Nature escolhe demitido por Bolsonaro como um dos 10 cientistas do ano; vídeo

Tempo de leitura: 2 min

Ex-diretor do Inpe Ricardo Galvão é escolhido um dos 10 cientistas de 2019 pela revista ‘Nature’

Galvão foi exonerado em julho após reagir a críticas de Bolsonaro a dados do instituto, que indicavam alta no desmatamento na Amazônia neste ano.

Por Poliana Casemiro, G1 Vale do Paraíba e Região

O físico Ricardo Galvão, ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foi incluído na lista da revista “Nature” de 10 cientistas que se destacaram em 2019.

A relação completa de cientistas será publicada na terça-feira (17).

Galvão, que ocupava o cargo desde 2016, foi exonerado em agosto deste ano depois de rebater críticas do presidente Jair Bolsonaro aos dados do instituto, que indicavam alta no desmatamento na Amazônia.

Bolsonaro disse, em julho, que os números divulgados dias antes – e que registravam um aumento de 88% nos alertas de desmatamento – não coincidiam com a verdade, e que “parece até que [o presidente do Inpe] está a serviço de alguma ONG”.

Após a fala, Galvão saiu publicamente em defesa da pesquisa.

Em entrevista ao G1 na época, disse que a postura do presidente era uma afronta à ciência e ao instituto e comparou as acusações a uma “piada de um garoto de 14 anos”.

Após embate com Bolsonaro, diretor do Inpe anuncia exoneração

Na ocasião, a revista “Nature” publicou um artigo repercutindo os dados do Inpe sobre a Amazônia e a posição do presidente em questionar dados científicos.

Meses depois da demissão de Galvão, uma pesquisa do Inpe confirmou o que os alertas já indicavam: o desmatamento cresceu na Amazônia.

Segundo o Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), entre agosto de 2018 e julho de 2019, a área desmatada na Amazônia aumentou 29,5% em relação ao período anterior (agosto de 2017 a julho de 2018).

Sem arrependimentos

Em entrevista ao G1 nesta sexta-feira, Ricardo Galvão disse que sua atitude foi acertada e fez o governo tomar mais cuidado com o que diz.

“Essa homenagem [da revista] mostra que a minha reação ao governo foi correta. Os agentes públicos têm que saber que não existe autoridade acima da soberania da ciência. […] Eu não me arrependo do que fiz, eu teria feito como fiz”, afirmou Galvão ao G1, nesta sexta-feira.

O físico disse que sua demissão repercutiu de forma diferente do que esperava o governo Bolsonaro.

“Fui atacado e reagi. Ele queria descredibilizar nosso trabalho e, ainda que eu tenha perdido meu cargo, isso repercutiu diferente do esperado por eles. Os olhos do Brasil e do mundo se voltaram para a Amazônia e para a ciência. E, não só isso, como estou sendo congratulado.”

Currículo

Ricardo Galvão é formado em engenharia de telecomunicações pela Universidade Federal Fluminense, com mestrado em engenharia elétrica pela Universidade de Campinas e doutor em física de plasmas aplicada pelo Massachusetts Institute of Technology.

Atua como pesquisador desde 1972 e tem mais de 200 artigos publicados.

Desde que deixou o cargo, Galvão voltou para a sua posição de professor no Instituto de Física da Universidade de São Paulo.


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Comentários

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Vladimir

A que ponto chegou o país… Um político zombar de um cientista do INPE.

Zé Maria

http://terrabrasilis.dpi.inpe.br/
http://terrabrasilis.dpi.inpe.br/app/map/deforestation
http://terrabrasilis.dpi.inpe.br/app/dashboard/alerts/legal/amazon/daily/#
http://terrabrasilis.dpi.inpe.br/app/dashboard/deforestation/biomes/legal_amazon/rates
http://www.obt.inpe.br/OBT/assuntos/programas/amazonia/deter
http://www.obt.inpe.br/OBT/assuntos/programas/amazonia/prodes

https://www2.mppa.mp.br/sistemas/gcsubsites/upload/41/Desmatamento%20-%20Corte%20seletivo%20de%20arvores%20na%20Amazonia%20Legal.pdf

Análise dos padrões de degradação florestal e elaboração de chave
de interpretação para imagens IRS2/ sensor AWiFS, no Estado do Pará.

O Plano de Ação para Prevenção e controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm) foi criado em 2004 [Governo LULA (PT)] e tem como objetivos reduzir de forma contínua e consistente o desmatamento e criar as condições para se estabelecer um modelo de desenvolvimento sustentável na Amazônia Legal.
Um de seus três eixos temáticos são o Monitoramento e Controle Ambiental.
Assim, neste mesmo ano é criado pelo INPE o projeto DETER,
um Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real,
desenvolvido como um sistema de Alerta para suporte à fiscalização e controle
de desmatamento e desde a sua criação se tornou uma ferramenta importante
para o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis-IBAMA,
que passou a receber mapas contendo alertas de desmatamento diariamente.

Seguindo a linha evolutiva de aperfeiçoamento dos programas de monitoramento em tempo quase real desenvolvidos pelo INPE,
foi lançado em 2015 [Governo Dilma (PT)] o DETER-B, o qual identifica
e mapeia áreas desmatadas em formações florestais na Amazônia.

Este sistema utiliza imagens do sensor Advanced Wide Field Sensor (AWiFS)
a bordo do satélite RESOURCESAT-2.
[…]
A partir das imagens selecionadas para o Estado do Pará, pode-se mapear
os padrões de degradação florestal que totalizaram seis classes, sendo que
a classe degradação foi subdividida em três estágios.

a) Corte seletivo com padrão desordenado (Tipo 1): faz referência à extração de
madeira que não apresenta traços retilíneos, sendo identificado por pontos
aleatórios na extração de indivíduos de interesse comercial, estradas e ramais
sem direção predominante e com espaçamentos irregulares;
Este padrão apresenta características de áreas que não possuem autorização
de exploração, consideradas como “garimpagem florestal”.

b) Corte seletivo com padrão geométrico (Tipo 2): faz referência à extração de
madeira, que apresenta características de área legalizada, padrão regular das estradas principais, secundárias, ramais e pátios de estocagem com dimensões
e espaçamento regulares, delimitando as estradas por onde são transportadas
a toras;

c) Cicatriz de incêndio florestal: faz referência a áreas com cicatrizes de fogo em áreas de floresta, na grande maioria, originado de forma antropogênica
identificadas geralmente próximas a áreas de vegetação secundária e/ou primária.
Esta prática é usada muitas vezes para limpar o terreno que tenham acúmulo de
vegetação (Queesland, 2013).
Neste padrão pode há a presença de círculos concêntricos em se tratando de
áreas de floresta (Diniz et al, 2015).

d) Degradação: faz referência ao estado intermediário da cobertura vegetal entre
a floresta intacta e a floresta desmatada (Gwervin e Vidal, 2002), se referindo às
áreas de intervenção na floresta caracterizadas pela maior exposição do solo
identificadas na imagem, aqui subdivida em:
degradação intensa, degradação moderada e degradação baixa.
Estas intensidades da classe de degradação são determinadas pela análise visual
da área.

Além do percentual de solo exposto analisado em cada classe, fatores como cor,
tonalidade, forma, textura e o contexto são características inerentes ao processo
de interpretação visual para fins de classificação.

Na proposição de classes de degradação foram seguidos aspectos constantes na
literatura especializada sobre o tema.
Desta forma, o modelo de ocupação na Amazônia colaborou diretamente com o
nível de desmatamento na região resultante do modelo [econômico] implantado:
pecuária extensiva, abertura de estradas, expansão da fronteira agrícola,
ocupação desordenada, exploração madeireira intensiva, entre outros (Feanrside,
2005), além disso, inclui também o nível de degradação como processo incremental
na exploração das florestas (Gwervin e Vidal, 2008).

Para GFOI (2014) degradação florestal representa a perda a longo prazo de
valores florestais, pode ser local (quando se trata a perda de árvores individuais
ou pequenos grupos de árvores) e generalizada (através de incêndios que podem
cobrir milhares de hectares).
Os fatores que envolvem a degradação são diversos, como:
“remoção de biomassa de forma não sustentável, extração seletiva de madeira
ou recolhimento de lenha, queima prescrita ou drenagem de solos de turfa.
Fatores como estresse climático, fogo, infestação de pragas ou doenças,
que embora também ocorram em áreas florestais que não são degradantes,
também podem contribuir”. (GFOI, 2014)

Íntegra: http://marte2.sid.inpe.br/rep/sid.inpe.br/marte2/2017/10.27.14.01.36
Para Download:
https://proceedings.science/sbsr/papers/analise-dos-padroes-de-degradacao-florestal-e-elaboracao-de-chave-de-interpretacao-para-imagens-irs2–sensor-awifs–no-e

https://www.viomundo.com.br/denuncias/diretor-do-inpe-diz-que-atitude-de-bolsonaro-foi-covarde-e-recebe-apoio-de-cientistas.html
https://www.diariodocentrodomundo.com.br/video-na-globo-ex-diretor-do-inpe-bate-em-bolsonaro-e-diz-ao-ministro-salles-que-usa-a-ciencia-nao-o-twitter/

    Zé Maria

    Adendo …
    Segundo Gwervin e Vidal (2008) e Thompson et al. (2015) as práticas madeireiras não
    planejadas e o fogo como força primária são muitas vezes precursoras de outras intervenções
    humanas que originam as degradações e encaminham para o desmatamento total da floresta.
    Além disso, a degradação terá um efeito mais duradouro e perderá sua capacidade de
    regeneração mais rápido em áreas onde há sequência de erosão do solo através da perda de
    bancos de sementes ou fragmentação causada por desmatamentos adjacentes (GFOI, 2014).
    http://marte2.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/marte2/2017/10.27.14.01.36/doc/59483.pdf
    Equivalência Espaço=Tempo:
    http://pcdsh01.on.br/Rel_Atom_ces.htm

Zé Maria

14/12/2019
Dilma Vana Rousseff: 72 anos
“Coragem, Valentia e Resistência”

“Parabéns Dilma, que continuemos juntos
na luta por justiça e pela democracia!”
#ParabensPresidentaDilma

https://twitter.com/MST_Oficial/status/1205905418314227713
https://pbs.twimg.com/media/ELvxvyiWwAEaAiU.jpg
https://pbs.twimg.com/media/ELwvVDjXUAAc38Z.jpg
https://pbs.twimg.com/media/ELxZdD7WoAQEBqk.jpg

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