Brasil escalou avião para buscar vacinas “muito cedo”, dizem jornais da Índia

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Foto: Divulgação

Da Redação

Nesta quinta-feira, 14-01, um avião brasileiro decolou de Campinas para uma viagem até a Índia, para buscar 2 milhões de doses da vacina contra a Covid-19, produzida pelo Instituto Serum, a partir da Universidade de Oxford e do Laboratório AstraZeneca.

A rota inclui uma parada em Recife (PE), de onde o avião seguirá nesta sexta para a cidade de Mumbai.

Segundo o ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, a previsão é que as doses cheguem no Brasil em 16 de janeiro.

“É o tempo de viajar, apanhar e trazer. Já tá com documento de exportação pronto”, disse em entrevista.

Porém, também em entrevista nesta quinta-feira, 14-01, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Índia, Anurag Srivastava, afirmou que “é muito cedo” para dar respostas sobre as exportações, já que a campanha de vacinação contra a Covid na Índia só começa neste sábado, 16-01.

Na coletiva de imprensa, os jornalistas  perguntaram se o Brasil seria o primeiro país a receber o imunizante da Índia e se a entrega não comprometeria o plano indiano de vacinação.

“Como você sabe, o processo de vacinação está apenas no começo na Índia. É muito cedo para dar uma resposta específica sobre o fornecimento a outros países, porque ainda estamos avaliando os prazos de produção e de entrega. Isso pode levar tempo”, disse Srivastava.

Os dois maiores jornais da Índia em língua inglesa — Times of India e o Hindustan Times — publicaram a notícia (na íntegra, mais abaixo).

Fontes ouvidas pelo Times of India sob a condição de anonimato disseram que a exportação será adiada por alguns dias por “questões logísticas”.

Segundo o G1, a Emabaixada da Índia, o Planalto e os ministérios da Saúde e das Relações Exteriores ainda não se manifestaram sobre a entrega das doses ao Brasil.

Brasil envia aviões para coleta de vacinas; ‘muito cedo’ para exportação, diz Índia

Por Rezaul H Laskar/Editado por Sohini Sarkar, no Hindustan Times

Um comunicado emitido pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil na quarta-feira, disse que uma aeronave Airbus A330neo da Azul Airlines equipada com contêineres especiais deveria voar de volta de Mumbai com dois milhões de doses da vacina do Serum Institute of India e chegar ao país em 16 de janeiro.

O Brasil parece ter se precipitado ao anunciar oficialmente o envio de uma aeronave para transportar dois milhões de doses da vacina Covid-19 da Índia, com Nova Delhi deixando claro na quinta-feira que as decisões sobre o fornecimento a países estrangeiros levarão mais tempo.

Pessoas familiarizadas com os acontecimentos disseram, sob condição de anonimato, que todos os suprimentos contratados por países estrangeiros, incluindo o Brasil, seriam fornecidos pela Índia no devido tempo, embora um prazo para isso ainda não tenha sido finalizado.

“A Índia mantém seu compromisso de ajudar o mundo e todos os países receberão as vacinas”, disse uma das pessoas citadas acima.

O gabinete do presidente brasileiro Jair Bolsonaro anunciou em 8 de janeiro que ele havia escrito uma carta ao seu homólogo indiano Narendra Modi para agilizar o embarque de dois milhões de doses da vacina Covishield da AstraZeneca produzida pelo Serum Institute of India.

Bolsonaro está enfrentando pressão para lançar a vacina de rivais políticos, incluindo alguns que mostraram preferência pela vacina chinesa.

“Para [garantir] a implementação imediata do Programa Nacional Brasileiro de Imunização, agradeço muito seus bons ofícios em agilizar o embarque urgente de dois milhões de doses da vacina produzida pelo Instituto do Serum da Índia para o Brasil, mas desde que não impacte o programa de vacinação indiana”, escreveu Bolsonaro na carta em português.

O comunicado da chancelaria brasileira, também em português, afirma que o Ministério da Saúde “comprou” as doses do Serum Institute of India e que a embaixada brasileira “fez acordos com as autoridades indianas e o Serum Institute of India, seguindo a carta do Presidente Jair Bolsonaro ao Primeiro Ministro Narendra Modi ”.

O comunicado também falava de planos de distribuição das vacinas aos estados brasileiros em até cinco dias após o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar a imunização em todo o país, de forma simultânea e gratuita. Descreveu também a “bem-sucedida aquisição de doses” da Índia como demonstração das “excelentes” relações Brasil-Índia.

Questionado sobre o assunto durante uma coletiva de imprensa semanal, o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Anurag Srivastava, disse que é muito cedo para discutir as exportações de vacinas, já que o programa de imunização da Índia está programado para ser lançado no sábado.

“Você deve se lembrar que o primeiro-ministro já havia declarado que a capacidade de produção e distribuição de vacinas da Índia será usada para o benefício de toda a humanidade no combate a esta crise”, disse Srivastava.

“Como você deve saber, o processo de vacinação está apenas começando na Índia. É muito cedo para dar uma resposta específica sobre o fornecimento para outros países, pois ainda estamos avaliando os cronogramas de produção e entrega. Tomaremos decisões a esse respeito no devido tempo, isso pode levar algum tempo. ”

Indianos, em primeiro lugar: Sinal do governo ao mundo sobre vacina

Times of India

Enquanto o Brasil prepara uma aeronave especial para voar para Mumbai na sexta-feira para coletar 2 milhões de doses da vacina Covid, o governo indiano sinaliza que sua prioridade seria atender primeiro a sua própria população.

Autoridades disseram na quinta-feira que o fornecimento da vacina para o Brasil seria adiado por alguns dias “por questões de logística”.

A Índia está lançando a maior campanha de vacinação Covid-19 do mundo em 16 de janeiro em várias fases.

Quando questionado sobre os pedidos internacionais de vacinas da Índia, o porta-voz do MEA, Anurag Srivastava, disse: “É muito cedo para dar uma resposta específica sobre os suprimentos para outros países, pois ainda estamos avaliando os cronogramas de produção e a disponibilidade para tomar decisões neste que diz respeito. Isto pode tomar algum tempo.”

A resposta do governo é significativa à luz do fato de que o próprio primeiro-ministro prometeu que a Índia iria compartilhar sua produção de vacinas e capacidade de entrega com outros países.

Fontes disseram que o governo está atualmente sendo inundado por pedidos internacionais, que estão entrando em conflito com duas coisas —  produção e entrega de vacinas pelas duas empresas, Serum Institute e Bharat Biotech; e as próprias necessidades da Índia.

O plano, por enquanto, é atender às necessidades da Índia, cumprir seu compromisso com a GAVI, distribuir vacinas entre os vizinhos imediatos da Índia, antes de dar a outros países.


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