Tânia Oliveira: A luta só é possível com a companhia de outros braços!

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ABJD

Seminário Internacional da ABJD: desafios e caminhos para a democracia

por Tânia Oliveira*, via whatsapp

“Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,

não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista pela janela,

não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicidas,

não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.

O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente.

(fragmendo de “Mãos dadas” – Carlos Drummond de Andrade)

Surgida nos debates sobre o golpe parlamentar de 2016, a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia realizou nos dias 23, 24 e 25 de maio seu II Seminário Internacional, na Faculdade de Direito da Universidade de Brasília – UnB.

Após a realização do I Seminário em maio do ano passado, na cidade do Rio de Janeiro, houve uma difícil eleição nacional, pautada por mentiras espalhadas pelas redes sociais e pela ausência de debate democrático propositivo, que levou ao poder um Congresso Nacional ainda mais retrógrado que o anterior, e um presidente da República que defende valores racistas, machistas, homofóbicos e antidemocráticos.

Um ano em que o Poder Judiciário e o sistema de justiça se mostraram cada vez mais covardes e acovardados, ligados aos interesses das minorias, e sem reações efetivas aos ataques perpetrados contra a Constituição Federal, contra a educação, os direitos sociais e trabalhistas e na criminalização dos movimentos sociais e das camadas vulneráveis da sociedade.

As mesas dos debates ocorridos no seminário foram ousadas nos temas.

Pretenderam discutir a gênese da conjuntura, pensando os pressupostos e causas sociais do que nos conduziu até aqui, a crise econômica no Brasil e no mundo, que se alimenta da precariedade das relações de trabalho e do aprofundamento da desigualdade social; as reformas neoliberais, a relativização de direitos de cidadania como forma de lidar com conflitos, o acirramento das inúmeras violações dos direitos humanos e à vida, o discurso oficial de estímulo ao ódio e ao preconceito contra pobres e vulneráveis, a proposta de uma polícia com autorização para matar.

Tudo isso aliado à ruptura da relação entre governantes e governados, a desconfiança nas instituições e a não legitimidade da representação política, um verdadeiro colapso gradual de um modelo político de representação: a democracia liberal.

Em um momento no Brasil em que os conteúdos estão esvaziados e falta substância às palavras, as discussões feitas a partir das exposições de professores e pesquisadores nos trouxeram diversos elementos para pensar o país e o mundo, e significaram um acúmulo para o fortalecimento de nossas lutas.

As entidades parceiras que compuseram a mesa final do II Seminário Internacional demonstraram cabalmente o que já sabíamos: a luta só é possível com a companhia de outros braços!

Reafirmamos em coletivo o que o poeta Drummond pontua com a sua consciência da existência de outros homens, e do espírito coletivo necessário para enfrentar os usurpadores da democracia.

Desejar e produzir a mudança passa, obrigatoriamente, pela descoberta de caminhos de resistência e de ferramentas para forjar futuro.

Tânia Oliveira  é da coordenação executiva da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia

 


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Comentários

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Zé Maria

https://twitter.com/i/status/1133827621454843904

Jessy Dayane, vice-presidenta da @uneoficial,
desmente 4 Fake News sobre os cortes na educação.

https://youtu.be/3HEkMwjuejI
https://twitter.com/levantepopular/status/1133827621454843904

Zé Maria

https://twitter.com/hilde_angel/status/1133511260321009666

O Pleno do STF foi unânime em referendar liminar que garantiu
a livre manifestação de ideias dentro das universidades

Agora, o desgoverno de Jair Bolsonaro insiste em policiar
estudantes e professores universitários nos campi.

A Milícia Nazi-Fascista de Bolsonaro, nesse caso representada pela AGU,
pretende, na prática, que a Polícia invada as Universidades, públicas
e privadas [!!!], para perseguir ideologicamente os Estudantes e os
Trabalhadores da Educação, inclusive Professores, e os próprios
Diretores e Reitores, sob o pretexto de investigar ilícitos eleitorais.

Entretanto, o Supremo Tribunal Federal (STF) já referendou, na sessão
plenária de 31/10/2018, a Liminar concedida pela ministra Cármen Lúcia
na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 548
para assegurar a livre manifestação do pensamento e das ideias em universidades.

Em seu Voto*, seguido por UNANIMIDADE, a relatora salientou que os atos judiciais
e administrativos questionados na ação contrariam a Constituição Federal de 1988
e destacou que a autonomia universitária está entre os princípios constitucionais
que garantem toda a forma de liberdade.

A ADPF 548 foi ajuizada pela Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge,
contra decisões de juízes eleitorais que determinaram a busca e a apreensão
de panfletos em universidades e nas dependências das sedes de associações
de docentes; proibiram aulas com temática eleitoral e reuniões e assembleias
de natureza política, impondo a interrupção de manifestações públicas
de apreço ou reprovação a candidatos nas eleições gerais de 2018
em universidades federais e estaduais.
A ADPF pende ainda de Decisão de Mérito pela Suprema Corte Constitucional.
Não há, porém, a menor perspectiva de que o Pleno do STF vá reconsiderar o julgado na Medida Liminar, só porque a AGU teima em contrariá-lo no Parecer
noticiado pela Andreia Mourão no G1.Globo: (https://t.co/YHivyVXGU0).

*íntegra da Decisão Liminar: (http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/adpf548liminar.pdf)*
http://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=393989

http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=394447

“Na ditadura foi assim.
Depois começaram a controlar o conteúdo das aulas.
Infiltraram dedos duros nos campi, demitiram e prenderam professores,
proibiram estudantes de irem às escolas, os prenderam, torturaram e mataram.”

https://twitter.com/hilde_angel/status/1133511260321009666

Zé Maria

O STF só é Contramajoritário nas assim denominadas ‘Pautas de Costumes’.
Fora daí, em Matéria Penal é um Desastre de inconstitucionalidades.
E o TSE, por Negligência. Assim também o CNJ nas Questões Disciplinares.

O tratamento que o Supremo deu à Dilma e ao Lula foi de uma injustiça Atroz.
Comparável, talvez, com o que houve com o Zé Dirceu na AP 470 [‘Mensalão’].

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