Rádio pública dos EUA relata a crise humanitária no Brasil: pacientes amarrados por falta de sedativos

Tempo de leitura: 3 min
Amazônia Real, via Fotos Públicas

Da Redação

A National Public Radio é uma das mais respeitadas fontes de informação dos Estados Unidos.

Sobreviveu à tentativa do ex-presidente Reagan de cortar o financiamento público, graças a milhões de norte-americanos que fizeram doações.

Tem programas de grande audiência nacional, como All Things Concerned.

É uma emissora influente na classe média educada dos Estados Unidos.

Embora financiada parcialmente com dinheiro público, tem apoio de corporações e ouvintes.

A NPR tratou da “crise humanitária” no Brasil:

Brasil: ‘Crise Humanitária’ com Mais de 3.000 Mortes por Dia

Por PHILIP REEVES, na NPR

Autoridades de saúde no Brasil dizem que muitos hospitais estão com uma escassez perigosa de sedativos e outros medicamentos essenciais usados ​​no tratamento de pacientes com COVID-19 gravemente enfermos.

Eles dizem que alguns serviços de saúde já esgotaram os estoques de certos medicamentos, enquanto outros vão enfrentar isso nos próximos dias, a menos que recebam novos suprimentos.

O alerta surge em meio à intensa preocupação internacional com a crescente pandemia no Brasil, onde o número médio diário de mortes subiu para 3.000, o maior do mundo.

Até o momento, 365.444 pessoas morreram no país de COVID-19, de acordo com o Ministério da Saúde.

A crise de saúde no Brasil está sendo descrita como uma “catástrofe humanitária” pela agência internacional de assistência médica Médicos Sem Fronteiras (conhecida pela sigla em francês, MSF), que tem equipes em algumas partes do país.

A “recusa das autoridades brasileiras em adotar medidas de saúde pública baseadas em evidências fez com que muitos morressem prematuramente”, disse o presidente internacional de MSF, Dr. Christos Christou, em um comunicado na quarta-feira.

Ele disse que isso colocou o Brasil em “um estado permanente de luto” e causou “o quase colapso do sistema de saúde do Brasil”.

O alarme sobre a falta de medicamentos está sendo dado, em particular, pelo estado mais rico e populoso do país, São Paulo, que até agora registrou quase uma em cada quatro mortes de COVID-19 no Brasil.

O governo do estado de São Paulo diz que seus serviços de saúde estão enfrentando uma escassez “muito grave”, principalmente de relaxantes musculares e sedativos, necessários para pacientes que usam respiradores em unidades de terapia intensiva.

Em uma carta enviada na terça-feira ao Ministério da Saúde do Brasil, o estado emitiu um apelo urgente por novos suprimentos e acusou o ministério de ignorar nove pedidos recentes.

A escala do problema foi enfatizada por uma pesquisa realizada por uma organização que representa as autoridades locais de saúde: ela descobriu que mais de dois terços dos 3.126 serviços de saúde municipais em São Paulo estavam completamente sem relaxantes musculares, enquanto 961 não tinham sedativos.

A equipe médica da linha de frente está se voltando para medicamentos alternativos menos eficazes, mas também há relatos na mídia brasileira de pacientes sendo amarrados à cama pelos braços para evitar que reajam violentamente à intubação ao acordar.

Uma das principais fontes de notícias do país, a Folha de S. Paulo, publicou recentemente fotos e vídeos de pacientes em respiradores com os braços amarrados às laterais das camas em um hospital na cidade de Porto Velho.

A escassez de medicamentos está aumentando a pressão já intensa sobre as unidades de terapia intensiva do país, onde muitas vezes funcionários  exaustos e esgotados lutam para lidar com uma segunda onda da pandemia, impulsionada por novas variantes do vírus.

Em algumas partes do país, pacientes morreram enquanto aguardavam a disponibilização de leitos de UTI, segundo equipes médicas e familiares das vítimas.

As taxas gerais de ocupação de leitos de UTI caíram um pouco recentemente, mas permanecem críticas na maior parte do Brasil, de acordo com um boletim divulgado quarta-feira pela Fiocruz, uma instituição nacional de pesquisa em saúde.

Segundo o relatório, 16 dos 26 estados brasileiros têm níveis de ocupação de leitos em UTI de 90% ou mais. Em São Paulo, é de 86%.

O Ministério da Saúde do Brasil teria tido problemas significativos para comprar quantidades suficientes de medicamentos para lidar com o aumento de pacientes em terapia intensiva.

Informou na quinta-feira que uma grande remessa de medicamentos doados por empresas deve ser enviada para o país nas próximas horas, incluindo sedativos, relaxantes musculares e outras drogas.

Há muito que São Paulo critica fortemente a resposta à pandemia do presidente Jair Bolsonaro, que teve quatro ministros da saúde desde que o primeiro caso de coronavírus foi relatado no Brasil no início do ano passado.

O estado está longe de estar sozinho.

Bolsonaro está enfrentando críticas ferozes em casa e no exterior por zombar da ameaça do vírus, minando o distanciamento social e medidas de isolamento, defendendo remédios não comprovados, atrapalhando o programa nacional de vacinação e desencorajando as pessoas de se vacinarem.

A posição do presidente de extrema direita se tornou ainda mais desconfortável após a decisão da Suprema Corte do Brasil na quarta-feira de dar sinal verde para uma investigação do Senado sobre como seu governo está lidando com a pandemia.

Bolsonaro argumentou que bloqueios e outras restrições de pandemia infligem mais miséria econômica e social do que o próprio vírus.

Ele voltou ao ataque na quarta-feira, com um aviso vago de que em breve haverá “enormes crises” no Brasil.

“Não estou ameaçando ninguém, mas o Brasil está no limite”, disse aos apoiadores, acrescentando misteriosamente: “Estou esperando que o povo dê um sinal porque a fome, a miséria e o desemprego estão aí.”


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Comentários

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Silvio Fogaça

Isso é eugenia. Só não vê quem não quer.

abelardo

A crítica veemente, ácida e até debochada contra o governo Bolsonaro explode como um vulcão mundo afora. O Brasil está sendo rejeitado e muito malvisto até por antigos e tradicionais parceiros. Os golpistas, por não encontram mais buracos para esconderem suas vergonhas, se atracam uns a outros em disputa alucinada pela escassas migalhas de cargos e dasensação ilusória de poder. O Reino está nu, reprovado e achincalhado.

Bonard

Imaginem se fosse na Venezuela! kkkkkkk

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