MST inaugura agroindústria de derivados de milho sem transgênico que terá capacidade de beneficiar 24 toneladas por dia

Tempo de leitura: 4 min
Davi José da Costa é um dos produtores de milho orgânico da cooperativa. Foto: Juliana Barbosa / MST-PR  

ASSENTAMENTO DO MST INAUGURA AGROINDÚSTRIA DE DERIVADOS DE MILHO LIVRE DE TRANSGÊNICO, EM LONDRINA (PR)

Agroindústria terá capacidade de beneficiamento de 24 toneladas de milho por dia. Empreendimento é coordenado pela Cooperativa da Reforma Agrária Copacon, que envolve 13 municípios da região. Na sexta-feira (15), será inaugurada a agroindústria de derivados de milho livre de transgênicos da Cooperativa Agroindustrial de Produção e Comercialização Conquista (Copacon), localizada no Assentamento Eli Vive I, no distrito de Lerroville, em Londrina (PR).

Comunicação MST-PR

A agroindústria terá capacidade de beneficiamento de 24 toneladas por dia. A expectativa é produzir 1 milhão de toneladas de derivados de milho não transgênicos e agroecológicos por ano.

A estrutura atual já garante a comercialização de fubá, farinha de milho biju, canjica amarela e canjiquinha xerém. Os resíduos do milho beneficiado serão transformados em ração para bovinos e suínos.

Segundo Fábio Herdt, presidente da Copacon, o objetivo é ampliar a diversidade de produtos nos próximos cinco anos, também com a produção de quirerinha, canjica branca e flocão.

“A expectativa é que a gente tenha todos esses produtos, que além de muito gostosos, que sejam agroecológicos, com capacidade de venda e com preço justo e de fácil acesso para toda população”, garante Herdt, que é assentado na comunidade.

A conquista da agroindústria chega cinco anos após o início do projeto, e marca mais um passo na estruturação econômica da comunidade, de forma cooperada.

Entre as presenças confirmadas na festa de inauguração está o Bispo de Londrina, Dom Geremias Steinmetz.

Além da visita às estruturas da agroindústria, haverá um almoço gratuito com cardápio preparado com os produtos beneficiados no local, como polenta com frango e quirerinha (xerém) com carne de porco.

A programação também inclui festa julina, apresentação de moda de viola, fogueira, comidas típicas e baile (confira a programação completa abaixo)

As estruturas da agroindústria tiveram investimento de cerca de R$ 5 milhões – a maior parte vindos de recursos próprios e da FINAPOP – Programa de Financiamento Popular da Agricultura Familiar para Produção de Alimentos Saudáveis, e cerca de 600 mil vindos do governo do Estado.

Cooperativa Copacon, no assentamento Eli Vive, do MST, em Londrina (PR): parte das estruturas da agroindústria e a sede administrativa. Fotos: Fábio Herdt e Juliana Barbosa / MST-PR

 

Avanço da produção de alimentos e geração de renda

Criado em 2009, o assentamento Eli Vive é formado por 501 famílias e cerca de 3 mil moradores. É a maior área de Reforma Agrária em região metropolitana do Brasil, com 7.500 hectares.

Desde o início da comunidade, as famílias do Assentamento Eli Vive produzem para o auto sustento e para a comercialização.

Entre as linhas de produção se destacam: leite, hortaliças, café, panificação, frutíferas e grãos, principalmente milho.

Parte dos lotes já conquistaram certificação de produção orgânica e agroecológica, projeto em crescimento na comunidade.

A Copacon foi criada pelas famílias assentadas para otimizar a produção e a comercialização dos alimentos.

Atualmente, cerca de 360 estão associadas à cooperativa, de 13 municípios diferentes. Além da renda gerada para os produtores (as), mais de 20 trabalhadores (as) todos(as) assentados e filhos de assentados são funcionários da cooperativa.

Os números mostram a força produtiva do grupo associado: Na última safra, a cooperativa comercializou 15 mil sacas de milho, 10 mil de soja e 10 mil de feijão preto e carioquinha.

Outras 15 toneladas de alimentos são entregues na Central de Abastecimento (Ceasa) toda semana, além da comercialização de 80 mil litros de leite por mês.

Os alimentos da comunidade também abastecem as escolas públicas da região. São entregues 10 toneladas por semana de alimentos por semana ao Programa de Alimentação Escolar (PNAE), chegando a mais de 100 escolas de Londrina e região.

Uma padaria comunitária, coordenada por mulheres assentadas, também produz panificados para a alimentação escolar.

Mais de 400 crianças e adolescentes estudam em duas escolas municipais e uma estadual do assentamento.

A comunidade também tem um mercado e uma agropecuária na sede da comunidade, além de uma Associação de Mulheres e times de futebol feminino e masculino.

O coletivo de saúde garante a implantação de hortas medicinais em cada lote.

As famílias têm grande preocupação em avançar na preservação e reflorestamento da área, e são guardiãs de mais de 100 minas d’água.

Já foram plantadas mais de 10 mil árvores frutíferas, e ainda este ano, cerca de 40 mil mudas serão plantadas como parte do Plano Nacional Plantar Árvores e Produzir Alimentos Saudáveis.

Cooperação em áreas da Reforma Agrária

A cooperação entre as famílias assentadas e acampadas e o beneficiamento dos alimentos in-natura são a combinação que garante ampliação da geração de renda e de postos de trabalho no campo.

A agroindústria da Copacon é uma das 60 criadas em áreas da Reforma Agrária no Paraná, entre laticínios, padarias e agroindústrias de beneficiamento. Elas estão ligadas a 24 cooperativas da Reforma Agrária, formadas por 7 mil famílias espalhadas por 200 municípios de todo o estado.

Ao todo, mais de 50 produtos são industrializados em áreas da Reforma Agrária, entre café, hortifruti, erva mate, mel, suco, milho e grãos em geral, e derivados de leite e da cana-de-açúcar.

Além da venda ao mercado convencional, em feiras e com venda direta ao consumidor, a produção chega também ao PNAE.

Atualmente as cooperativas e associações da Rede de reforma Agrária são responsáveis pela execução de 22% dos recursos destinados à compra de merenda escolar da Agricultura Familiar pelo estado.

Ao todo, os alimentos da Reforma Agrária chegam a mais de mil escolas estaduais, garantindo refeições saudáveis a cerca de um milhão alunos da rede pública.

Alimentos como feijão e arroz chegam a quase todas as escolas do Paraná.

Programação

9h – Recepção e acolhida

9h30 – Visita à agroindústria

10h – Exposição de alimentos

11h – Ato solene

12h – Almoço

Após o almoço — Moda de viola com Denilson Viola e convidados.

À tarde — Festa julina do Colégio estadual Maria Aparecida Rosignol e continuação com baile.

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Comentários

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Natia Ortega

Temos mto a aprender com o MST, onde compro estes produtos, eu quero.

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