CPI do Cachoeira senta sobre a investigação de governadores e Delta

Tempo de leitura: 3 min

CPMI adia decisão sobre convocação de Cavendish e quebra de sigilo da Delta

17/05/2012 – 16h08

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira deixou de votar hoje (17) os requerimentos que pediam a quebra de sigilo da matriz da empresa Delta Construções e a convocação de seu ex-diretor, Fernando Cavendish. Os requerimentos, por decisão do relator, Odair Cunha (PT-MG), foram retirados de pauta para votação posterior.

Durante a reunião, o relator alegou que ainda não havia identificado indícios de comprometimento da empresa Delta com a suposta organização criminosa comandada pelo empresário goiano Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O relator disse ainda que esses requerimentos poderão ser apreciados no futuro.

“Há indícios evidentes de que essa empresa, a Delta, sob o comando do senhor Cláudio Abreu, serviu à organização criminosa. Na minha opinião, não há ainda indícios suficientes para quebra de sigilos, além das suas filiais no Centro-Oeste”, disse o relator ao justificar sua decisão de não colocar os requerimentos em votação.

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) tentou derrubar a retirada dos requerimentos da pauta, mas foi vencido pelo plenário da CPMI, que aprovou a decisão do relator. “É um mal começo se nós aprovarmos esse sobrestamento”, avaliou.

Além da decisão de ainda não investigar a Delta nacional, o relator também optou por não colocar em votação as convocações de três governadores: o de Goiás, Marconi Perrilo (PSDB), do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). De acordo com o presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), esses requerimentos poderão retornar à pauta da comissão no dia 5 de junho, data marcada para a próxima reunião administrativa.

Na reunião de hoje, a CPMI aprovou a convocação de 51 pessoas para prestar depoimento e quebrou mais de 40 sigilos bancários de pessoas e empresas suspeitas de servirem de laranja na suposta organização comandada por Carlinhos Cachoeira.

Entre as quebras de sigilo, estão as das filiais da empresa Delta nos estados da Região Centro-Oeste.

A decisão do relator, que recebeu o apoio dos deputados do PT, provocou muita discussão. O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) chamou de “devassa” o movimento para quebrar o sigilo da empresa. “Isso está sendo feito pelas pessoas que querem politizar a nossa investigação”, disse.

O líder do PT na Câmara, deputado Paulo Teixeira (SP), também defendeu a restrição da investigação das atividades da Delta na Região Centro-Oeste. “Quem muito abraça, pouco aperta”, disse o deputado defendendo que a comissão deve buscar um foco.

Já o senador Pedro Taques (PDT-MT) contestou o entendimento do relator de que não há indícios do envolvimento da empresa Delta Construções no esquema investigado pela Polícia Federal (PF). Ele citou um diálogo interceptado pela PF no qual Cachoeira conversa com o ex-diretor da Delta no Centro-Oeste Cláudio Abreu.

Na conversa, Abreu e Cachoeira combinavam um encontro do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) com o diretor executivo licenciado da Delta nacional, Carlos Pacheco. “Ele dizia que Pacheco precisava participar de uma conversa com Demóstenes. Ele disse que um avião viria pegar Demóstenes para um encontro com o Pacheco, que é diretor executivo nacional da Delta, que tem sede na Região Sudeste”, informou Taques.

O senador insistiu com o relator para que o requerimento fosse colocado em votação. “A ética e o crime não respeitam geografia. O crime não ocorre só em uma região. Não há cabimento afastarmos o sigilo da Delta só no Centro-Oeste. Não há que se falar em redução da investigação e, sim, universalização. Não se trata de devassa”, defendeu o senador.

O líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), disse que, ao não colocar em votação o requerimento para quebra de sigilo da matriz da Delta, o relator estaria “selecionando alvos”. “Há, no inquérito, o repasse de R$ 39 milhões para empresas laranja do senhor Cachoeira. Há gravação com o senhor Cachoeira dizendo ‘eu sou a Delta’. Há, no inquérito, a informação de que Cachoeira tinha uma sala na empresa Delta. Há a suposição, inclusive no Ministério Público, de que Cachoeira é um sócio oculto da empresa Delta ou o grande lobista que atuava para marcar os interesses nas esferas municipal, estadual e federal”, considerou o senador.

Edição: Lana Cristina


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Comentários

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Gil Rocha

É mesmo seu José?
Quer dizer que o sr. deve ter
provas, de que a revista sabia de
tudo isso.
E antes de dizer que a Veja transformou
o senador em isso ou aquilo, dê uma pesquisada
nas datas das reportagens.
E a reportagem não falava somente do Demóstenes.
E o mais importante, antes do que veio a tona nunca
vi ninguém do PT ou qualquer outro partido falando que
o Demóstenes não era nada daquilo que defendia.
Aliás, muita gente já fez isso.
Inclusive o Collorido, grande aliado do governo.nolystArmstrong

narizabatista

Eu que pensei que quando estourou o escândalo Demóstenes , Cachoeira e a Veja o Brasil teria uma oportunidade de desvendar esta corrupção que tanto a Oposição falava, depois fomos ver a maior corrupção está sendo praticada é extatamente pela Oposição. Agora a CPMI através deste pessoal senta em cima dos fatos e tenta empurrar para debaixo do tapete a sujeira. Tudo farinha do mesmo saco. Este Pessoal desta CPMI deveriam se envergonhar, renunciando e deixando só o Ex Presidente Coloor e compor uma nova CPMI junto com o Requião.
Vergonha nacional.

José DF

Veja tinha pleno conhecimento da parceira espúria que ligava o senador com a quadrilha do bicheiro. E nada fez para denunciar a bandalheira. Ao contrário. Ao acobertar a ação de delinquentes, veja foi capaz de descer ao submundo do crime organizado para servir às ambições de uma quadrilha cujo chefe cogitou, inclusive, a queda da presidente da república. Invocar lições elementares da atividade jornalísta para justificar flagrante transgressão ética é um grande ultraje. Cachoeira atuou como editor oculto, abastecendo o jornalista com informações que interessavam não somente à organização criminosa. A revista transformou o senador goiano em grande liderança da oposição, varão da moral e bons costumes na resistência contra a intentona petista. Podemos dizer que no Brasil, a exemplo do patriotismo, a liberdade de imprensa é o último refúgio dos canalhas.

Gil Rocha

Mas a preocupação maior da CPMI
é com a Veja.
Aí os caras esquecem do que realmente
importa.
Já acharam as 198 conversas telefônicas
do Policarpo com o Cachoeira?

Filipe Rodrigues

Primeiro se investiga os corruptores, depois os corrompidos…

Eduardo Souto Jorge

Parem de tomar LSD antes de dar seus comentarios. Segue o depoimento do deputado Chico Alencar do PSOL: ” Líder do PSOL na Câmara, o deputado Chico Alencar (RJ) considerou o requerimento apresentado por Collor como uma “provocação” do ex-presidente, motivada por suas questões pessoais com a revista. “Se ficar comprovado que há um esquema espúrio de seleções de matérias para atender aos interesses do crime organizado, aí sim o jornalista terá que ser investigado pela CPMI”, disse à Carta Maior. Para Alencar, primeiro, é preciso conhecer o conteúdo integral das gravações e ouvir algumas testemunhas.” A direita, Collor inclusive e uns muquiranas que querem olofotes para prejudicar o PT e o Governo Federal, querem transformar a CPI num circo, e voces estao entrando na onda deles. Meus pesames.

Requião denuncia conluio para proteger a Delta, diz que CPI tem de investigar a mídia e lamenta que TV Senado não transmita ao vivo « Viomundo – O que você não vê na mídia

[…] CPI senta sobre a investigação da Delta e dos governadores […]

AMARO

ATENÇÃO BRASILEIROS DE VERDADE. TEMOS QUE FICAR ATENTOS COM O DESENROLAR DOS ACONTECIMENTOS NA CPMI CACHOEIRA. ATENTOS COM “NOSSOS PARLAMENTARES”. VAMOS EXIGIR QUE NÃO SE ACOVARDEM E SE CURVEM DIANTE DA VEJA E DA GLOBO.
A FINAL ATÉ QUANDO O BRASIL VAI SE CURVAR DIANTE DESTES CRIMINOSOS QUE DITAM AS REGRAS E QUASE SEMPRE POR MEIOS ESPÚRIOS, CASTRANDO A CONSCIÊNCIA DE UM POVO, MANTENDO O ESCRAVIZADO EM PLENO SÉCULO XXI. JÁ PASSOU DA HORA DOS ELEITORES DAREM A RESPOSTA AOS PARLAMENTARES OMISSOS QUE NÃO CUMPREM O PAPEL PARA O QUAL FOI DESIGNADO. SEJA ELE DE QUE PARTIDO FOR. A OMISSÃO DIANTE DO CRIME NOS TRANSFORMA EM CÚMPLICES E, PORTANTO, CRIMINOSOS.
PRECISAMOS COBRAR UMA RESPOSTA DIGNA.

Fabio Passos

http://www.youtube.com/watch?v=zf4xRwMBHwY

“A decisão da CPMI do Cachoeira, votada na reunião desta quinta-feira (17), de restringir as investigações sobre a Construtora Delta apenas ao seu braço no centro-oeste do país, equivale a acobertar a ação da empresa contra o erário, superfaturando obras e corrompendo agentes públicos, disse o senador Roberto Requião, no plenário do Senado.”

ZePovinho

O seu amigo aqui,mizifio Azenha,já trabalhou com o presidente dessa CPMI.Conhece a fera de outros carnavais.Pode esperar mais acomodações com o sistema.
Aliás,pode colocar o comentário em destaque para ver se ele deixa de obedecer ao Renan Calheiros.

lulipe

Quem vai acabar depondo vai ser o Neymar, para falar das chances do Brasil nas olimpíadas, o Michel Teló, para falar da sua próxima música e algum diretor da Globo para falar do final da novela das oito…Esse país é uma zona!!!!

Guilherme Souto

No Brasil de hoje, qual é a novidade????

    Luis Campos

    A novidade é que a engrenagem se expôs completamete Guilherme. Podemos ver toda a fratura em sua extensão, onde tocou, onde parou. Houve duas investigações a fundo para isso. Toda a vida pública (e privada) nacional está envolvida. Essa é a novidade: daqui pra frente, acabou a viagem de Alice, ela acordou no Brasil.

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