Partido Militar fez manobra diversionista para se afastar dos 500 mil mortos

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Reprodução

O Partido Militar e a mudança ministerial

Por Jeferson Miola, em seu blog

Não é nada trivial, para não dizer raríssimo, acontecer a súbita demissão de 6 ministros e, em pouco mais de 2 horas, todas as substituições serem velozmente processadas.

Igualmente raro é o clima geral de normalidade na imprensa e nos meios políticos com os novos titulares acomodados nas vagas abertas, sem maiores celeumas.

É custoso acreditar que haja improviso neste vertiginoso e, aparentemente, metódico processo.

O contexto leva a crer que possa ter sido uma operação planejada previamente.

Afinal, só se tinha como certa e inevitável a demissão de um único ministro, o lunático Ernesto Araújo, e não se tinha a menor ideia de que o substituto seria o inerte diplomata Carlos França, que fará de boca fechada o mesmo que o bufão antecessor fazia com histrionismo.

A hipótese de a demissão coletiva ter sido mais uma encenação não deve, portanto, ser descartada, sobretudo porque são os militares que comandam o “teatro das operações”.

Eles atuam permanentemente, de modo simultâneo e paralelo, ao mesmo tempo como incendiários e como bombeiros.

A partir de análises e pesquisas próprias e da leitura de estudos de especialistas na questão militar, parto do pressuposto de que Bolsonaro é um fantoche de um governo militar – que é bem diferente de um governo com militares.

O governo e todo processo é comandado pelos generais do Partido Militar – “o senhor é um dos responsáveis por eu estar aqui”, disse o agradecido Bolsonaro ao ex-comandante do Exército, general Villas Bôas.

Mas não se pode eliminar a hipótese de que o enfraquecido Bolsonaro, diante do risco de descarte pelo Partido Militar, busca ostentar sua base social explosiva: policiais militares estaduais e polícias em geral; soldados, praças e setores da oficialidade das Forças Armadas; milícias armadas e fundamentalistas religiosos.

O estímulo da matilha bolsonarista à sedição dos policiais militares da Bahia e a escolha do ministro da Justiça são coerentes com a hipótese.

Mesmo esta narrativa acaba sendo benéfica para o Partido dos generais, porque ela reforça o papel que os comandos das Forças Armadas se auto-atribuem como garantidores do sistema, e assim continuam pairando como uma névoa densa acima da democracia, do Estado de Direito e das instituições civis.

Voltando à hipótese de encenação, mencionada acima, é de se perguntar: e se a mexida no ministério foi uma operação diversionista do Partido Militar, qual poderia ser a motivação para isso?

A resposta à pergunta pode estar nas manchetes de capa de todos principais jornais do país.

De tão uníssonas, até parece que toda imprensa apenas reproduziu o release da comunicação do Exército:

– “Bolsonaro troca 6 ministros, afaga o centrão e surpreende militares”, FSP;

– “Pressionado, Bolsonaro cede ao Centrão e tenta controlar militares”, O Globo;

– “Ministro da Defesa cai por recusar uso político das Forças Armadas”, Estadão;

– “Militares resistem a alinhamento”, Valor Econômico;

– “Bolsonaro cede a Centrão e abre crise com militares”, Correio Braziliense.

Com esta narrativa, repetida de modo automático e alienado em praticamente toda mídia, os generais tentam incutir a falsa ideia de distanciamento/dissociação das Forças Armadas do governo que foi eleito, foi montado e é gerido pelo próprio Partido Militar.

Fazem isso mesmo que um general da ativa, cumprindo missão autorizada pelo Comandante do Exército, seja o responsável objetivo e subjetivo pelo genocídio que ultrapassa 300 mil mortes.

O motivo alegado para a demissão do general Fernando Azevedo e Silva cai como uma luva para a construção da falácia: teria sido a suposta contrariedade do Bolsonaro com entrevista do general Paulo Sérgio expondo a visão científica do Exército em contraposição à posição negacionista do governo no enfrentamento da pandemia.

O superdimensionamento de benefícios ao “centrão” descrito nas manchetes e reportagens também é bastante útil à narrativa dos generais. Afinal, tentam desvincular o “puro” e incorruptível Partido Militar daqueles que um dia Augusto Heleno cantarolou “se gritar pega centrão, não fica um meu irmão”.

Ao contrário do que a mídia propaga, a mexida no ministério fortaleceu a ideia de que os generais “legalistas” [sic] são ainda mais indispensáveis no processo político.

Depois da volta do Lula, o Partido Militar move as peças do tabuleiro para ajustar sua estratégia à nova realidade. O arranjo diversionista do governo é parte deste movimento.

Em paralelo, os generais investem na formação de uma frente anti-Lula juntando a direita tradicional, a mídia hegemônica e as facções da extrema-direita – moro-lavajatista e militar-bolsonarista – para a eleição de 2022.

O general Santos Cruz e Sérgio Moro estão sendo testados como possibilidade de assumirem, desta vez, o papel de Cavalo de Tróia do Partido Militar que já foi desempenhado por Bolsonaro.

Nos últimos dias, este general que coordenou a campanha de Bolsonaro em 2018 participou de diversas transmissões pela internet, entre elas com o MBL. E o juiz-ladrão, que vem recebendo um tratamento de repaginação de imagem na mídia dominante, como no Jornal Nacional de 30/3.

PS do Viomundo: Previsão de 500 mil mortos pela covid no Brasil no final de julho.


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Comentários

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Zé Maria

BolsoAsno e o Milico Heleno Mijão
estão enredando o rastro para voltar à carga da Intervenção nos Poderes com amparo no artigo 142 da Constituição que o Supremo já se manifestou afirmando que não cabe a aplicação do dispositivo para esse fim.
Talvez, a intenção Governo com todo esse tumulto militar seja precisamente causar desordem,
para justificar a intervenção para garantia da leidentidade e da ordem.

Zé Maria

“In Fucks we trust” decidirá quem será Relator
da Reclamação oposta pela Defesa de Lula

O ministro do Supremo Tribunal Federal
Luiz Edson Fachin, nesta terça-feira (30/3),
submeteu ao presidente da Corte, Luiz Fux,
a decisão sobre quem será o relator de
reclamação do ex-presidente Lula —
o próprio Fachin ou Gilmar Mendes.

A defesa do petista ajuizou o pedido
na última quinta-feira (25/3), depois que
o juiz Luiz Antonio Bonat, da 13ª Vara Federal
de Curitiba, suspendeu o envio das ações
que corriam contra Lula no Paraná e que
foram anuladas por Fachin no último dia 8.

Bonat disse que, como a 2ª Turma do Supremo
declarou o ex-juiz Sergio Moro suspeito
para julgar Lula no caso do tríplex do Guarujá
(HC 164.493), a decisão de Fachin que
determinava o envio das ações contra o
ex-presidente ao Distrito Federal teria ficado
prejudicada.

Os advogados de LULA, então, enviaram
a reclamação diretamente a Gilmar,
levando em conta que ele se tornou prevento para relatar os procedimentos ligados à suspeição de Moro
ao proferir o voto vencedor no julgamento que considerou o ex-magistrado parcial.

Ainda assim, a Presidência do STF distribuiu
o caso a Fachin, antigo relator da suspeição.

Em uma nova reclamação ajuizada na
sexta-feira (26/3), dessa vez direcionada
a Fachin, a defesa pediu a redistribuição
do feito a Gilmar.

A peça é assinada por Cristiano Zanin, Valeska Martins, Maria de Lourdes Lopes e Eliakin Tatsuo.

O argumento leva em conta o artigo 38, II,
do Regimento Interno do Supremo.

De acordo com o dispositivo, o relator, quando vencido no julgamento, é substituído “pelo ministro designado para lavrar o acórdão”, ou seja, por aquele que proferiu o voto vencedor.

Como a maior parte da 2ª Turma do STF seguiu voto divergente aberto por Gilmar,
ele se torna relator, ficando responsável inclusive por dirimir eventuais dúvidas sobre a suspeição.

Rcl STF Nº 46.499

Zé Maria

Entrevista: LULA, Melhor Presidente do Brasil

Na TV ConJur: (https://youtu.be/qOc3LGGFyCw)

Íntegra: (https://youtu.be/Nw3Br0I1MsM)
.
.

Zé Maria

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Conforme a Suprema Corte, Moro é um Fora-da-Lei.
Os Milicos não se arriscarão a se juntar com ele.
Indiretamente, com a Mídia Venal (Globo), sim.
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Zé Maria

O Lula deve urgentemente ajuizar
uma Queixa-Crime contra o Moro
com fulcro na Decisão da 2ª Turma
do STF, para afastar esse ex-juizéco.

Zé Maria

No momento, a luta que se trava é
entre o Antipetismo e a Legalidade.

    Zé Maria

    .
    .
    Durante a sessão desta terça-feira (30/3),
    os ministros da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal
    fizeram um desagravo ao ex-Advogado-Geral da União [AGU] José Levi Mello do Amaral Júnior, demitido da AGU um dia antes.

    “Faço votos que este eminente jurista tenha prosseguimento em sua brilhante carreira”, destacou o ministro Ricardo Lewandowski, que pediu a palavra para comentar a demissão de Levi, um “excelente profissional”.

    “As palavras de Vossa Excelência são as palavras de todos nós. Todos que o conhecemos sabemos avaliar a profundidade e a importância do trabalho realizado pelo doutor Levi”, acompanhou Gilmar, que ainda disse que Levi é um “eminente professor, qualificado e reconhecido no âmbito nacional e internacional”. Edson Fachin e Cármen Lúcia acompanharam o desagravo.

    Recentemente, Levi se recusou a assinar uma ação do presidente Jair Bolsonaro no Supremo contra o toque de recolher determinado por governadores. A peça foi assinada apenas pelo presidente, mas rejeitada pelo decano Marco Aurélio Mello, que classificou a falta da assinatura da AGU um “erro grosseiro”.

    (https://www.conjur.com.br/2021-mar-30/ministros-stf-fazem-desagravo-ex-agu-jose-levi)

    O Ministro Marco Aurélio informou ao STF que que vai se aposentar em 5 de julho deste ano.
    Decano da Suprema Corte completa 75 anos
    em 12 de julho, mas informou que sairá
    alguns dias antes da aposentadoria compulsória.

    (http://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=463228&ori=1)
    .
    .

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