Veja revela contato de Greenwald com fonte, feito um mês antes de Moro denunciar ter tido celular atacado: “Não somos novatos”

Tempo de leitura: 2 min
Danilo, suposto hacker bolsonarista. Reprodução Facebook

Da Redação

A revista Veja revela na edição que está chegando às bancas uma conversa entre Glenn Greenwald e o hacker que foi a fonte do Intercept Brasil no vazamento das conversas trocadas entre o ex-juiz federal Sérgio Moro e procuradores da Lava Jato.

Glenn forneceu à revista uma troca de mensagens datada de 5 de junho de 2019, logo depois que o ministro da Justiça Moro denunciou que tinha tido tido seu aparelho atacado.

Como o próprio ministro informara anteriormente, ele deixou de usar o Telegram em 2017.

Já as mensagens que o Intercept revelou são de chats do Telegram, provavelmente extraídos do telefone do chefe da Força Tarefa da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol.

A reportagem assinada por Fernando Molica e Leandro Resende não esclarece se o hacker com o qual Greenwald trocou mensagens é um dos quatro presos pela Polícia Federal na Operação Spoofing.

Greenwald diz que não conhece pessoalmente a fonte. Portanto, não teria como sabê-lo.

O jornalista também revelou que seu primeiro contato com o hacker foi nos primeiros dias de maio de 2019, um mês antes de Moro denunciar que seu celular tinha sido alvo de ataques.

Um dos presos pela Polícia Federal, Walter Degatti Neto, o Vermelho — que é ruivo — teria confessado à Polícia Federal ser a fonte do Intercept. Disse que repassou as informações de forma anônima e sem nada receber.

No entanto, a maneira aparentemente amadora com que agiram o hacker/hackers presos contradiz o que a fonte de Greenwald afirmou por escrito: Nós não somos hackers newbies, ou seja, não somos novatos.

De acordo com o sociólogo Sergio Amadeu, especialista em cibercultura, o fato de que os hackers presos pela PF não teriam tentado esconder sua identidade através de um proxy equivale a entrar numa partida de futebol sem calçar as chuteiras.

Além disso, lembram outros internautas, os presos em Araraquara e Ribeirão Preto teriam usado equipamento e programas antiquados, mantido dinheiro vivo em casa, trocado mensagens com estranhos sobre o conteúdo e organizado o resultado do hackeamento na mesa de trabalho do computador — comportamentos inesperados para quem cometeu um crime e pretende não ser identificado.

“Conversei com ele. Ele tem problemas psiquiátricos. Está atordoado”, disse o advogado de Vermelho depois de ouví-lo.

Degatti tem um longo histórico de estelionatos, em alguns casos em parceria com o ex-DJ Gustavo Henrique Elias Santos, preso junto com a esposa — na casa de ambos, a PF encontrou 100 mil reais em dinheiro.

O advogado de Gustavo disse que ele opera com bitcoins e tem como provar a origem do dinheiro.

Depois de ficar oito anos sumido do tweeter, Degatti retomou seu perfil como “esquerdista” em 27 de maio de 2019, embora tenha sido filiado ao DEM de Araraquara, do qual agora foi expulso.

O quarto preso, Danilo Cristiano Marques, fez campanha por Jair Bolsonaro nas redes sociais.

Ao denunciar que centenas de autoridades poderiam ter sido vítimas de ataques, o ministro Moro cria em torno de si uma aura de vítima, ganha aliados para destruir ou desacreditar as mensagens e tira o foco das revelações quem vem sido feitas pelo Intercept, a Folha e a Veja.


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Comentários

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henrique de oliveira

Só não entendo nesse circo todo como a PF se deixa levar nessa farsa.

Zé Maria

Essa estória de grande quantidade de dinheiro em casa
– e mesmo nas contas – tá parecendo plantio da PF.

Os caras são uns Pés-de-Chinelo, não têm porra nenhuma!

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