Patrus: Nosso desafio é integrar o desenvolvimento à preservação das fontes da vida

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Nascente do rio São Francisco, em São Roque de Minas. Foto: Reprodução/Arquivo pessoal/Patric Oliveira

Em nome da vida

por Patrus Ananias*

Celebramos nessa sexta-feira, 5 de junho, o Dia Mundial do Meio Ambiente.

A humanidade enfrenta, além da tragédia humana e social do coronavírus, um desafio histórico: aproximadamente um bilhão de seres humanos não se alimenta de forma adequada; outros dois bilhões, se conseguem se alimentar, ainda que seja com alimentos contaminados pelo uso abusivo de agrotóxicos, não têm acesso a bens e serviços essenciais, a uma vida digna, como a moradia decente, transporte coletivo limpo e a tempo, atividades culturais, lazer criativo.

Enquanto essas pessoas, famílias e comunidades lutam e sofrem, uma pequena minoria riquíssima consome e desperdiça desbragadamente.

Os detentores do poder econômico e que se julgam donos do mundo só consideram os seus lucros.

O planeta dá visíveis sinais de cansaço.

O Brasil vive intensa e dramaticamente esta encruzilhada histórica.

Depois da destruição da Mata Atlântica, do Cerrado que é o cenário visível da obra transcendental de Guimarães Rosa, estamos assistindo à destruição da Amazônia, do Pantanal Mato-grossense, à escalada contra os nossos recursos hídricos e contra nossa biodiversidade.

O ministro do Meio Ambiente quer aproveitar o sofrimento imposto pela Covid-19 para passar a boiada da destruição.

Precisamos dar um sentido mais amplo e integrado à palavra desenvolvimento.

Além do desenvolvimento econômico e social impõe-se a construção de um modelo de desenvolvimento que integre e priorize o desafio ambiental, a preservação das fontes da vida. Há que ser, em nome da vida, uma postura propositiva, anunciadora.

O desafio é mostrar a preservação das águas, da biodiversidade, dos ecossistemas como fatores de desenvolvimento.

Nessa perspectiva cito três exemplos nossos: as regiões que conformam as bacias do rio São Francisco, o esplêndido e machucado rio da unidade nacional; do rio Doce, tragicamente comprometido pela tragédia criminosa em Mariana; do rio Jequitinhonha, que encantou Saint-Hilaire nas suas andanças por Minas Gerais e pelo Brasil há dois séculos.

Essas regiões só realizarão as suas extraordinárias potencialidades de desenvolvimento integrado e sustentável com a plena recuperação dessas belíssimas e agredidas redes fluviais e do meio ambiente que lhes dá proteção.

Às pessoas, movimentos e entidades comprometidos com a soberania e o projeto nacional fundados no Estado Democrático de Direito e nos direitos fundamentais, precisamos incorporar às nossas reflexões e ações a questão ambiental, não como uma questão específica e marginal, mas como um desafio vivo que deve perpassar todas as políticas públicas, planos e obras governamentais e não governamentais.

Ponto de convergência entre o Estado e a sociedade, compromisso com as nossas vidas e as vidas futuras.

*Patrus Ananias é deputado federal (PT-MG), secretário-geral da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Soberania Nacional. Foi ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, no governo Lula, e do Desenvolvimento Agrário, no governo Dilma Roussef, prefeito e vereador de Belo Horizonte.


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