Marcelo Zero: Impossível dissociar os repetidos ataques às escolas da ascensão da extrema direita

Tempo de leitura: 2 min
Por Luiz Carlos Fernandes www.facebook.com/luizcarlos.fernandes.583

Da Redação

Nove dias após o assassinato da professora Bete — Elizabeth Tenreiro, 71 anos — dentro de uma sala de aula na cidade de São Paulo, um novo ataque à escola choca o país.

Nessa quarta-feira, 05/04, um homem invadiu uma creche em Santa Catarina, agrediu as crianças com uma machadinha.

Quatro morreram. Tinham 4, 5 e 7 anos de idade.  Cinco ficaram feridas. Um suspeito se entregou à Polícia Militar e foi preso.

”Não há como dissociar os reiterados ataques às escolas, algo que inexistia há poucos anos, da ascensão da extrema direita no Brasil”, observa o sociólogo Marcelo Zero em comentário enviado por whatsapp.

Marcelo prossegue a análise:

”A disseminação do discurso de ódio, da intolerância, do medo ao diferente, do culto às armas e à violência etc. tem relação com esses atos aparentemente aleatórios.

Mas não é apenas isso.

A ascensão do bolsonarismo também introduziu no país a desconfiança e até o ódio em relação às escolas e às universidades, entendidas como locais nos quais se disseminariam valores “comunistas” e “globalistas”, contrários à família, à fé cristã, à Pátria etc.

Não à toa, um dos principais alvos desse fascismo tupiniquim é Paulo Freire, pedagogo crítico e libertador.

A escola deixou de ser um santuário da razão e da tolerância e passou a ser objeto da fúria de mentecaptos toscos e intolerantes.

Professores passaram a sofrer todo tipo de assédio e foram vigiados pelos macartistas de plantão.

Exigiu-se, aos berros, a “escola sem partido” e a “limpeza” das universidades.

Ademais desse ataque à educação, nosso fascismo, como todo fascismo lato sensu, é antiintelectual e anticultural.

Não aceita a razão crítica, a razão substantiva, e só se submete à razão instrumental, da qual, diga-se de passagem, a reforma do ensino médio é amplamente caudatária.

Temos um desafio gigantesco à frente”

Leia também:

Leonardo Sacramento: É o neonazismo, estúpido!


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Zé Maria

“Houve uma ruptura do pacto civilizatório”

“São vários fatores que podem estar contribuindo para o aumento
dos ataques violentos nas escolas.

Inicialmente, podemos destacar que, nos últimos anos, houve um
aumento da cultura de violência, uma ruptura do pacto civilizatório.

Esse discurso social está encorajando de uma maneira direta ou
indireta os atos agressivos de violência extrema.
É como se estivesse sendo autorizado o uso da violência para
resolução dos conflitos.

Uma outra característica é que os grupos sociais aos quais
pertencem vários adolescentes — de família, dos amigos,
das redes sociais — muitas vezes podem valorizar o preconceito,
a discriminação, o uso de força.

Além disso, a subcultura extremista que antes existia na deep web,
de difícil acesso, agora está cada vez mais na superfície da internet.

É muito fácil encontrar perfis no Instagram, Tik Tok ou Twitter que
incentivam a violência, a misoginia.

Cada vez mais, há comunidades de “gamers” que funcionam como
mecanismo de incentivo a conteúdos de extrema direita.

Esses meninos discutem, falam dos ataques e idolatram os atiradores
que conseguiram causar um número grande de vítimas.

Eles potencializam uma tendência que já existe…”

“Existe escuta nesses espaços.
Eles [crianças e adolescentes] se sentem acolhidos, valorizados e pertencentes.

Todo mundo tem necessidade de validação ou confirmação.
Isso é ainda mais presente no ambiente online.
Eles querem confirmar suas crenças e a comunidade faz isso.

Os extremistas sabem exatamente como acolher as pessoas em seus
pontos mais fracos. Eles se sentem inseridos em uma ‘família’, mesmo
agindo sozinhos.

Acreditam que estão fazendo algo maior, em uma missão.

Acreditam que fazem parte de um movimento, mesmo que imaginário…”

“Com ampliação das plataformas, das redes sociais e páginas de grupos
que disseminam os discursos de ódio e do ambiente em que há a ruptura
do pacto civilizatório, era esperado, sim, que houvesse ataques violentos.
E que aumentassem os crimes, feminicídios, os crimes de racismo e
os ataques à escola…”

TELMA VINHA,
Doutora em Educação
Professora e Pesquisadora do Departamento
de Psicologia Educacional da Unicamp,
Em Entrevista ao Jornal da AdUFRJ (abaixo).
https://www.adufrj.org.br/index.php/pt-br/noticias/arquivo/21-destaques

Zé Maria

Depois que vimos aquelas cenas tragicômicas deploráveis
nos acampamentos ao redor dos quartéis generais militares,
em que indivíduos psicopatas se agruparam com um objetivo,

percebemos o quão perigosos são os Bolsonaristas Fanáticos e
como são facilmente manipuláveis por líderes mal intencionados,
os mesmos que pregavam uma liberdade para se armar e matar.

Imagina o que andam fazendo por aí aqueles indivíduos fanáticos.

Zé Maria

“Análise do Sociólogo Rogério Baptistini”:

https://pbs.twimg.com/media/FtCyGPYWIAA8sLI?format=jpg

https://twitter.com/Gracia_Fragala/status/1644009689271746561

Zé Maria

“1. Polícia não é médico pra fazer diagnóstico psiquiátrico!
2. Pessoas em surto psicótico são 3 vezes mais suscetíveis a serem vítimas de violência do que a praticá-la.
3. A imensa maioria dos crimes violentos é cometida por pessoas que não são psicóticas.”

Elisa Brietzke
Médica Psiquiatra, Professora e Pesquisadora.
https://twitter.com/e_brietzke/status/1643659074649587724

Zé Maria

.
“Tenho 21 anos de educação infantil e posso afirmar que desde 2018.
tem sido fomentado uma violência gratuita abastecida por Fake News
e discurso de ódio contra os espaços de educação.
Ñ é tragédia. Não é loucura. É projeto.”

Giselle Machado
Doutora em Educação pela UFSC – Direito e Infância.
Servidora Pública da Rede Municipal de Florianópolis.

https://twitter.com/GisellevaSC/status/1643702541799096320
.

Zé Maria

https://www.adufrj.org.br/images/WhatsApp_Image_2023-03-30_at_20.21.05.jpeg

Entrevista: TELMA VINHA, Doutora em Educação e Professora
do Departamento de Psicologia Educacional da Unicamp,

É uma das Pesquisadoras Responsável pelo Estudo que relata
que, desde 2002, o Brasil registrou Ataques de “Violência Extrema”
em 23 Escolas (não incluído o último em Blumenau/SC).

Os alvos dos agressores foram 12 escolas estaduais, 6 escolas
municipais, 1 municipal cívico-militar e outras 4 particulares.

Foram 36 Vítimas Fatais, entre Estudantes (24), Professoras (5),
Profissionais de Educação (2) e mais os próprios Atiradores.

A pesquisa também mostra que mais de 1/3 (um terço) dos
ataques (9) ocorreram do 2º Semestre de 2022 para cá [!!!].

O Estudo demonstra que o perfil predominante é de homens
brancos, misóginos, com gosto pela violência e apreciadores
de armas.
O mais jovem dos agressores envolvidos nos ataques tinha
10 anos; o mais velho, 25 (ex-aluno).

Em 12 ataques foram usadas armas de fogo [!!!], entre os quais
em 6 os atiradores tinham a arma em casa; em 4 compraram
de terceiros; e em 2 os artefatos eram de origem desconhecida.

Em entrevista ao Jornal da AdUFRJ, a professora Telma – que
foi a Coordenadora do Estudo realizado com a Colaboração da
Mestranda Cleo Garcia – atribui a crescente onda de violência
à intensificação do discurso de [ódio e violência armada] da
extrema direita.

“Esse discurso social [Fascista da Extrema-Direita]
está encorajando de uma maneira direta ou indireta
os atos agressivos de violência extrema.
É como se estivesse sendo autorizado o uso da
violência para resolução dos conflitos”, afirma.

Confira a Entrevista, na íntegra:

https://www.adufrj.org.br/index.php/pt-br/noticias/arquivo/21-destaques
Assista ainda: https://youtu.be/1zaRAX17hsw?t=410

Zé Maria

.

O Pior é que a “Elite do Atraso” do Brasil
finge que se importa, hipocritamente,
com os Massacres em Creches e Escolas.

Na realidade, porém, a “EA” segue os mesmos
Princípios Toscos do Fascismo que levam
a esses Genocídios no País.

Na Praxis, são contra tudo o que é Público
e Estatal, ou seja, atentam contra qualquer
forma de resolver as Causas dos Problemas
Coletivos por meio da Ação do Estado.

E ainda há Servidores Públicos, como esse
Delegado da Polícia Civil de Santa Catarina
que assumiu o Inquérito, que colaboram com
a Mistificação de que é um Caso Isolado.

Não, não é um Caso Isolado! Se há Estatística
comprovando que Mais da Metade dos Ataques
de Violência Extrema nas Escolas Brasileiras,
nos Últimos 20 Anos, ocorreram a partir de 2019,
precisamente quando Jair Bolsonaro – e toda a
Corriola da Extrema Direita Fascista – assumiu
o Poder Central no País, é porque cientificamente
existe uma Relação de Causa-Efeito a investigar.

.

Marcelo Gurgel

Matou crianças, são da cabeça que ele não é.
Matar adulto já seria bem grave, mas crianças aí o sujeito não deve bater bem ou usou muita droga.
Tem uns que usa tanta droga que fica até louco. Inclusive pinga.
Enfim, problemas de saúde mental.
É tudo com o mesmo médico.
Mas não descarto a falta de lucidez do bolsonarismo.
Tem muito idiota por aí que tem dinheiro e acha o cão bonitinho e qdo dá essas merdas não sabe o que fazer. Ou seja, é bolsonarista.
Outro dia teve um que matou um ou uns numa igreja.
É problema de saúde mental.
Caprichar nos CAPS para o povo.
É com médico, não é só com polícia.
Sei lá.

Marcelo Gurgel

Esse cidadão com certeza tem algum problema psiquiátrico e bem grave.
É bom cuidar do SUS e cuidar bem dos CAPS.
E nem sei pq ele estava solto já que tinha esfaqueado o padrasto há 2 anos atrás. Pq ele estava solto ? Alguém pode explicar.

Além do falado no texto, isso mostra a fragilidade da saúde mental no Brasil (e no mundo.)
Ninguém tá falando dessa parte. Mas é bom abordar a questão mental tb e se o SUS e os CAPS tem condições de atender bem todos. Médico, remédio etc.
Isso é uma questão de saúde pública tb.
Meus sentimentos á família e amigos das crianças.
Triste dia.

Deixe seu comentário

Leia também