Salário dos trabalhadores na Petrobrás despenca 37%; um dos piores entre as grandes petroleiras

Tempo de leitura: 3 min

Renda em queda

Salário na Petrobrás é um dos piores entre as concorrentes

Por Alessandra Martins*, Observatório Social da Petrobrás

O salário médio anual dos trabalhadores da Petrobrás é um dos mais baixos entre as empresas concorrentes no mercado mundial de petróleo, aponta levantamento realizado pelo Instituto Latino-Americano de Estudos Socioeconômicos (Ilaese).

A pesquisa faz um comparativo da renda dos empregados da companhia brasileira com a de sete outras grandes multinacionais e evidencia a tendência de crescimento da remuneração nas empresas internacionais, frente a queda contínua da média salarial do trabalhador da Petrobrás, na última década.

A pesquisa baseia-se em relatórios divulgados pelas próprias empresas.

“Para efeito de comparação, calculamos o salário médio como resultado da relação entre a massa salarial divulgada pela empresa e o total de trabalhadores diretos empregados. Em todos os casos, os respectivos valores foram convertidos em dólar, seguindo a cotação média anual”, explicam Nazareno Godeiro e Gustavo Machado, pesquisadores do Ilaese.

De acordo com o levantamento, em 2011, a média salarial na Petrobrás era de US$ 98,5 mil ao ano.

Em 2020, a remuneração caiu para US$ 61,9 mil, valor 67% menor do que o rendimento dos trabalhadores da norueguesa Equinor e 60% abaixo do ganho anual dos empregados da britânica BP.

O salário na Petrobrás também é inferior ao da italiana Eni (40%), da espanhola Repsol (30%), da francesa Total (26%) e da chinesa Cnooc (14%).

O estudo revela que a única empresa que pagou menos do que a Petrobrás foi a Petrochina, com salário médio de US$ 49 mil no ano passado.

Os pesquisadores destacam, entretanto, a evolução salarial oposta de ambas as empresas, já que a remuneração média anual dos trabalhadores da Petrobrás caiu continuamente entre 2011 e 2020, em US$ 33,1 mil, e a da Petrochina subiu US$ 22,3 mil nesse mesmo período.

Enquanto na companhia brasileira houve uma queda de 37% do salário médio anual, na chinesa a remuneração média cresceu 82%.

“Pela tendência indicada, vemos que é questão de tempo para que a remuneração média dos trabalhadores da Petrochina ultrapasse a dos empregados da Petrobrás, assim como já aconteceu com a petrolífera chinesa Cnooc”, avaliam os estudiosos.

A conclusão da pesquisa é que a cada ano aprofunda-se mais o abismo entre os salários da Petrobrás e de suas concorrentes.

“Na última década, em todas as empresas consideradas no estudo, houve crescimento nominal da remuneração média dos trabalhadores. A única exceção foi a Total. Mas, enquanto na empresa francesa a retração dos salários foi de 9,94%, na Petrobrás a redução chegou a 37%. Ou seja, uma diferença quase quatro vezes maior”.

Outro ponto do levantamento refere-se ao percentual que a massa salarial ocupa sobre a receita total da empresa.

No caso da Petrobrás, apenas 5,66% da arrecadação é direcionada aos salários e benefícios de seus trabalhadores diretos.

Esse índice é próximo ao da BP (5,49%), da Cnooc (5,13%) e da Repsol (5,60%) e bem abaixo da Equinor (8,73%), Total (7,44%), Petrochina (7,63%) e Eni (6,51%).

“Importante ressaltar que todas as empresas relacionadas são multinacionais com atuação em todo o mundo. A italiana Eni, por exemplo, possui a maioria de seus campos de exploração na África, com moeda ainda mais desvalorizada do que o real. Apesar disso, a remuneração de seus trabalhadores e a fração da receita líquida são maiores do que as da Petrobrás”, afirmam Godeiro e Machado.

*Alessandra Martins é assessora de imprensa do Observatório Social da Petrobrás


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Zé Maria

Não só:
O Poder de Compra do Salário Mínimo despenca;
A Renda Média Nacional do Trabalhador cai;
O Desemprego cresce. As Dívidas aumentam;
A Fome bate à Porta da Classe Trabalhadora …
.
.

Fernando Soares

Isso na Petrobrás, imagina então para o resto do povo o qto já caiu o salário que é muito mais baixo que a Petrobrás.
O golpe foi um suicídio financeiro a curto e médio prazo para o povo.
Acho que 98% do povo brasileiro não tem um salário desse da Petrobrás.
E a indústria ano a ano cai em participação no PIB. Cada vez diminui mais. O país passa por um processo de desindustrialização. Tem muita coisa que poderia ser fabricado aqui, no entanto, o país importa o que eleva os preços de itens simples e come mais ainda os salários.
Há 8 anos a engenharia de petróleo estava bombando, hj deve ter caído a procura por esse curso a menos da metade. Ou seja, os EUA não vão contratar brasileiro para trabalhar lá no refino.
Não é um bom negócio refinar óleo bruto nos EUA. Só brasileiro para fazer tamanha estupidez.

Deixe seu comentário

Leia também