Carlos Cleto: Juntos há 21 anos, Temer, Geddel, Padilha, Moreira e Alves assaltam a República, emparedam presidentes e destroem quem atravessa o caminho

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Em março de 1996, Michel Temer e sua turma derrotam José Sarney e Paes de Andrade e assumem o controle do PMDB. Começa aí a ascensão do grupo, cujos membros sempre atuaram juntos. A votação da reforma da Previdência marca o início dessa nova fase.  

Em meio a muita barganha, dando e recebendo, em 22 de março de 1996 (no topo à esquerda e embeixo), FHC e Temer comemoram  a aprovação da reforma da Previdência. Em 22 de maio de 1997, Eliseu Padilha toma posse como ministro dos Transportes (embaixo, à esquerda). E os conluios e barganhas não pararam mais, culminando com a derrubada da presidenta Dilma Rousseff (PT) em 2016 e a decorrente chegada ao poder por meio de um golpe parlamentar-jurídico-midiático.

por Carlos Eduardo Reis Cleto*, especial para o Viomundo 

“Certas desgraças que se abatem sobre os povos são tão avassaladoras e cruéis que parecem ser manifestação da Ira Divina. Mas, dentre essas desgraças, muito raras são aquelas que não têm suas garras firmemente cravadas no passado. Como uma doença insidiosa cujos sintomas ainda não se fizeram sentir, vão tomando conta do organismo, até o dia terrível em que se manifestam. Deus nada tem com essas desgraças que os homens atraem sobre si próprios, longamente cevadas pela cupidez, pela ambição e pela soberba. Não vos enganais: as grandes desgraças vêm de longe !” Maurice Druon

O Brasil vem sendo vítima de uma onda de desgraças que não parece ter fim.

O Estado Democrático de Direito deixou de existir.

Na próxima semana, será aprovada a nefasta “reforma trabalhista”, que reduzirá o trabalhador brasileiro à situação próxima da escravidão.

As riquezas nacionais estão sendo saqueadas.

Ao mesmo tempo, arrancam do trabalhador o pouco que tinha em termos de saúde e educação públicas.

 — De onde vieram tantas desgraças? — é a pergunta que muitos de nós nos fazemos.

Na minha modesta avaliação, vêm de longe 

Uma verdadeira organização criminosa foi se infiltrando no Estado brasileiro, até dele se assenhorar com o golpe contra a presidenta Dilma, em abril de 2016.

Estou me referindo à ascensão política de Michel Temer e seus cúmplices, até tomarem de assalto a República.

Para mostrar como isso aconteceu, vou utilizar dez páginas do insuspeito jornal O Globo.

22 de março de 1996: Governo troca negociação por barganha com parlamentares e governadores, e faz barba, cabelo e bigode 

A lua de mel do Plano Real acabara e o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) enfrentava grandes dificuldades no Congresso.

De um lado, a ameaça de criação da CPI dos Bancos, para investigar atos de corrupção em seu governo.

De outro, suas propostas anti-Brasil — reforma da Previdência, privatização da Companhia Vale do Rio Doce e aprovação da reeleição — não estavam avançando.

É nesse momento que, pela primeira vez, surge no cenário nacional a figura sinistra de Michel Temer, já escoltado por Eliseu Padilha e Geddel Vieira Lima.

Agindo nas sombras, Michel Temer conseguiu desautorizar a direção do PMDB, que se opunha frontalmente às propostas anti-Brasil, e trouxe para FHC o apoio necessário à aprovação daquelas reformas. 

Em troca, o preço desse grupo era obter poder. Em O Globo, lê-se:

— O projeto do líder Michel Temer é fortalecer o partido e credenciá-lo como o principal aliado do Governo. Trabalhamos e vamos continuar trabalhando para isso — disse o deputado Jurandir Paixão (PMDB-SP).

A vitória de Michel Temer inicia esse trabalho. O líder-relator enfrentou a resistência do presidente do partido, deputado Paes de Andrade (CE), que trabalhou contra a aprovação da emenda e insiste em levar o PMB para um caminho de oposição a Fernando Henrique.

Temer ganhou e consolidou a ala peemedebista que quer estar ao lado do Governo.

De Geddel e Padilha, ninguém pode dizer que não sejam homens sinceros:

— Acabou a postura dissimulada. Agora é apoio ao Governo mesmo — resumiu o baiano Geddel Vieira Lima, vice-líder do PMDB na Câmara.

Coordenador da bancada gaúcha do partido, o deputado Eliseu Padilha festejava a perspectiva de reorganização da base parlamentar governista e resumia a expectativa com a possibilidade de ampliar o espaço do PMDB no Governo:

— O PMDB se credenciou para isso com esta votação.

Para Temer, Geddel e o restante do grupo pouco importava que a reforma da Previdência arrebentasse com a vida de milhões de brasileiros.

Pouco importava também que a venda da Vale fosse um assalto ao Brasil. Para eles, só importava o poder.

17 de fevereiro de 1997: Parlamentares querem ter um teto salarial maior que o negociado na reforma administrativa.

Após ingressar no poder, Michel Temer e seus cúmplices passaram a desempenhar todas as tarefas sujas que FHC precisava ver cumpridas.

Em troca disso, abocanhavam fatias cada vez maiores da República.

Naquele momento, o governo FHC estava tocando três projetos: a própria reeleição, a destruição do Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos (a “Reforma Administrativa”) e a primeira versão da Reforma da Previdência.

Mas, havia dificuldades:

O ano político no Congresso começa de fato hoje à tarde, com a instalação solene da sessão legislativa de 1997, e os líderes governistas voltam a Brasília com uma nova preocupação: impedir que a negociação do teto salarial da reforma administrativa azede o humor dos deputados que vão votar o segundo turno da emenda da reeleição na Câmara.

A essa altura, Temer já havia recebido a recompensa por sua atuação no ano anterior: ganhara a presidência da Câmara, e colocava seus fiéis cúmplices em posições importantes: Moreira Franco foi nomeado relator da Reforma Administrativa, e Geddel iria sucedê-lo como líder do PMDB.

A Reforma Administrativa estava sofrendo ataques:

… os líderes vão ter que apagar um novo foco de rebeldia alimentado pelos parlamentares que defendem a adoção de um extra-teto para deputados, senadores e ministros dos tribunais superiores que lecionam em universidades.

Aqui, entra em cena outra desgraça que vem de longe: os parlamentares não combatiam a Reforma Administrativa pelo que ela tinha de nefasto, mas apenas porque seus vencimentos seriam reduzidos.

Então, se o problema é tratar com fisiologismo, chama-se Moreira Franco, grande especialista no assunto

O Governo e o Relator da Reforma Administrativa, deputado Moreira Franco (PMDB-RJ), vão travar uma nova batalha para convencer os parlamentares de que é impossível fixar regras que privilegiem algumas categorias.

Regalia não vai ser possível, nem para os parlamentares nem para setores da magistratura — disse Moreira Franco, que ontem mesmo chegou a Brasília para se reunir com o novo Presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP).

Enquanto isso, Geddel subia na hierarquia:

— O Geddel é o novo líder e vai ser eleito em um único turno. Ele tem mais do que os 50 votos necessários — garante o deputado Eliseu Padilha (PMDB-RS), vice-líder do partido na Câmara e ligado ao grupo de Temer.

— O fato de Geddel ter assumido muito claramente a defesa da reeleição e a campanha pela eleição de Michel vai desembaralhar a situação em seu favor — completa Moreira Franco (PMDB-RJ).

E assim os vermes foram se alojando na carne da República.

FHC obtivera um grupo de operadores políticos eficientes e inescrupulosos.

Em breve, porém,  FHC descobriria o quanto era difícil saciar a fome daqueles homens…

2 de março de 1997: Padilha, um exemplo de sucesso; em 14 meses, de desconhecido a quase ministro

Entre os emergentes do Congresso, O Globo destaca o deputado federal Eliseu Padilha (PMDB-RS), que, em 14 meses, de desconhecido foi quase ministro dos Transportes do governo FHC. O que acabou se tornando realidade em 22 de maio de 1997, ou seja, dois meses e vinte dias depois.

O artigo é bem esclarecedor sobre a sua relação com Temer:

Quando assumiu, em dezembro de 1995, ofereceu-se para ajudar o líder Michel Temer. Sempre à sombra, organizava a pauta, resolvia pequenos problemas administrativos, reveza-se em comissões, até conquistar a confiança dos principais líderes. No momento mais difícil, ajudou Temer a fazer o relatório da reforma da Previdência, relatou em plenário o projeto de extinção do Instituto da Previdência dos Congressistas e começou a ser convidado para reuniões da cúpula do Governo. No fim, já participava como representante de Temer.

De quebra, entre os emergentes, a ascensão de Henrique Alves (PMDB-RN) e Geddel Vieira Lima (PMDB-BA).

Realmente, Temer e seus cúmplices há 21 anos trabalham sempre juntos. É impressionante a fidelidade deles entre si. Sempre juntos.

19 de novembro de 1997: Governo  joga tudo para aprovação da reforma 

A reforma em questão era a administrativa, relatada por Moreira Franco, então deputado federal pelo PMDB do Rio de Janeiro.

Geddel e Padilha são escalados para coordenar a liberação de verbas para as bancadas regionais e ruralistas para garantir a aprovação.

Enquanto isso, advinhem quem está no comando da reforma da Previdência? Ele, Henrique Eduardo Alves!

Sempre eles: Temer, Padilha, Geddel, Moreira Franco e Henrique Alves.

04 de Dezembro de 1998: Rebeldia de PFL e PMDB foi aviso para o presidente.

A essa altura, FHC já havia descoberto que o preço a pagar a Temer, Geddel, Padilha e Moreira Franco era bem mais elevado do que ele supusera.

Para obter o que queriam, não recuavam diante de nada; todas nossas desgraças já vinham se anunciando.

Em maio de 1997, Temer, Padilha e Geddel haviam chantageado publicamente o então presidente Fernando Henrique Cardoso: ou o Padilha virava ministro dos Transportes, ou iriam dificultar a aprovação da reforma administrativa.

O Globo narrou assim:

“O líder do PMDB na Cãmara, Geddel Vieira Lima (BA), entrou a madrugada negociando com representantes do presidente o fim do impasse na nomeação dos representantes do partido no Ministério. (…) À tarde, Geddel ficou trancado em seu gabinete com Eliseu Padilha e outros parlamentares do grupo encabeçado por Michel Temer.

(…)

Geddel não aceita a possibilidade de o presidente só resolver a participação do PMDB no Ministério depois da votação da reforma administrativa.”

FHC aceitou pagar o preço que pediam e conseguiu aprovar tudo o que quis: reformas administrativa e previdenciária, emenda da reeleição, privatização da Vale.

Mas, daí em diante, se viu humilhado publicamente todas as vezes em que tentou confrontar o grupo Temer-Geddel-Padilha.

Em dezembro de 1998, Temer e seu grupo decidiram lembrar a FHC “quem é que manda nessa República”, e o fizeram num recado em tom deliberadamente humilhante.

O Globo narrou:

“Os pefelistas e peemedebistas mandaram uma aviso ao presidente Fernando Henrique Cardoso com o resultado da votação da medida provisória da Previdência: ele precisa conter o PSDB. Embora longe da hipótese de articularem uma derrota, os comandantes das bancadas do PFL e do PMDB apenas aproveitaram uma inesperada oportunidade. Usaram a determinação de votar, exibida pelo tucanato, para mostrar o que pode acontecer com a aliança governista”

Temer jogou ainda mais sal na ferida, sugerindo que FHC era incompetente para lidar com os parlamentares:

“Está claro que o presidente precisa de um coordenador político. Vou sugerir isso a ele. O presidente precisa de um para-raios. Alguém que seja muito próximo a ele e com bom contato no Congresso — disse o Presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP).”

Mas, para FHC era tarde demais. Obteve a reeleição, mas teria que compartilhar seu segundo mandato, tão ambicionado, com as depredações promovidas por Michel Temer e seus cúmplices. Os vexames públicos não tardariam.

03 de Fevereiro de 1999: Aliados mas em pé de guerra

1999 já começou mal. Embora o PMDB tivesse apenas a terceira maior bancada, o governo FHC foi obrigado a engolir a reeleição de Michel Temer para a presidência da Câmara.

Pior ainda para o PSDB foi ter de suportar os ataques de Geddel e Padilha:

“O Aécio deveria ser ministro da Agricultura. É especializado em plantar notícias falsas” (Eliseu Padilha)

“E nós demos a Presidência da República para vocês. Tiramos Itamar Franco da disputa. (…), livramos Fernando Henrique de um segundo turno imprevisível” (Geddel Vieira Lima).

“Se é para discutir métodos, podemos falar sobre os usados pelo saudoso ministro Sérgio Motta para aprovar a reeleição” (Geddel Vieira Lima)

Pelo visto, desde lá detrás, estava escrito: quem tem Padilha e Geddel como amigos não precisa de inimigos.

10 de Fevereiro de 2001: Declarada a guerra dos grampos

Firmemente instalados no seio do governo FHC, Temer e seus cúmplices passaram a fazer o que sabem melhor: saquear a República.

Anos antes, ainda em 1997, o mesmo O Globo já questionara o interesse desse grupinho pela distribuição de cargos públicos, em um editorial intitulado “Quanto Custa”:

“Deputados que se dizem fiéis ao governo, desde que o preço seja adequado, já disseram o que vai custar o seu voto favorável à reforma administrativa

Fora aqueles que pedem verbas para obras — e que podem alegar estar pensando no eleitorado — há os que exigem cargos.

Por exemplo, Superintendência da Funasa em Minas; Superintendência do Incra em Pernambuco; Delegacia do Trabalho em Minas; uma diretoria (qualquer uma serve) da Telerj.

Pessoas de boa-fé gostariam de saber qual a vantagem para o parlamentar que indica o titular de um cargo desses. Será a redução do índice de desemprego entre seus amigos e admiradores?

Ou existirá outra intenção, ainda mais distante do interesse público?”

Em 2001 – portanto há 16 anos –, pela primeira vez ficou claro o que Temer, Geddel e Padilha fazem com a coisa pública, através de gravações clandestinas ((já naquela época):

“De acordo com o relato de Veja, na gravação dois homens discutem sobre o pagamento de dinheiro e a liberação de verbas federais em troca de filiação ao PMDB.

Os dois também teriam, diz a revista, chamado de ladrões Geddel e o ministro dos Transportes, Eliseu Padilha.

A assessoria de imprensa do Ministério dos Transportes informou que recebeu um relato da revista segundo o qual, na fita, uma das pessoas afirma que o ministério cobra uma comissão de 20% pela liberação de verbas.

Padilha só falará sobre o assunto quando tiver conhecimento da autenticidade da fita.”

Em 2001 ou 2017?

“Chamado de ladrões Geddel e (…) Padilha”, “na fita, uma das pessoas afirma que o ministério cobra uma comissão de 20%” e “só falará sobre o assunto quando tiver conhecimento da autenticidade da fita” são frases atualíssimas; poderiam ter sido ditas hoje!

Ou seja, todos já poderiam ter sido denunciados, processados e presos pelos crimes que cometiam, pelo menos, desde 2001.

Não foram.

Em consequência, Temer, Geddel e Padilha, “como uma doença insidiosa cujos sintomas ainda não se fizeram sentir, vão tomando conta do organismo, até o dia terrível em que se manifestam”, como bem observa Maurice Druon.

O resultado está aí, escrachado, na cara de todos nós.

O Brasil pagará um preço elevadíssimo por não ter sido capaz de conter a trupe Temer-Padilha-Geddel-Moreira Franco em suas fases iniciais.

Mais que isso. Por muitos anos, custará a dignidade, a felicidade e até mesmo a vida de milhões de brasileiros.

Em tempo: em 2002, já fazia parte do grupo o então deputado federal Henrique Alves (PMDB-RN), atualmente preso.

Em 17 maio de 2002, reportagem da revista IstoÉ, denunciou que ele teria US$ 15 milhões depositados em paraísos fiscais.

Era o favorito da direção do PMDB para ser o vice na chapa do tucano José Serra à presidência da República, mas acabou inviabilizado.

A notícia caiu como uma bomba entre tucanos e peemedebistas, que mesmo assim mantiveram a aliança.

Na ocasião, quem apareceu dando as cartas pelo PMDB?

Sim, eles mesmos: Temer, então presidente do partido, e Geddel Vieira Lima, líder na Câmara.

Nessa minha viagem pelas velhas notícias de jornal, o que mais me incomodou foi ver como eles manobraram tudo em favor de si próprios, jogando FHC contra Lula, PSDB contra PT, e vice-versa, sempre como fiel da balança, sem os quais nem PT nem PSDB poderiam governar.

Chantagearam uns e outros, emparedaram presidentes, destruíram tudo que lhes ficava pela frente, e, ao fim, tomaram o poder.

Era uma ascensão resistível, mas ninguém teve coragem de se opor a eles.

FHC deveria tê-lo feito. Lula deveria tê-lo feito. Quando enfim Dilma quis lutar contra eles, já eram fortes demais.

Passo a passo, FHC, Lula e Dilma foram cedendo a eles cada vez mais espaço, até o desastre total.

Temer, Geddel, Moreira, Alves e Padilha deveriam estar presos há 21 anos.

O que eles foram flagrados fazendo agora, eles sempre fizeram.

Vexame é o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) nunca terem feito nada antes.

Afinal, os crimes deles saíam nas manchetes dos jornais.

*Carlos Eduardo Reis Cleto  é advogado especializado em Direito Eleitoral e em Direito Previdenciário.

Leia também:

PMDB afundou o Rio e, com ele, as universidades públicas que servem aos mais pobres


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Comentários

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Célio Nascimento

Onde estava a indignação petista quando estes mesmos “elementos” compunham o Ministério de Lula e Dilma e eram seus aliados políticos?

Procurei textos e reportagens de petistas denunciando esta turma durante os governos do partido mas, olha q surpresa, não encontrei nada!

Será q Michel Temer e sua turma só começou a ser Michel Temer e sua turma agora?

Os petistas querem inventar a “honestidade circunstancial”, aquela q depende da “conjuntura”…

Se um ladrão é do partido ou aliado, então nem é assim tão ladrão!

Deixa pra ser honesto quando for mais conveniente, né?

bonobo de oliveira, severino

A campanha da mídia golpista (leia-se Globo/Mossack-Fonseca), a serviço do Mercado (onde se diz Mercado, leia-se banqueiros agiotas, como Roberto Setubal, principalmente), pela desmoralização da atividade política vem de muito tempo. De antes dos avós de todos os viventes, até os mais longevos, atuais. Nessa campanha, a mídia venal sempre contou com discreta cooperação de agentes públicos, notadamente da máquina do judiciário brasileiro, improdutiva, custosa para o erário público e parasitária do Estado. Nesse tempo o poder de denunciar, julgar e condenar ou absolver criminosos foi passando lenta e progressivamente do judiciário para o conjunto de empresas de comunicação, liderados pela Globo/Mossack-Fonseca numa discreta parceria onde era gestado o cultivo da criminalidade que hoje cresceu e prosperou. Quando o tecido canceroso putrefacto produzido por essa prolongada doença expandiu-se e acabou eclodindo em pústulas visíveis no tecido tegumentar da nação adoecida, o judiciário e as quadrilhas midiáticas passaram da condição de parceiros para comparsas de organização montada no modelo de formação de quadrilha (Vide AP 470 e Farsa a Jato). Daí para o derretimento incontrolável, irreversível, disseminado por contágio, de todas as instituições, foi um passo. A podridão já estava evoluindo dentro do tecido nacional há décadas. Bastou uma pequena fagulha de energia externa para fazê-la explodir e aflorar à superfície diante de nossos olhos estupefatos.

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