Portela se junta ao grito de repúdio: ‘Por Moïse e todos os negros que nos mantêm conectados ao que realmente somos’

Tempo de leitura: 2 min

Da Redação

A escola de samba Portela, a azul e branco de Madureira, na Zona Norte do Rio de Janeiro, divulgou nessa quinta-feira, 03-02, uma nota oficial sobre o assassinato do refugiado congolês Moïse Kabagambe, em 24 de janeiro.

É assinada pela diretoria do G.R.E.S. Portela.

“Disparadamente, a nota mais sensível, mais reflexiva, sobre a morte de Moïse”, diz o cineasta Silvio Tendler, que a encaminhou ao Viomundo.

Ela Faz jus aos antológicos sambas dos compositores da Velha Guarda da Portela.

Parece saída da caneta de algum de seus poetas geniais, como Monarco, Tia Surica, Manaceia, Alvaiade, Aniceto.

Moïse era africano, morador de Madureira e estudou no Colégio Estadual Compositor Maneceia José de Andrade, que leva o nome de um dos baluartes da Portela.

“O G.R.E.S. Portela entende ser necessário, tendo como pilares o peso de nossa história e a representatividade que conquistamos para a cultura popular do Rio de Janeiro, que unamos nossa voz ao grito uníssono que repudia os atos violentos que levaram ao brutal assassinato deste jovem”.

Abaixo a íntegra da nota.

Nota oficial

“O G.R.E.S. Portela entende que o papel de uma escola de samba não pode ser apenas fomentar a cultura e promover entretenimento. Como braço da Sociedade Civil, cabe às agremiações carnavalescas ajudar na expansão da cidadania, especialmente para quem vive em suas comunidades imediatas.

Da mesma forma, um enredo não pode ser apenas um mote para a produção de alegorias e fantasias, pois é fundamental passar uma mensagem que, além da relevância cultural, inspire, por exemplo, a descoberta da própria identidade.

Ao escolher um enredo sobre os Baobás, reforçamos nossas raízes africanas, redescobrindo os caminhos que nos trouxeram até aqui.

Evocamos nossa ancestralidade, a energia de nossos antepassados que, num tempo cada vez mais distante, após atravessarem o oceano, ensinaram para seus descendentes os valores, os costumes e, mesmo acorrentados, o movimento de seus corpos, que um dia se libertaram dos grilhões e dançaram samba.

E é por isso que hoje estamos aqui, como o legado dos escravizados, o resultado dos esforços de seus filhos e netos, que são nossos fundadores.

Moïse Kabagambe era africano.

Moïse Kabagambe era morador de Madureira.

Moïse Kabagambe foi estudante do Colégio Estadual Compositor Maneceia José de Andrade, que leva o nome de um dos nossos baluartes.

O G.R.E.S. Portela entende ser necessário, tendo como pilares o peso de nossa história e a representatividade que conquistamos para a cultura popular do Rio de Janeiro, que unamos nossa voz ao grito uníssono que repudia os atos violentos que levaram ao brutal assassinato deste jovem.

Devemos isso aos povos africanos, que homenageamos no enredo de 2022, e a todos os negros que, um dia, construíram nossa escola, e que no presente mantém pulsando a nossa essência.

Clamamos por um mundo em que o racismo deixe de se manifestar nas estatísticas de assassinatos, e que a vida humana seja respeitada como princípio fundamental em nossas relações sociais.

Por Moïse Kabagambe. Por todos os congoleses, angolanos e nigerianos que desfilam na Portela. Por todos os negros que nos mantêm conectados ao que realmente somos. E jamais podemos deixar de ser.

“Quem tenta acorrentar um sentimento

Esquece que ser livre é fundamento

Matiz suburbano, herança de preto

Coragem no medo!!”

G.R.E.S. Portela


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Zé Maria

Nota Pública da Executiva Estadual do PT do Paraná

No dia 05 de fevereiro de 2022, aconteceu em Curitiba uma manifestação convocada por Movimentos Sociais, para repudiar o brutal assassinato de Moïse Kabagambe, ocorrido em 24 de janeiro no município do Rio de Janeiro.
Moïse era um jovem congolês, refugiado no Brasil, país no qual, junto de sua família, buscou amparo e melhores condições de vida.
O jovem foi espancado até a morte por reivindicar salário que estava em atraso.
Foi vítima de racismo, xenofobia e aporofobia, por algozes que continuam a reproduzir a ideologia escravagista.

No último sábado, aconteceram em diversas cidades do país, e até mesmo de outros países, manifestações para cobrar justiça e denunciar o racismo estrutural que lamentavelmente faz parte de nossa sociedade.

Em relação ao ato público que ocorreu em Curitiba, a Comissão Executiva Estadual do PT do Paraná lamenta o episódio e esclarece que não participou nem da organização nem da decisão de adentrar o templo religioso.
Há, por parte da imprensa tendenciosa, a manipulação de fatos para prejudicar o Partido dos Trabalhadores, pois os vídeos evidenciam que no momento em que os manifestantes estiveram no interior da paróquia, a missa já havia terminado e o templo estava vazio.

Aproveitamos para reafirmar nosso compromisso com o direito à vida e contra toda e qualquer forma de discriminação.
Defendemos a liberdade de expressão, nos solidarizamos com a família de Moïse e repudiamos o racismo e a xenofobia que devem ser extirpados de nossa sociedade, com uma luta diária e permanente, que deve contar com o afinco de todos e todas.

O PT é defensor histórico da liberdade religiosa, aliás, entre outras frentes de luta, o PT nasceu dentro das comunidades eclesiais de base e das lutas pastorais, que é um partido plural e que reconhece na CNBB uma importante aliada no combate ao discurso de ódio e de intolerância que estão impregnados em nossa sociedade.

Executiva Estadual do Partido dos Trabalhadores do Paraná

https://t.co/y7TtjfSJZ6
https://twitter.com/PT_PR/status/1490784898281623554

Ricardo Brum

Tive um professor que dizia o seguinte: o negro veio para o Brasil para TRABALHAR.
O que o Moise estava fazendo ? Trabalhando !
3 contra 1 é ser frouxo ao cubo.

Tá cheio de patrão caloteiro por aí.
Já tomei um calote desses tb.
RECOMENDO NAO ACEITAR FAZER ESSES TESTES DE 3 ou 4 ou 5 DIAS. É furada.
Geralmente dão o calote no TRABALHADOR.

SE levou o calote vai na delegacia do trabalho e denuncia o caloteiro para a fiscalização do trabalho, pois o valor da causa é muito pequeno.
Denuncia para o fiscal do trabalho. Se pegar um cara jóia ele liga no caloteiro.

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