Maria Lúcia Fattorelli: Tragédia da Grécia esconde os segredos para salvar os bancos privados

Tempo de leitura: 5 min

Fattorelli_Agência-Senado

Revelar origem da dívida grega provocaria revolução financeira mundial, diz auditora

Membro da comissão que auditou parte da dívida pública grega, Maria Lúcia Fattorelli questiona: é ‘rídiculo’ culpar Atenas pela crise europeia

por Vanessa Martina Silva, Do Opera Mundi

As conclusões iniciais a que o levantamento, do qual Fattorelli fez parte nas primeiras sete semanas de investigação, revelam que “os mecanismos inseridos nesses acordos [de resgate do país] eram para beneficiar os bancos e não a Grécia. (…) A questão é: por que eles [troika] têm que jogar tão pesado?”. Ela responde: “Porque a Grécia pode revelar o que está por trás. A tragédia da Grécia esconde o segredo dos bancos privados. Ela poderia colocar a nu as estratégias utilizadas para salvar bancos e colocar em risco toda a zona do euro, toda a Europa”, aponta a também fundadora do movimento “Auditoria Cidadã da Dívida” no Brasil.

A pressão realizada pelos credores europeus para que a Grécia aceitasse o acordo para um resgate financeiro foi, na verdade, uma tentativa de impedir que se conheçam as origens “ilegais e ilegítimas” da dívida, uma vez que isso provocaria “uma revolução no sistema financeiro mundial”. É o que defende Maria Lucia Fattorelli, auditora aposentada da Receita Federal, que fez parte, no início do ano, das primeiras atividades da comissão internacional que realizou a auditoria da dívida grega, a convite da presidente do Parlamento grego, Zoe Konstantopoulou.

Fattorelli explica que no mesmo dia em que foi criado, em 2010, o plano de suporte à Grécia, a Comissão Europeia criou uma empresa privada em Luxemburgo e os países europeus se tornaram sócios da mesma, colocando garantias na ordem de 440 bilhões de euros, e que um ano depois chegaram à soma de 800 bilhões. A empresa, explica Fattorelli, serviu para “fazer o repasse de papéis podres dos bancos para os países, utilizando o sistema da dívida”. Paralelamente, também no mesmo dia, o Banco Central Europeu anuncia um programa de compra de papéis no mercado para ajudar bancos privados: “Isso é um escândalo. É ilegal, mas é colocado como se isso tivesse sido feito para salvar a Grécia”, aponta a economista.

“Eles poderiam vir a público denunciando o que já foi descoberto, as irregularidades que já foram apuradas. Todos nós gostaríamos que a Grécia reagisse agora diante dessa camisa de força do euro, desse poder dado ao Banco Central Europeu, das  instituições acima dos países e toda essa situação financeira de dependência”, comenta a auditora, fazendo referência ao fato de que o sistema do euro impede que os países-membros exerçam uma política monetária independente.

Questionada sobre a possibilidade de os termos do acordo com a Grécia serem uma “punição política” ao premiê grego e também um recado aos demais países em dificuldades na Europa – como Portugal, Irlanda, Itália e Espanha -, Fattorelli observa que essa é a estratégia que vem sendo adotada desde 2010. “A Grécia foi colocada sob os holofotes da grande mídia no mundo inteiro como se fosse a responsável pela crise Europeia. Isso é ridículo, porque quando você olha o tamanho da economia grega, em comparação com a europeia, o PIB da Grécia é em torno de 3% do europeu. Então, como 3% pode abalar 97%? Isso é uma criação e é absurdo que ninguém questione isso”, afirma.

Apontada por Tsipras como uma vitória nas negociações com os credores, a reestruturação da dívida é, na opinião da auditora, contra-indicada caso não tenha sido concluída a auditoria da dívida.

Reestruturação da dívida

Fattorelli explica que se for feita neste momento, o país “vai reestruturar grande parte de uma dívida que deveria ser anulada. Antes de reestruturar, deveria ser concluída a auditoria para que se analise o que realmente deve ser reestruturado. Agora, como está, vão empacotar tudo junto: a parte ilegal e a ilegítima”, esclarece.

Entre a dívida ilegal, ela aponta os quase 50 bilhões de euros usados para salvar os bancos nos últimos anos. “Isso não é dívida pública, isso é outra coisa. Deveria ser considerado um empréstimo aos bancos privados, não uma dívida pública do país”, destaca.

Perda da soberania

Após a assinatura do acordo por Tsipras, analistas e mesmo setores da esquerda grega avaliaram que a adoção das medidas caracteriza uma perda da soberania do país. Fattorelli discorda. Para ela, Atenas perdeu a soberania já em maio de 2010, quando foi assinado o primeiro pacote de resgate e a troika [conjunto de credores gregos formado por FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia] “passou a mandar lá”.

“Inclusive, a lei vigente sobre esses acordos é a lei inglesa, não é a grega. Além disso, se a Grécia tiver que ir a algum tribunal, ficará submetida ou ao tribunal de Luxemburgo ou ao de Londres”, acrescenta Fattorelli, que considera essa situação jurídica “um abuso”.

Ela avalia, no entanto, que a oportunidade que os gregos tinham agora de retomar as rédeas sobre os rumos do país foi perdida. “O país está à venda desde que foram criados o fundo de estabilização para salvar os bancos e o fundo de privatização. Ambos determinados pelo FMI em 2010”.

‘Sistema é inviável’

A crise grega abre a possibilidade de que se discuta a fundo a questão do sistema da dívida, defende Fattorelli. No país helênico, os “bancos privados criaram derivativos em cima de derivativos. Papéis podres que estavam inundando seus balanços. Ou seja, eles estavam quebrados, mas foram considerados grandes demais para quebrar e continuaram com seus patrimônios intocáveis”. Contudo, quem está assumindo esse ônus são os países, “e é um ônus que não tem fim”, aponta.

“O último dado conhecido do volume de derivativos tóxicos divulgado pelo BIS (Banco Central dos Bancos Centrais), em 2011, informava que o montante chegava a 11 PIBs mundiais. Então eu questiono: esse salvamento vai resolver alguma coisa? Não! Será somente o adiamento até uma nova crise. E aí o que vai ser feito depois?”, indaga.

Na verdade, esse sistema “além de não ter lógica está comprometendo o emprego real, está comprometendo a indústria, o comércio. Ou seja, toda a economia real está comprometida, assim como a vida das pessoas”. Ela ressalta, no entanto, que isso não ocorre só na Grécia: “olha no Brasil, o que está acontecendo [com o ajuste fiscal levado a cabo pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy]. É o mesmo esquema, o mesmo sistema da dívida atuando”.

Argentina e Equador

Para um melhor entendimento da crise grega, Fattorelli a comparou à que foi vivenciada pela Argentina em 2000: “depois de cumprir todas as privatizações que o FMI queria, o fundo deu as costas ao país e deixou espaço aberto para os bancos privados oferecerem o acordo. Eles colocaram juros equivalentes ao crescimento do PIB e como consequência, hoje a dívida argentina já é um problema novamente e não significou nenhum benefício aquilo [o receituário do FMI]. Além disso, o país também não fez a auditoria”.

Em 2008, o presidente equatoriano, Rafael Correa, anunciou que não pagaria parte da dívida externa do país, após a realização de uma auditoria, da qual Fattorelli participou. A diferença do pequeno país sul-americano para a Grécia, Argentina ou mesmo o Brasil é explicada pela economista: “Correa conseguiu enfrentar o sistema porque, como o Syriza, chegou ao poder sem financiamento privado, não chegou lá atrelado aos interesses dos financiadores. Se olharmos no site do TSE [Tribunal Superior Eleitoral] do Brasil, quem financiou as campanha presidenciais e legislativas foram os bancos privados e as grandes corporações”, aponta.

Ela conta também que o processo completo no Equador durou um ano e quatro meses. Além disso, o relatório foi submetido a um crivo jurídico nacional e internacional para garantir sua legitimidade.

Outro ponto é que o Equador, que diminuiu em 70% o valor devido aos credores, tinha, segundo Fattorelli, dinheiro para recomprar a dívida: “Fez a proposta e honrou”.

“O problema da Argentina [de 2000] é que não fez auditoria, chegou ao fundo do poço e quebrou. Já a Grécia, quando o Syriza chegou ao poder, já estava quebrada e dentro da camisa de força da estrutura da zona do euro, em que não tem moeda própria. Nesse aspecto, a situação grega é até pior do que a Argentina, que tinha moeda própria”, acrescenta.

Solução possível

Apesar das conclusões de Fattorelli, ela não considera que o acordo feito por Tsipras era o único possível: “Eles poderiam criar uma moeda paralela temporária — solução apontada por economistas famosos, inclusive — até resolver a situação. Se adotassem isso, fariam um bem a toda a humanidade. Mas prosseguir com este modelo suicida não tem futuro”.

Leia também:

Advogado, que acusa Dilma de “traficante” e jornalista de receber de quadrilha, não é professor da USP 


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Comentários

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FrancoAtirador

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Angela Merkel, Primeira-Ministra da Alemanha,
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descobriu que Palestin@s são Seres Humanos
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e que @s Jovens Árabes ‘até chorar’ choram…
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(http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/07/150716_merkel_choro_menina_ss)
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Leia também:
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TV Globo nega Racismo em Foto sobre ‘Diversidade’ só com Mulheres Louras
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Por Ricardo Senra, da BBC Brasil em Londres
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Paulo Falcão

A Maria Lúcia Fattorelli é mais uma boa alma que não entende nada sobre o que fala, mas impressiona quem também não entende nada. Na crise na Grécia, tem muita gente falando em soluções fáceis (e erradas) para problemas difíceis. Veja as principais críticas analisadas em um artigo didático chamado A IGNORÂNCIA NÃO É UMA BENÇÃO. O link é este: https://goo.gl/HJnkNx

    Nelson

    Agora eu entendi. Quem, realmente, entende de tudo é o Sr Paulo
    Falcão.

    Paulo Falcão

    Nelson, que tal ler o artigo indicado? Evitaria o comentário equivocado.

    Angelo

    já agora faz como se faz nos bancos ó brazuca !!! … falas da Europa e sabes lá u q se passa … já agora se a Grecia entrar em incumprimento pqé q n fazes uma hipoteca ao pais … matas os Gregos nas camaras de gas e invades com tanques alemães !? … essa conta doméstica é muito bonita !! mas pouco resolve !

raimundo jesus

então façam como a ISLANDIA-ETC-
=
Aconteceu na Islândia – Dublado em português
=
https://www.youtube.com/watch?v=KKCvI7qo0Wc
=
https://www.youtube.com/watch?v=rh202qZWuqw
=
Leia Mais:http://economia.estadao.com.br/…/geral,islandia-levou…
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FrancoAtirador

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Empacotaram a Grécia para presenteá-la aos Bancos Privados.
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E o BraSil está se deixando empacotar pelo Mercado Financeiro.
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Maria Lucia Fatorelli, Auditora das Dívidas Grega e Equatoriana,
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explica, didaticamente, em entrevista à Agência Carta Maior:
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“É um Arranjo para Reciclar os Papéis Podres em Poder dos Bancos”
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“Em apenas uma noite, colocaram cerca de 50 Bilhões de Euros na Dívida Grega”
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“Os bancos quebraram em 2008, naquela história da bolha,
mas foram considerados ‘grandes demais para quebrar’
e os países decidiram salvá-los.
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Então, esquemas ilegais e fraudulentos foram criados para fazer este salvamento.
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Um desses esquemas foi a criação de uma empresa em Luxemburgo, a FSF,
hoje tida como a maior credora da Grécia.
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É uma empresa que pode ser considerada de fachada,
porque envolve países europeus, o que é um escândalo.
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E isso não é denunciado! Não é dito!
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E quem dirige de fato esta empresa é a Agência de Dívidas Alemã!”
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“Para nós é um pouco difícil entender o que é uma Agência de Dívidas,
porque quem gerencia a dívida pública aqui é o tesouro nacional,
mas lá na Alemanha é uma agência independente, como aqui tem a Anatel, a Aneel etc.
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Essa agência é que dirige a empresa de Luxemburgo. É uma fachada,
e o objetivo dessa empresa é trocar garantias emitidas pelos países.
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Garantia é igual a Dívida. Tem outro nome, mas é uma Obrigação
que você tem que honrar em determinado momento,
e que também rende Juros.
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Então, todos os países que compõem esta Empresa emitem garantias milionárias.
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Quando ela foi aberta, eram 440 bilhões de euros.
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Depois passou para 779 bilhões de euros.
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E essa empresa troca as garantias dos países por papéis podres
em poder dos bancos, usando o Sistema da Dívida.
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Se o salvamento dos bancos fosse anunciado dessa forma, exatamente com esse nome,
seria um escândalo e, talvez, essas medidas não passassem.
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Então, a Grécia foi colocada como cenário. E está sendo colocada como cenário até hoje.
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Se você pegar o noticiário desde 2010, a Grécia é manchete sempre.
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Tudo é Culpa da Dívida da Grécia.” [Como aqui: ‘Tudo é Culpa da Dilma e do PT’]
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“A questão é que, lá em 2010, estavam em curso
todas essas ‘Medidas de Salvamento Bancário’.
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Em 2010, no mesmo dia em que foi endereçado o Plano para a Grécia,
foi criada essa Empresa de Luxemburgo [FSF].
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O mesmo ato da Comissão Europeia que menciona o socorro para a Grécia,
também menciona a criação dessa Empresa em Luxemburgo,
dando a entender que era tudo para ajudar a Grécia.
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Neste mesmo dia, o EBC lançou também no mercado um programa de compra de ativos, principalmente títulos públicos de dívidas dos países, que é ilegal.
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Se você pegar o artigo 123 do Tratado Comum Europeu, vê que é expressamente ilegal fazer isso.
E, no entanto, o programa foi lançado e está operando, para ser possível a transferência da bolha do balanço dos bancos para a dos países.
Porque, pelos princípios contábeis, qualquer transferência de bem,
se não for uma doação, exige uma operação de compra e venda.
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Mas isso não poderia ser feito.
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Então, a Eurostat, que é o órgão que cuida de todas as regras estatísticas e contábeis da Europa, mudou a norma e permitiu a mera transferência de papéis, sem operação de compra e venda, justificando essa aberração dos princípios contábeis por conta da ‘turbulência econômica’.
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Tudo isso ficou escondido. E, quando eu denunciei [o Esquema] em um artigo,
economistas gregos vieram comentar comigo que ainda não tinham visto
toda essa relação entre as operações.”
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“Eu descobri que a Comissão Europeia já vinha fazendo um monitoramento das estatísticas e dos dados da Grécia.
Como se houvesse um grande problema com esses números e a Grécia tivesse um déficit maior do que estava apresentando.
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Só que outros países também tinham problemas estatísticos e de déficits.
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E chegou um momento em que a Comissão Europeia começou a isolar a Grécia, sem razão aparente.
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Citaram um grupo de países, que deveriam corrigir seus problemas de uma maneira.
Apontaram um outro grupo, que deveria corrigir de outra.
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E isolaram a Grécia, dizendo que a Grécia era diferente.
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E a Grécia foi colocada na berlinda, tendo que receber aquele pacote de ajuste.
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A desculpa era que o déficit estava alto demais e poderia afetar a economia de toda a região.
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Então, eu fui pesquisar este déficit e tentar entender porque toda essa narrativa diferenciada com a Grécia.
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E quando eu comecei a pesquisar, encontrei denúncias públicas de ex-chefes da ElStat, o órgão que cuida das estatísticas da Grécia, equivalente ao nosso IBGE, de que, em apenas uma noite, colocaram cerca de 50 bilhões de euros na dívida grega.
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Primeiro, essas denúncias de falsificação do déficit – que foi a justificativa para a Grécia ser colocada nessa berlinda – foram ignoradas.
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Segundo, vários economistas gregos, especialistas, servidores e até o representante da Grécia junto ao FMI diziam que o pacote proposto não interessava à Grécia, que era melhor fazer uma reestruturação.
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E isso tudo foi ignorado porque, naquele momento,
o que interessava era fazer essa Troca da Bolha dos Bancos.
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Eles queriam este Esquema.
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Agora, depois do Esquema todo implantado,
estão falando em reestruturação.
Mas, agora, esse acordo vai ser uma grande burrice.
Vai reestruturar uma dívida ilegal, correndo o risco de sacramentá-la e, no futuro, tornar muito mais difícil a sua revisão.”
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“O parlamento grego criou a nossa comissão, para fazer a auditoria,
e criou uma outra comissão para verificar esse crédito.
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Então, essa apuração está em andamento, mas é feita por outro grupo.
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E é extremamente relevante, porque há uma dívida que, se corrigida,
é muito superior a esses 321 bilhões da dívida da Grécia.
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“No nosso relatório preliminar, nós trazemos uma lista de tudo o que eles perderam.
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E, além disso, apresentamos as ilegalidades dos acordos com os maiores credores.
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O Banco Central Europeu não poderia ter o programa que teve.
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A Empresa de Luxemburgo é uma Aberração!
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E este Acordo Bilateral é um Arranjo para Reciclar os Papéis Podres em Poder dos Bancos.
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Para mim, que tive acesso aos contratos, que vi o que ocorreu naquele país
e, portanto, tenho a segurança de falar o que estou falando,
é muito triste ver que o governo optou por não suspender esse pagamento.”
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“Essa dívida é o que juridicamente chamamos de dívida odiosa.
E o termo não tem nada a ver com ódio ou odiar.
A dívida odiosa é uma dívida contraída
contra o interesse do povo que vai pagá-la.
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É, por exemplo, como a origem da nossa dívida externa,
contratada para financiar a Ditadura [Militar de 1964-1985].
Ditadura era algo de interesse do povo?
Não, o povo queria democracia.
Então, uma dívida contraída para financiar
um regime despótico, uma ditadura,
ela é contrária ao interesse do povo.
O governante ditador vai contrair
e ainda vai botar o povo,
que é a vítima desse poder, para pagar.
Então, a dívida brasileira, assim como a grega, é odiosa.
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A Grécia também passou por uma ditadura durante um período, o que é até uma contradição para o país que é o berço da democracia.
E o berço da democracia passa agora pela ditadura do capital.
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Eu havia comemorado o plebiscito, do último dia 5, dizendo que,
com ele, a Grécia voltava a ser o berço da democracia
porque submeteu ao povo uma decisão econômica importante.
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Mas, agora o governo não está acatando a decisão, eu fico muito triste.
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Porque o povo votou contra a austeridade.
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Isso é lamentável e só pode ser decorrente da enorme pressão
que faz com que o governo não enxergue saída
dentro da estrutura criada pela União Europeia.”
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“É uma situação de Crise Humanitária.
A própria Presidente do Parlamento
já repetiu isso várias vezes. E é Fato.”
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Íntegra em:
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(http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/Novo-acordo-pode-inviabilizar-a-revisao-da-divida-grega-alerta-Fattorelli/6/33984)
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FrancoAtirador

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Somente em Juros e Amortizações da Dívida Pública, a União
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conSumiu com 45,11% do Orçamento Geral executado em 2014.
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Ou quase 1 TRILHÃO DE REAIS despendidos, em apenas um ano.
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http://www.auditoriacidada.org.br/wp-content/uploads/2013/06/Orcamento-2014-executado.jpg
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Gastos com a Dívida Pública em 2014 superaram 45% do Orçamento Executado
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Por Maria Lucia Fattorelli [i] e Rodrigo Ávila [ii]
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Cabe esclarecer que os dados do gráfico acima foram extraídos dos dados oficiais contabilizados pelo governo no SIAFI.
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O critério utilizado para a elaboração do gráfico soma as parcelas informadas
pelo governo a título de “juros” e “amortizações”, no total de R$978 bilhões,
pelas seguintes razões:
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a) A parcela informada pelo governo a título de “Juros e Encargos da Dívida” foi de apenas R$ 170 bilhões.
Conforme vem sendo denunciado desde a CPI da Dívida Pública realizada na Câmara dos Deputados [iii], em cada ano o governo vem deixando de computar grande parte dos juros nominais, classificando-a como “amortizações”.
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As estatísticas governamentais não evidenciam o valor que efetivamente
está sendo pago a título de juros nominais aos detentores dos títulos.
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b) A parcela informada pelo governo a título de “Amortizações da Dívida”, ou seja, o pagamento do principal, foi de R$ 808 bilhões.
Tal valor está inflado pela atualização monetária de toda a dívida, que deveria fazer parte dos juros, pois de fato é parte da remuneração dos títulos, mas está sendo contabilizada como se fosse “amortização”, conforme também denunciado desde a CPI da Dívida Pública [iv].
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Por causa desses equívocos denunciados há anos, grande parte dos “Juros” que efetivamente pagamos aos detentores dos títulos está embutida na parcela das “Amortizações”.
Diante da falta de informação acerca dos juros nominais efetivamente pagos e da atualização monetária efetuada, não temos outra alternativa senão somar todo o gasto com a dívida, conforme demonstrado no gráfico.
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Esse equívoco do governo na apresentação dos gastos efetivos com a dívida pública faz parte de uma coleção de privilégios de ordem financeira, legal e econômica que o Sistema da Dívida usufrui.
Tal fato tem levado inúmeros analistas a aliviar o efetivo peso que o endividamento público exerce sobre as contas públicas do nosso país, utilizando um termo que ilude aqueles que não se aprofundam na análise do Sistema:
dizem que a parcela das amortizações configuram “mera rolagem”, ou seja, o refinanciamento de dívida anteriormente existente mediante a contratação de nova dívida, razão pela qual não seria um problema para o país.
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Analisando-se a composição do montante de R$ 808 bilhões contabilizados como “amortizações”, verifica-se o seguinte:
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a) R$ 615 bilhões foram contabilizados pelo governo como “refinanciamento”, aí incluindo-se a correção monetária que não é explicitada em nenhum documento, e que é parte dos juros nominais efetivamente pagos aos detentores dos títulos.
Ou seja, não se trata de ”mera rolagem”, mas sim pagamento de grande parte dos juros com a contratação de nova dívida, o que fere o art. 167 da Constituição Federal;
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b) R$ 54 bilhões provém do recebimento de dívidas das quais a União é credora, principalmente as dívidas que estados e municípios pagaram ao governo federal, ou seja, também não se trata de ”mera rolagem”;
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c) R$ 22 bilhões provém do rendimento dos recursos da Conta Única do Tesouro, R$ 19 bilhões de lucros das estatais (por exemplo, Petrobrás, Banco do Brasil, etc), dentre muitas outras fontes.
Assim, também não se trata de “mera rolagem”, pois as tais parcelas de “amortizações” não foram pagas com nova dívida, mas sim com recursos oriundos de sacrifício social, quando o povo paga caro pelo combustível, pelas tarifas e juros dos bancos estatais, pela conta de energia elétrica e vários outros produtos (altamente onerados pelos impostos estaduais – ICMS), etc.
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d) R$ 61 bilhões das amortizações se referem à cobertura de prejuízos do Banco Central, ocorridos, por exemplo, em operações chamadas de “swap cambial”, que beneficiam grandes investidores às custas do povo. Interessante observar que, quando o Banco Central dá lucro em determinados períodos [v], tais recursos são destinados obrigatoriamente para o pagamento da questionável dívida pública.
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Devido aos diversos privilégios do Sistema da Dívida que beneficia principalmente ao setor financeiro privado nacional e estrangeiro,
o estoque da dívida já supera R$ 4,5 trilhões de reais:
o volume de títulos da dívida interna emitidos já somam R$3,3 trilhões [vi]
e a dívida externa bruta supera 554 bilhões de dólares [vii]!
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A análise dos gastos com a dívida não deve ficar restrita aos fabulosos números tanto dos gastos anuais como de seus estoques. É necessário ressaltar que a dívida atual é altamente questionável, pois é produto de inúmeras ilegalidades e ilegitimidades desde a sua origem espúria no período da ditadura militar, até os tempos atuais.
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Apenas para ilustrar, cabe citar algumas infâmias que impactam a geração de dívida pública:
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a) taxas de juros absurdas, estabelecidas sob influência de banqueiros [viii],
utilizando-se o pretexto de combater uma inflação que nada tem a ver com taxa de juros, mas com a alta de preços administrados pelo próprio governo (como luz, água e combustíveis) e da alta de alimentos, causada por fatores climáticos;
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b) aplicação de “juros sobre juros”, prática considerada ilegal, conforme Sumula 121 do STF;
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c) aplicação das mais altas taxas de juros do mundo, sem justificativa técnica;
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d) utilização da dívida interna onerosa para financiar a compra de dólares especulativos que ingressam no país (sob o pretexto de evitar que o Brasil seja atingido por crises internacionais, mas que poderiam ser evitadas por meio do controle de fluxo de capitais), e destinação desses dólares para as reservas internacionais que não rendem quase nada ao país;
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e) utilização da dívida interna onerosa para financiar questionáveis empréstimos do BNDES a juros subsidiados e prazos a perder de vista para grandes empresas privadas que realizam obras no exterior.
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Por tudo isso reivindicamos a realização de completa auditoria da dívida pública, tanto interna como externa, desde a sua origem.
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A contínua destinação de elevados montantes para o pagamento de “amortização” da dívida, suavizados sob o rótulo de “mera rolagem”, assim como dos extorsivos juros desse questionável processo, estão sacrificando a sociedade.
Além de arcar com pesada e distorcida carga tributária, a sociedade
não recebe os serviços sociais essenciais, como saúde e educação.
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O país está com seu desenvolvimento socioeconômico travado,
a serviço de garantir lucros escorchantes ao sistema financeiro…
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(http://www.auditoriacidada.org.br/e-por-direitos-auditoria-da-divida-ja-confira-o-grafico-do-orcamento-de-2012)
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[i] Coordenadora Nacional da Auditoria Cidadã da Dívida http://www.auditoriacidada.org.br
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[ii] Economista da Auditoria Cidadã da Dívida
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[iii] http://www.auditoriacidada.org.br/wp-content/uploads/2013/11/Parecer-ACD-1-Vers%C3%A3o-29-5-2013-com-anexos.pdf
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[iv] http://www.auditoriacidada.org.br/wp-content/uploads/2013/11/Parecer-ACD-1-Vers%C3%A3o-29-5-2013-com-anexos.pdf
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[v] Em 2014, R$ 21 bilhões desta fonte de recursos foram utilizados para o pagamento de amortizações da dívida federal.
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[vi] http://www.bcb.gov.br/ Notas para imprensa/POLÍTICA FISCAL/ Quadro XXXVI – Títulos públicos federais
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[vii] http://www.bcb.gov.br/ Notas para imprensa/SETOR EXTERNO/Quadro LI-Dívida Externa Bruta
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[viii] http://www.auditoriacidada.org.br/wp-content/uploads/2012/08/Voto-em-separado.pdf
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(http://www.auditoriacidada.org.br/e-por-direitos-auditoria-da-divida-ja-confira-o-grafico-do-orcamento-de-2012)

Urbano

Desde muito vem se dizendo que a dívida brasileira, principalmente pela existência dos bandidos de oposição ao Brasil ao longo dos séculos, foi montada por meio de uma ladroagem incomensurável e persistente. Outra coisa, o que sempre houve de bandidos dentro dos poderes a montar, isentar e a anistiar dívidas dos erários, juntamente com seus comparsas públicos e privados, não está escrito nem na agenda de ali babá. E finalmente, não é qualquer um que pode comprar mansões verticais e/ou horizontais no Brasil e muito menos no exterior, sem que se tenha claramente a fonte dos recursos; e remessa de dinheiro para o exterior muito menos…

Fabio Hideki

Por que essa Economista e esse assunto não têm o merecido destaque nos blogs progressistas ?

    Luiz Carlos Azenha

    Aqui sempre teve destaque. abs

    Lafaiete de Souza Spínola

    Eu ía fazer o mesmo comentário realizado pelo Fabio Hideki!

    Este tópico acima é para ser discutido com o maior interesse e só tem três comentários!

    O Viomundo é, ainda, uns dos blogs que tem conseguido manter uma certa independência.

    Nuitos SITES passaram a usar o controle DISKUS. Não consigo liberdade para fazer comentários devido à censura que é imposta. O meio mais fácil é informar que a senha não está correta! Mas, o campo ficou escancarado para o público que vomita o ódio. Não comento, mas observo. Recentemente, publicaram sobre o projeto de entrega da Base de Alcântara a uma potência estrangeira. Dominavam comentários apoiando essa decisão do FHC.

    O mundo continua controlado por meia dúzia de pessoas!
    No Egito, milhões foram às ruas protestando. Quem controla esse país, agora?
    Muito pouco adianta só protestar sob o controle de alguns. É preciso que o povo participe. PARTICIPE!

    Observem que na Grécia a esquerda está dividida. O governo para aprovar o acordo recebeu o apoio de quem?

    O povo grego está devidamente organizado, como proponho?

    Por quê pouco interesse desperta isso que escrevo abaixo? Observe que não é uma mensagem para saudação a salvadores individuais, para pequenos grupos!

    https://www.facebook.com/LafaieteDeSouzaSpinola/posts/501948729962540

fabio

Alfineta o governo brasileiro, particularmente o PT, mas não faz nenhuma consideração acerca da via adotada por ele no trato dessa questão.

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