Rodoviários do Recife em greve; exigem do governo Paulo Câmara e patrões cumprimento do acordo quebrado; vídeo

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Da Redação, com informações do Blog do Jamildo

Nesta terça-feira, 22-12, o Grande Recife (PE) amanheceu com poucos ônibus nas ruas.

Como haviam antecipado, os Rodoviários do Recife estão em greve, desde a zero hora desta terça.

Exigem do governador Paulo Câmara (PSB) o cumprimento do acordo fechado no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), em 23 de novembro, pondo fim à dupla função para motoristas.

O acordo previa  a recolocação dos cobradores em todos os ônibus que operam no Recife e Região Metropolitana.

Em nota, os rodoviários explicam o acordo:

A última ocasião em que fizeram isto foi diante de uma Desembargadora do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) que mediou, no dia 23 de novembro, um acordo entre as partes envolvidas para que não acontecesse a greve do dia 24. Os únicos que mantiveram a palavra foram os rodoviários.

Passadas as eleições e eleito o candidato do PSB para a Prefeitura da capital pernambucana, o Governo do Estado agora suspende a portaria que exigia a volta dos cobradores, quebrando o acordo firmado.

Com os patrões, o Sindicato dos Rodoviários fechou o acordo de estabilidade no emprego de 06 meses e reajuste de 2,69% para reposição da inflação no salário e no ticket retroativo a julho de 2020. A Urbana-PE nunca se moveu para cumprir o acordo. 

A continuidade da dupla função do motorista, junto com o não pagamento retroativo do salário e do ticket, além da continuidade das demissões de rodoviários, empurra os trabalhadores para a greve.

Porém, acordo foi descumprido. Daí a greve.

Abaixo, a nota divulgada nessa segunda-feira pelos rodoviários e publicada no Blog do Jamildo.

“Ao governador Paulo Câmara (PSB), que fala manso aos empresários e grosso aos rodoviários”

”O governador Paulo Câmara não aguentou ouvir verdades e subiu o tom contra os rodoviários diante da greve da categoria.

Ironicamente, continua calmo com os donos das empresas de ônibus, que descumpriram os acordos firmados e empurraram os rodoviários para a greve.

O PSB fala manso com os patrões e grosso com os trabalhadores. Inclusive, é confiando e se apoiando neste tipo de postura autoritária e, ao mesmo tempo, permissiva, que os donos das empresas de ônibus não respeitam nada que este governo coloca no papel e nada do que acordaram com os rodoviários perante o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) ou o Ministério Público do Trabalho (MPT).

O governador e seu partido só conseguem demonstrar consideração e respeito aos interesses dos donos das empresas de ônibus.

Há cerca de cinco anos este governo vem avançando nas autorizações para que as empresas retirem os cobradores dos ônibus, superexplorem os motoristas com a dupla função e, com isso, vem piorando a qualidade e a segurança do serviço que é ofertado à população.

Lembrando que a operação de linhas sem cobrador só pode existir com o aval do governo, conforme determina o Regulamento do Sistema de Transportes Públicos de Passageiros – STPP/RMR – no seu Artigo 167, XLV.

Em 2020, quando se inicia a pandemia, este governo socorreu os empresários com redução de frota.

Desativou uma série de linhas e aumentou as autorizações de ônibus rodando sem a presença do cobrador.

Também baixou uma Portaria de que ninguém poderia viajar em pé nos coletivos, mas não houve fiscalização e empresário nenhum respeitou.

O governador não deixou de proteger os empresários do setor mesmo em um ano em que estes foram ainda mais bárbaros com os rodoviários e a população: demitiram em massa, burlaram acordos e leis trabalhistas e enganaram o judiciário com falsos acordos de demissão de funcionários.

Agora, governador Paulo Câmara, liste quais foram as suas iniciativas para proteger e colaborar com as pessoas que trabalham ou usam o sistema de transporte público de passageiros!

O nosso discurso, governador Paulo Câmara, não é “fantasioso ou infundado”.

Fantasiosa é a sua realidade palaciana; infundada é a sua tese de que o governo não está mentindo ou praticando estelionato eleitoral.

Se você ligar a sua TV ou entrar em um ônibus e conversar com as pessoas que lá estão, verá a posição contrária que a população tem em relação à retirada dos cobradores e o estabelecimento da dupla função. Não querer enxergar isso é que é viver de fantasia, “fantasia empresarial”.

A posição dos rodoviários não é infundada, governador. Infundada é a sua posição de brigar com a realidade e com os fatos para, desta maneira, continuar a proteger os interesses da patronal.

No dia 23 de novembro, em audiência mediada pela vice-presidente do TRT, o representante do seu governo, o coordenador jurídico do Grande Recife Consórcio de Transporte, Roberto Campos, aceitou – certamente após a sua autorização, governador – a exigência do Sindicato dos Rodoviários de que fosse baixada uma Portaria estabelecendo o fim da dupla função e recolocando os cobradores em todos os ônibus que operam no Recife e em sua Região Metropolitana.

Este mesmo representante reafirmou este acordo em matéria veiculada no dia seguinte a esta audiência no TRT, em coluna do JC.

O seu governo fez uma encenação teatral para evitar uma greve dias antes das eleições do segundo turno no Recife. Não adianta vir com a discussão de constitucionalidade disso ou daquilo.

O que os rodoviários e a sociedade estão exigindo é que você governe livre de amarras empresariais.

E, assim como você autorizou a retirada dos cobradores e o estabelecimento da dupla função, que você decida pelo inverso. Você é o chefe deste sistema.

Você apenas terceirizou o serviço para os donos das empresas de ônibus, mas a atribuição de regular o sistema pertence a você, governador.

Pare de promover desemprego, superexploração, adoecimento e de piorar a qualidade e segurança do serviço que é prestado à população apenas para beneficiar seis famílias que há décadas enriquecem explorando esta concessão pública. Pare de sentar e ouvir apenas os ricos.

Proíba a dupla função, estabeleça o retorno dos cobradores e coloque 100% da frota para que as pessoas, e não o vírus, possam circular.

Sem isso, pague e arque com a responsabilidade da greve rodoviária a partir de 22 de dezembro.

E desta vez, governador, favor não enviar tropa de choque para reprimir os trabalhadores e, mais ainda, sem utilizar decisão judicial inexistente – como aconteceu na garagem da empresa Caxangá este mês – para justificar a repressão contra os rodoviários.

A partir das 00h00 de 22 de dezembro os rodoviários cruzarão os braços pelo imediato cumprimento do acordo fechado no TRT dia 23 de novembro! O governador precisa cumprir sua palavra! Quem transporta vidas merece respeito!”


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