Mauro Santayana: O “livre” comércio de europeus e norte-americanos é uma balela

Tempo de leitura: 2 min

G7

CONTO DO LIVRE COMÉRCIO

por Mauro Santayana, em seu blog

(Hoje em Dia) – Se há um “conto do vigário” recorrente, no qual temos caído, sempre, historicamente, ele é o do “livre” comércio. A tradição de negociar com os de fora em condição de inferioridade, como se fosse tremenda vantagem, é uma marca cultural brasileira, que deve ter se inaugurado quando, na areia, contemplando as primeiras caravelas, os nativos destas terras entregaram aos portugueses confessáveis e inconfessáveis riquezas, em troca de espelhinhos e miçangas.

A Presidente Dilma Roussef retornou, há poucos dias, da Cúpula entre a CELAC – Comunidade dos Estados da América Latina e do Caribe, e a União Europeia, realizada na semana passada, em Bruxelas.

Na Bélgica, ela tinha também a expectativa de fazer avançar as negociações em torno do acordo de comércio entre o Mercosul e a União Europeia, mas voltou de mãos abanando.

Na linha do “faça o que eu digo, mas não o que eu faço”, os europeus, como fazem há anos, depois de acusar o Mercosul e o Brasil de protecionismo e de estar atrasando as negociações, pediram para transferir a próxima reunião para outubro.

Muito mais fechados do que querem fazer parecer em jornais brasileiros que divulgam – e muitas vezes defendem, abertamente – suas posições, os europeus não buscam um acordo equilibrado e tem suas próprias dificuldades para chegar a um consenso.

O que a UE quer é abrir o mercado do Mercosul, com um PIB de 3 trilhões de dólares (2.3 trilhões do Brasil) às suas exportações de máquinas e serviços, sem levantar suas barreiras às exportações do Mercosul, mesmo que estas em sua maioria sejam de commodities agrícolas de baixo valor agregado.

Ao contrário da nossa, a agricultura europeia é altamente subsidiada, não apenas em seus principais países, mas também em pequenas nações que entraram para a UE e a OTAN recentemente, em troca de seu afastamento da órbita russa.

O “livre” comércio de europeus e norte-americanos é uma balela.

Uns e outros defendem seus interesses, tanto é que o propalado acordo transcontinental entre a Europa e os Estados Unidos está enfrentando cada vez mais resistências dos dois lados do Atlântico.

E fazem o mesmo com relação ao Brasil, como pode ser visto, com dois exemplos, entre muitos outros.

Para vender aos EUA aviões – que já contam com muitas peças Made in USA – a Embraer teve que, primeiro, montar uma fábrica na Flórida, e associar-se de forma minoritária com uma empresa norte-americana.

E, agora, o empreendedor brasileiro-norte-americano David Nelleman, da AZUL, teve de associar-se também minoritariamente ao português Humberto Pedrosa para disputar e ganhar a privatização da TAP – Transportes Aéreos Portugueses (nascidos em outro continente não podem controlar companhias de aviação europeias).
Enquanto isso, por aqui, esquemas acionários mirabolantes permitem, de fato, o controle externo de companhias aéreas nacionais, e parlamentares defendem, ferrenhamente, no Congresso, o fim das restrições à venda de terras para empresas e cidadãos estrangeiros.


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Comentários

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Nelson

É só abrir o livro “Novas e Velhas Ordens Mundiais”. Nele, Noam Chomsky nos conta que, se no século XVIII, os Estados Unidos tivessem aceitado a política de livre mercado proposta pela Grã-Bretanha, estariam até hoje vendendo peles.

Só discordo do Santayana quando ele afirma que não há subsídios a nossa agricultura. Há sim, e, infelizmente, os subsídios vão, em sua maior parte, a quem não precisa, os grandes latifunidiários.

Julio Silveira

O grande, para não dizer gigante, problema nacional está na subserviência, feita de alinhamento ideológico, que une grandes grupos midiáticos nacionais a interesses estrangeiros, anglo-estadunidenses. Esse é um setor quinta coluna no Brasil, por que trabalha sistematicamente para manter os grilhões atados aos pés do mais carentes, explorando uma imagem importada de mídia independente, mas romanticamente feita em grande parte pela construção do sistema formado por seus indutores culturais, já conhecidos.
Aqui, governos são sempre midiaticamente desconstruídos, e a própria economia é sabotada, mais por força da nossa conduta emocional (percebida e manipulada pelos aprendizes de feiticeiros, da mídia corporativa, a perfeição) que por escassez econômica.
Percebo isso claramente em meu ramo de atividade, o mercado imobiliário. Vejo, em meu dia a dia, cidadãos com recursos suficientes para adquirirem seu imóvel se imobilizarem, por conta da pressão psicológica exercida por essa mídia inconsequente. Já que afeta principalmente aos mais necessitados, nessa bola de neve que espreme com mais força os que estão no sopé da montanha econômica. Bola de neve que produz um movimento anticíclico retirando dos debaixo o dinheiro necessário a subsistência concentrando todo peso nos do topo. Os que precisam da circulação financeira para poderem se inserir no mercado são fragilizados com retração que tem sido um ingrediente fabricado no Brasil. Nos acostumamos a crer em informações maquiadas maquiavelicamente em assuntos de nosso interesse e de interesses exclusivos fazendo-nos pensar que é tudo para nosso beneficio, nos acostumamos a não reconhecer nosso inimigo em casa, talvez por estar dentro de nossa casa, com nossa família, interpretarmos estarem a nosso favor sem perceber que querem nos dominar, inclusive a consciência, trabalhando, e sistematicamente, para reduzir, inclusive, nosso intelecto.
Tenho discutido sobre isso com pessoas esclarecidas de meu circulo, e lhes mostrando que as consequências desse desaquecimento econômico que vivemos são reflexos de uma articulação sórdida, feita para minar o país e as instituições. Feitas para gerar inconformismo nas classes menos favorecidas, esses que quando vão a ruas vão para o tudo, por que no nada geralmente já estão, gente que não tem como ariscar a bater panelas, sabedores da importância delas para suas vidas e das dificuldades para sua reposição.

Julio Silveira

O grande, para não dizer gigante, problema nacional está na subserviência, feita de alinhamento ideológico, que une grandes grupos midiáticos corporativos nacionais a interesses estrangeiros, anglo-estadunidenses para ser mais exatos. Esse é um setor quinta coluna no Brasil, por que trabalha sistematicamente para manter os grilhões atados aos pés do mais carentes, explorando uma imagem importada de mídia independente, mas romanticamente feita em grande parte pela construção do sistema formado por seus indutores culturais, já conhecidos.
Aqui, governos são sempre midiaticamente desconstruídos, e a própria economia é sabotada, mais por força da nossa conduta emocional (percebida e manipulada pelos aprendizes de feiticeiros, da mídia corporativa, a perfeição) que por escassez econômica.
Percebo isso claramente em meu ramo de atividade, o mercado imobiliário. Vejo, em meu dia a dia, cidadãos com recursos suficientes para adquirirem seu imóvel se imobilizarem, por conta da pressão psicológica exercida por essa mídia inconsequente. Já que afeta principalmente aos mais necessitados, nessa bola de neve que espreme com mais força os que estão no sopé da montanha econômica. Bola de neve que produz um movimento anticíclico retirando dos debaixo o dinheiro necessário a subsistência concentrando todo peso nos do topo. Os que precisam da circulação financeira para poderem se inserir no mercado são fragilizados com retração que tem sido um ingrediente fabricado no Brasil. Nos acostumamos a crer em informações maquiadas maquiavelicamente em assuntos de nosso interesse e de interesses exclusivos fazendo-nos pensar que é tudo para nosso beneficio, nos acostumamos a não reconhecer nosso inimigo em casa, talvez por estar dentro de nossa casa, com nossa família, interpretarmos estarem a nosso favor sem perceber que querem nos dominar, inclusive a consciência, trabalhando, e sistematicamente, para reduzir, inclusive, nosso intelecto.
Tenho discutido sobre isso com pessoas esclarecidas de meu circulo, e lhes mostrando que as consequências desse desaquecimento econômico que vivemos são reflexos de uma articulação sórdida, feita para minar o país e as instituições. Feitas para gerar inconformismo nas classes menos favorecidas, esses que quando vão a ruas vão para o tudo, por que no nada geralmente já estão, gente que não tem como ariscar a bater panelas, sabedores da importância delas para suas vidas e das dificuldades em sua reposição.

Liberal

É engraçado que mesmo vcs sabem que inexiste livre comércio propriamente dito no mundo. Ao mesmo tempo declaram que o mesmo é o pior do capitalismo.

Liberal

Para vender carros no Brasil, as empresas tiveram que construir montadoras no país…

    Nelson

    Defensoras empedernidas do liberalismo e da eliminação do Estado da economia, as montadoras – todas – foram “pedir bexiga” e… ganharam. Subsídios fartos e isenções fiscais em profusão foram concedidos por todos os Estados onde se instalaram.

    Benesses que não estão ao alcance de micro, pequenos e médios empresários, que continuam a pagar impostos, enquanto que empresas multibiolionárias vêm ao país montar fábricas de graça ou quase de graça.

    E dá-lhe liberalismo.

Liberal

Já imaginou que absurdo a UE vender suas máquinas na AL e tirar emprego do trabalhador?

Bacellar

Plutocrática a imensa maioria dos países é. Ponto. A diferença do terceiro pro primeiro mundo está no cacife e na disposição ao protagonismo de seus plutocratas. Falem o que quiser dos bilionários ingleses, holandeses, alemães, ianques….Uma coisa é inegável; algum senso de nacionalismo, algum nível de orgulho patriótico os caras tem. Os daqui só pensam em casar com gringa, botar os filhos pra estudar fora e diluir ao máximo sua brasilidade, não são dignos do povo que exploram…

    Jota

    Na mosca…

FrancoAtirador

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A CARAVANA DO RIDÍCULO
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Por Eric Nepomuceno, na Carta Maior
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Teria sido apenas um gesto um tanto bizarro, um tanto patético,
um desses vexaminosos momentos em que um garoto mimado
reúne um grupo de ressentidos para demonstrar sua contrariedade.
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Para isso, contou com meia dúzia de desconhecidos em busca de protagonismo,
figurantes opacos reforçando o destempero de um político
que deveria respeitar um pouco mais a própria trajetória.
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À frente de tudo, ele, esplendoroso garotão provinciano
que insiste em querer virar um jogo jogado.
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Poderia ter sido, sim, um gesto um tanto bizarro, um tanto patético.
Mas que também poderia ter sido encarado, pela Venezuela,
como uma intromissão inadmissível, colocando em risco
algo muito mais sério que as figuras que participaram da pantomina.
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Feitas as contas, o resultado final é inócuo.
Mas ainda ocupa amplo Espaço nos Grandes Meios de Comunicação,
que uma vez mais irão prestar sua robusta contribuição para que o ambiente político brasileiro permaneça nessa tensão estéril.
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Sem medo algum do ridículo, Aécio Cunha,
que usa o nome político de Aécio Neves,
agora quer simplesmente que se debata, no Senado brasileiro,
a expulsão da Venezuela do Mercosul.
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Já o presidente da Comissão de Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira
– o iracundo que deveria respeitar um pouco mais a própria história –
culpa, claro, Dilma Rousseff por alguma coisa que ele mesmo não consegue demonstrar.
E, claro, exige (é curioso como a Direita não propõe, defende, reivindica ou pede:
a Direita exige) a expulsão sumária da Venezuela do Bloco Regional.
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Outra figura bizarra, José Agripino Maia (este sim, faz jus ao próprio passado
de parlamentar da ARENA, e se mantém, rigoroso e impassível,
na defesa de suas convicções desavergonhadas)
quer convocar o embaixador brasileiro na Venezuela.
Para quê?
Ora, para manter Acesa a Fogueira da sua Inutilidade.
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Na falta de propostas viáveis de Alternativa, nada melhor,
para esse Velhote Birrento, que espicaçar o Governo.
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Quando embarcaram num avião da Força Aérea Brasileira – portanto, do Estado Brasileiro –
numa Missão Autonomeada (afinal, para isso o destemperado Aloysio Nunes Ferreira
preside a Comissão de Relações Exteriores do Senado), os viajantes tinham um só objetivo evidente:
ganhar espaço nos meios de comunicação e continuar seus Desvairados Ataques contra Dilma e seu Governo.
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Dizer que estavam realmente comprometidos com a defesa dos Direitos Humanos
dos políticos presos na Venezuela seria uma Ofensa e um Escárnio, não fosse Ridículo.
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Em nenhum momento de sua vida de coloridas frivolidades Aécio Neves
dedicou três gotas de suor a essa questão.
Mencionar a liberdade de imprensa deveria enrubescer suas faces rechonchudas,
diante do que ele fez durante seus oito anos de governador de Minas Gerais.
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Em resumo: tudo não passaria de uma desastrada Bizarrice,
mas há dois pontos a serem levados em conta.
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O primeiro: o Apoio incompreensível [sic] dos Grandes Meios de Comunicação,
que não apenas abriram espaço nobre para essa bobagem,
sem dedicar um ínfimo parágrafo a uma análise responsável sobre a Aventura,
como continuam insuflando a história.
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E segundo: o momento extremamente delicado vivido pelo Congresso Brasileiro,
cujas duas casas – a Câmara de Deputados e o próprio Senado – são presididas
por dois elementos de qualificação mais do que discutível.
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O País tem, hoje, um dos Congressos mais Conservadores e Lamentáveis,
em termos do Nível de seus Integrantes das últimas décadas.
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E se o ‘impoluto’ Renan Calheiros aceita levar essa Patuscada adiante?
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Será que ninguém vê até que ponto vai a falta de noção do playboy provinciano, sua falta de limites?
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Até quando o Presidente do Maior Partido de Oposição continuará se portando
como se estivesse numa de suas Alegres e Saltitantes Tardes de Sábado,
Cercado por um Punhado de Cafajestes, num Bistrô de Ipanema?
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Será que nenhum dos Sem-Noção desse Turismo Ridículo percebe que essa Farsa
pode trazer consequências para o já tão Enredado Cenário Político Interno que vivemos,
e ao mesmo tempo respingar nas relações com um País cujo Peso na Balança Comercial
Brasileira – para não mencionar o difícil Equilibro Geopolítico Regional – é Importante?
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Há uma Evidente Cumplicidade Irresponsável de quem abre Espaço e leva a Sério tudo isso,
querendo criar um Debate ao redor dessa Bizarrice Oportunista,
cuja Base tem a Consistência de um Pudim de Caramelo.
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Será que não surge uma Única e Solitária Voz
para desnudar essa Brincadeira Irresponsável?
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Lástima que Nicolás Maduro careça de Sentido de Humor.
Tivesse permitido a essa Caravana Brancaleone chegar até o Centro de Caracas
para um Almocinho Frugal, e a Manobra Patética teria sido esvaziada.
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Pena que até o Governo Venezuelano tenha levado essa Esparrela a sério.
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Ao exigir Respeito de quem não merece respeito algum,
acabou facilitando a Manobra de Desinformação, contribuindo
para que a Maioria dos Brasileiros, cuja Noção do Cenário da América Latina
é muito Parecida à Sinceridade dos Integrantes da Caravana do Ridículo,
continue sem saber o que realmente está acontecendo na Venezuela.
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(http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Aecio-Neves-e-os-sem-nocao-e-sem-limite/4/33789)
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FrancoAtirador

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Curiosidade
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Quanto de Riqueza Natural do Brasil ainda falta entregar aos Gringos,
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sob o Pretexto de Pagamento de uma Dívida Pública que só cresce?
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Antonio

Mais um excelente post para alerta e informação, escrito pelo Mauro Santayana.
Para resumir, os EUA e a Comunidade Europeia querem acordos de comércio que beneficie “todos”.
Falam em estabelecer regras e acordos de comércio com o Mercosul e países da Ásia e África.
Acordos Caracú, onde invariavelmente entraríamos com a segunda parte.
Os cretinos deste país, que são muitos, não sabem disso.
Então é preciso dizer a eles, não é a economia.
É a soberania imbecil!

Marco Sousa

Esse ENTREGUISMO tão característico e antigo no Brasil não trata-se apenas, de uma tradição (colonial), mas também de grupos (bem montados e controlados) por capitais internacionais, isto é, por trás desses grupos internacionais estão seus respectivos Governos. O brasileiro (asno) como sempre, ainda não apreendeu a distinguir esses elementos (entreguistas) e excluí-lo da vida pública. Vejam o que está acontecendo agora, a ferrenha luta do PSDB, através do José Serra para entregar o Pré-sal às petroleiras norte-americana. Obviamente, ninguém em sua sã consciência vai acha que o PSDB está fazendo isso (gratuitamente), alguma vantagem, em especial (econômica) deve sair para eles. Então, o esquema é esse: os estrangeiros montam partidos políticos e empresários(bem sucedidos) no país e com o apoio de uma mídia (espúria) fazem o que querem com a economia e os recurso naturais dos países “hospedeiros ou infectados”.

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