Coligação de Dilma tem maioria na Câmara
Por Caio Junqueira – Valor Econômico
A nova configuração política da Câmara dos Deputados apresenta um desenho mais favorável à candidata do PT a presidente, Dilma Rousseff, do que seu adversário no segundo turno, José Serra (PSDB). A coligação de Dilma, formada por PT, PMDB, PRB, PDT, PTN, PSC, PR, PTC, PSB e PCdoB, elegeu 311 deputados, contra 136 da de Serra, que inclui PSDB, DEM, PPS, PTB, PMN e PTdoB. Seis partidos que não estão nem na coalizão petista nem na tucana somam 66 deputados. São eles PV, PSOL, PP, PHS, PRP, PRTB e PSL.
Embora com estreita margem, os números dão à candidata do governo quórum suficiente para aprovar reformas constitucionais, para as quais são necessários os votos de 308 deputados. Dão ainda margem folgada para aprovar projetos do governo, que necessitam de aprovação de maioria simples de 257 deputados.
A nova Câmara, que teve renovação de 44,6% -abaixo da média das cinco últimas eleições-, apresentou a ascensão das bancadas de partidos médios à direita e à esquerda no espectro político. Isso fez emergir na Casa duas novas forças que tendem a ser decisivas nas votações e na eleição da Mesa da em fevereiro de 2011, quem quer que seja o presidente eleito.
O grupo formado por PSB, PDT e PCdoB, que articula a recomposição do chamado “bloco de esquerda”, ficou com 77 deputados, 13 a mais do que os 64 eleitos em 2006. Pela direita, PP, PTB e PR, partidos que saíram chamuscados das urnas há quatro anos em decorrência do escândalo do mensalão, do qual foram protagonistas com o PT, apresentaram representativo salto nas urnas anteontem. Juntos, elegeram 103 deputados, 15 a mais do que em 2006.
Esse cenário coloca a coligação de Dilma, liderada por PT e PMDB, os dois partidos que terão as maiores bancadas em 2011 e que já articulam nomes para a presidência da Câmara, na dependência direta de negociações com esses blocos parlamentares. Isso porque, sozinhos, não têm a maioria necessária para eleger os dirigentes da Casa e os principais cargos nas comissões temáticas.
Os pemedebistas, que perderam dez deputados, querem que Henrique Eduardo Alves (RN) seja presidente da Câmara. Os petistas falam em Cândido Vaccarezza (SP), atual líder do governo, embora haja articulações em torno de João Paulo Cunha (SP), Arlindo Chinaglia (SP) e Henrique Fontana (RS).
Em outra frente, a oposição, que fez 136 deputados, pode, no caso de vitória de Serra, atrair o bloco de direita para uma eventual base governista tucana, uma vez que o PP ficou indiferente na disputa deste ano e o PTB apoiou formalmente Serra -apesar de a base parlamentar de ambos ser dilmista; e o PR compôs a base aliada de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), ainda no tempo em que era PL. O partido cresceu 78% na Câmara entre as eleições de 2006 e 2010, muito em decorrência de Anthony Garotinho (PR-RJ), ex-governador e deputado federal mais votado do Rio. Tendo arrastado seis deputados consigo, será um interlocutor importante dentro da legenda nas articulações da Casa.
Os partidos que mais cresceram foram PRB (700%), PTdoB (200%) e PSC (89%), que, contudo, partiram de bases pequenas, o que explica o salto. O PRB foi de um para oito deputados; PTdoB de um para três e PSC de nove para dezessete. Na oposição, todos os partidos tiveram queda na bancada. O PPS teve a maior queda, de 46%. Foi de 22 eleitos em 2006 para 12 neste ano; o DEM caiu de 65 para 43 (-34%); e o PSDB de 66 para 53 (-20%). Entre os partidos governistas, o maior deles, o PMDB, caiu 11%. Elegeu 89 deputados em 2006 e anteontem 79.
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O quadro geral com as novas bancadas pode ainda sofrer alterações, tendo em vista que a Justiça Eleitoral ainda não decidiu o destino dos candidatos considerados “ficha suja”. O PMDB deve ser o mais beneficiado com uma eventual validade da lei neste ano. Pelos seus cálculos, se tiver vigência já nessas eleições, sua bancada na Cãmara tende a se aproximar da do PT.




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