Luciana Santos: O futebol é maior que o desgoverno atual

Tempo de leitura: 2 min
Foto Wikipedia

Foto Wikipedia

Copa 2018: “Pessimistas de todo o Brasil, Uni-vos!”*

por Luciana Santos

É de surpreender que o “país do futebol” esteja mergulhado em tamanha apatia.

Na Copa, que junto com o Carnaval e o São João é um dos períodos de maior festa e celebração da inata alegria dos brasileiros, nos vemos imersos numa epidemia de desânimo.

Ao contrário de anos anteriores, não se vê massivamente nas ruas o tradicional verde e amarelo, ancorado em bandeirinhas, pinturas, fitilhos.

Pior, não se vê no rosto da nossa gente o sorriso esperançoso, a ansiedade da torcida, a fé na conquista de mais um campeonato.

Observando esse panorama lembrei-me de uma carta de Henfil de 1980.

“O atual sistema, para governar, nos fez pessimistas. E pessimista não dorme, não faz amor, não faz partidos, não incomoda, não reclama, não briga. Que diabo de país é este?”.

Creio que se aplica, não?

Apesar da conjuntura pós-golpe e do Governo Temer que está tentando nos massacrar: retirando direitos, desrespeitando a constituição, se desfazendo do nosso patrimônio a preço de banana e, com isso, minando uma das maiores conquistas do povo brasileiro dos últimos anos: a nossa autoestima; não devemos confundir com a afirmação da brasilidade que esses momentos representam.

A esperança é o que nos mantém mobilizados na construção de um país melhor.

Por isso mesmo não podemos abrir mão desse traço tão rico da nossa identidade enquanto Nação: a alegria!

Ora, se a negação da política não muda a política — é a participação que produz a transformação — não seria a negação do que nos faz uno enquanto povo que seria capaz de superar as condições de divergência e de bipolaridades.

Ninguém deve nos convencer de que não torcer é o caminho para superar a crise.

Parafraseando Henfil, diria que o futebol é do povo, assim como a greve é do trabalhador.

O futebol é maior que o desgoverno atual, que as diferenças com a seleção ou suas estruturas.

O futebol é de meninos e meninas das cidades deste país, é meu, é seu, é nosso.

Gritemos GOL! Gritemos Golpe!

Vamos mudar esse estado de coisas, com o nosso jeito, com alegria e com verde e amarelo, que é a cor dos que amam o Brasil e dos que lutam por ele.

De mais ninguém!

*Frase de Henfil em carta à sua mãe

Luciana Santos é deputada federal por PE e presidente nacional do PCdoB

PS do Viomundo: O artigo foi escrito antes da abertura da Copa e atualizado por nós para refletir isso.

Leia também:

Maister da Silva: No mundo do jogador-mercadoria, o futebol resiste


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Ibsen

O futebol, ele próprio é uma instituição falida. A autora faz uma confusão. Ou os brasileiros estão aparições ou atendendo a um pedido de ignorar o futebol como protesto.
Eu não faço nem um nem outro. Não acompanho o futebol porque foi mercantilizado. Os jogadores ganham fortunas indecentes. Jogam pela vitrine que é uma seleção. O monopólio da transmissões é a prova de que o que deveria atender ao povo atende apenas às negociatas que vêm envolvendo o futebol há já longos anos. Vá lá deputada, ganhar menos que um salário mínimo, isso se estiver empregada e veja se não por o ânimo. Há um Brasil da população sofrida e outro que a tenta organizar como manada. Infelizmente a esquerda também se insere nesse contexto.

    Lukas

    Ibsen, se te fosse oferecido o salário milionário de um jogador de futebol você faria o quê?

Deixe seu comentário

Leia também