Usuários de crack ficam mais tempo presos do que em tratamento

Tempo de leitura: 3 min

por Conceição Lemes

A presidenta Dilma Rousseff anunciou hoje um projeto ambicioso: a implantação de  49 Centros Regionais de Referência em crack e outras drogas (clique aqui) nas universidades federais das cinco regiões brasileiras.

Três detalhes me  chamaram a atenção.

Primeiro: a capacitação de 14.700 profissionais de saúde, entre médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, que atuarão do aconselhamento motivacional e tratamento à reinserção social dos usuários. Evidência clara de que serão encarados como pessoas com problema de saúde, que precisam de ajuda.

Segundo:  a presença dos ministros Alexandre Padilha, Fernando Haddad e José Eduardo Cardoso, sinalizando que, para a presidenta Dilma, o combate ao crack e outras drogas envolve Saúde, Educação e Justiça, e que as três terão de trabalhar em conjunto, para se vencer esse desafio.

Terceiro: Os 49 Centros de Referência serão do Sistema Único de Saúde (SUS). A propósito: os médicos que atuam no SUS, inclusive no Programa Saúde da Família, também terão curso de aperfeiçoamento para lidar com usuários de drogas.

Tem tudo para dar certo. Tomara que aconteça.

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20:08
17/02/2011

Pesquisa mostra que viciafos em crack ficam mais tempo presos do que em tratamento

da Agência Brasil

São Paulo – Um estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), inédito na literatura médica internacional, mostra que os usuários de crack ficam mais tempo presos do que em tratamento contra a droga. A pesquisa, que acompanhou, por 12 anos, 107 dependentes, indica que, nesse período, em média, os usuários ficaram presos por um ano e oito meses, e permaneceram em tratamento, em média, por três meses.

“Os usuários passaram mais tempo presos do que em tratamento, o que nos faz questionar a política repressiva voltada para os usuários da droga, quando a questão deveria ser tratada como um problema de saúde pública”, afirma a pesquisadora da Unifesp, Andréa Costa Dias, coordenadora e responsável pelo estudo.

A pesquisa verificou que, após 12 anos, 29% dos usuários estudados estavam abstinentes, sem usar a droga há cinco anos ou mais; 20% relataram períodos de consumo alternados com períodos de abstinência; e 13% mantiveram o consumo de crack por mais de uma década, com uso mais controlado e em menores quantidades e frequência.

Dos 107 pacientes acompanhados, após o período de análise, dois estavam desaparecidos, 13 estavam presos no período da entrevista e 27 tinham morrido, sendo que 59% das mortes foram homicídios. Apesar do alto índice de violência relacionado ao uso da droga, o estudo detectou que os dependentes têm conseguido, com o tempo, evitar situações de risco.

“É claro que existe todo um contexto de risco e violência em torno do crack, mas o usuário que foi aprendendo, aos poucos, a se adaptar a esse contexto, a não se colocar tanto em risco, seja em risco de overdose como em risco de se envolver em situações de violência, como brigas entre companheiros de consumo ou conflito com a polícia ou mesmo contraindo dívida de droga”, explica a pesquisadora.

Dos pacientes acompanhados, 88,5% eram homens e 11,5% mulheres. Dentre eles, 63,3% tinham idade entre 15 e 24 anos. Os solteiros integravam a maioria (67%) da amostra e 27% deles eram casados.

A pesquisa mostra ainda que há fatores comuns que fizeram com que dependentes conseguissem se afastar do consumo do crack. A procura por tratamento, a religião e a inserção no mercado de trabalho ajudaram, de modo geral, os usuários a se distanciarem da droga.

“Foram importantes também ‘pontos de virada’, como entrar em uma faculdade, a gravidez, encontrar uma namorada ou se casar, enfim, situações que, para aquela pessoa, foram significativas o suficiente para que ela, então, conseguisse ir se desprendendo do consumo”, explica Andréa Costa.

Edição: Lana Cristina


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Comentários

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Mauro A. Silva

Azenha,
Não sei onde publicar esta notícia:

[youtube y-p2i6Y_hH8 http://www.youtube.com/watch?v=y-p2i6Y_hH8 youtube]

Aula para traficantes? Qual é a opinião do sindicato das professoras?

Exercícios aplicados na Escola Estadual João Octávio dos Santos, no morro do São Bento, periferia da cidade de Santos-SP:
– qual a quantidade de pó de giz que um traficante deverá misturar para ganhar 20% na venda de 200 gramas de heroína?
– quantos clientes cada prostituta deverá atender para que o cafetão compre uma dose diária de crack?
– Zaroio tem um fuzil AK47 com 80 balas. Cada rajada gasta 13 bals. quantas rajadas Zaroio poderá dar?

É isso que os professorzinhos-santos-abnegados estão ensinado para nossas crianças?

A reportagem foi feita pela TV Rcordd…
Pena que a jornalista não entrevistou o representante local do sindicato das professorinhas de SP… Mas a reportagem achou um "jeitinho" para msotrar um aluno "aprovando" a atitude do professorzinho-santo-abnegado…
http://movimentocoep.wordpress.com/2011/02/19/aul

aurica_sp

O SUS nem da conta dos pacientes que já tem.

Fátima

Apenas como sugestão: criminalizem o usuário – ele é o financiador do traficante -; diminuam a idade penal; diminuam a idade para iniciar a trabalhar – que tal 12 anos -; coloquem todos os chefões do tráfico numa mesma cadeia, de preferência no mesmo pavilhão e se possível na mesma cela; acabem com a progressão de pena e acabem com o regime semi-aberto.
lei de mercado: sem consumidor o fornecedor fali. Sem forncecedor, nao há consumidor.

Somente isso!

    Emilio Matos

    É brincadeira, não é?

    Luís Henrique – MG

    Ainda bem que ninguém é obrigado a acatar sugestões.

Pedro

[off topic]
http://www.petitiononline.com/2014ok/petition.htm
Pq metrô, trem, hospital e escolas são muito mais importantes.

Jairo_Beraldo

Enquanto isso, os barões do tráfico, circulam tranquilamente nos calçadões de Copacaba e Ipanema, na Av. Paulista e nos corredores do Congresso Nacional.

Francisco

Tenho plena convicção de que o vicio é uma doença e precisa de tratamento. Ponto. Por outro lado não aceito que o viciado em drogas não sofra medidas socio-educativas por ter dito "sim" da primeira vez em que a droga lhe foi oferecida. Da segunda vez era vicio, da primeira, não.

Pai, mãe, escola, alguns amigos dizem, repetem, ensinam: "Não vá que é roubada!". O sujeito vai. Assuma o ônus! Tratar doenças ligados ao abuso de alcool e drogas é um dos custeios mais caros do sistema de saude. No nosso país tem gente com todo tipo de pereba, que não é tratada por escassez de recursos e o "bonitinho" quer ser "out-sider", "alternativo", ou qualquer outra conversa fiada dessas de adolescênte (etário ou mental) e custa ao povo brasileiro uma fortuna. Num CAPES-AD, unidade de saúde destinada a tratar dependentes, o tratamento de UM cara desses custa medico, psicologo, assistênte social, enfermeiro… para um cara só! É um tapa na cara de quem tem juizo e se comporta como adulto!

Guilherme Milani, SP

Enquanto isso, na Tucanolândia paulista…

"PM intervém em protesto contra o aumento da tarifa de ônibus em SP e agride vereadores"
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2011/02/17/p

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