Venício Lima: Razões para a hostilidade crescente

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MÍDIA & GOVERNO
Razões para a hostilidade crescente

Por Venício A. de Lima em 22/9/2010

no Observatório da Imprensa

O processo eleitoral e a indisfarçável partidarização revelada na cobertura jornalística dos principais veículos da grande mídia provocaram, nas últimas semanas, reações cada vez mais explícitas e contundentes por parte do próprio presidente da República. Por outro lado, o atual governo chegará ao seu término enfrentando uma hostilidade crescente por parte desses veículos. A virulência dos ataques de editoriais e colunistas contra o governo e o próprio presidente Lula encontram poucos e raros paralelos na história política brasileira.

A hostilidade entre alguns veículos e o governo é agora, mais do que antes, inegavelmente recíproca e pública.

Razões intrigantes

Nesse contexto, diante da proximidade das eleições e da provável vitória da candidata apoiada pelo atual governo – aos quais esses veículos fazem oposição explícita – é inevitável que surjam questões que não só busquem compreender o que vem acontecendo no processo eleitoral, mas, sobretudo, questões prospectivas de como poderão ser as relações da grande mídia com o próximo governo.

Uma questão, em particular, desafia o senso comum: afinal, quais razões teriam levado os principais grupos da grande mídia a fazer oposição sistemática a um governo que continua a contar com maciço apoio popular?

Um observador da mídia que não tem acesso a informações dos bastidores do poder – nem propriamente político, nem midiático – por óbvio, também não tem como responder a essa pergunta. Todavia, é intrigante a constatação do que está a ocorrer.

No Brasil, ao contrário do que acontece em alguns países da América Latina, os oito anos de governo Lula não representaram a mais remota ameaça à grande mídia. Em nossos vizinhos, apesar da oposição de grupos dominantes de mídia, foram democraticamente eleitos governos que tomaram a iniciativa de rever e/ou propor nova regulação para o setor de comunicações, desafiando interesses historicamente enraizados. Aqui nada disso ocorreu.

A grande mídia nativa não foi objeto de qualquer regulação ou saiu derrotada de qualquer disputa em relação às políticas públicas do setor de comunicações. Basta verificar que nos projetos (ou mesmo pré-projetos) e programas nos quais ela considerou estarem seus interesses ameaçados, houve recuo do governo Lula e/ou os projetos não lograram aprovação no Congresso Nacional.

Exemplos: a criação do Conselho Federal de Jornalismo (em 2004); a transformação da Ancine em Ancinav (em 2005); a criação das RTVIs (em 2005); a guinada em relação ao modelo de TV Digital (de 2003 para 2006); a nova regulação das rádios comunitárias que apesar de recomendações geradas em dois grupos de trabalho não saiu do papel (2003 e 2005); a regulação da TV paga através do PL 29 (2007) que até hoje tramita no Congresso Nacional; o recuo nas propostas relativas ao direito à comunicação constantes da terceira versão do Plano Nacional de Direitos Humanos (2009); o anunciado projeto de uma Lei Geral de Comunicação de Massa que nunca se materializou; etc. etc.

A única medida de política pública – aliás, prevista no artigo 223 da Constituição de 1988 – que logrou ser implementada pelo governo Lula foi a criação de uma empresa pública de comunicação, a EBC (Empresa Brasil de Comunicação), que, embora ridicularizada pela grande mídia, é complementar a ela e não representa qualquer ameaça.

Por outro lado, a realização da 1ª Conferência Nacional de Comunicação, em dezembro de 2009 – que tem efeitos apenas propositivos –, foi não só boicotada como satanizada nos principais veículos de comunicação do país.

O que teria provocado, então, tamanha hostilidade dos grupos dominantes de mídia?

Vivemos em plena liberdade da imprensa. O governo não deixou de aplicar vultosos recursos em publicidade oficial paga destinada exatamente à grande mídia. Apesar disso, além da oposição política publicamente admitida inclusive pela presidente da ANJ, a grande mídia insiste em anunciar que o atual governo constitui uma permanente ameaça à liberdade de expressão e que o seu partido padece de uma obsessão autoritária e stalinista de controlar a imprensa.

Outras questões

Diante de tamanho enigma, outras questões igualmente inquietantes carecem também de resposta.

Qual será o comportamento desses veículos depois das eleições? Que tipo de relação é possível se construir entre eles e o novo governo, especialmente se for eleita a candidata que enfrentou sua oposição sistemática? Que comportamento esperam esses veículos do novo governo?

E mais: o que acontecerá com a credibilidade de veículos de mídia que (1) praticam “jornalismo investigativo” seletivo, em relação apenas a uma das candidaturas e (2) transformam suspeitas e denúncias em “escândalos políticos midiáticos”, mas raramente a Justiça consegue estabelecer a veracidade das acusações?

Levando-se em conta o que está acontecendo, não só na América Latina, mas, inclusive, no processo eleitoral em curso para as eleições legislativas nos Estados Unidos, é ainda de se perguntar: a quem interessa a radicalização do processo político?

As razões verdadeiras não são fáceis de ser detectadas. Talvez seja mesmo, como se diz na conhecida fábula, “da natureza do escorpião”.


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Comentários

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Marcelo de Matos

Qual a diferença entre advertência e ameaça? Estou perguntando por que a Folha resolveu publicar hoje seu editorial na primeira página. E a matéria tem um fecho contundente: “Lula e a candidata oficial têm-se limitado até aqui a vituperar a imprensa, exercendo seu próprio direito à livre expressão, embora em termos incompatíveis com a serenidade requerida no exercício do cargo que pretendem intercambiar.
Fiquem ambos advertidos, porém, de que tais bravatas somente redobram a confiança na utilidade pública do jornalismo livre. Fiquem advertidos de que tentativas de controle da imprensa serão repudiadas – e qualquer governo terá de violar cláusulas pétreas da Constituição na aventura temerária de implantá-lo”. Isso é uma advertência ou uma ameaça? O objetivo é esclarecer ou intimidar? O editorial inova no conceito de democracia, que “não se resume apenas à preponderância da vontade da maioria”. “O direito de inquirir, duvidar e divergir da autoridade pública é o cerne da democracia”, conclui. Pois é – vivendo e aprendendo.

HUGO

Eu nao consigo entender , como uma parte do povo brasileiro é tao ingrato , ingrato sim , todos nós estamos vendo , as mudanças que ocorreram no pais , a quntidade de gente que foi e esta sendo , favorecida nestes 8 anos de governo LULA , na situação atual do pais o povo nao era nem pra pensar , e nem havia necessidade do LULA se esguelar num palanque pedindo votos , o proprio povo tinha ke dar a resposta , nos queremos continuar o que esta bom e continuar melhorando , agora , ficar nessa num sei acho que voto marina , num sei acho que voto serra , a dilma é guerilheira , povo safado sem moral , explicando …. nem todos … somente essa minoria de memoria fraca

Baixada Carioca

Sem querer ser profético, já sendo, penso que Lula deixou o grande embate para quando deixar o governo.

Aliás, sua postura nos remete à essa leitura. Afinal ele começou nos comícios um movimento que só ele enquanto líder pode levar adiante: o de criar uma Lei de Regulamentação das Mídias de Comunicação Social e de Massas.

Se faz qualquer movimento enquanto governo, a gritaria ia ser geral. Um chororô só, e dizendo que seria um autoritarismo petista. Mas fora do governo, Lula, assim como nós fazemos agora, poderá falar e organizar movimentos populares que levem a uma discussão nacional sobre a imprensa no Brasil.

Só um movimento de massas como o que começou ontem com o Barão de Itararé e os blogueiros, mas ampliado pela sociedade civil, poderá dar um basta aos atuais veículos de manipulação da comunicação. Penso que Lula vai fazer isso quando deixar o governo.

    Ronaldo

    A mídia faz o que quer porque ninguém impede, ou ninguém impede porque faz o que quer?

CLEBSON CARDOSO

Azenha,

O melhor mesmo era tirar esse dinheiro de anuncio de estatais na gestão da presidenta Dilma, justificando para população que o dinheiro gasto em peças publicitárias foram desviadas para educação e saúde, que é o atual clamor
popular. A partir disso, vamos ver agonizar essa mídia impressa, nefasta e golpista. Aguardamos uma virada nas eleições para o governo paulista, a fim de que essas compras sem licitações de assinaturas de revistas no atual governo, que todos sabem que são meros pagamentos por favores, possam ser anulados e, como isso, ajudar a dar o
último golpe no golpe.

    Mc_SimplesAssim

    De fato, não compreendo porque o Estado tem que sustentar essa imprensa golpista. Com que finalidade o governo, isto é, o povo, precisa gastar seu suado dinheirinho com agências de propaganda cuja única finalidade é enganar o público consumidor? Talvez a indústria publicitária não se sustente com os próprios recursos "privados"…

japim

Eu tenho um comentário sobre a redução de Impostos sobre remédios,…
Vc se lembram daquele Fiat, o carro mais barato… ele custava pouco mais de R$ 7000,00 e hoje mais de 20mil. Adiantou reduzir os Impostos?
E o CPMF, quando caiu, algum medicamento recebeu a mesma redução de preço?
Cuidado com estas propostas mirabolantes, pois não é do Capital a redução de preços, pois só leva à redução dos lucros!!!

    Baixada Carioca

    Aí eu ouço o Sardemberg comentar na CBN que ele foi nos EUA comprar um IPod e pagou 6% de imposto (Eles adoram os EUA!). Então eu pergunto: se gostam tanto dos EUA, acham que lá é bom pra se viver porque paga pouco imposto, por que não se mudam pra lá?

    E teve um outro que comentou do Alaska (EUA). Do Alaska!!! Ora, vá se lascar meu caro! Ele escreve pro Sardemberg pra dizer que lá uma garrafa de Pinga Y… premium custa 40 dólares. Eu não entendi muito bem já que no Brasil a branquinha não chega a tanto, mas para eles, é chique pagar $40 por uma garrafa de pinga mineira. Fala sério!!!

Helcio

Azenha.

Famos supor que a origem dessa postura das empresas proprietarias do oligopólio da informação na América Latina tenham com "fonte estimuladora" a mesma que impusionou o CEBRAP no passado (

    malba tahan

    Eis uma hpótese muiiittooo interessante Hélcio.

    Só pra refrescar a memória dos mais velhos e, eventualmente, informar os mais novos, o CDEBRAP foi fundado com verbas da FUNDAçÂO FORD. Florestan Fernandes, na época em que o centro foi fundado, foi sondado a dele participar e respondeu dura e concretamente que não, porque duvidava da posibilidade de se fazer ciência social séria a partir de tais fundamentos. Outras rubricas interessantes a respeito são os vínculos destas fundações norte-americanas com coisas como o Projeto camelot, o Golpe no Chile, em 1973 e outras preciosidades que tais. É sabido que a Rede Globo, em 1966 – do nada recebeu um aporte técnico que valia, na época mais de cinco vezes o capital fixo da TV Record de S. Paulo, na época a maior emsora do país. De onde veio a grana? do grupo Time-Life!!! pra não me alongar muito, eu acho que basta uma lidinha em Chomski e algumas pesquiss na NET para descobrir as orígens dos recursos investidos na Abril, na Folha da Manhã, etc… E aí, uma boa parte da charada estará esclarecida

Antonio

Ora, a grande mídia é produto da direita conservadora. O PIG, muitos antes de se chamar PIG já era a prostituta de luxo exclusiva e parente da direita brasileira. Eles vivem em simbiose para resguardar os 500 anos de colonialismo, poder e grana , além de governarem com o pé na cabeça do povo. Esse pé na cabeça tem o pesado chumbo da corrupção, da ação entre amigos, do entreguismo, da violência em nosso meio social, da disseminação da droga que desestrutura, da disseminação da ignorância que desestrutura, da doença, da fome, da falta de moradia. É o jeito da direita governar em simbiose com sua prostituta, o PIG, que não quer perder seus privilégios de prostituta exclusiva e comensal de todas as festas, amada e paparicada, além fartamente paga. Além disso, vem a tv digital, o Internet para Todos que vão dizimar o PIG, pois este optou pelo tudo ou nada e perdeu completamente a credibilidade.

Fernandes

Eu sempre tive essa interrogação dentro de mim. o Porquê disso. e pra que isso ? É como já disseram: Poder e muito dinheiro sujo envolvido. Máfia tem no mundo inteiro.

El Cid

… vamos recordar um editorial inesquecível do Alexandre "Maluf" Garcia (como diria PHA) em 1989, ás vésperas da eleição:

[youtube wAFp9XAZYHk http://www.youtube.com/watch?v=wAFp9XAZYHk youtube]

zuleica jorgensen

Como diz em sua propaganda: GLOBO, MUITO ALÉM DO PAPEL DE UM JORNAL…

Leonardo Câmara

A resposta é simples: poder!

O que eles querem é ter ascendência sobre os outros. A humanidade tem deste tipo de gente desde as cavernas, sempre tem um que entende que tem o direito sagrado de dar ordens nos outros, submeter os outros, subjugar os outros.

Reflexos do egoísmo, principal dos males a ser extirpado da consciência do homem. É por isso que, desde os Vedas, as principais escolas iniciáticas ensinam que o homem tem de nascer e renascer até se livrar de tais impulsos.

David R. da Silva

O Plano Nacional de Banda Larga, está de vento em poupa, até dezembro 100 cidades serão contempladas, e DILMA13, já avisou que vai aprofundar, daí o desespero do PIG, que fez de tudo para inviabilizá-lo. Sem contar que a comissão que LULA formou para compilar em forma de projeto de Lei e enviar ao congresso ainda este ano, o relatório final da CONFECOM, daí o desespero do PIG. E mais recentemente na Universidade Federal de Juiz de Fora, LULA afirmou que tem que ter um Marco Regulatório sobre as telecomunicões, pois a lei é de 1962, um resquício da ditadura que não mais haver com a nossa realidade. E a DILMA13 já deixou claro que vai enfrentar o PIG sem medo de ser Feliz. Isso é só pra esquentar. O PIG que se cuide. Os novos parlamentares eleitos nessas eleições estarão afinados com DILMA13 nesse particular,daí o PIG, já está tentando chantagiar. Quero que o PIG se exploda. de Belo Horizonte.

Luiz Henrique

Remédios e suas matérias primas pagam imposto.
Comida paga imposto.
Energia elétrica paga imposto.

Pelo fim da imunidade tributária do papel e outras matérias primas da imprensa. É um privilégio absurdo que não faz qualquer sentido.

Gerson Carneiro

Haverá castigo para todo o rol de pecados praticados pela velha mídia?

Roberto

(continuação)
A grandeza de Lula e a perseguição que a mídia farisaica move contra ele me trazem à lembrança o martírio de Cristo e a condenação de Sócrates. Ameaçar o status quo é sempre mexer num vespeiro e ter de pagar um preço alto. Que bom que ainda existam pessoas dispostas a tanto.
Gratíssimo, Lula! Dilma, estamos com você! Com você lá, vai ficar mais fácil derrotarmos esse praga chamada PIG. O tempo dele precisa acabar para que o Brasil possa seguir mudando, conforme é o anseio da nação.

Roberto

(continuação)
É ferocidade demais, uma arrogância e desfaçatez sem limites, ao arrepio da verdade, da soberania popular e do verdadeiro papel da imprensa. Esses barões da mídia não agem conluiados apenas entre eles. Têm vínculos viscerais com os partidos de oposição (PSDB, DEM e PPS). Lembro a propósito o escarcéu que tais partidos fizeram no Congresso quando da tramitação da MP criando a TV do governo federal. Possesos de fúria, lançaram mão de todos os recursos e meias verdades na tentativa de barrar a sua aprovação. Não admitiam que Lula pudesse aparecer na televisão fazendo na íntegra seus discursos empolgantes e comovedores. Queriam que ele continuasse refém de seus veículos de comunicação, especializados em enxovalhá-lo, a ele e a seu governo.
(continua)

Roberto

São realmente intrigantes, aliás, muitíssimo intrigantes as razões da hostilidade sistemática e encarniçada da mídia contra o governo Lula e a sua candidata. Suspeito que algumas dessas razões são ocultas, inconfessáveis, provavelmente vindas de fora. Um dia, quem sabe, virão à tona. Uma vez mais, não haveria aí o dedo e a grana do Tio Sam e CIA?
(continua)

Carlos

Com a internet, os barões da mídia perderam – e perderão ainda mais – influência, poder político.

José Luiz Rossi

Bateu na questão.A grande(?)mídia sempre e historicamente foi conservadora e incentivadora de golpes-apesar de se tornar vítima algumas vezes e se locupletar em outras-faz parte da sua natureza.Nenhuma novidade até aí.Apenas agora, o presidente em final de mandato,com o estonteante apoio popular, resolveu arrostá-la e mostrar de que lado ela sempre esteve.Democrática?Onde?Quando?Elitista ,isto sim.Defensora do "status quo".Reforma agrária?Coisa de comunista,e por aí vai.Até dia 03,e para a vitória,apesar da mídia.

Jairo

Penso que a grande briga dessa "imprensa nanica" -Globo,Estadão,Folha,Abril- é contra a perda de seus privilégios e faturamento desproporcional, em relação ao que oferecem de produtivo para o país e seu povo.
Na verdade eles já vislumbraram o começo de seu fim, daí o desespero.
A nós, simples brasileiros, compete-nos votar contra tudo o que eles representam.

Alcimar

Uma coisa é certa depois do discurso do Lula criticando a mídia e da reclamação da Dilma sobre a Folha, essa semana foi das mais tranquila. Acho que surtiu efeito, afinal foi dado nomes aos bois. Outra coisa, até o serra acamou-se, será que jogou a toalha?

Volnei João

Penso que a tragetória de inclusão digital do Governo LULA/DILMA vai estabelecer uma nova dinâmica de fluxo de informação e comunicação "fora do controle" da atual elite que se beneficia de uma espécie de "reserva de mercado" permitida pela normatização do mundo da camunicação/informação no Brasil. Barrar este avanço é vital para ter tempo de construir um arcabouço normativo que lhes garantam o controle sobre a Internet e os meios de comunicação digital. É provavel que dai decorram boa parte da motivação e da "tática do ódio"

Fernando

Eles querem que o Zé leve para todo o Brasil o Bolsa Imprensa que ele fez em São Paulo, simples assim, quer que desenhe?

Taciana

Muito simples! A constatação que o governo Lula deu certo. Ou seja, não precisa pregar uma revolução impossível para mexer nas estruturas: mexe-se no dia a dia. Não precisa pregar o caos : e aí ele deixam de vender jornal e são obrigados a mudar as suas pautas. E, por último, o povo vai cada vez mais para outro lado, fora da manada: aquilo que eu chamo de maioria silenciosa.

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