Sávio Notarangeli: Extirpando quem nos contradiz

Tempo de leitura: 2 min

“Mudei para continuar o mesmo” …Sartre

por Sávio Notarangeli, em seu blog, dica da Claudia Belchior

quanto menos fundamentalismo em nossas vidas, melhor. e essa é a blz de se pertencer à humanidade. o velho nietzsche dizia que devemos construir nossas vidas como se estivéssemos criando uma obra de arte, e isso é exatamente o oposto do fundamentalismo…

muitos confundem ética com profilaxia, principalmente no campo da política. acreditam que, quando alguém chega ao poder, não deva mais dialogar ou aliar-se, em determinados projetos, aos antigos inimigos, os seus chamados contrapontos dialéticos. só que já estaríamos exterminados se isso fosse uma prática cotidiana da política. hitler, stalin e alguns governos norte-americanos se utilizaram dessa prática nefasta: exterminar seu inimigo político numa assepsia plena e irredutível. isso é fundamentalismo, guerra santa/demoníaca. a idéia de que, “nunca mais deverá haver o outro”, é uma espécie holocausto à prestação: primeiro aniquila-se pela moral, depois pela cultura, finalmente pela genética. se as três falharem resta a bomba atômica. curdos, ciganos, sem-terras, índios (que são os sem-mapas) e ad infinitum, vêm sendo sepultados nas páginas dos livros de história. a globalização é o cemitéro atual das diferenças.

mas podemos ser salvos pelo relativismo que nos projeta em progressismos. querer extirpar – algo/alguém – da humanidade é a clara constatação de que essa parte de você não é aceita por você mesmo. logo é o relativismo que faz com que aceitê-mo-nos como realmente somos: andantes, contraditórios, teóricos, inconsistentes, primatas e finitos.

os exemplos se multiplicam: o islamismo quer extirpar todo o prazer feminino; o cristianismo à toda diferença com o conceito de amor/universal, algo único que faz a todos iguais e à força de digressões morais… há várias maneiras de se fazer profilaxia… cuidado!!

a grande mídia brasileira quer extirpar os partidos sindicais, como se eles não fossem Brasil, como se não fizessem parte da história. ela os mantém acuados num campo interpretativo preconceituoso, um exílio. e só podem sair de tal gueto se houver uma mudança de discurso. a grande mídia é fundamentalista e ainda não entendeu isso. talvez porque tenha ouvido muito pouco a Bob Marley…

o fundamentalismo determina posse exclusiva da verdade/poder e isso passa longe dos conceitos democráticos…

‘mudar para continuar o mesmo’ …na busca por liberdade


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Comentários

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jurandir rodrigues

maravilha de texto, abraços

Miguel Bogado

Texto muito bem feito, com ótimas referencias. É fato que a mídia não é flexível, é fundamentalista, e talvez quando ela ''perceber'' isso (se é que já não percebeu), a mentalidade da sociedade mude completamente, e as pessoas comecem a questionar vários dogmas referentes ao fundamentalismo, seja ele religioso ou de qualquer outro tipo.

Alício

O pensamento de não aniquilar o outro é a base da Política (a arte, com "P" maiúsculo) na qual brigam as ideias.Para abdicar dela, a alternativa seria a guerra.Gostei do "cabra".Prof.Alício

José Luiz

Gostei muito do texto. As diferenças fazem a beleza do universo. Viver com ela é a boa luta, que vai nos engrandecer espiritualmente.

Sávio Notarangeli

Agradeço a atenção de todos. Ao Azenha e aos internautas… Espero estar colaborando com o desenvolvimento do pensamento progressista na blogosfera… abraços.. Foi uma honra ser publicado no viomundo…

Flavio Lima

Não sou filosofo e não li nietchze era meio anti-humanista, não? Não entendo bem essa filia da esquerda para com esse velho filosofo germanico que foi inspirador proa nazistas. E aquela estorinha de que os nazistas distorceram nietzche não me convence. Toda vez que comecei a ler esse cara, me vinham as ideias dos nazistas, casa perfeito. Claro, pode ser só ignorancia minha, mas conversando com outros progressistas como eu senti que essa minha interpretação é comum. Mas criticar nietzche (nominho ein…) é pecado en certas esquerdas.

    Leider_Lincoln

    Ah, meu caro. Não discuta as esquerdas e nem discuta Nietzsche então. Discuta as ideias do carinha, que tal? Simpatizei com elas. Você também poderia, se não fosse tão ranheta…

    Lucas Cardoso

    Nietzsche estava preocupado com a criação de uma moral e ética pós-cristã. Esse foi o principal tema do seu trabalho. Em alguns casos descambou pro niilismo, outras vezes chegou a pensamentos que hoje classificaríamos como nazistas ou fascistas (na época dele ainda não existiam os termos ou os movimentos), mas no geral, foi um pensador interessante (pessoalmente, discordo de quase tudo, mas ainda assim, interessante).

    Por exemplo, de "Assim falava Zaratustra", "O criador procura companheiros, não procura cadáveres, rebanhos, nem crentes; procura colaboradores que inscrevam valores novos ou tábuas novas."

    Tente ler até o final antes de criticar.

Marcos C. Campos

Muito interessante …
Pela idéia desenvolvida no texto é fácil perceber que é fácil ser "fundamentalista" .

Fabio_Passos

Só… eu curti muito Bob Marley

"
You can fool some people sometimes,
But you can't fool all the people all the time.
So now we see the light,
We gonna stand up for our rights!
"

[youtube q7iXcKKpdx0 http://www.youtube.com/watch?v=q7iXcKKpdx0 youtube]

Ed.

Esta profilaxia fundamentalista é a ética dos fascistas…

André Diniz

Nada pessoal, mas esse texto tá muito cru, universitário, pro meu gosto, e para ocupar as páginas do Viomundo – apesar de ter pontos de vista interessantes e até que trabalhados com certa inteligência.

E essa estética à Bukowski de períodos sem capitalizar no começo do período é muito hipster wannabe.

    Leider_Lincoln

    Mas assim, o conceito é bom. Quanto à forma, é do gosto da época,não?

    ZePovinho

    Eu gostei,André.Faz parte.

    Heitor Rodrigues

    Olha aí a profilaxia!

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