PL das Fake News, monstrengo que cria o Ministério da Verdade, sai da pauta do Senado até semana que vem

Tempo de leitura: 3 min
O autor do relatório, senador Ângelo Coronel. Foto Agência Senado

PL DAS FAKE NEWS VIROU PL BLACK MIRROR E PODE SER VOTADO HOJE

O relatório apresentado pelo Senador Ângelo Coronel é inadmissível e vai acabar com a liberdade de expressão na rede

Da Coalizão Direitos na Rede

Abaixo 10 pontos que explicam os maiores problemas do texto.

LIBERDADE DE EXPRESSÃO EM ALTO RISCO

O projeto tem efeito bombástico na liberdade de expressão da internet no Brasil, estabelecendo que com a mera entrada com processo judicial a rede social tenha que remover o conteúdo questionado na Justiça para que não seja responsabilizada caso ele seja julgado ilegal (art. 53).

2. REDES SOCIAIS SÓ COM COMPROVANTE DE RESIDÊNCIA

O texto burocratiza ao máximo o acesso às redes sociais, tratando todos os usuários como potenciais criminosos. Para controlar o acesso, todos os usuários deverão enviar todos os seus documentos para ter uma conta em rede social e em outros serviços online (art. 7).

3. DEBATE ATROPELADO: PROJETO NUNCA FOI DISCUTIDO

Senadores votarão um projeto cujo conteúdo (dado pelo relatório do senador Angelo Coronel) foi divulgado há poucas horas, sem que os parlamentares e a sociedade possam avaliar e discutir suas propostas. Em um processo totalmente antidemocrático, além de violar vários direitos o texto possui inúmeras problemas técnicos. É necessário tempo para garantir um mínimo debate com a sociedade.

4. PRIVACIDADE VIOLADA

Na linha de tratar todos os usuários de internet como potenciais criminosos, delegados e promotores terão acesso livre aos cadastros (agora documentados) de usuários de internet sem qualquer crivo judicial (art. 12).

5. BLOQUEIO GERAL DAS REDES SOCIAIS E APPS DE MENSAGEM

Com mais de 50 artigos, o projeto cria inúmeras hipóteses que podem ensejar bloqueio dos provedores redes sociais, abrindo espaço para enorme insegurança e incerteza para quem trabalha dependendo da internet. Bloqueios como os que vimos, do Whatsapp, vão se multiplicar em todas as redes (art. 40 e restantes).

6. LEGALIZAÇÃO DO MINISTÉRIO DA VERDADE

O texto legitima as redes sociais como ministério da verdade, legalizando seus termos de uso para derrubar qualquer tipo de postagem que desejarem (Art. 9). O relatório ainda dá o poder para as plataformas de definir quais são os casos excepcionais e quais outros vão exigir uma defesa prévia para remoção de conteúdo (art. 10, caput e § 5º).

7. BLACK MIRROR NA VIDA REAL

O texto cria um sistema em que pessoas darão notas às outras e isso gerará prejuízos a quem for “mal classificado” (art. 14 e 15). Os critérios de classificação serão definidos pelas plataformas, abrindo espaço para todo tipo de abusos.

8. LEGALIZAÇÃO DO ASSÉDIO E DOS ATAQUES

O PL legaliza as práticas de assédio e ataques na Internet pelo sistema de notas e ao prever que a pessoa será rotulada por qualquer denúncia que receber, mesmo as infundadas e antes da análise do mérito (art. 11). Quem tiver pontuação baixa não conseguirá ter seu conteúdo acessado e poderá inclusive perder a conta.

9. CRIMINALIZAÇÃO DE QUEM APENAS COMPARTILHA CONTEÚDOS

O relatório pode jogar na cadeia por três a seis anos pessoas que repassaram conteúdos sem saber se são falsos (art. 47). Uma medida desproporcional e condenada por todas as relatorias internacionais de Direitos Humanos. Hoje, 59% das pessoas têm acesso à internet só pelo celular e muitas vezes não podem sequer checar conteúdos por não terem acesso a outros sites além do Whatsapp para checar as informações que recebem.

10. ATIVISMO E JORNALISMO EM RISCO

Sem delimitar o que é “desinformação” ou “conteúdo manipulado”, a lei usa esses termos no novo enquadramento de organização criminosa e lavagem de dinheiro, abrindo enorme espaço de criminalização de qualquer ativismo, movimento social e jornalismo (art. 49 e 50).

Por isso, a Coalizão Direitos na Rede considera inadmissível a votação deste texto nesta terça-feira (2/06).

Precisamos debater seriamente e com tempo o relatório.

Os danos para a Internet brasileira e os direitos de seus usuários podem ser irreversíveis.

PS do Viomundo: O PL foi retirado da pauta até a semana que vem.

Em acordo com o autor @Sen_Alessandro, o relator @angelocoronel_ , e os líderes partidários do Senado Federal, determinei o adiamento para a próxima semana da análise do PL 2630/2020, que trata sobre fake news. A matéria estava prevista para a sessão desta terça-feira. Davi Alcolumbre, presidente do Senado.


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Comentários

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Zé Maria

https://twitter.com/i/status/1267939799702343680

Olha só o Laçaço que a ex-Consulesa da França no Brasil deu na CNN,
por contratar um Racista para o Quadro Jornalístico da Emissora de TV.

https://twitter.com/rogeriotomazjr/status/1267993903124398080

Zé Maria

A Mídia Venal tá dizendo que o Coletivo Anonimous
está publicando dados sigilosos do Clã Bolsonaro.

Mas a Declaração de Bens, pelo menos, é Pública:
https://pbs.twimg.com/media/EZeQexVXQAIRnBL?format=jpg

Zé Maria

No Brasil existem muitos Experts em Tecnologia da Informação.

O Senado deveria designar Audiências Públicas, tal como o fez
na Votação do Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014).
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/280/r135-31.pdf?sequence=4

Aliás, poderia também aguardar os julgamentos das Ações e dos
Recursos que tramitam sobre a Matéria no Suprema Corte.
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=439177
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=444283

Os Parlamentares devem se convencer que, uma vez aprovado o PL 2630,
haverá muita injustiça e pouca eficácia no combate a Fake News, além de
distorcer o alcance da Lei do Marco Civil da Internet que é Democrático.

Diante disso, espera-se que o Senador Alcolumbre não considere censurável
o presente comentário, por eventualmente considerá-lo inverídico, inclusive
as matérias acima ‘linkadas’ publicadas originalmente nos sítios do STF e do
próprio Senado Federal.

Zé Maria

Deixaram de fora do PL as Fake News das Empresas de Comunicação.

Zé Maria

Os Blogs serão os Mais Prejudicados com esse Projeto.

Henrique Martins

Complementando meu comentário anterior, sugiro que os artistas interpretarem outras músicas tais como:

Apesar de você – Chico Buarque
Mosca na sopa – Raul Seixas
O bêbado e o equilibrista – João Bosco e Aldir Blanc
Eu quero é botar meu bloco na rua – Sergio Sampaio
Como nossos pais – Belchior
Comportamento Geral – Gonzaguinha
Alegria, alegria – Caetano Veloso
Aquele Abraço – Gilberto Gil
Primavera dos dentes – Secos e Molhados

Henrique Martins

Complementando meu comentário anterior, segue uma lista de músicas que os nossos artistas podem interpretar em conjunto para salvar o país:

Apesar de você – Chico Buarque

O Bêbado e o equilibrista – João Bosco e Aldir Blanc

Mosca na sopa – Raul Seixas

Alegria, alegria – Caetano Veloso

Como nossos pais – Belchior

Comportamento geral – Gonzaguinha

Eu quero é botar meu bloco na rua – Sergio Sampaio

Henrique Martins

URGENTE

Sugiro aos artistas que aderirem ao protesto Somos 70 por cento para interpretarem em conjunto o hino contra a ditadura composto por Geraldo Vandré.
Fiquem certos de uma coisa: a gente vai derrubar Bolsonaro e sua trupe fanática, miliciana e neonazista.

Henrique Martins

Por favor,
Quem tiver contato com Chico Buarque peçam a ele para assinar o manifesto Somos 70 por cento e gravar live com vários cantores interpretando sua música Cálice, trocando a palavra Cálice por Fascismo.
Ou seja, ‘Pai afasta de mim o fascismo…. Pai. Afasta o fascismo. Pai. Afasta de mim o fascismo de vinho tinto de sangue’

Antenor

A minha sugestão para o TSE amenizar as fakes news dentro do processo eleitoral é usar o espectro eletromagnético e, portanto, o horário eleitoral para alertar os eleitores a não nortearem seus votos com fake news e sempre consultarem a página do tse para conferirem as informaçoes e denunciarem quando contatarem se tratar de fake news. Paralelamente o TSE teria que ter um serviço eficiente de acompanhamento das redes para desmentir informações falsas. O TSE tem que insistir que a única fonte confiável e segura de informação sobre os candidatos é realmente o horário eleitoral e os debates e que é para isso que eles existem.
Se for preciso fazer isso por meio da legislação eu sugiro aos nossos parlamentares se debruçarem sobre o assunto desde já.

Antenor

Sim. Concordo inteiramente. Então a esquerda tem que fazer o contraponto e apresentar um projeto urgentemente um que garanta as liberdades individuais e resolva o problema.
Vamos colocar a cabeça para funcionar caros amigos.

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