Venda de 50% do Polo Marlim confirma desmonte da Bacia de Campos, denuncia FUP

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Divulgação

Gestão da Petrobrás vende Polo de Marlim e acelera desmonte da Bacia de Campos

Do site da AEPET

O anúncio do teaser de venda de 50% do Polo Marlim, na Bacia de Campos,
feito pela gestão da Petrobrás nesta segunda-feira (16/11), é a mais recente confirmação de que a companhia está sendo privatizada em partes, o que vai transformar a Petrobrás numa empresa esvaziada e sem valor.

Essa é a avaliação da Federação Única dos Petroleiros (FUP), que questiona o fato de a companhia estar vendendo um complexo de campos produtores que é o terceiro maior do país e o quarto maior das Américas, e “com um fluxo promissor de atividades futuras, incluindo a revitalização dos campos no curto prazo e potencial significativo do pré-sal”, conforme o próprio teaser de venda.

“Alegando um suposto prejuízo, que é contábil, a gestão da Petrobrás vai entregando ativos lucrativos e importantes para o resultado da empresa. Foi assim com a BR Distribuidora e com transportadoras de gás natural, está sendo assim com as refinarias e também com campos produtores de petróleo e gás. Com a venda de tantos ativos que dão lucro, o que será da Petrobrás? É por isso que afirmamos que a empresa está, sim, sendo privatizada, mas privatizada aos pedaços. Nesse ritmo, não vai sobrar nada da Petrobrás, que vai ser tornar uma empresa pequena e mera exportadora de petróleo cru, sujeita a perdas imensas com o sobe-e-desce das cotações internacionais de petróleo”, reforça Deyvid Bacelar, coordenador geral da FUP.

Apenas entre fevereiro e agosto deste ano, a gestão da Petrobrás colocou à venda 382 ativos, segundo levantamento do Sindicato dos Petroleiros Unificado de São Paulo (Sindipetro Unificado).

A lista inclui 41 campos terrestres, 12 campos de águas rasas, 39 plataformas e nove blocos exploratórios.

Na infraestrutura de gás natural, inclui a Nova Transportadora do Sudeste (NTS) e a Gaspetro, que participa de 19 distribuidoras de gás, que, juntas, somam 12 mil quilômetros de dutos, bem como cinco dutos de escoamento de plataformas e oito Unidades de Processamento de Gás Natural (UPGN). Sem falar em termelétricas, usinas eólicas e a Petrobras Biocombustíveis – PBIO.

“Se isso não é um desmonte da Petrobrás, como devemos chamar? Já está muito claro que o objetivo é gerar lucro imediato para acionistas e tirar toda a sustentabilidade da empresa para o futuro”, completa Bacelar.

PREOCUPAÇÃO NO NORTE FLUMINENSE

A venda do Polo Marlim não preocupa apenas a FUP e seus sindicatos, mas também gerou reações de lideranças empresariais e sindicais e economistas do Norte Fluminense, que abriga a Bacia de Campos e que vem sofrendo um esvaziamento econômico desde 2018, quando a Petrobrás intensificou a venda de campos e plataformas na região.

Somente Campos dos Goytacazes e Macaé perderam 41.500 postos de trabalho nos últimos quatro anos.

“Na minha visão, o que se apresenta no momento seria uma situação de cessão de 50% num prazo de 32 anos, para manter as garantias de produção com a manutenção de operação. Agora, tudo tem um preço, plataformas serão substituídas por FPSOs, que certamente não irão absorver toda esta mão-de-obra, acarretando mais um impacto na economia, principalmente da nossa região”, afirmou o presidente da Associação Comercial e Industrial de Campos (ACIC), o empresário Leonardo Castro de Abreu.

Mestre em políticas públicas, estratégia e desenvolvimento pelo Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o economista Ranulfo Vidigal disse que o anúncio faz parte da estratégia de priorizar o investidor detentor de títulos da Petrobrás, em detrimento da visão estratégica nacional de longo prazo que permeia as grandes empresas públicas de óleo e gás.

“A busca por lucros de curto prazo pode custar graus de soberania e empregos, notadamente no Norte Fluminense carente de oportunidades produtivas”, observou.

Na visão do engenheiro e professor do Instituto Federal Fluminense (IFF), Roberto Moraes, segue em velocidade acelerada a desintegração da Petrobrás com o fatiamento e o desmonte de suas unidades de maior valor, que estão sendo vendidas a preço de “final de feira”, no momento de baixa do preço do petróleo e ativos do setor.

“Entrega das unidades que estão prontas, em funcionamento e gerando lucros, para serem controladas pelos fundos financeiros estrangeiros que já comandam outras petrolíferas. Assim, a Petrobrás que explorou, descobriu e colocou em produção os gigantes campos e potentes bacias de Campos, Santos e o pré-sal, agora entrega a preço de xepa suas descobertas e seus ativos. E o pior, esses dirigentes criminosos a serviço dos interesses a quem representam, vão assim deixando para a Petrobrás a parte mais onerosa, que é a de seguir explorando áreas offshore, águas muito profundas, inovando em tecnologias, equipamentos, protocolos e expertise de técnicos, para depois entregarem tudo de bandeja, a preço de xepa, aos fundos financeiros. Isso é crime de lesa-pátria, não há outro nome”, criticou Moraes.

“É um absurdo a Petrobras vender ativos lucrativos, que geram emprego e renda para o Norte Fluminense. A atual política de desinvestimentos da companhia tem impacto direto na economia de Campos e Macaé, que, em apenas quatro anos, tiveram quase 41.500 pessoas perdendo seus empregos”, confirmou Tezeu Bezerra, coordenador geral do SindipetroNF.

Entre 2015 e 2019, foram perdidos 11.598 empregos formais em Campos e 29.868 empregos formais em Macaé, como apontam dados oficiais do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), do Ministério do Trabalho.

SOBRE O POLO MARLIM

Segundo o teaser divulgado pela Petrobrás, o Polo Marlim compreende quatro concessões de produção localizadas na Bacia de Campos.

A Petrobras é a operadora dos campos, com 100% de participação.

Os campos de Marlim e Voador ocupam área de 339,3 km2 e estão localizados em águas profundas, com lâmina d’água entre 400 m e 1.050 m, a cerca de 150 km de Macaé, no litoral norte do estado do Rio de Janeiro.

Marlim e Voador compartilham a infraestrutura de produção e, entre janeiro e outubro de 2020, produziram em média 68,9 mil barris de óleo e 934 mil m3/dia de gás por dia.

O campo de Marlim Leste está situado a leste do campo de Marlim, a uma distância de cerca de 107 km do Cabo de São Tomé, em Campos dos Goytacazes, em águas profundas e ultraprofundas, com lâmina d’água que varia de 780 m a 2.000 m.

De janeiro a outubro de 2020, Marlim Leste produziu, em média, 38,5 mil barris de óleo por dia e 615 mil m3/dia de gás.

O campo de Marlim Sul, está situado ao sul dos campos de Marlim e Marlim Leste, a uma distância de cerca de 90 km do litoral norte do Rio de Janeiro, localizado em águas profundas e ultraprofundas, em lâmina d’água que varia de 800 a 2.500 m.

Produziu em média, de janeiro a outubro de 2020, cerca de 109,6 mil barris de óleo por dia e 2,062 milhões de m3/dia de gás.

Fonte: Fup, com informações do Sindipetro-NF e da campanha Petrobrás Fica na Bacia de Campos


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Comentários

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Zé Maria

Os Entreguistas do Patrimônio da Nação
são os Maiores Traidores da Pátria.
A esses sim caberia a Pena de Morte
por Alta Traição, que não é um Crime Comum,
é o Saque às Futuras Gerações

Murilo

Um desgoverno de proxenetas, uma diretoria que não trabalha para o fortalecimento da Petrobras, STF e congresso vendidos, os sindicatos não tem força alguma, alto apoio popular pela privatização (visto o preço da gasolina nas bombas), e mesmo dentro da Petrobras tem muita gente apoiando a privatização por conta da lobotomização da eficiência da iniciativa privada…

Pergunto: o que dá para fazer? Como reverter esse crime?

Minha opinião pessoal é que não tem mais como reverter, infelizmente. A lavagem cerebral já foi feita.

Nelson

Hoje, remeti, por whats app, um texto a um colega que segue iludido com o governo de Jair Bolsonaro. Abaixo, reproduzo o texto:


Fraternamente, volto ao debate que iniciamos dias atrás.

Por conta disso, publico aqui no grupo o link para uma matéria da AEPET. A matéria denuncia a doação de mais um naco do patrimônio a todos nós pertencente. A AEPET mostra que, infelizmente, para os milhões de brasileiros e brasileiras que votaram em Jair Bolsonaro o “Brasil acima de tudo” não passa de um slogan vazio de conteúdo e totalmente despido de significado.

A Petrobras é fruto de uma épica e histórica luta empreendida pelo povo brasileiro na primeira metade do século 20. “O petróleo é nosso” foi uma luta que encontrou guarida em um governo nacionalista convicto, o de Getúlio Vargas, que criou a Petrobras em 1953.

Devido a essa e a outras medidas nacionalistas que tomou a favor do Brasil e do seu povo, Getúlio foi submetido a uma brutal e avassaladora campanha de difamação e de pressão. Campanha essa que foi embalada principalmente pelos órgãos da mídia hegemônica e que o levou ao suicídio.

Há quem diga que ele foi assassinado. Não sei qual é a verdade. Mas, ainda que tenha sido ele a tirar a própria vida, não há dúvidas de que foi levado, empurrado a este ato extremo por gente que não tinha compromisso algum com o nosso povo e o nosso país.

Temos repetido, no informativo do nosso Sindicato, que a mídia hegemônica tem demonstrado, historicamente, ser entreguista até a medula. E é o que vemos novamente nos dias de hoje.

Qual órgão dessa mídia tem denunciado, com a veemência requerida, as ruinosas, extremamente prejudiciais, privatizações que vêm sendo feitas desde pelo menos o desgoverno de Fernando Henrique Cardoso?

Estão doando a uns poucos grandes grupos econômicos, notadamente estrangeiros, o que foi construído com imenso esforço por nossos antepassados e a grande mídia procura esconder tudo.

Ao invés de denunciar o desmantelamento do nosso país, essa mídia procura, insistente e exaustivamente, difamar e denegrir as nossas empresas públicas e estatais e o serviço público e nos convencer de que as privatizações vão nos levar ao melhor dos mundos, um quase-paraíso.

Volto a afirmar. O povo brasileiro precisa se dispor a debater, de forma fraterna e serena, sem agressões, sobre o que está, na realidade, a acontecer com nosso país. A partir daí, precisa iniciar um movimento coeso e forte para barrar a destruição. Antes que seja tarde.

Aquele país decente ou mais ou menos decente, que, apesar da quantidade de problemas, o Brasil ainda é, está sendo completamente desmantelado. O projeto em curso não vai nos levar para junto da Bélgica, país de primeiro mundo, mas nos colocará na companhia do Haiti, um dos países mais desestruturados do planeta.

O povo haitiano vem sendo impedido, historicamente, pelas grandes potências colonialistas e imperialistas, Estados Unidos e França à frente, de trilhar um caminho soberano, independente e de construir um país a sua feição.

Não, o Brasil não está sendo invadido pelo comunismo. O projeto em curso, que segue sendo implementado pelo governo de Jair Bolsonaro, é a transformação do Brasil em mera colônia das grandes corporações capitalistas dos países ricos. Notadamente dos Estados Unidos e da Europa.

Para encerrar, vale a pena repetir. A privatização tem ganhadores certos e estes não são os trabalhadores e a grande maioria do povo. Podemos incluir nesse “bolo”, micro, pequenos e médios empresários que, em sua grande maioria, seguem iludidos de que terão algo a ganhar.

Passa longe do 1% o contingente dos beneficiários da privatização. Eles vão se lambuzar em gordíssimos lucros que ganharão ao se assenhorearem do que foi por nós construído. Aos restantes, meros 99% e alguma coisa, restará a conta, altíssima, salgadíssima, a ser paga.

Continuemos o debate fraterno, pois só ele, como eu já disse anteriormente, pode nos levar a bom porto.

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