Lobista da JBS ofereceu “aposentadoria” a Temer de até R$ 1 milhão por semana durante os próximos vinte e cinco anos

Tempo de leitura: 6 min

Érika deu as primeiras pistas da ligação da Rodrimar com Temer, no porto de Santos, que a revista Veja expôs

Da Redação, com Garganta Profunda*

A mídia brasileira não é apenas ideologicamente contaminada. É, do ponto-de-vista de apuração, ruim.

Tudo o que ela faz, do ponto-de-vista “investigativo”, é republicar os documentos produzidos pelo Ministério Público ou pela Polícia Federal. São os vazamentos.

Como diria Caco Barcellos, é o “jornalismo declaratório”, que não consegue ligar dois pontos.

Isso é tarefa para o Garganta Profunda, que não pode se identificar para não perder o emprego.

Depois de correr os olhos pela íntegra dos documentos da Operação Patmos, nosso veterano colega foi direto ao ponto central, ou seja, àquele que pode demolir a carreira de Michel Temer e colocá-lo na cadeia.

Está no documento Ac 4315, volume 2, que reproduzimos no pé do post.

Trata-se dos acertos entre o lobista Ricardo Saud, da JBS, e o deputado federal Rodrigo Santos da Rocha Loures (PMDB-PR), indicado por Michel Temer a Joesley Batista, da JBS, para representá-lo.

Com R$ 30 milhões, a JBS ajudou a financiar a eleição de Eduardo Cunha à presidência da Câmara dos Deputados — ou seja, abriu caminho para a derrubada de Dilma Rousseff.

Depois da conversa gravada entre Michel Temer e Joesley Batista, na calada da noite, no Palácio Jaburu, o lobista Saud passou a pressionar o deputado Loures a resolver pendencias financeiramente importantes que a JBS tinha junto ao governo federal.

    1. No CADE, Conselho Administrativo de Defesa Econômica, o pleito da JBS para comprar gás diretamente da Bolívia, sem intermediação da Petrobras, o que segundo Joesley Batista custava a ele um prejuízo de U$ 1 milhão por dia.
    2. Um crédito de R$ 2 bilhões que a JBS teria sobre o PIS/Cofins de exportação na Procuradoria Geral da Fazenda Nacional.

O deputado Loures, intermediário de Temer, trabalhava informado de que o lobista da JBS fazia pagamentos para calar a boca de dois delatores em potencial que poderiam derrubar o governo Temer, o doleiro Lúcio Funaro e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.

Loures trabalhava consciente de que ministros importantes do governo Temer poderiam ser afastados assim que se tornassem réus no Supremo Tribunal Federal — tudo isso aparece nos diálogos gravados.

O lobista Saud explorava essa instabilidade: prometia a Loures um negócio de longo prazo, que poderia render a Temer uma “aposentadoria” de até R$ 1 milhão por semana durante 25 anos.

Ricardo Saud, provavelmente estimulado pelo fato de que já “trabalhava” como delator da Procuradoria Geral da República, tentava o deputado Rodrigo Loures a receber dinheiro vivo o mais rapidamente possivel.

Era uma forma de permitir à Polícia Federal que “produzisse” provas.

Por isso, é preciso ter cuidado: o lobista pode ter feito promessas absurdas justamente por saber que as provas produzidas por ele mais tarde incriminariam Temer e sua turma.

É preciso debater, inclusive, se esse tipo de “pegadinha” é juridicamente aceitável.

Saud, agora livre, leve e solto nos Estados Unidos, comparecia aos encontros com sua Maserati. Um automóvel que, novo, sai por cerca de R$ 700 mil.

Como se vê no diálogo acima, o lobista Saud tenta fazer com que o deputado Loures, o representante de Temer, receba a propina em dinheiro vivo, não através de notas fiscais frias, que acarretariam o pagamento de impostos.

O tal Edgar, mencionado no diálogo e ainda não identificado, é mencionado como alternativa para receber os pagamentos semanais.

Entregas já haviam sido feitas, anteriormente, ao coronel aposentado da PM João Baptista Lima Filho, o coronel Lima, amigo do peito e suspeito de ser laranja de Temer.

Porém, o coronel já estava “queimado”. Tinha aparecido na imprensa por conta da estranha participação da empresa dele, a Argeplan — que não tinha nenhum conhecimento no ramo — numa concorrência vitoriosa em projeto da Eletronuclear, em parceria com a filial finlandesa de uma empresa originária da Suécia.

No diálogo acima, o deputado Loures comunica ao lobista da JBS que o coronel Lima não pode mais receber dinheiro vivo.

Sugere como alternativa um xará de Ricardo Saud, que ambos haviam encontrado durante uma entrega anterior.

O lobista da JBS diz que não gosta do tal Ricardo, mas que não se importa com quem for buscar a semanada desde que as entregas aconteçam no estacionamento do Instituto Germinare, uma escola bancada pela JBS nas proximidades da marginal do Tietê, em São Paulo.

Ricardo Saud é professor lá. Diz que o dinheiro vivo poderá inclusive ser entregue sob peças de carne, como se alguém fosse apanhar uma encomenda. “Tem vez que ele pode até levar uma caixa de isopor, tá buscando carne, entendeu? Ó minha carne aí e tal…muita gente faz isso. Acaba pondo umas picanha mesmo por cima e tal, não tem imposto não tem nada”, afirmou.

O deputado diz que vai conversar com o tal Edgar e oferece duas opções ao lobista para a entrega do dinheiro: Edgar ou Ricardo.

Eles também mencionam um certo Celso, que seria de integral confiança de Michel Temer.

A notícia do Valor Econômico mencionada no diálogo diz respeito a uma possível delação premiada de Eduardo Cunha.

Quanto ao valor da propina, ele depende do PLD, o Preço de Liquidação das Diferenças, uma medida do mercado de energia.

Se o PLD estiver entre 300 e 400 por semana, a propina paga será de 500 mil reais por semana.

Se o PLD estiver acima dos 400, Temer receberá R$ 1 milhão semanais.

É uma forma de incentivar Temer a atender o pleito da JBS, que produz energia em sua termelétrica de Cuiabá.

Quanto mais Joesley lucrar vendendo a energia da termelétrica, mais Temer e sua patota receberão.

Para Joesley lucrar, é preciso que ele compre gás diretamente dos bolivianos ou que feche um contrato de 25 anos com a Petrobras a preço de gás “camarada” para tocar a termelétrica.

No diálogo acima, o lobista da JBS revela que prefere entregar o dinheiro ao tal de Edgar.

“O problema é o seguinte, a gente já fez muito negócio lá com o Ricardo e com o Celso… bom se é da confiança do chefe, não tem problema nenhum…”, diz o homem da mala da JBS.

Fica definido que, se a entrega for na escola — e não na sede da JBS, que também fica na marginal — qualquer um indicado pelo deputado pode pegar o dinheiro.

Mas, quem é o tal Ricardo?

Trata-se, segundo a Polícia Federal, de Ricardo Mesquita, da empresa Rodrimar, baseada em Santos.

Mas, o que exatamente isso tem a ver com Michel Temer?

No final do ano 2000, um processo de separação tumultuou a vida do então deputado federal Michel Temer.

Érika Santos, em união estável com Marcelo de Azeredo, dirigente da Codesp, a Companhia Docas de Santos, pleiteou uma pensão de R$ 10 mil mensais depois da separação. Foi um divórcio litigioso.

Marcelo havia sido indicado para o cargo por Michel Temer.

Para garantir seu pleito, Érika retirou do computador do ex-marido informações sigilosas. Numa planilha, descobriu que as propinas obtidas em negócios do porto eram assim divididas: 50% para Michel Temer, 25% para o coronel Lima e 25% para Marcelo de Azeredo.

Pelos cálculos feitos a partir dos dados registrados no computador, Temer teria recebido ao menos R$ 2,7 milhões em propinas nos negócios do porto.

Deste total, R$ 500 mil teriam sido pagos pela Rodrimar, a mesma empresa agora indicada pelo deputado Rodrigo Loures para receber as semanadas de Temer.

É justamente por isso que a Polícia Federal fez buscas tanto na Argeplan, em São Paulo, quanto na Rodrimar, em Santos.

É o caminho para revelar o propinoduto que abasteceu a ascensão do político medíocre que é Temer, desde quando passou a mandar no maior porto do Brasil, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.

Ruim de voto, mas bom de acertos obscuros nos bastidores, por perto da meia noite, como ficou demonstrado no encontro com Joesley Batista no porão do Palácio Jaburu.

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Comentários

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peres junior

A CODESP sempre foi de TEMER, sempre fez Presidentes,Vices e suas diretorias, conhece cada milímetro de lama deste porto, começando com a dragagem do canal e indo até a margem direita onde as privatizações do porto foram mais rentáveis, que o diga as empresas que lá estão nadando de braçada enquanto o porto afunda financeiramente. E não para por aí, ainda tem muita lama dentro do canal do porto envolvendo governador e vice afora a praticagem que logo logo está na lava jato por conta do porto de São Sebastião,,,,,,,,,,se gritar pega ladrão, não sobra um….kkkk

Edvan

O correto é afirmar o doleiro LÚCIO FUNARO e não DILSON FUNARO (falecido, ex-ministro da fazenda do governo Sarney)

    Conceição Lemes

    Que cochilo! Obrigadíssima, Edvan. Já corrigimos. abs

Ronaldo Braga

Vamos protestar contra a globogolpista!

Se você não tem tempo para ir à passeatas, utilize as redes sociais para protestar contra a globogolpista.

É simples: Substitua sua foto de perfil em todos os aplicativos de redes sociais (Whatsapp, Facebook, etc.) e em todos os aplicativos de correio eletrônico (Hotmail, Gmail, etc.) pela imagem abaixo:

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Ou digite “globo golpista” no Google e escolha uma outra imagem de seu agrado.

Vamos deixar o narcisismo de lado e vamos protestar contra a globogolpista!

Ilário

Maria do Rosário ao DCM: “Meirelles não tem a mínima condição. Temer caindo, aprovamos a PEC e em até 90 dias temos eleições diretas”
Por Diario do Centro do Mundo – 21 de maio de 2017

POR RIBAMAR MONTEIRO, de Brasília.

Em meio à indefinição do quadro político atual, parlamentares de vários partidos, como Rede, PT, Psol e PC do B, contrários à permanência de Temer, buscam aprovar PEC de autoria do deputado Miro Teixeira (Rede-RJ) que garantiria a realização de eleições diretas para presidente já em 2017.

Para isso, o projeto tem de ser, primeiro, aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça. Maria do Rosário (PT-RS), membro da CCJ, falou ao DCM sobre as possibilidades de aprovação da matéria.

Qual a expectativa em relação à PEC das Diretas, de autoria do Miro Teixeira?

Colocar na terça-feira em primeiro lugar na votação da Comissão de Constituição e Justiça. A primeira coisa é essa, alterar, colocar como prioridade. À medida que for pautada, veremos a posição dos parlamentares. Mas primeiro é isso, uma inversão de pauta para que a matéria seja apreciada.

O presidente da CCJ, que é do PMDB, pode barrar?

Se não conseguirmos colocar em primeiro lugar, tentaremos garantir que ele queira colocar em votação. E eles vão ter que se explicar: os que votarem favoravelmente à prioridade da matéria já estarão do lado de eleições diretas, e os que votarem contra, estarão a favor de um formato cada vez mais golpista.

Alguns argumentam que é inconstitucional, mas a PEC promove essa alteração da Constituição, sendo justamente a proposta dos que respeitam a Constituição, cujo princípio fundamental é a democracia.

Passando pela CCJ, a ideia é aprovar a PEC em quanto tempo?

É muito importante qual posição o Rodrigo Maia vai assumir a partir de agora. Porque ele tem poder de abreviar prazos, para que as Diretas saiam. Não votei nele como presidente, mas espero que ele aja como tal e não como preposto de um grupo que está no Palácio já como moribundo.

Na terça-feira, regimentalmente, votaremos a admissibilidade, ou seja, ver se é constitucional ou não, se ela fere princípios pétreos. Após isso, o regimento estabelece que seja formada uma comissão especial, com um prazo para a decisão sobre a admissibilidade dessa mudança.

Obviamente que, diante da crise que vivemos, essa comissão poderia abreviar a sua tramitação, basta haver vontade política do presidente da Câmara, no sentido de agilizar esse processo, e pressão popular.

A população tem que estar sabendo que na terça-feira votaremos essa PEC na CCJ e tem que acompanhar tudo que aconteça no Congresso Nacional.

O Rodrigo Maia vai colaborar?

Não posso dizer com certeza. Mas fico pensando como Rodrigo Maia vai querer a sua biografia para o futuro, a partir dos atos de agora.

Tendo Diretas ou não, em algum momento ele assume a Presidência da República, certo?

Apesar de haver dúvidas, porque ele também é citado em processos, de toda forma, eu defendo um comando político, parlamentar nessa transição, e não um comando do Judiciário. Temos que pensar numa transição democrática. Temer caindo, aprovamos a PEC, num prazo curto, e em até 90 dias teríamos eleições diretas, com a escolha de um novo presidente para o Brasil, que ficaria no cargo até 2018.

Temer sairia por renúncia ou cassação?

Se houver um lampejo de dignidade ainda, seria a renúncia nas próximas horas, mas não havendo isso, é possível que seja pela cassação da chapa, que seria uma decorrência natural diante do que fizeram contra a presidenta Dilma.

O que houve com ela, observado esse contexto de hoje, prova que o que aconteceu foi de uma injustiça impressionante. Ela foi retirada sem ter cometido qualquer crime, para que os criminosos tomassem de assalto o poder.

E o nome de Henrique Meirelles como sugestão pela via indireta?

Há no Brasil uma tentativa permanente de agradar a banca, os banqueiros, mas nós estamos nessa crise, também, por conta da financeirização da política. Agora é a hora da política governar a economia e para isso precisamos sair dessa situação, instituindo uma nova elite política no Brasil, capaz de não ser comandada por agentes econômicos.

Henrique Meirelles não tem a mínima condição de responder pelo Brasil. O País não pode ser entregue nesse momento, mais ainda, aos interesses da banca.

Ao contrário, é hora de parar essas reformas. Se o Congresso continuar com a da Previdência e com a trabalhista, a população terá que pedir a renúncia também do Congresso.

Acha que governo e base ainda tentarão aprovar as reformas?

Creio que não. Há uma compreensão cada vez mais clara de que não tem espaço para isso, mas vejo pessoas do “mercado” dizendo que a estabilidade estaria em seguir com essas reformas. Ora, pode ser a estabilidade do mercado, mas é a instabilidade e a perda de direitos de milhões de brasileiros, feita por um governo e um Congresso que tira dos pobres para dar aos ricos.

E o argumento de que os valores para uma nova eleição agora seriam muito altos?

A democracia tem um custo, mas muito menor do que o curso de decisões autoritárias em curso, tomadas por grupos que não têm legitimidade para uma eventual eleição indireta.

O que achou do discurso do Temer?

Mais do mesmo. Tentando desmerecer seus interlocutores e pessoas com quem ele conviveu. Michel Temer não tem o que explicar. Tem que preparar suas malas e sair do Jaburu.

Vai entrar para a história como alguém que desestruturou, pela ganância e o interesse privado, a democracia brasileira. O que é triste, uma vez que ele se apresenta como um constitucionalista, será lembrado como alguém que ajudou a desestruturar a democracia constitucional brasileira desde 2016.

Mauricio

A escumalha golpista, responsável por esta situação lastimável do país, deve estar orgulhosíssima de ter batido panela e vestido a camisa da CBF para protestar “contra a corrupção”. Enquanto Lula e Dilma possuem contra si apenas delações sem provas, o candidato dos coxinhas midiotas em 2014 (Aébrio) e o usurpador que chamam de presidente possuem contra si provas materiais de corrupção pesada. Isso pra não falar do infame Eduardo Cunha, que era saudado como heroi pela tigrada fascista e que teve um papel repugnante no golpe contra a Dilma, e do duplamente infame bolsolixo e seu fascismo explícito. A propósito, o bolsolixo recebeu 200 mil de caixa dois da JBS, mas tentou esconder a “doação”. Seus seguidores fanáticos devem estar muito orgulhosos das peripécias do führer tropical, “reserva moral da nação”. Essa direita é patética, late e rosna contra a corrupção, o comunismo, o aparelhamento das instituições, mas quando chega ao poder (na maioria das vezes com golpes) rouba muito como sempre, distribui cargos como quem dá doces e persegue toda forma de oposição pois odeia a democracia.

Allex

Ponto pro Viomundo e pro Garganta Profunda. Reportagem investigativa é isso. O Garganta precisa nos ajudar a descobrir os elos no judiciário e no mp de todo esse pântano de corrupção. Com certeza tem muito juiz, desembargador, ministros do stf e do sjt, além de uma curriola boa de produradores envolvidos nessa imundicie toda. Vamos tocar fogo na toca que as baratas aparecem.

Urano

MORO, ONDE TÁ TU? DEBAIXO DA TERRA?

Sérgio Moro sumiu da mídia sem deixar vestígios. O que houve?

No Blog o Cafezinho
http://www.ocafezinho.com/2017/05/20/sergio-moro-sumiu-da-midia-sem-deixar-vestigios-o-que-houve/

Escrito por Bajonas Teixeira, Postado em Redação

Muita gente deve estar fazendo a mesma pergunta: Cadê Sérgio Moro? O juiz, herói nacional, orgulho do Brasil, sério candidato a “gênio da raça”, sumiu de repente. Até anteontem, todos os dias ele estava na mídia, às vezes em vídeos extraindo confissões com seu boticão judicial, ou em áudio, conduzindo depoimentos com mão de ferro, como o de Lula. Às vezes, fazendo declarações através de notas. E também em conferências, em fóruns internacionais, dando palestras. Abruptamente, e isso já há quase 72 horas, Moro sumiu da mídia. Seu silêncio é um daqueles que, como diria Marx, oprime o cérebro dos vivos. Zumbe como pernilongos num enxame de interrogações em torno da cabeça do brasileiro. Por que o herói se calou?

A resposta parece ser sua decisão no episódio das perguntas de Cunha. Sérgio Moro, como se sabe, barrou 21 das 41 perguntas que Cunha dirigiu a Temer.

Conforme se expressou mais tarde, ao se posicionar contrariamente à libertação de Eduardo Cunha, Moro viu chantagem nas perguntas formuladas pelo ex-deputado e ex-presidente da Câmara dos Deputados:

“Tais quesitos, absolutamente estranhos ao objeto da ação penal, tinham, em cognição sumária, por motivo óbvio constranger o Exmo. Sr. Presidente da República e provavelmente buscavam com isso provocar alguma espécie intervenção indevida da parte dele em favor do preso”, disse Moro.

“Isso sem olvidar outros quesitos de caráter intimidatório menos evidente”, acrescentou.

De fato. Não podemos olvidar. Mas, cá prá nós, quem pode ser intimidado, constrangido, chantageado ou pressionado por um malandro corrupto senão um outro tão malandro tão corrupto quanto ele? E parece que o Exmo. Sr. Presidente da República se enquadra na definição.

Na versão de Sérgio Moro, ficou parecendo que Eduardo Cunha era o vilão Gargamel e Michel Temer, o bom vovô Smurf. É uma versão atraente, um pouco infantil, é verdade, mas infelizmente totalmente desajustada aos fatos. Ouvindo as conversas e assistindo aos vídeos com as revelações sobre Temer, tudo faz crer que Cunha era um dentre os diversos operadores de Michel Temer.

Essa virada pela qual Temer foi desmascarado terá certamente efeitos graves para a credibilidade de Moro. Ficou parecendo que ele, ao exercer a censura sobre as perguntas de Cunha, garantiu uma imensa chance de impunidade para Temer.

Basta pensar o seguinte: e se não fossem as revelações da JBS qual seria a situação de Temer, do nosso Excelentíssimo Senhor Presidente, agora? Ele estaria com os seus milhões surrupiados, com o acordo de quase meio bilhão com a JBS, e com muito mais coisas que não sabemos, que talvez nunca venham à tona. Estaria muito feliz e alegre, como estava até há alguns dias atrás, fazendo tiradas debochadas em seus pronunciamentos, como a de que sua política era a de “nenhum direito a menos”, ou de que “governo tem que ter marido”. Não fosse a JBS, a recusa de Moro em aceitar as perguntar de Cunha, teria blindado o Excelentíssimo Temer.

Mas Michel Temer blindado o que significaria? Nada mais nada menos que a condução do golpe até a consecução de seus objetivos finais: 1) destruição de todos os direitos dos trabalhadores no Brasil; 2) fim da previdência e das aposentadorias; 3) destruição da democracia e do estado de direito. É pouco?

Ah, e ainda tem o Aécio. O amigo com o qual Moro aparece às gargalhadas numa foto que ficou célebre. Sim, com Aécio, aquele que surge nos áudios negociando R$ 2 milhões em propina e dizendo que se delatassem mandava matar. Gargalhadas com Aécio e foto sorridente, em postura reverencial, com Temer. Já não é mais que suficiente?

Tudo isso talvez explique o silêncio de Sérgio Moro. Não foi só Temer que recebeu um golpe fatal com as revelações da JBS. É possível que outras sumidades sejam destronadas junto com ele.

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