Antônio de Souza: Alckmin superlota as escolas públicas do Estado, matando o futuro dos jovens, especialmente os da periferia

Tempo de leitura: 3 min

Alckmin

por Antônio de Souza, especial para o Viomundo

O governo Geraldo Alckmin (PSDB) se nega a admitir a realidade:  superlotação é a regra na rede pública paulista.

Ao mesmo tempo, alega que a “reorganização”, ao separar os alunos por faixa etária, gerará ganhos pedagógicos.

Só que de boas intenções o inferno está cheio.

Ao fechar mais de 3 mil salas de aula no começo deste ano, gerou salas com até 85 alunos. E, agora, ao fechar mais 150 escolas,  Alckmin vai provocar mais superlotação e, por consequência, piorar a já péssima qualidade da Educação na rede pública do Estado.

Sequer o secretário da Educação, Herman Jacobus Cornelis, reconhece o problema.Em recente entrevista à CBN, teve a cara de pau de afirmar que a superlotação não é um problema generalizado.

Além disso, fez de conta que não lê as auditorias do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP). Até o TCE-SP, , usualmente benevolente com os tucanos, constatou a superlotação das escolas da rede estadual paulista, a ponto de recomendar uma série de providências à Secretaria de Estado da Educação:

1 – Realize o levantamento e mapeamento do quadro de professores, traçando um plano de preenchimento dos cargos em vacância por meio de regular concurso público de provas e títulos;

2 – Reduza drasticamente o número de contratações temporárias de professores ao limite preconizado pela CNE [Conselho Nacional de Educação], de 10%, de modo que esta modalidade cumpra a sua finalidade de suprir situações de vacâncias excepcionais;

3 – Efetue o provimento dos cargos por profissionais habilitados com formação compatível com a matéria para a qual prestou concurso público, ou conforme as necessidades da rede de educação, evitando-se, em situações de normalidade, o aproveitamento de profissionais para lecionar matérias às quais não estejam habilitados;

4 – Cuide para que em casos de acumulação, a jornada de trabalho seja razoavelmente adequada aos padrões estabelecidos pela CNE, não sendo demais advertir que o excesso de jornada compromete não só a qualidade do trabalho prestado, como também a saúde física e mental do servidor público;

5-Providencie a reforma e adequação dos equipamentos escolares – da estrutura física do imóvel/quadra até a disponibilização de meios para o pleno uso de laboratórios, cantinas, cozinhas, salas de áudio e vídeo;

6- Promova estudos acerca das plantas e quantidades das unidades escolares a serem construídas, para que comportem a demanda de estudantes em conformidade com os Pareceres no 08 e 09 da CNE/CBE;

7- Promova projeto de adequação físico-estrutural dos equipamentos já existentes, de modo a torná-los plenamente funcionais e capazes de atender à finalidade educacional.

Em 2013, das recomendações do TCE-SP, inclusive sobre o Saresp, somente pouco mais de 7% foram implementadas totalmente.E, pelo silêncio do secretário da Educação, tudo indica que o governo Alckmim mais uma vez não vai implantar as recomendações do TCE.

Em português claro: o  TCE-SP expõe a superlotação com todas as letras. Pior. Recomenda construir e não fechar escolas, como pretendem fazer os tucanos.

Espera-se que o Ministério Público paulista aja rápido para que o aluno não seja mais uma vez punido por um governo que pensa  Educação somente como despesa e não como investimentoEste é o centro do debate. O governo paulista tem um rombo de mais de R$ 4,4 bilhões no orçamento  e quer fazer ajuste matando o futuro do nosso Estado e a expectativas dos jovens , especialmente da periferia.

Enfim, a mudança de Alckmin usa um verniz pedagógico para justificar diminuir custos. Só que joga fora a oportunidade causada pelo bônus demográfico com  a redução de jovens, que poderia, como já ocorre em outros países, diminuir o número de alunos por sala para propiciar uma educação de qualidade.

O governador Alckmin promove assim a destruição de perspectivas de futuro, especialmente para os mais pobres. Infelizmente, os interesses financeiros pautam a sua decisão e matam o futuro de nossa juventude. Lembro que, em 1995, uma reorganização foi feita, levando a fechamento de escolas e até prédios foram vendidos. A tal municipalização não melhorou a Educação e de lá para cá a qualidade só caiu…Isso é o que vai acontecer de novo, agora não mais como tragédia mas somente como farsa.

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Comentários

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Fabio Nogueira

A política de Alckmin deve ser combatida com todas as forças. Seja por seu desgoverno na educação, na saúde ou na segurança pública. MAS ATENÇÃO, caríssimos do Viomundo: tenho notado que a mídia conservadora, a indústria de notícias, se esqueceu de Aécio! Ele sumiu do noticiário. Parece que desta vez a direita vem para as eleições unida em torno de um nome. Então, pergundo: Onde está Aécio, essa figura nefasta?

Urbano

A política do ode mansinho… As Universidades Federais só não foram pra boston por conta da chegada do Eterno Presidente Lula, o Justo, que interrompeu o desmonte em andamento. O primeiro ato do desmonte foi esvaziar o corpo docente dos seus melhores profissionais…

Elias

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin já era conhecido por secar represas, agora acrescenta a seu currículo mais uma “qualidade”: a de secar escolas.

José Fernandes

Mas este sempre foi o objetivo do s governo do PSDB,estagnar a educação publica …quanto menos educação.menos cobrança, País sem educação,povo manipulado,…controlado,sem ação,sem ferramentas,sem objetivos…o grande problema de São Paulo,e cegueira do povo que vota neles….o preço e muito alto.

Julio Silveira

O que impressiona é imaginar que postula a presidência do Brasil, o que me preocupa é saber que muitos dão apoio.

marcio ramos

Comitê sobre os Direitos da Criança da ONU recomenda ao governo brasileiro a implementação do Plano Nacional de Educação (PNE) em detrimento dos cortes do ajuste fiscal na educação e expressa preocupação com privatização da educação pública

“Aumentar os fundos para o setor da educação, a fim de fortalecer a educação pública e priorizar a implementação do Plano Nacional de Educação e, ao fazê-lo, asseguram que, em casos de escassez de recursos, atribuições às instituições de ensino públicas sejam priorizadas”. É o que recomenda o Comitê sobre os Direitos da Criança da ONU ao Estado Brasileiro em seu relatório final que acaba de ser divulgado com as conclusões sobre a situação dos direitos das crianças no Brasil. O Comitê também destaca a importância “da Emenda Constitucional nº 59 de 2009, tornando obrigatória a educação para crianças entre 4 e 17 anos de idade”, mas no entanto, expressa a preocupação com os “cortes orçamentais no setor da educação, e os seus efeitos negativos sobre a implementação do Plano Nacional de Educação”.

sergio m pinto

Discordo da frase “Só que de boas intenções o inferno está cheio”. Quando é que fechar escolas e salas de aula seja uma boa intenção? Ou queremos aumentar o número de analfabetos funcionais, que são mais fáceis de manipular?

Luiz Fernando

objetivo do Alckmin é dar o mínimo de educação para depois dar a maior truculência policial aos mais carentes.O

Antonio

Esse crápula que posa de bom moço é um dos mais perigosos políticos que existem no país.
Tem objetivos claros, serve à Opus Dei, sabe onde quer chegar e compra a imprensa paulista para que não mostrem seus desmandos por incompetência, cupidez e avareza.
E quer ser presidente!

L@!r M@r+35

Putz… Formação técnica!!!

Quer dizer… cria mão de obra e não gente pra pensar.

L@!r M@r+35

Acabei de ouvir o áudio.

Pergunta: entrevistaram o representante do sindicato? Porque o secretário falou praticamente sozinho e quase não teve contestação.

Repórter: “O senhor garante que nenhuma escola vai ser fechada?”
Secretário: “Não tem nada oficial!”

E a repórter não muda a pergunta! Com a resposta dúbia do secretário ela deveria ter perguntado: “Existe então a possibilidade de fechar escola, é isso?”

Quer dizer, ela não coloca o secretário com a possibildade de fechamento de escolas!

Ah, se fosse governo do PT…

Patricio

Oportuno dizer que o mesmo crápula que superlota as salas de aula também pretende superlotar as farmácias dos postos de saúde dos municípios. Explico: o infeliz acaba de criar um mecanismo (portaria, decreto ou ordem interna) que transfere do Estado para os municípios a responsabilidade de garantir medicamentos controlados e contínuos. É o caso para os cardiopatas que recebiam seus medicamentos através do Hospital Dante Pazzanese, muitos deles idosos e portadores de deficiências. O Estado quer empurrar para os municípios o controle e a distribuição de medicamentos como a estatina (controle do colesterol) e o mononitrato de isossorbida (controle da angina). Se o paciente tem dinheiro, tudo certo. É só ir até a farmácia de esquina e está resolvido. Quem não tem, terá que voltar ao médico que receitou para faze-lo preencher uma “autorização para a dispensação de sinvastatina”. Primeiro: se está na receita, é porque o gajo recitou. Segundo, o médico que atende nos hospitais seguem uma rotina de atendimento de, em média, 1 ano. Terceiro, o paciente para ser atendido pelo mesmo médico é estatisticamente impossível, pois os mesmos trabalham em sistema de rodízio. Conclusão: a saúde do Estado de São Paulo, nas mãos do médico-governador, está promovendo a deterioração da saúde pública, quiçá até a morte de pacientes cardiopatas. Explica-se: muitos deles, pela idade, não são eleitores.
Os companheiros jornalistas podiam investigar essa denúncia.

Antonio

O Geraldinho de Pinda nada mais faz do que continuar a política iniciada pelo Mário HONESTO Covas e sua secretária de educação que implementou a progressão continuada que para nada serviu além de acabar com a necessidade de construção de novas escolas.
Sem reprovados, todos os que chegassem encontrariam vagas.
Uma vergonha para alguém que se intitula e tem títulos como educadora!
Esse governadorzinho de m… continua contando com apoio da imprensa mais canalha do mundo, na medida que este tipo de notícia é nota de pé de página nos cadernos inteiros.
E corremos o sério risco deste sujeito que ocupa o Bandeirantes chegar ao Planalto!

Edgar Rocha

PSDB prepara caminho de terra-arrasada para sair do Governo do Estado de São Paulo. A manobra parece óbvia. Estão retirando todo o caldo possível desta administração, já que o rombo e os escândalos num futuro próximo tornarão insustentáveis qualquer governabilidade a longo – longuíssimo – prazo. PM totalmente cooptada pelo poder paralelo, saúde precarizada ao limite, educação nem preciso falar, obras paradas por pura corrupção, processos inevitáveis. A solução é sucatear tudo pra manter minimamente as contas a fim de garantir alguma maquiagem para as próximas eleições para presidente.
Quem pegar o abacaxi de São Paulo estará fer-ra-do. Pior ainda, se (bate na madeira) o PSDB levar as presidenciais.
O foco dos tucanos é a presidência. Depois darão um jeito de interromper qualquer ação de defesa de quem ganhar em São Paulo (judiciário, MP, Tribunal de contas e PM na mão, parece que contam com a impunidade de sempre).
O que parece não estar encaixando no momento, é uma certa roída de corda da Globo com o Alckmin nestes dias. Estão pegando no pé dele como fazem com o Haddad (um pouco menos, claro). Talvez, a ambição do chuchu não seja interessante aos Marinho. Talvez prefiram o Serra ou o Aecim.
Enfim, tomara que se matem todos até lá.
Minha aposta é esta. O Maluf fazia assim. O PSDB fez isto em outras ocasiões (ao menos no caso do FHC, arrancaram tudo quando viram que a coisa tava feia e o risco de perder era grande).

astrogildogodofredo

Tudo começou com Mario Covas, que tentou acabar com o ensino superior das Faculdades de Tecnologia – Alô Fatecanos, lembram disso?, Abraços! -, e já por muito tempo – já passam de 20 anos! – pessoalmente condeno o estrago, a destruição que estes seres (humanos?) provocaram à milhões de famílias e jovens, por fazer com que, num Estado com tantos recursos (Prédios, universidades, faculdades, excelentes professores…) a educação virasse a m…que é. Jovens que, sem estímulo, bandearam-se para as ruas e hoje são pais que não tem argumentos para encaminhar seus filhos à educação. Sim, já são pelo menos duas gerações perdidas, sr. Geraldo. Se posso falar sobre isso? Sim, pois a minha vida toda foi escola pública Estadual, simples mas de qualidade, num período anterior a estes gênios da Pedagogia, e hoje sou obrigado a pagar escola aos descendentes por causa da m… que fizeram com a educação estadual paulista. E lembro-me que a crítica na época era que devido às mudanças políticas, ora um partido, depois outro, não havia a continuidade de projetos. Mas o gênios estão aí tem 20 anos e entre outras maravilhas, criaram o Ensino (des)continuado, deturpando até Paulo Freire. O discípulo atual apenas segue o caminho deixado pelo Grão Mestre, se é que me entendem.

    Erich

    Excelente! Muito bem posto. Haverá saída? Às vezes parece que não.

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