Luiza Bairros: A pobreza e a cor da pobreza

Tempo de leitura: 2 min

A pobreza e a cor da pobreza

LUIZA BAIRROS, na Folha de S. Paulo, em 13.05.2011

Os negros têm a oferecer suas estratégias de resistência ao racismo, que, desde o período colonial, interpôs obstáculos à afirmação da humanidade

Em “Leite Derramado”, mais recente romance de Chico Buarque, há um personagem que, ao se referir com ironia ao radicalismo de seu avô abolicionista, afirma que ele “queria mandar todos os pretos brasileiros de volta para a África”.

Nessa visão, abolicionismo radical equivalia a se livrar dos negros. De todo modo, após 1888, as elites brasileiras irão se comportar como se os libertos, que as serviram por quase quatro séculos, não estivessem mais aqui. Mas estavam, e por sua própria conta.

No início do século 20, eram frequentes os prognósticos sobre o desaparecimento da população negra, que supostamente não sobreviveria ao século.

Ao mesmo tempo em que se criticavam as soluções de laboratório defendidas pelo ideário eugenista, em voga aqui e em muitos países, também se apostava no embranquecimento via miscigenação.

Mais tarde, ao se debruçar sobre os resultados do Censo de 1940, Guerreiro Ramos considerou “patológico” o desequilíbrio nas respostas ao quesito cor, tendentes, em sua esmagadora maioria, a sobrevalorizar a cor branca.

Na contramão dessa tendência, os dados censitários de 2010, há pouco divulgados, confirmam o que já se delineava no Censo de 2001: iniciativas de valorização da identidade, com origem nos movimentos negros e hoje em processo de institucionalização, asseguraram a maioria negra em uma população que ultrapassa 190 milhões de brasileiros.

Nesse longo percurso de afirmação, as mudanças não se limitaram a uma percepção de si mais positiva, exclusiva dos afro-brasileiros.

A consciência negra avançou em conexão íntima com a consciência social como um todo. Não se trata, portanto, da mera substituição de um segmento populacional dominante por outro, mas do reconhecimento de que os valores do pluralismo ajudam em muito a consolidar nosso processo democrático.

Contudo, ainda persistem dificuldades a serem enfrentadas.

Hoje, temos uma sólida base de dados, que mostra reiteradamente que mulheres e homens negros estão entre os brasileiros mais vulneráveis, numa proporção muito maior do que sua presença relativa na população total.

Por isso, a priorização da erradicação da pobreza extrema pelo governo da presidenta Dilma abre possibilidades inéditas de abordar rica e diversificada experiência humana, que ainda precisa ser considerada em toda a sua amplitude.

O sucesso das iniciativas de combate à pobreza extrema requer a reversão de imagens negativas, a superação de práticas discriminatórias e o redimensionamento dos valores de cultura e civilização que, afinal, contra todas as expectativas, garantiram a continuidade dos descendentes de africanos no país.

Quando o assunto é superação da pobreza extrema, é justo supor que os negros tenham algo a dizer.

Segmentos empobrecidos de outros grupos raciais também o terão, é certo. Mas os negros têm a oferecer suas estratégias de resistência ao racismo, que, desde o período colonial, interpôs obstáculos ideológicos e culturais à afirmação plena de sua humanidade -a base das desigualdades de renda e de oportunidades que ainda vivenciam.

Assim, no atendimento a direitos básicos que articulam renda, acesso a serviços e inclusão produtiva, é preciso tornar visíveis e valorizar dimensões da pessoa e do universo afro-brasileiro que desempenham papel decisivo na conquista da autonomia. Todos somos humanos, e a resistência aos processos desumanizadores do racismo é, de longe, a maior contribuição dos negros à cultura brasileira.

*LUIZA BAIRROS é ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República.


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Comentários

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Luci

Resistência é a memória da ancestralidade, que mantém de pé os que vivenciam hoje a injustiça da desigualdade, uma das maiores do planeta. O que cada um de nós podemos fazer senhora Ministra para colaborar com seu trabalho que é dignificante porque tem o ideal de liberdade com justiça e a visão de um mundo onde todos nós poderemos reconhecer no outro o ser humano que somos.

FrancoAtirador

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Justiça de SP condena homem por racismo no Orkut

A juíza Maria Isabel Rebello Pinho Dias, da 16ª Vara Criminal de São Paulo, condenou um homem de 27 anos acusado de racismo pela internet a dois anos, quatro meses e 24 dias de prisão. Ele respondeu a um processo originado em 2008 pelo crime de praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.

As agressões foram difundidas por meio do site de relacionamentos Orkut. Como a condenação foi inferior a quatro anos de reclusão e o acusado é réu primário, a pena foi convertida em prestação de serviços à comunidade.

O Ministério Público Estadual acusou o homem de ter adicionado no seu perfil do Orkut as comunidades “coisas que odeio: preto e racista”, “Adolf Hitler Lovers”, “Sou racista” e “racista não, higiênico!”.

De acordo com a sentença, o rapaz afirmou que há negros em sua família e não teria motivos para ser racista. Ele reconheceu que fez comentários infelizes, mas disse que na época não pensava sobre suas consequências.

A juíza não cedeu a esse argumento. “Em que pese o acusado sustentar que apenas fez comentários infelizes, com intenção de brincadeira e discussão, tal alegação deve ser rechaçada, pois não é admissível que a livre manifestação de pensamento seja usada como subterfúgio para condutas abusivas e lesivas a um dos objetivos da República Federativa do Brasil, qual seja, a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, cor, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”, disse a juíza.

http://africas.com.br/site/index.php/archives/116

José

Esta decisão do caso metro Higienópolis reflete bem o pensamento do eleitorado demotucano: Elitista,egoístas,fascistas,nojentos e alienados….

Solidariede

Milton Temer escreveu artigo no site Fundação Lauro Gomes:"Resistir para desconstruir"… "se formos ao âmago da avaliação, o capitalismo, depois de um bem mais longo período de implantação, é hoje muito mais um regime de ameaça à sobrevivência humana do que processo de qualificação de vida para as maiorias. O que constatamos, para além da própria destruição material das condições de vida, é que o regime sinaliza uma crescente vocação de instrumento para a implantação da barbárie. Da autodestruição.".."Neste contexto, tarefas se impõem aos que consideram fundamental lutar por um outro mundo; um mundo que recupere valores da solidariedade e da liberdade, sobre os conceitos destrutivos da competividade entre indivíduos fragmentados e estimulados em seu egoísmo."

Janete

Bravíssima Luiza Bairros! Sinto-me bem representada na Esplanada dos Ministérios. E, muito mais, prestigiada!
Dilma acertou com a sua indicação para ministra.

GilTeixeira

Mulato vem de mula, cria estéril do cruzamento de égua com jumento!
Pardo é qualidade de papel, inferior, por sinal.
essa é a minha resposta quando me qualificam numa dessas duas maneiras.
Sou negão por escolha ( meu irmão, tão 'rosa' quanto eu se diz branco).
Acho que essas qualificações deveriam ser tiradas do censo ficando apenas o branco, negro e índio!
Quanto as cotas elas são migalhas perto da dívida que o Brasil tem com os negros!

    Adinoel

    Pardo vem da palavra latina "pardus" (leopardo). Época em que não havia papel inferior, eram todos iguais, pois não se conhecia processos químicos para deixá-lo a branquinho
    Mulato vem da palavra "mullus" sim, mas a mula há séculos atrás sempre foi um animal tratado com respeito e sem conotação pejorativa, pois, como ainda é no sertão, é a razão de muita gente ter sobrevivido; valoroso e resistente.
    E normalmente, a miscigenação torna as raças mais fortes e resistentes a doenças e má formação genética.

    MULATO sim, com MUITO orgulho e SEM ódio.

    Abraços,

    maria andera

    de qualquer mneira sao tratamentos destinados a animais, nao?

Margarida

Pobreza neste pais e no mundo todo para mim não tem cor. È só da uma olhada, na pobreza das pessoas do Ceará, Natal, João pessoa, são pessoas brancas, pardas, mas vivem em extrema miséria, Agora vamos para o resto do mundo, Todos sabem que há miséria na Africa, mas ha tb na india, na romenia, em moscou, na china, no viatinã, no paquistão, na palestina e por ai afora. Miséria não tem cor, têm é politica e jogo de interesses.

assalariado.

A letra desta música retrata não só a escravidão negra,como também mostra que,a escravidão extrapolou todos os limites históricos da escravidão,em busca de acumulação de riquezas que os capitalistas industriais e financeiros,impuseram ao planeta.Quando os portugueses invadiram o Brasil em abril de1500, tentaram escravizar os indios,houve resistências/lutas.Por consequencia a nascente burguesia "luso-brasileira" resolveram saquear/sequestrar os negros no continete africano.Como diz um trecho deste post: "Quando o assunto é superação da pobreza extrema, é justo supor que os negros tenham algo a dizer." Aqui vai um video desta musica do Racionais Mc's:
Aqui vai: [youtube 52NT9cSWC_8 http://www.youtube.com/watch?v=52NT9cSWC_8 youtube]

    13 de Maio

    Milton Temer no site Fundação Lauro Campos/P-Sol"Resistir, para desconstruir:a tarefa." terecho…. Evidentemente, as redes sociais não são suficientes para se sobrepor à hegemonia da TV, aberta e por assinatura, ou ao cada vez mais concentrado e ideologicamente idêntico mercado de jornais diários. Quase todos com as mesmas manchetes, quase todos organizados pelas mesmas fontes, com os mesmos objetivos. A ponto de até em suas páginas algumas vozes se levantarem para protestar contra suas editorias econômicas, pautadas e dirigidas à distância, pela entrevista dos consultores do sistema bancário privado, sem nenhum espaço para os debates acadêmicos, cientificamente fundados em seus textos contestadores, As redes não são suficientes, mas são um espaço que não pode ser desprezado. Que tem de ser ocupado pelo pensamento alternativo, invadindo e constrangendo as redações, no combate à alienação consentida a que se entrega boa parte dos jornalistas ali assalariados.

    assalariado.

    13 de Maio,o ideal seria fazer um trabalho de base junto aos trabalhadores assalariados,nas fabricas, nos bairros,na periferia,via partidos que se dizem de esquerda.No meu local de trabalho os assalariados em sua imensa maioria,são massa de manobra do capital com a devida manipulação e aval do seu carro chefe,o PIG(Partido da Imprensa Golpista).

    Saudações Socialistas.

ZePovinho

SEXTA-FEIRA, 13
Fantasma do colapso financeiro volta a rondar a Europa diante dos sinais -ostensivos– de que a Grécia não sobreviverá sem novo aporte de recursos para evitar a oficialização de uma falência virtual . Dívida grega equivale a 143% do PIB. Meta de ‘ajuste' acordada com credores prevê reduzir esse colosso a 18% do PIB até 2020. Sangue , suor e lágrimas mostram-se insuficientes. ‘Inspetores' dos mercados, em Atenas nesse momento para tomar o pulso agonizante, enxergam uma única solução para evitar o ‘default': fatias mais suculentas de privatizações do patrimônio público grego. "Só 20% é pouco", reclamam os porta-vozes dos mercados sobre a condição originalmente acertada com a UE e o FMI para a ‘ ajuda ‘ de 50 bi de euros a Atenas. Colapso grego causa apreensão e derruba bolsas européias nesta sexta-feira.Nos EUA, pós-execução de Bin Laden, a inflação ao consumidor atinge o maior nível em dois anos e meio.A renda dos assalariados, em contrapartida, caiu 0,3% em abril, após declínio de 0,4% em março. Apenas 21% dos norte-americanos espera melhora nas condições financeiras. Percentual é o mesmo registrado na mínima histórica da pesquisa, durante a explosão da bolha das subprimes, em 2008. É hora de o Brasil abraçar a teoria ortodoxa do excesso de demanda e trocar investimentos por mais juros? (leia artigo de Amir Khair, nesta pág.)
(Carta Maior; Sábado, 14/05/ 2011)

Regina Braga

Parece que o nosso passado não recomenda o nosso futuro…Naõ gosto de discutir cotas…No Campo de concentração do Crato(18/12/1.915), houve 150 mortes diárias.Os molambudos,foram isolados do Poder durante a seca(73.918,foram mortos).De 1.979-1.984,a estimativa da Comissão da Terra e Ibase é que 3,5 milhões foram mortos pela seca.Livro de Kênia Ríos,historiadora da PUC-SP.Preconceito,indiferença,desigualdade,etc…matam tanto negros,nordestinos,mulheres,moradores de rua,índios…A falta de respeito,de políticas sociais,de desenvolvimento,é que, geram os grandes absurdos do nosso país.Valorizar a pessoa é torna-la centro das ações.Parabéns Ministra.

operantelivre

É difícil falar sobre o que não vivi e não vivo. Não entendo porque os afetos por cores, times, ideologias, sexo, religião, precisam ser planos. Estamos conseguindo dividir pessoas, não com base em "raças" e sim em afetos por seus comportamentos. Estamos intolerantes aos comportamentos dos outros e não às suas cores de pele e religião. Estamos intolerantes ao incômodo que certos comportamentos alheios nos causam. Eu não me lembro desta divisão enter negros e brancos em minha infãncia. Só me lembro dos ricos e dos pobres. É a minha memória. Meus amigos de brinacdeira de rua eram de todas as cores, embora fôssemos todos pobres. Não entendo o que está acontecdndo com a sociedade que se divide cada vez mais. A quem interessa isto. A quem interessa esconder diferenças ao invés de promover afeto positivo.

Acho que há um interesse estratégico por trás disto. O mesmo interesse que usa dos "direitos humanos" para ser desumano e dominar, impor a hegemonia e não a diversidade com respeito. Perdi meu pedigree, mas tenho uma esposa parda (que não se vê negra e cuja mãe é negra) e um filho ameríndio. Estou preocupado com o futuro de meus netos.

    Mateus Ferreira

    E você vivia em qual país ou céu que não havia divisão entre pessoas brancas e negras? Proselitismo racista é dose.

    13 de Maio

    operantelivre:Quantos cientistas, diplomatas, embaixadores, governadores, secretarios de estado, medicos, enhenheiros, apresentadores de TV, empresários, empeiteiros, sub prefeitos, promotores, juizes, procuradores da República, Ministros de Tribunais Superiores, senadores, deputados, vereadores, donos de lojas em Shopings, vendedores de lojas dos shopings, balconistas de padarias e farmácias e/outros negras e negros o senhor conhece? Quantas empregadas domésticas, pedreiros, seguranças, eletricistas, enfim em serviços de baixos salários, o senhor não acha que há algum problema com o "Somos Todos iguais diante da lei?".

sironn

Excelente artigo da ministra!

José

A política de COTAS está correta.Se você tem um PROBLEMÃO pela frente(desigualdade), faça como Napoleão Bonaparte que sempre DIVIDIA, FLANQUEAVA o exército inimigo e ,finalmente, vencia-o. A desigualdade tem causas múltiplas,estruturais.As cotas tem por virtude não REPRODUZIR a miséria, pois os filhos desses beneficiados, dificilmente, serão também excluídos….

Leonardo Câmara

Sei que está fora de tópico, mas creio que vocês deveriam repercutir isso:
http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=1

Marcha contra Wall Street reúne milhares em Nova York

Cerca de 10 mil pessoas participaram, quinta-feira (12), de um protesto nas imediações do coração do mundo financiero: a Bolsa de Valores de Nova York. Os manifestantes marcharam pelas ruas da cidade para exigir que os bancos e os empresarios ricos paguem os custos da crise econômica que eles causaram, e não os trabalhadores que enfrentam uma onda de demissões e um ataque político em nível nacional contra seus direitos trabalhistas.

Por David Brooks, no La Jornada

“Fuck Wall Street”, gritava hoje (Quinta, 12) um manifestante ao marchar pela área, enquanto que a polícia impedia que milhares de professores, funcionários públicos, de manutenção e de vários setores de serviços, imigrantes, estudantes e ativistas comunitários se aproximassem do monumento do mundo financeiro: a Bolsa de Valores de Nova York.

Os manifestantes – mais de 10 mil segundo alguns cálculos – marcharam pelas ruas ao redor do setor financeiro e político desta cidade para exigir que os bancos e os empresários ricos paguem os custos da crise econômica que eles mesmos detonaram, e não os trabalhadores que enfrentam uma onda de demissões e um ataque político em nível nacional contra seus direitos trabalhistas.

Marcelo

Minha avó paterna era indigena , meu avô negro , meus avós maternos eram portugueses , eu tenho raça , sou vira lata , ou brasileiro ? Perdemos 10 anos debatendo cotas , isso é uma digreção , desvia nosso foco da educação publica de qualidade para todos , que é nosso direito e dever do governo. Manobra esperta do governo para se livrar da responsabilidade em prover uma educação de qualidade .

13 de Maio

Ministra hoje eu queria colocar uma coroa de flôres em memória/homenagem aos milhões de africanos(as) e negras/os brasileiros que foram escravizados durante 380 anos.Em homenagem aos milhões de negros que resistem moralmente e intelectualmente a caminhada e luta por reconhecimento liberdade e justiça. Não há este local.Reverenciar virtualmente até quando? Memorial é para reconhecimento e respeito aos que tiveram bola de ferro nos pés, foram chicoteados centenas de vezes, foram enforcados. marcados a ferro, desumanizados e trabalharam sob o regime de escravização.Ministra o mundo está observando o Brasil que não pode mais tolerar violação de direitos humanos e a marginalização do povo negro.Combate à pobreza e a marginalização são Políticas Públicas necessárias na democracia.
São mais de cinco séculos, são gerações invisibilizadas e sofrendo as agruras da exclusão. Ministra sinta a urg~encia da necessiadade de promoção e mudanças.Estamos contigo a justiça é o caminho, conte com nossa força e fé.

1º, 2º, 3º Anos: A Pobreza e a Cor da Pobreza, por Luiza Bairros « Tony, O Conselheiro

[…] A pobreza e a cor da pobreza […]

Hélio

Por que a Ministra diz que "iniciativas de valorização da identidade, com origem nos movimentos negros e hoje em processo de institucionalização, asseguraram a maioria negra em uma população que ultrapassa 190 milhões de brasileiros." ??

Segundo o último censo, os negros são 7,6% da população.
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2011/05/12/m

Quem autorizou a inclusão dos pardos (ou mulatos) de um lado e não de outro?

    Dutra

    É só vc perceber que negros e mulatos comungam dos mesmos malefícios produzidos pela sociedade racista e etnocentrica que sempre tratou de dizer onde era (sempre foi) o lugar do negro. Somos nós negros quem hoje dizemso o que queremos e como queremos.
    Basta lembrar que o problema racial no Brasil não é só do negro. As tarefas para as soluções desses probelmas são de negros e brancos. Acredito que temos muitos brancos que são sensiveis as questões que envolvem o racismo "à brasileira" e se colocam como solidários, mas nos negros devemos encabeçar nossas lutas; sejam elas onde for.

    Hélio

    Eu sou mulato, nem negro nem branco, e não sou obrigado a me filiar a nenhuma de suas correntes.
    Se querem se fazer de vítimas, ajam por si.
    Eu mesmo nunca tive problema algum por conta da minha cor; basta ser pessoa decente e civilizada que ninguém discrimina, nem em Higienópolis.
    Agora, os negros quererem parasitar nossa maioria é o fim da picada.

    Dutra

    Você estodou Raimundo Nina Rodrigues? Sabe quem foi Silvio Romero? Já Ouviu falar em Roquetto Pinto? Oliveria Viana? Fernando de Azevedo? Renato Khel? Se não sabe, procure lê-los, só assim compreenderá as dificuldades que instalaram-se no fazimento da sociedade nacional. Compreenderá o que é o status da brancura. Sem inserir-se num universo de leitruras fica impossível estabelecer uma discussão a esse respeito. Se você já estiver passado pela graduação não posso aceitar uma opinão baseada no "senso comum". Se ainda não cursou uma universidade é urgente que o faça. Estais acredito eu em um lugar privilegiado. Sucessos.

João Luiz Pena

Caro Azenha,
Chama a atenção como os indígenas são quase que invisíveis neste país. Segundo a Nota Técnica do MDS de 02 de maio de 2011, intitulada 'O perfil da Extrema Pobreza no Brasil com base nos dados preliminares do universo do Censo 2010' (p.6), "Os indígenas totalizam 817.963 pessoas no país, sendo que 326.375 se encontram em extrema pobreza, representando praticamente quatro em cada dez indígenas (39,9%). Entre os brancos, esse percentual é de apenas 4,7%, para as pessoas que se declararam amarelas, 8,6% e entre pretos e pardos somados, 11,9% (10,0% e 12,2%, respectivamente). Ainda sobre os indígenas, convêm destacar sua presença principalmente na região Centro-Oeste e Norte, residentes em áreas rurais – provavelmente em aldeias indígenas."
Parece-me que a pobreza é entremeada por várias cores, né?

mucio

Eugenista e racista são sinônimos. O censo 2010 informa que a etnia preta é 7,6%, e a ministra diz que metade da população do BRASIL é preta. Mentira, é de pardos ou seja mestiços de todas as etnias. Sou mestiço de índio com branco, portanto sou PARDO, não sou preto. Nenhum BRANCO OU PRETO irá dizer qual minha cor ou dirá que eu pertenço a uma outra etnia. Não pertenço a nenhuma delas Sra. Ministra, nem a sua nem a dos brancos. MESTIÇO COM MUITO ORGULHO.

    Dutra

    Depende meu cara Múcio. A moça da loja onde você for comprar um certo produto não terá tanta certeza que vc é pardo. Se ela tiver sua educação baseada no etnocentrismo, obvaimente você poderá sofrer um desconforto. Cuide-se na fila do banco. Igual atenção na fila do ônibus, não deixe de preocupar-se se estiver voltando da escola ou do trabalho e a "polícia" te abordar fique esperto e tenha sempre alguém por perto. Sucessos.

Almerindo

Azenha, fora do assunto, mas muito importante a leitura:
http://www.sindipetronf.org.br/TabId/105/NoticiaI

Adilson

Bravo!

a ministra foi no ponto quando diz que as iniciativas de valorização da identidade tiveram origem nos movimentos negros, na sua história de resistência que ainda persiste nas lutas diárias em que exige da sociedade brasileira e dos governos o que jamais lhes seria dado.

Armando S Marangoni

Devo confessar que sei pouco sobre a questão da igualdade racial no Brasil, mas só o termo me parece racista.
Se o Brasil, ou melhor, se o povo brasileiro resolvesse mesmo dar um jeito no erro absurdo que foi cometido contra os negros, compensando imediatamente a miséria, o descaso, o abandono em que foram deixados os escravos e seus descendentes depois de terem sido explorados covardemente, a ação seria outra, e não esses discursos cheios de firulas que nada mais significam do que a intenção de cozinhar em banho maria essa questão.
Já passou da hora de assumirmos que fomos selvagens, e consertar os problemas que causamos a hoje milhões de pessoas. Mas, consertar mesmo: privilegiar os descendentes em programas de apoio financeiro, educacional e psicológico, e por meio de incentivos fiscais. Pedir desculpas e compensar o erro.
Essa é a hora, quando aqueles que promoveram – não interessa aqui seus motivos porque eram ignorantes – o sequestro e escravização estão com seu poder de mando reduzido e terão menores chances de impedir a correção da injustiça.
Somos um grande país porque somos um grande povo. Precisamos consertar nosso passado.

Marcia Costa

"Mesmo depois de abolida a escravidão,
negra é mão de quem faz a limpeza
lavando a roupa encardida, esfregando o chão.
negra é amão de imaculada pureza.

Negra é a vida consumida aos pés do fogão,
negra é a mão nos preparando a mesa
limpando as manchas do mundo com água e sabão
negra é a mão de imaculada nobreza."

Que esta música de Gil e Chico nos faça pensar onde ainda estão, infelizmente, nossos irmãos negros.

Todo e qualquer recurso e política ainda vai ser pouco pra tanta desigualdade.

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