Reajuste salarial dos professores paulistas na ponta do lápis

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Na ponta do lápis: reajuste concedido pelo governo do Estado de 35,5% para os professores vai recuperar somente um terço das perdas salariais desde 1998, causadas por Covas, Alckmin e Serra.

do blog Se a rádio não toca

Apenas um terço das perdas salariais dos professores no Estado de São Paulo, entre 1998 e 2010, serão recuperadas com o reajuste anunciado pelo governo Alckmin, sem contar que o percentual divulgado de 42,2%  não corresponde a realidade. Isto porque, nele está inclusa a incorporação de gratificações que somam R$ 92. Com isso, o percentual do reajuste, de fato, é de 35,5%, divididos em quatro parcelas anuais que se estendem até 2014: 8,5% em 2011(já descontado o valor da gratificação); 10,2% em 2012; 6% em 2013; e 7% em 2014.

Daqui a quatro anos, este reajuste (35,5%), descontada a inflação de 22,2%, dará um ganho real de cerca de 13%. Em contrapartida, as perdas dos professores alcançaram 36,75% de 1998 a 2010.

Fazendo as contas: a inflação até 2014, projetada na Lei de Diretrizes Orçamentárias do Estado (6,5% em 2011; 5% em 2012; 4,5% em 2013 e 4,5% em 2014) chegará a 22,2%. Subtraindo-se este percentual do reajuste concedido pelo governo (35,5% – 22,2%), chega-se ao valor de aumento real em quatro anos: 13%, ou seja, praticamente um terço das perdas.

Como foi mencionado na matéria do jornal Valor Econômico, o fim do bônus, agora negado por Alckmin, que contou em 2009 com recursos de R$ 655 milhões levaria a um aumento médio mensal de R$ 145 no salário  recebido pelo professor, funcionários, coordenador pedagógico, supervisor e aposentados. Este valor representaria um reajuste de 13,2% para o professor com jornada de 24 horas e 7,25% para o professor com jornada integral, por ano. Deste modo, fica demonstrado que o que se pretende de fato é trocar o dinheiro gasto com o bônus com aumento no salário, isto ocorre tendo em vistas várias decisões judiciais que já estão concedendo o valor do bônus para os aposentados da educação.

Além disto, também há decisões judiciais que obriga o governo a conceder gratificações aos aposentados, isto obrigou o governo paulista a acabar com a política de conceder gratificações que não são incorporadas a aposentadoria.

O governo paulista bem que poderia usar o excesso de arrecadação previsto para R$ 5 bilhões em 2011 para de fato ressarcir as perdas dos servidores da educação, visto que um reajuste de 12% por ano cobriria as perdas acumuladas e daria reajuste para eliminar o efeito da inflação projetada até 2014.

A substituição do bônus pelo aumento salarial é benéfica ao professor da ativa, pois, aumenta os ganhos com vantagens adquiridas ao longo do tempo com qüinqüênio, sexta-parte e outras promoções ao longo da carreira, além de incorporar para a aposentadoria que é calculada tomando como referência o salário base. Para o aposentado esta decisão é benéfica, pois garante reajuste salarial.

O anúncio de Alckmin é a confissão pública do sucateamento da educação pública dos governos Covas, Alckmin e José Serra e do arrocho imposto à categoria dos professores. Além do mais revela uma estratégia para estancar a crescente falta de professores dispostos a receber um salário ínfimo pago pelo governo do Estado, especialmente em uma época de crescimento que falta mão de obra especializada e que é mais viável conseguir uma colocação profissional que lhe garanta um rendimento melhor.

O governador ainda reajusta o salário terá de abrir novos concursos para o magistério.

A imprensa paulista pouco falou que a justiça federal manteve a lei que obriga o Estado a que um terço da jornada de trabalho do professor seja fora da sala de aula, além do piso nacional do professor ter de ser contado pelo salário base, tal como determina lei federal assinada pelo presidente Lula. Esta lei não é cumprida pelo governo paulista, e a decisão da Justiça faz com que se crie 55 mil novos cargos para professor, segundo avaliação da APEOESP, visto que um professor com carga máxima teria de dar com a nova lei 26 aulas com aluno, ante as 32 que são dadas anualmente. Isto é um verdadeiro benefício à qualidade da educação, visto que se tem tempo para preparar as aulas, corrigir provas e estar menos estafado para fazer o seu trabalho. Diante deste quadro, esperasse que o governador Alckmin, cumpra a lei e envie a Assembléia Legislativa projeto reestruturando a jornada do professor e abra brevemente concurso público para o magistério.


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Comentários

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Rodrigo

Como professor agradeço a consideração.

maria abadia

Como professora agradeço a esse blog por publicar este artigo e desmascarar de forma clara o "engodo" que representa o governo do PSDB nos últimos anos. Em tempo nunca votei neste partido e estou procurando outro emprego, meu sonho de consumo é a exoneração principalmente porque tentei a aposentadoria e vieram com 4 anos de pedágio, eu não vou sobreviver tudo isso em sala de aula, nem aposentadoria estamos conseguindo mais.

N. Konthyegki

Obrigado por esclarecer algo de que eu desconfiava e havia dito, agradecendo o espaço que o Vi o Mundo me deu ao colocar a minha postagem aqui.
http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/tony-naka

A minha intenção com aquilo era o de justamente colocar em pratos limpos uma indignação com relação à forma com que o governador manipulou essa informação, com a colaboração dos grandes meios de imprensa.
Não me senti inútil ao realizar a minha colocação.
Mais uma vez muito obrigado ao Azenha e à equipe do Vi o Mundo. É por isso que esse espaço deve ser valorizado como um verdadeiro espaço democrático, em que podemos realizar uma troca de ideias e lutar contra o ilusionismo que a grande mídia provoca na desinformação á população, coisa que é inconstitucional, ainda que esbravejem – se colocando como vítimas de censura.
Antes de mais nada, é preciso colocar o quanto o papel do sindicato possa ter influenciado na movimentação de Alckimin e do tucanato, ainda que não tenhamos conseguido o que era reivindicado. O importante, então, é fazer com que a classe possa perceber o papel que ele exerceu, na luta que seus associados travaram e travam contra as arbitrariedades que o Estado promove, e conclamar cada vez mais a participação de todos e da população na luta por uma educação de qualidade.

Sinto-me satisfeito com o apoio recebido com a minha manifestação e gratificado que puderam ser esclarecidos as dúvidas que eu não tinha a capacidade intelectual de explicitar.

Abraços

Tony S. Nakatani
Professor de Sociologia da rede de ensino de São Paulo

    Lazlo Kovacs

    Concordo com você. No entanto, parece que a classe dos professores está pouco mobilizada e dividida em torno de interesses particulares (leia-se: não encontrando respaldo no coletivo, defendo-me como posso). Mesmo o sindicato sofre críticas por parte da categoria. O discurso é passivo, quase um lamento: ele existe para nos ajudar. É facil ao Governo estadual buscar sangue novo, pois fez dos docentes uns párias.

    A Carta Capital desta semana traz uma frase lapidar da atitude tucana frente àquilo que realiza (está fora do contexto, mas é possível perceber o "espírito"): Ainda querem nos responsabilizar pela crise da oposição". Seu "espírito" é de negação daquilo que faz e das consequências.

    O tiro aparece no próprio pé.

SILOÉ -RJ

Isso é São Paulo, meu bem!!!
A melhor administração política do Brasil, quiçá do mundo!!!!

Maria Dirce

Como ja disse aqui,o interior de SP, vota em peso nos tucanos.Quem elege os tucanos é o interior de SP inclusive professores que foram empurrados por cavalos do Maluf e gás lacrimogenio do Serra, e esse salário incrível do Alckimin.

zinguinha 2011

Fonte: Flitparalisante.wordpress.com (blog daquele delegado de polícia paulista que foi demitido porque publicou no blog notícia da Globo sobre compra de ternos superfaturados na SSP)
Segundo o "competentíssimo" Secre otário de Segurança Pública paulista, PCC acabou! http://flitparalisante.wordpress.com/2011/05/12/a

francisco p. neto

Falar do governo Alckmin é a mesma coisa que malhar em ferro frio.
Isso tudo é ridículo, como se o povo de São Paulo não conhecesse quem é Alckmin, mas ganhou novamente como governador.
Agora não adianta chorar.
Com aquela cara de bom moço, Alckmin esconde uma personalidade que ninguém conhece, a não ser a sua turminha, a sua tropinha de elite, o PSDB caipira.
Falta para Alckmin capacidade gestora para entender o que é prioritário no seu governo.
Os números não deixam mentir, governo tucano em São Paulo, Covas, Alckmin, Serra e novamente Alckmin, sucateamento da educação, saúde e segurança pública.
Digo novamente. Agora não adianta chorar. Vão ter que aguentar mais quatro anos de incompetência tucana.
Enquanto isso, governo faz um alarde e promove de maneira não prioritária projetos do tipo Virada Cultural pela capital e interior. Qual o custo dessa farra?
Outra. Vai promover uma competição em "parceria", Secretaria de Espotes e Federação Paulista de Futebol um campeonato estadual de futebol em todo o estado, fornecemdo para todos os participantes, uniformes, transportes, acomodações para os atletas, cujo custo será superior a três milhões de Reais.
Justificativa: preparar atletas para as olimpíades no país. É mesmo? Que nobreza de propósito!
Enquanto isso, esse ridículo reajuste para o magistério, cessão para as empresas privadas de saúde das dependencias e instalações dos HC,s da USP, Unesp e UNICAMP, para explorarem como bem entenderem.
As reclamações previsíveis já começaram. Mas e daí? O povo que se lasque.
Vejam bem. Tudo isso em apenas cinco meses de governo.
Querem mais?
Pois bem, quem nele votou, terá muito mais.
É só aguardar.
Mas eu não me calarei, porque nesse traste eu não votei.

LuisCPPrudente

Governo de São Paulo sempre mentindo e fazendo propaganda enganosa!

Julio Silveira

O problema, principalmente de São Paulo, é que governos que tabalham para esvaziar o serviço publico terceirizando praticamente todas suas atividades, mas principalmente onde a prestação de serviços aos cidadãos fica mais necessária, produz em consequência uma menor capacidade de investir nos próprios recursos humanos, já que a receita é utilizada para empenhar gastos com terceiros, como bola de neve. Com cada vez menos recursos para investir nos própios recursos humanos, é matematica. Evidentemente isso também ocorre por que o cidadão eleitor não percebe o contra-senso que é um postulante a gestor publico, após alcançado seu intento, sendo eleito para gerir a coisa publica, delegá-la a iniciativa privada, dando mostras de incapacidade de gestão. Talvez, por isso também a cada vez menor possibilidade dessas gestões pagarem bem seu servidores um misto de incapacidade e vontade politica.

@NerdWeekBlog

é no mínimo vergonhoso esse pseudo aumento, para fazer mais uma vez o sindicato gritar VITÓRIA DA CATEGORIA, meritocracia, provas para lecionar, fragmentação da categoria, f,l,s,o,v,a concursos uma vez na vida outra na morte, além de salas superlotadas, promoção automática, infelizmente a educação está sucateada e a muito tempo, sofrendo a 16 anos com esse partido e sofreremos mais 4

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