Pedro Parente pede demissão da Petrobrás; veja a íntegra da carta a Temer

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José Cruz/Agência Brasil

José Cruz/Agência Brasil

Da Redação

Pedro Parente pediu demissão da presidência da Petrobrás na manhã desta sexta-feira (01/06).

A companhia divulgou o seguinte comunicado ao mercado:

“A Petrobras informa que o senhor Pedro Parente pediu demissão do cargo de presidente da empresa na manhã de hoje. A nomeação de um CEO interino será examinada pelo Conselho de Administração da Petrobras ao longo do dia de hoje. A composição dos demais membros da diretoria executiva da companhia não sofrerá qualquer alteração. Fatos considerados relevantes serão prontamente comunicados ao mercado.”

Parente ficou exatamente dois anos no cargo, já que tomou posse em 1º de junho de 2016.

Em uma carta enviada ao presidente Michel Temer, com quem se reuniu na manhã desta sexta, Parente diz que a greve dos caminhoneiros e “suas graves consequências para a vida do país” desencadearam um debate “intenso e por vezes emocional” sobre as origens da crise.

“Diante deste quadro fica claro que a minha permanência na presidência da Petrobras deixou de ser positiva e de contribuir para a construção das alternativas que o governo tem pela frente”, complementa

A íntegra da carta de demissão:

Excelentíssimo Senhor Presidente da República,

Quando Vossa Excelência me estendeu o honroso convite para ser presidente da Petrobras, conversamos longamente sobre a minha visão de como poderia trabalhar para recuperar a empresa, que passava por graves dificuldades, sem aportes de capital do Tesouro, que na ocasião se mencionava ser indispensável e da ordem de dezenas de bilhões de reais. Vossa Excelência concordou inteiramente com a minha visão e me concedeu a autonomia necessária para levar a cabo tão difícil missão.

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Durante o período em que fui presidente da empresa, contei com o pleno apoio de seu Conselho. A trajetória da Petrobras nesse período foi acompanhada de perto pela imprensa, pela opinião pública, e por seus investidores e acionistas. Os resultados obtidos revelam o acerto do conjunto das medidas que adotamos, que vão muito além da política de preços.

Faço um julgamento sereno de meu desempenho, e me sinto autorizado a dizer que o que prometi, foi entregue, graças ao trabalho abnegado de um time de executivos, gerentes e o apoio de uma grande parte da força de trabalho da empresa, sempre, repito, com o decidido apoio de seu Conselho.

A Petrobras é hoje uma empresa com reputação recuperada, indicadores de segurança em linha com as melhores empresas do setor, resultados financeiros muito positivos, como demonstrado pelo último resultado divulgado, dívida em franca trajetória de redução e um planejamento estratégico que tem se mostrado capaz de fazer a empresa investir de forma responsável e duradoura, gerando empregos e riqueza para o nosso país.

E isso tudo sem qualquer aporte de capital do Tesouro Nacional, conforme nossa conversa inicial. Me parece, assim, que as bases de uma trajetória virtuosa para a Petrobras estão lançadas.

A greve dos caminhoneiros e suas graves consequências para a vida do País desencadearam um intenso e por vezes emocional debate sobre as origens dessa crise e colocaram a política de preços da Petrobras sob intenso questionamento. Poucos conseguem enxergar que ela reflete choques que alcançaram a economia global, com seus efeitos no País.

Movimentos na cotação do petróleo e do câmbio elevaram os preços dos derivados, magnificaram as distorções de tributação no setor e levaram o governo a buscar alternativas para a solução da greve, definindo-se pela concessão de subvenção ao consumidor de diesel.

Tenho refletido muito sobre tudo o que aconteceu. Está claro, Sr. Presidente, que novas discussões serão necessárias. E, diante deste quadro fica claro que a minha permanência na presidência da Petrobras deixou de ser positiva e de contribuir para a construção das alternativas que o governo tem pela frente. Sempre procurei demonstrar, em minha trajetória na vida pública que, acima de tudo, meu compromisso é com o bem público. Não tenho qualquer apego a cargos ou posições e não serei um empecilho para que essas alternativas sejam discutidas.

Sendo assim, por meio desta carta, apresento meu pedido de demissão do cargo de Presidente da Petrobras, em caráter irrevogável e irretratável. Coloco-me à disposição para fazer a transição pelo período necessário para aquele que vier a me substituir.

Vossa Excelência tem sido impecável na visão de gestão profissional da Petrobras. Permita-me, Sr. Presidente, registrar a minha sugestão de que, para continuar com essa histórica contribuição para a empresa — que foi nesse período gerida sem qualquer interferência política — Vossa Excelência se apoie nas regras corporativas, que tanto foram aperfeiçoadas nesses dois anos, e na contribuição do Conselho de Administração para a escolha do novo presidente da Petrobras.

A poucos brasileiros foi dada a honra de presidir a Petrobras. Tenho plena consciência disso e sou muito grato a que, por um período de dois anos, essa honra única me tenha sido conferida por Vossa Excelência.

Quero finalmente registrar o meu agradecimento ao Conselho de Administração, meus colegas da Diretoria Executiva, minha equipe de apoio direto, os demais gestores da empresa e toda força de trabalho que fazem a Petrobras ser a grande empresa que é, orgulho de todos os brasileiros.

Respeitosamente,

Pedro Parente

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Petroleiros comemoram queda de  Pedro Parente 

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Comentários

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L’Amie

Ao que tenho visto, o caso da Petrobrás é velho, vem dantes da sua fundação, Monteiro Lobato que o diga, fosse ele vivo. O sindicato dos petroleiros já deveria ter feito uma cartilha contando toda a história do petróleo no Brasileira, afinal a juventude que não lê, e é muita, que encontrou uma escola sucateada e pais alienados, não conhece a verdade. Em plena crise que nos encontramos, a copa na Rússia está em pauta e a industria do ramo se regalando. Tem quem diga que a inflação comeu-lhe o salário, mas vão à banca e compram álbuns e policromos caríssimos, afinal, tendo pão e circo pra que dar atenção ao resto. Sim, no Brasil se houver cerveja, cigarro, mulher, carnaval, futebol, sambinha; o resto é na Verdade RESTO. Isso é muito bom para as associações FEBRABAN, FIESP, FIRJAN, FETRANSPOR, judiciário, câmara, senado etc

Albasgodel

Uma frase chula, de gente baixa, mas cabível no contexto: “Tchau querido.”

Fabiana

Agora, tem que mudar a politica de preços da Petrobras. Por um CEO que entenda muito do negocio Petroleo e acima de tudo que nao seja um capataz do deus mercado.
Pedro Parente era só um gerentão do PSDB, estava na Pertobras principalmente defendendo os interesses do PSDB e de americanos somente, nunca se preocupou com o povo brasileiro. Só cumpria ordens.
E o gás de cozinha vai continuar subindo toda semana ? E a gasolina ?
O gerentão do PSDB Pedro Parente acha que brasileiro ganha em dólar. E muitos jornalistas e analistas politicos da direita da globo, folha, estadao, bandnews, devem ganhar em dolar e viver na economia dolarizada americana, pois defenderam o Parente até hj. Bando de safado. A opiniao deles é para agradar o dono do jornal e o presidente da republica.

Kakashi

Vá pra cadeia logo e NUNCA MAIS VOLTE pras ruas Parente!

Julio Silveira

Saiu quando nem deveria ter entrado, saiu tarde mais um lesa patria que deixará para a sociedade brasileira prejuizos materiais e imateriais incalculaveis, na certeza de que jamais serão incomodados pelas consequencias deixadas. Como se arrazar as instituições de um país tivesse que ser a coisa mais natural do mundo, uma brincadeirinha que não deu certo.
A tolerancia nacional do brasileiro bonzinho tem permitido que a incompetencia, também a malignidade, de pseudos genios, sustentados por estruturas politicas, garantidoras apenas de seus interesses, carreguem o Brasil para as cavernas do primeiro mundo.

Luis Leite

Este e um fator importante mas não e a solução tem que fazer uma faxina na direção da petrobras

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