Vivaldo Barbosa: O governador é o culpado pela chacina no Jacarezinho; ele chancelou a operação

Tempo de leitura: 2 min
Duplo crime do governador Cláudio Castro no Jacarezinho, no RJ: o banho de sangue no Jacarezinho e o Ciep chanceler Willy Brandt totalmente abandonado no meio da favela. Fotos: Tomaz Silva/ Agência Brasil e reprodução

O GOVERNADOR É O CULPADO 

Por Vivaldo Barbosa*

O governador do Rio, Cláudio Castro, diz que não autorizou, mas na hora que a Polícia Civil lhe comunicou que ia fazer a operação no Jacarezinho, cedo de manhã, assim falou o governador, ele não a proibiu, chancelou a operação, concordou com ela e ela se realizou.

É assim que acontece nas hierarquias, na administração ou no Exército.

Ainda mais que a operação não foi de polícia judiciária para cumprir ordens do juiz, mas de polícia civil, investigativa.

Não se faz operação como essa em lugares populosos. Jamais.

O Supremo já havia proibido esse tipo de operação policial.

Aliás, quem proibiu a polícia de fazer tais operações foi Leonel Brizola, lá atrás.

Desde a campanha, Brizola dizia: “Minha polícia jamais vai abrir portas de barraco a butinaço”.

Brizola foi duramente criticado, o conservadorismo, a direita, especialmente encrustados na mídia, procuraram incendiar setores da polícia contra ele.

Mentiram ao dizer que ele proibiu a polícia de subir morro. E setores da esquerda também. Brizola sabia das consequências dramáticas para os jovens, os negros, os pobres.

A Polícia Civil atuou de uniforme, fardada, com armas pesadas. Isto é uma aberração.

Polícia Civil é investigativa, deve atuar às escondidas para identificar os culpados e ir em cima deles.

Igualmente horrorosas foram as justificativas dadas pelos chefes da Polícia.

Falaram em ativismo judicial, que estão impedidos de atuar, acusaram analistas de pedirem investigação, inteligência, que o tráfico cresce porque não atuam e outras excrecências.

Assumiram atitudes políticas para se justificarem. É assim que acontece quando não há autoridade: florescem mentalidades como essa no vazio.

Há uma onda de autoritarismo que ronda o Brasil e atinge em cheio as atividades policiais. E o governador do Rio não tem autoridade política nem autenticidade. Seus antecessores imediatos, idem.

Está dizendo a Polícia Civil fez a operação porque o tráfico estava recrutando jovens, crianças para o crime.

Isto já é sabido há muito tempo. Contra isto, há mil maneiras de a Polícia atuar, menos disparar tiros a esmo.

Sabendo que havia crianças e jovens do outro lado, eles investiram e dispararam com a possibilidade de atingir crianças?

O mais grave é que a operação foi feita pelas autoridades policiais, ao contrário de Vigário Geral e Candelária, feitas por grupos de fora e contra o governo e os dirigentes da Polícia.

Os chefes disseram que avisaram o Ministério Público da operação. Se o Ministério Público foi avisado e não tomou providências para evitá-la, ficou igualmente responsável.

A repercussão internacional é grande e de maneira negativa para o Brasil e para o povo brasileiro, especialmente para o Rio.

Já temos tanta coisa negativa circulando pelo mundo!…

A ONU pediu investigação independente para apurar as responsabilidades. Se for possível fazer uma investigação independente com as instituições que temos hoje em dia, o primeiro culpado a ser apontado já é bem claro: o governador.

Fui secretário de Justiça de Brizola, encarregado de cuidar de criar situações de democracia e proteção aos direitos humanos, trabalhamos ainda no final da ditadura, com o SNI e o governo federal da época, dirigido por um general, em cima.

Sei muito bem quanto é necessário um governante que tenha legitimidade, autenticidade política e procure implantar na administração os valores republicanos. Quanta falta nos faz.

* Vivaldo Barbosa é advogado, professor e coordenador do Movimento O Trabalhismo. Brizolista e trabalhista histórico, foi deputado federal constituinte pelo PDT e secretário da Justiça de Brizola.


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Comentários

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Alexandre Prudente

“É assim que acontece nas hierarquias, na administração ou no Exército.”
Não tem coisa melhor que andar de chinelo e PODER mostrar os dedos do pé igual os meninos pobres da favela.
Caminhar de chinelo nas ruas.




Zé Maria

O Massacre do Jacarezinho foi Crime Premeditado.
O Comando incluiu a ‘defesa de crianças aliciadas
pelo tráfico’ como Pretexto para descumprir a
Ordem Judicial do Supremo Tribunal Federal (STF).
Isso teve Assessoria Jurídica de “Gente Grande”.
https://br.financas.yahoo.com/noticias/bolsonaro-se-re%C3%BAne-com-cl%C3%A1udio-203339351.html

    Zé Maria

    Assassinaram 28 Pessoas, mas só falam a
    respeito da Morte de 1 Policial Civil.
    Aliás, ninguém pensou que o Policial Morto
    pode ter sido Executado pela própria Milícia
    para justificar – na Mídia Venal – o Massacre?
    Não seria a primeira vez que os Milicianos
    usariam dessa Estratégia de Comunicação.
    Os Veículos da Globo, sobretudo, repassam
    as notícias – preparadas antecipadamente
    pela Milícia/Polícia – sem questionamentos.
    Somente quando as denúncias das testemunhas
    vêm a público e ganham repercussão nas Redes
    é que a Globo vai adaptando à realidade as
    Manchetes e Reportagens dos Crimes praticados.
    Agora mesmo, a Polícia/Milícia não tem sequer como
    provar que as pessoas assassinadas efetivamente são
    aquelas cujos nomes constavam dos Mandados, o que
    comprova que a Ação Policial foi uma Chacina.
    Por isso, adulteraram as Cenas dos Crimes e deixaram
    de identificar imediatamente as Vítimas.

    Zé Maria

    A Globo noticiar como verdade as Ocorrências Registradas
    unilateralmente pela própria Milícia que executou as Vítimas
    é Desfaçatez, não é Notícia. E juridicamente não vale nada.

    O correto seria instaurar um Inquérito na Polícia Federal que,
    ao que parece, é o que foi determinado pela Procuradoria-Geral
    da República (PGR) por solicitação do Supremo Tribunal Federal.

    Zé Maria

    Foram esses mesmos Milicianos que tentaram atrapalhar – para não dizer obstruir – as investigações sobre o Assassinato da Vereadora Marielle Franco (PSoL=RJ) no Rio de Janeiro.

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