Paulo Metri: Os novos corsários atacam na Venezuela e no Brasil

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Novos corsários

Por Paulo Metri

A matéria “Disputa entre Maduro e Guaidó por reservas de ouro chega à Suprema Corte britânica”, do Correio Brasiliense de 19 de julho de 2021, coloca a questão com detalhe. Copio, a seguir, uns poucos trechos da matéria.

“Quem tem o controle de US$ 1 bilhão em reservas de ouro venezuelano guardadas no Banco da Inglaterra: Nicolás Maduro, ou Juan Guaidó? Após mais de um ano de disputa legal, o caso começa a ser examinado pela Suprema Corte britânica, nesta segunda-feira (19/7).”

“O Reino Unido integra o grupo de 50 países, liderados pelos Estados Unidos, que consideram ilegítimo o segundo mandato de Maduro. Ele foi reeleito em 2018, em um pleito denunciado por muitos como fraudulento.”

“Em um caso de grande tecnicismo jurídico, cinco magistrados do principal tribunal do Reino Unido deverão determinar se, efetivamente, ‘o governo britânico reconhece o presidente interino Guaidó como chefe de Estado da Venezuela’ para todos os efeitos.”

O capitão inglês Francis Drake, vice-almirante do Reino da Inglaterra, era um corsário e, assim, tinha permissão para pilhar navios de nações inimigas da Inglaterra.

Desta forma, Drake era um pirata a serviço do império inglês. Uma de suas tarefas, ao se aventurar ao mar, era trazer riqueza para a coroa.

Em 1581, Isabel I da Inglaterra o condecorou como cavaleiro. Tantos prejuízos ele acarretou para a Espanha que o rei Filipe II ofereceu uma recompensa por sua vida de 20.000 ducados, cerca de £ 4.000.000.

No novo modelo, os corsários são os membros da Suprema Corte Britânica. Um dado é indiscutível: este ouro pertence à sociedade venezuelana.

Além disso, esta corte não tem a isenção necessária para julgar corretamente qual presidente é melhor para esta sociedade.

A única esperança para uma decisão favorável à sociedade é devido ao Banco da Inglaterra possivelmente ser depositário de riquezas de outros países em situação análoga e ele não quer perder clientes.

Neste imbróglio, o princípio da autodeterminação dos povos não foi respeitado.

Também, utiliza-se lawfare como instrumento de apropriação de mandato ganho por outro em eleição.

Outro ponto digno de observação é que Guaidó, se ratificado como novo presidente da Venezuela e se conseguir assumir o mandato de fato, o que será bastante difícil, irá buscar reverter contratos assinados por Maduro.

Esta hipótese sepulta o conceito de “ato jurídico perfeito”.

Com relação a esta situação e me atendo ao caso brasileiro, eu concordo com a anulação dos contratos pelos seguintes motivos.

Dilma foi afastada e Temer assumiu através de “lawfare despudorado”, pois não existiu crime de responsabilidade e Temer deu inicio à destruição da economia brasileira.

A eleição de 2018 foi outra fraude, graças às “fake news também despudoradas”, disseminadas com fartura por robôs.

Assim, Temer não representou e Bolsonaro não representa, legitimamente, a sociedade brasileira e, com isso, seus atos não são “socialmente perfeitos”, que é um requisito superior ao dos atos serem “juridicamente perfeitos”.

Com maior razão, quando nosso patrimônio é entregue a preço vil.

Desta forma, Requião, Ciro, Lula, Estrella, Bercovici e tantos outros estão corretos ao dizerem que se deve revogar privatizações, concessões, renuncias de impostos e outros contratos lesivos, ocorridos nos dois períodos das trevas.

*Paulo Metri é conselheiro do Clube de Engenharia.


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Comentários

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Nelson

Os governos dos Estados Unidos e da Inglaterra são os primeiríssimos a cobrarem e a prescreverem respeito à democracia, à autodeterminação dos povos, a contratos, liberdade de expressão e de imprensa, e o escambau. Um conjunto de atributos, procedimentos e posturas que, volta e meia, são flagrados a, solenemente, desrespeitarem.

Essa de se apossarem de reservas de ouro da Venezuela, ainda que alargue ainda mais os parâmetros dos absurdos cometidos pelos ditos países civilizados, e possa parecer para muitos algo completamente fora de propósito, não chega a surpreender.

É de lembrarmos que os mesmos países “meteram a mão grande” em nada menos de U$ 230 bilhões em reservas pertencentes ao povo líbio e, hoje, passados já 10 anos do desmantelamento do país norte-africano, não temos notícias de quem as tenham devolvido a seus legítimos donos.

A agregar que a pirataria, o tráfico de escravos e o tráfico de drogas garantiram a chamada acumulação primitiva, essencial para que a Inglaterra fosse o primeiro país a dar o salto na direção da industrialização.

Então, ainda que se utilizem de toda a soberba imaginável para condenar, por supostos desvios de conduta, países que ousem desobedecer a seus ditames, EUA e Inglaterra têm um passado que fede demais para que possam ter credibilidade para imporem respeito.

Zé Maria

https://twitter.com/i/status/1419325821383290884
E as Lutas Olímpicas?
Agora são Exercícios
de Sado-Masoquismo?
https://twitter.com/CMonteroOficial/status/1420085923577057284
Ah, se fossem Cubanos ou Venezuelanos,
o que diriam as Agências Internacionais?
https://twitter.com/ErikaOSanoja/status/1420102669696487428

Nilton Carvalho

Se mais de vinte representantes de diversos países, inclusive dos EUA, foram acompanhar as eleições na Venezuela e não viram nada de errado, agora além do petróleo venezuelano, o maior do mundo, os EUA também vai querer o dinheiro da Venezuela. EUA é um país de assassinos que quer comandar o mundo.
O que é bom para os EUA e para o telejornais brasileiros, não prestam para o povo brasileiro.

ROBERTO WEBER

Falando de “ato jurídico perfeito”, um que não deixa margem para recurso, e que poderemos utilizar após nos livrarmos dos “malas” que atualmente ocupam o poder, chama-se paredón…

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