Petrobras já tenha um tempo de exposição tão próximo ao caso do Metrô.

O tratamento desproporcional dado pelo Jornal Nacional a temas ligados ao PSDB e ao PT, ou, se você preferir, ao governo federal e ao governo do estado de São Paulo, não é propriamente uma novidade. Mas é sempre bom ir para a prancheta e colocar os pingos nos is. Se “ouvir os dois lados” é um princípio do bom jornalismo, que nome se dá quando eles são tratados com dois pesos e duas medidas?

*****

A resposta da Globo a Dilma

Eduardo Guimarães, no blog da Cidadania, em 14.02.2014

A coluna da jornalista Monica Bergamo na Folha de São Paulo da última quinta-feira feira (10) deu uma informação algo surpreendente: na segunda-feira (8), a presidente Dilma Rousseff recebeu o vice-presidente das Organizações Globo, João Roberto Marinho, que foi a ela com pleitos sobre a suposta interferência da rede de telefonia celular 4G na transmissão de tevê digital.

Segundo a jornalista em questão, Dilma teria manifestado a Marinho desconforto com o noticiário da Globo contra o governo federal. A matéria, tal como foi veiculada na coluna de Bergamo, deixa entender que a presidente teria, de alguma forma, vinculado o atendimento do pleito do barão da mídia a maior comedimento no partidarismo político da Globo.

Não se sabe se houve mesmo algo nesse sentido, mas não parece verossímil que Dilma propusesse tal barganha. O mais provável é que ela apenas tenha aproveitado a oportunidade, mas sem proposição de qualquer troca de favores. Até porque, para os barões da mídia seria uma troca muito aquém de suas pretensões hegemônicas.

Seja como for, Dilma teria ponderado com Marinho que sua emissora vem “carregando nas tintas” do noticiário contra o governo federal, e não só no caso Petrobrás. O Jornal Nacional da mesma terça-feira em que o vice-presidente da Globo e a presidente da República se encontraram teve 16 minutos de pancadaria contra o governo.

O telejornal em questão tem duração de pouco mais de 30 minutos. Ou seja: a Globo gastou metade de seu principal telejornal para atacar o governo com atraso nas obras da Copa, críticas à economia e, claro, com ataques à Petrobrás.

Naquele mesmo dia, enquanto Dilma e Marinho se encontravam, Lula dava entrevista a blogueiros…

Na noite do mesmo 8 de abril, o Jornal Nacional começou a artilharia com uma matéria sobre atraso em obras da Copa que durou 4:01 minutos. Mais 2:27 minutos foram gastos com o tema que levou Marinho a Dilma, a interferência da rede 4G na TV digital. E mais pancadaria sobre o governo com matéria sobre baixo crescimento da economia que durou 35 segundos, com o caso do deputado André Vargas por 2:47 minutos, com ataques à Petrobrás por 3:08 minutos, com a CPI da Petrobrás por mais 2:36 minutos. No total, foram 15 minutos e 56 segundos de espancamento do governo.

Até aí, a ponderação de Dilma com Marinho talvez não pudesse ter surtido efeito; tinham conversado horas antes da edição massacrante do JN. Vejamos, então, o que ocorreu nos dias seguintes.

Em 9 de abril, em 5 minutos de Jornal Nacional, durante 21 segundos o primeiro ataque ao governo Dilma se dá na questão da energia elétrica, supostamente subfaturada aos brasileiros por razões políticas. Eis que, como que para afetar “isenção”, o JN apresenta uma reportagem de 1:05 minuto desfavorável ao PSDB, sobre o racionamento de água que já ocorre na grande São Paulo, mas a Globo não diz. E a reportagem não toca na responsabilidade do governo Alckmin, apenas apresenta o problema que pode se abater sobre a grande São Paulo. Porém, logo o telejornal retoma o ataque ao governo. Foram 2:38 minutos para o deputado André Vargas, 2:04 minutos para a inflação, 2:58 minutos para a CPI da Petrobrás. Ao total, foram 7:23 minutos contra o governo do PT e 1:05 minuto contra o do PSDB.

Em 10 de abril, dia da nota na Folha sobre a queixa de Dilma a Marinho, mais 2:19 minutos para inflação, 2:02 minutos para incentivar as pessoas a economizarem água em São Paulo (uma bela ajuda a Alckmin), 2:39 minutos para criticar atraso nas obras das Olimpíadas de 2016, 38 segundos (isso mesmo, 38 segundos) para noticiar que o ex-ministro de FHC e candidato de Aécio ao governo de Minas Gerais (Pimenta da Veiga) foi indiciado por lavagem de dinheiro, 43 segundos contra o deputado André Vargas, 4:25 minutos para vincular Dilma e Lula a compra por FHC em 2001 de usinas termelétricas da Alstom (o que obrigou os petistas a manterem contratos que o tucano assinou), 23 segundos contra a Petrobrás e 1:44 minutos para dar razão à oposição contra o governo na ampliação do escopo da CPI da Petrobrás, atacando decisão de Renan Calheiros de permitir a investigação, também, de escândalos envolvendo PSDB e PSB. No total, foram 12:23 minutos contra o governo, 2:02 minutos a favor de Alckmin e 43 segundos contra o PSDB.

Em 11 de abril, o JN começa com Dilma na defensiva, dando explicações sobre a inflação em matéria de 52 segundos. Em seguida, notícia distorcida de 2:21 minutos de duração sobre recuo na atividade econômica, reportagem de 23 segundos sobre problemas nas obras da Copa, reportagem de 1:57 minuto sobre corrupção na Petrobrás, mais 1:36 minuto sobre o mesmo tema e mais 33 segundos sobre o doleiro envolvido com o deputado André Vargas. Desta vez, foram “só” 7:10 minutos, mas só contra o governo Dilma e o PT, sem nada contra a oposição.

Em ano eleitoral, quando a mídia escolhe maioria tão avassaladora de matérias desfavoráveis a um lado e gasta tão pouco contra o outro lado, provoca efeitos eleitorais. Alguns dirão que tudo que o JN noticiou contra o governo Dilma e o PT tinha que ser noticiado. Só que não existem problemas só desse lado.

O caso de Pimenta da Veiga, candidato do presidenciável Aécio Neves ao governo de Minas e que foi indiciado por lavagem de dinheiro, por certo mereceria bem mais do que 38 segundos. O racionamento de água no maior centro urbano da América Latina – bem como as responsabilidades pelo problema – mereceria muito mais atenção de um jornalismo sério. O escândalo do cartel de trens em São Paulo, já em fase adiantada de investigação, inclusive com políticos do PSDB sendo investigados pelo STF, esse sumiu de vez.

Ao deputado André Vargas poder-se-ia contrapor Robson Marinho, homem forte do tucanato paulista no Tribunal de Contas do Estado de São Paulo e que está envolvido até o pescoço no escândalo dos trens paulistas, mas continua trabalhando normalmente. Ou poder-se-ia contrapor o caso de Pimenta da Veiga, muito mais grave. Mas o JN faz suas escolhas…

O que impressiona é a presidente Dilma ter achado – se é que a matéria de Monica Bergamo é verdadeira – que poderia chamar um dos irmãos Marinho à razão. Aliás, melhor dizendo, chamá-lo à responsabilidade, já que, por ser uma concessão pública, a faixa do espectro radioelétrico que a Globo ocupa não pode ser usada com fins político-partidários.

PS do Viomundo: Surpresos? Agora vocês entendem o que foi que revoltou um grupo de jornalistas da TV Globo de São Paulo, durante a campanha eleitoral de 2006. Além dos escândalos produzidos pelo serviço de inteligência da campanha tucana, que passam a dominar o noticiário, o viés do Jornal Nacional torna-se completamente amargo alguns meses antes das eleições. Mera coincidência.

Leia também:

Os ataques da Folha ao Ipea, na Venezuela


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Comentários

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Victor

O governo deveria propor mudanças na legislação: como a concessão de televisão é uma “dádiva” que o poder público a particulares, o povo brasileiro deveria ter como contrapartida a gratuidade em publicidade nestes veículos, apenas para utilidade pública, não devendo existir nenhuma propaganda dos respectivos governos. A incomensurável verba publicitária economizada poderá então ser destinada à saúde, educação e obras de infraestrutura tão necessárias!

Urbano

Jornalismo é a nobreza da informação, diametralmente oposto à articulação de golpe fascista.

marcos augusto

É por essas e por outras que, no horário do JN, sempre estou em busca de informações na internet. Quando vejo, o faço apenas para me inteirar do que estão a dizer de inverdades e, por conseguinte, desmentir até onde eu possa. Só assim vamos destronar este “império”, que, aliás, já vem sendo nitidamente desmontado…

Elias

“Hugo Chavez fecha Globovisión” / “Hugo Chavez fecha 34 emissoras de rádio” / “Hugo Chavez fecha seis cais estrangeiros de TV”

Hugo Chavez era “o cara”.

Lula disse que o “nos podemos” foi dito por ele antes de Barack Obama. Concordo com Lula, em termos. Aqui entre nós, companheiros, se pudéssemos mesmo não estaríamos engolindo os sapos descritos na reportagem em questão.

    jd

    Exatamente! O “nós podemos” é relativo. A gente vota, elege e vê os eleitos recebendo esses golpistas no Palácio do Planalto para conversinhas e quiçá queixumes. Brizola era o cara!

Eunice

Isso porque ninguém mais escuta rádio. Nas rádios o rumor anti-Dilma começa às 4,00H. Empresários pagando, pois sabe-se que não há ouvintes.

rodrigo

Bom dia. Imagino que 80% dos aparelhos ligados na m…. do JN, estão apenas ligados aguardando o início da próxima novela. Lá em casa, por exemplo, fica ligado para as paredes, logo a audiência é fictícia.

    zequinha

    Em casa tb, a audiencia do JN é ficticia. Ocorre que as outas emissoras de TVs nada tem a oferecer de melhor a não ser o mesmo bagulho da Globo, inclusive o noticiário, que parecem copiados. Para mudar isso será preciso a intervenção do governo criando outras emissoras alternativas. Mas a Dilma parece não querer.

Vinicius Garcia

Volto a dizer, a culpa é dos próprios membros e congressistas do PT, que parecem evitar o confronto a essas ações.

SILVIO MIGUEL GOMES

E no caso da Prefeitura de São Paulo, o GRUPO GLOBO sempre apoiou Kassab e congêneres, agora dedica todo tempo para “procurar chifre na cabeça de cavalo” contra Fernando Hadadd. E o pior é o Jornalista Chico Pinheiro dando uma de indignado. OOOOh, gente falsinha, sô!!

ricardo

E você quer comparar um caso de corrupção estadual com um caso federal, não é? Então o JN deveria ter dado um tempo 23 vezes maior para o lodaçal da Petrobras.

Mauro Silva

Mas a Petrobras deve estar muito satisfeita com a globo pois despeja milhões de reais nessa corporação midiática.

Luiz Gonzaga, da Bahia

A Globo – gloBBo – nuca vai s eimportar com essa crítica. E o povo não se atem a esse detalhe, não percebe o tempo detinado a um e ouro assunto da mesma ordem.

Trite Brasil – os comparsas da Globo, por 50 anos, fizeram o povo analfabeto para enganar mais facilmente.

flavio cunha

Faz 15 anos que não assisto globo/rbs, tive com isso um salto de qualidade na minha informação. Outra coisa, também acho que deveria ser feito um enfrentamento maior com a mídia, só que deve haver alguma explicação para isso. Agora, vivem elogiando o Requião, está certo que ele é bom de discurso, mas se é tão bom assim, o que faz num antro como o PMDB?

abolicionista

Caros, nunca é tarde para lembrar daquele verso saudoso: “O povo não é bobo, abaixo…”

O povo sabe completar…

Pafúncio Brasileiro

O Sen. Requião é mil vezes mais macho do que os do PT, que são verdadeiros gatinhos, que gostam se levar porrada desta mídia enganadora de mentes. A enganação feita mil vezes, emplaca como verdade na mente de muitos.

Daniel A. Cavalcanti

Rede Globo é maior escola de terrorismo da América Latina!

Alberto Santos Dumont

Lamentável, como a Rede Bobo acha que todo mundo é tolo. Manipulam, mentem e sonegam.
Gostaria de pedir, aos internautas pagos (os 9.000 contratados pelo Aécio, segundo a Falha de S.P), os Coxinhas e afins, para que melhorem o nível dos seus comentários e tentem, ao menos tentem, comentar de maneira educada, já que não possuem argumentos e muito menos propostas para o nosso país. Desde já agradeço.

José Mário

É como diz o PHA ” DETRITO DE MARÉ BAIXA”, eu não assisto nem a ele e nem a nada que veicula nesta concessão pública, que sonegadora de impostos e invasora áreas públicas. O Governo tem que tomar as medidas cabíveis e fazer a REGULAMENTAÇÃO JÁ!

Ainda há muitos que assistem e acreditam nas mentiras deste canal de televisão, mas, já não são tantos mais, na verdade hoje uma minoria que com certeza em breve vai entender o quanto são enganados e feitos massa de manobra. É assim que eles fazem, como disse o âncora do penacho branco na testa, me recuso a falar seu nome. Flagrado em um áudio disse que somos como o ROMEU SIMPSON, IDIOTAS, TOLOS E PREGUIÇOSOS.

Marat

Existem Homens decentes no judiciário? Existem Homens ali?

Marat

O judiciário brasileiro cúmplice de falcatruas? Isso muda o jogo!

Messias Franca de Macedo

Exaltação e propaganda da Ditadura Militar na Rede Globo (1975) – Documentário sob a narrativa da voz maviosa do Cid Moreira!

http://www.youtube.com/watch?v=sN7PfKz7MLA

Messias Franca de Macedo

O declínio do Jornal Nacional é irreversível

– por jornalista Paulo Nogueira 13.04.2014 às 15:18

O declínio do Jornal Nacional é irreversível Velhos tempos, com audiências de 70% Nos anos 1980, quando eu era um jovem repórter da Veja, a redação, no sétimo andar do prédio da Abril na marginal do Tietê, se alvoroçava quando eram 8 da noite. Uma televisão, no fundo da redação, começava a passar o Jornal Nacional. A redação parava, mesmo em dias de fechamento, e só voltava a funcionar quando o JN terminava. Não era só a Veja que parava. Era o Brasil. O JN tinha então 70% de audiência, em média. Às vezes mais. Ditava a agenda política e econômica do país. Roberto Marinho — que na busca de favores da ditadura dizia que a Globo era “o maior aliado” dos generais na mídia, conforme mostram documentos de Geisel reunidos em livro — teria dito que notícia era o que o JN dava. Para mim, o JN acabaria com minha saída da Veja rumo à Exame, em 1989. Perdi o hábito de vê-lo e jamais senti falta. Não voltei a ver sequer quando trabalhei na Globo, em meados dos anos 2 000. Nas reuniões do Conselho Editorial da Globo, às terças de manhã, eu chegava sem ter a mínima ideia do que o JN dera ou deixara de dar, e tinha uma certa dificuldade em me engajar em algumas conversas. Muita gente fez o que fiz, por variados motivos. (O meu foi o incômodo em ver tanto foco em desgraças depois de ter visto o JN, na ditadura, mostrar um país paradisíaco aos brasileiros. Também o conteúdo influía bem menos na Exame do que na Veja.) Todas essas reminiscências me ocorrem ao ler que esta semana o Jornal Nacional bateu seu recorde negativo de audiência ao chegar a 18%. É uma derrocada notável – e irremediável. Em alguns anos, os 18% parecerão muito diante da audiência que sobrará para o principal telejornal do Brasil. O que ocorreu? A tentação é dizer que é a ruindade técnica do JN que afastou o público. Mas, mesmo pobre o jornalismo do JN, não é esta a razão primeira do declínio. Isto quer dizer que não adiantaria nada – pelo menos no Ibope — trocar o diretor de telejornalismo da Globo, Ali Kamel, por alguém mais criativo e talentoso. Ou tirar Bonner, que já deve ter mais seguidores no Twitter que espectadores no telejornal que apresenta. A real causa se chama internet. A internet é uma mídia que os analistas classificam como “disruptora”: ela não se integra às demais, como sempre aconteceu na história do jornalismo. Ela mata. As demais mídias – tevê aberta incluída – são progressivamente engolidas pela internet. A situação do JN é análoga à que enfrenta a Veja. A revista definha em circulação, publicidade, influência, importância – em tudo, enfim. Não adianta nada trocar o diretor de redação. Mesmo que a Veja voltasse a ter a qualidade notável da década de 1980, sob o comando dos diretores JR Guzzo e Elio Gaspari, nem assim os leitores retornariam, porque o produto se tornou obsoleto. O milagre da Globo, hoje, é conseguir faturar como nunca, com audiências em colapso em todas as frentes, dos telejornais às novelas. Proporcionalmente, a Globo ganha em publicidade mais do que ganhava quando alcançava três ou quatro vezes mais pessoas. Isso se deve a uma coisa chamada BV, Bônus por Volume, uma espécie de propina que é paga às agências de publicidade para que anunciem na Globo. Foi uma invenção de Roberto Marinho, depois seguida pelas outras grandes empresas de mídia do país, mas com resultados insignificantes se comparados aos da Globo. Hoje, muitas agências dependem do BV para sobreviver. Graças a isso, com cerca de 20% do mercado de mídia, a Globo tem 60% do bolo publicitário, uma bizarrice. Isso vai mudar quando os anunciantes – que afinal pagam a conta – se recusaram a pagar tabelas cada vez maiores por produtos que alcançam cada vez menos pessoas. Quanto ao Jornal Nacional, vive em boa parte das audiências passadas. Políticos que fizeram carreira vendo-o influir tanto, sobretudo nos anos 70 e 80, parecem guardar dele a imagem poderosa de antes. É a geração que está hoje no poder. “O pessoal morre de medo de 30 segundos do Jornal Nacional”, me disse recentemente um desses políticos. Ele estava falando da dificuldade em fazer o Congresso discutir a regulação da mídia. Por isso, mesmo com uma audiência raquítica, o JN continua a ser um fator de obstrução de avanços sociais. Novas gerações de políticos vão ver o JN não pelo que foi, mas pelo que é: um programa com um público cada vez visto por menos gente e, por isso, menos influente a cada dia. Que venham as novas gerações, até por isso.

Postado em 13 abr 2014por – por jornalista Paulo Nogueira

Sobre o Autor O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

FONTE: http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-declinio-do-jornal-nacional-e-irreversivel/

Marcos Oliveira

Seria bom comparar o tempo disponibilizado para o Mensalão Tucano.

    Marat

    Xi, Marcos, o mensalão tucano não consta dos anais do PIG ou do judiciário!

    Marat

    Consta apenas nos anais (e no bolso) do povo brasileiro!

Ciro Gomes

Acontece que o PT virou jirau de pancada, pois só tem pessoas fracas na sua direção, hoje faz falta um Zé Dirceu para orientar esses babacas, mais ai gera um ciume louco, tipo mercadante que é um fracasso, Zé da Justiça, a unica coisa que ele não manda é na justiça, corno Suplice e muitos outros. Alem da ala de loucos como Rui Canivete e para finalizar o grande Lula só vive no Exterior correndo da verdade.
Vejam só, Dilma apoia o PMDB, que apoia o Aébrio e ainda mete o pau no Lindenberg que é Senador do PT, isso tudo no Rio de Janeiro, onde quem vai ser eleito eu não sei, só sei que o Pesão não vai ser o eleito.

Luís Carlos

Desde muito sabemos das posições políticas da Globo, e demais veículos da mídia corporativa, absolutamente nada isentos e omitindo e mentindo sobre fatos jornalísticos. Continuo sem ler, ouvir ou ver esses veículos.

Messias Franca de Macedo

“A Globo pensa que tem um poder que na verdade não tem!” Por Luiz Inácio Lula da Silva – declaração proferida ainda no exercício da Presidência da República

BRASIL (QUASE-)NAÇÃO [depende de nós enquanto ações e reações!]
Bahia, Feira de Santana
Messias Franca de Macedo

Messias Franca de Macedo

… Realmente, a Dilma Vana Rousseff representa a instituição Presidência da República, portanto, torna-se prudente o recato, o respeito à liturgia do cargo! Mesmo porque uma das coisas que o PIGolpista mais quer é “a ‘Venezualização’ do Brasil”! ‘Capiche’?!… Por outro lado, o PT cedeu ao pragmatismo e ao fisiologismo! Esqueçam também!… No entanto, o honesto, leal, sapiente, solidário, fraterno povo trabalhador brasileiro não pode ser cúmplice de torturas e humilhações abjetas a presos políticos, cujos algozes são os mesmos CANALHAS de sempre da [eterna] Casa Grande Escravagista, CORRUPTA, GOLPISTA, FASCISTA E ANTINACIONALISTA! Ou iremos acompanhar – de cátedra – os assassinos sanguinários, impiedosos e desalmados da DIREITONA acompanharem [festivamente!] os funerais dos grande líderes políticos José Dirceu e José Genoino?… Portanto, a questão não é a defesa do PT e/ou a tal governabilidade! A questão concreta é a defesa do humanismo, da civilidade, da democracia, dos [universais, inalienáveis e lídimos] Direitos Humanos!…

Saudações democráticas, progressistas, civilizatórias, nacionalistas, antigolpistas e antifascistas,

BRASIL (QUASE-)NAÇÃO [depende de nós enquanto ações e reações!]
Bahia, Feira de Santana
Messias Franca de Macedo

    Mário SF Alves

    Brilhante, prezado Messias Franca. É disso que se trata.
    __________________

    É… e a gente ainda acreditava na inexistência de algo mais torpe, mais atroz e mais desumano do que o nazismo.

    Taí, ó:

    Somos essa raça! Raça que queriam extinta desde 2005. Lembra daquele “Vamos livrar o país dessa “raça” pelos próximos trinta anos”? O autor da frase/sentença dispensa apresentação e o escândalo do Banestado que o diga. Hoje ele afia armas na articulação da campanha de Eduardo Campos e Marina Silva.
    ______________________________________

    Pois é, prezado Messias Franca de Macedo, tal desgraça existe sim. Existe uma distorção da realidade aí, e é pior do que aquilo. Aquele outra matava coletivamente. Este mata seletivamente. Aquilo declarava guerra e em guerra matava pelo domínio do mundo. Este outro, covarde e sádico, mata por pura sabujice; tem medo da guerra aberta e mata apenas os inimigos internos do capitalismo subdesenvolvimentista corporativista internaZional.

    Refiro-me, e a contragosto, a esse fascismo publicamente mal assumido, dissimulado, covarde, e que desde 64 tomou conta desse imenso, riquíssimo, e por isso mesmo ainda tão vilipendiado e maltratado País.

    É ideologia dominante corriqueira. Falsa por natureza e que jamais mostra a cara, condenada que é a esconder-se atrás dos mais torpes subterfúgios e da extemporânea e totalitária retórica anticomunista.

    Em nome de uma suposta luta contra a improvada ameaça comunista, aliou-se – como de costume e às escondidas – ao pior dos inimigos.

    Tramou contra a República, pisoteou a Constituição Federal e derrubou um governo eleito pelo povo apenas para defender e aprofundar as mazelas do pior capitalismo do mundo.

    É poder que totalitariamente se imiscui no seio da sociedade e a todo instante sabota os ideias democráticos do povo. E por isso difama, calunia e desconstrói a realidade e nega o progresso alcançado até aqui. Só por isso nos chama a todos de petralhas. Nós, que nos recusamos a endossar a farsa do quadrilhesco julgamento do tudo [só] contra o PT. Só por isso nos petralham todos os dias. E se um dia voltarem, a exemplo do assombroso golpe de Estado de 1964, vão matar mais. Vão matar devagarinho. Vão matar nossas consciências. Sadicamente.

    Triste admitir, mas isso é pior do que aquilo.

Donizete

A maioria dos grandes grupos econômicos e da mídia nunca vão aceitar o governo de um partido dos trabalhadores, que não é perfeito, mas tenta diminuir as diferenças sociais que datam de séculos nesse Brasil.

Fabio Passos

Não há novidade. As organizações globo, líder do PiG, está em campanha eleitoral.
A intenção é derrotar Dilma e eleger um fantoche qualquer da “elite” branca e rica: campos, aécio, barbosa…

Só que em 2014 os candidatos do PiG serão varridos do mapa.
E a casa-grande sabe disso… e está desesperada.

” JN TEM A PIOR MÉDIA DE AUDIÊNCIA DE SUA HISTÓRIA Bye bye PiG ! ”
http://www.conversaafiada.com.br/pig/2014/04/12/jn-tem-a-pior-media-de-audiencia-de-sua-historia/

    Mário SF Alves

    Só pra ter certeza. A Casa Grande à qual você se refere é aquele puxadinho construído no Brasil em 64 pelos EUA/SPYstates?

Eduardo Guimarães

A Globo não surpreende, mas Dilma achar que poderia chamar Marinho à razão ou ao direito ou à lei ou à ética jornalística, é estarrecedor. A menos que a Folha tenha inventado o teor da tal reunião…

    Luiz Lopes

    Pelo que se tem apresentado nos jornalões, acredito que a Folha não inovou, continua produzindo factoides.

    Karlo Brigante

    O medo que o PT tem da Globo chega a ser deprimente.
    As vezes tenho vontade de desistir de tudo!!! Chega de tanta covardia diante da grande mídia. é desanimador cara…

    vinícius

    Sr. Karlo, bom dia.
    Vc tem certeza que o PT tem medo da mídia?!?!
    Cabe ao PT combater uma empresa privada!?!?!
    Vc tira as suas conclusões com base em informações da mídia!?!?!
    Por acaso vc participa de reuniões do PT!?!?!

    Karlo Brigante

    “Cabe ao PT combater uma empresa privada”!?!?!

    Sr Vinicius, boa tarde!

    Já ouviu falar em concessão pública de Rádio e tv???

    Saiba que o espectro eletromagnético é PÚBLICO!!!!

    Karlo Brigante

    Chega a ser deprimente essa “timidez” do PT diante da globo.
    A gente defende esse governo todo santo dia “pangando um pau” desgraçado.

    Acarda PT!!!

    Marat

    Ou grampeado!

    vinícius

    A reunião foi verdadeira.
    Quanto a matéria da Mônica Bergamo, acredite nela quem quiser acreditar.

    Mas, conforme os desdobramentos da reunião, podemos inferir que a Mônica Bergamo “acrescentou/esquentou” o assunto.

    Afinal, turma! Alguém duvida que a mídia inventa, deturpa, distorce as palavras!?!?!

    Mário SF Alves

    Epa! Que Dilma seria essa? A de passado revolucionário ou uma outra inominável e politicamente alienada?

    __________________________
    Até onde sei:

    1) Politicamente esse jornal não merece tamanha confiança;
    2) A presidenta Dilma sabe o que faz. Ou seja, é ela sabe onde o calo realmente aperta.

    E apenas à título de exemplo, será que o Brasil entrou nos BRICS de bobeira? Será que não ponderou as consequências e o tamanho da responsabilidade?

Marat

É, assinaturas de jornais e revistas de R$ 2 milhões anuais são uma bela mesada. Isso muda o jogo!
Já tá mais que na hora de nascer algum tipo de bléqui blóque de esquerda, e começar a jogar bombas nas sedes dos pigs…

H.92

Isso é um crime!

PT é Geni, por que fica nas cordas sendo que se partir pra o debate de ideias ganha de lavada???

Olha o que fazem com o Dirceu!!!

Gilberto

Com todo respeito aos telespectadores do jornal citado,a pessoa tem que ser muuuuito incauto para dar credibilidade a um jornal que mente que nem sente, o lado bom disso tudo é que ele mesmo se desqualifica.
Gilberto – Ceilândia/DF

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