Lelê Teles: O trabalho danifica o homem e a mulher; o que os dignifica é o caráter

Tempo de leitura: 3 min

SOBRE O TRABALHO

Por Lelê Teles*

“o trabalho danifica o homem, e a mulher, o que os dignifica é o caráter.” Cacique Papaku

não existe essa de dia do trabalho, porque dia do trabalho é todo dia, pergunte a um entregador com sua caixa quadrada nas costas.

existe o dia do trabalhador (e da trabalhadora), dia deste pobre diabo explorado, oprimido, precarizado.

dizer “feliz dia do trabalhador” é como mandar flores no dia da mulher; é uma tremenda fuleiragem festiva.

essa data, como a da mulher e a da consciência negra, é uma data de reflexão e de luta.

todos os povos escravizados do mundo foram escravizados para trabalhar.

a origem da palavra trabalho tem a ver com tortura (trapalium); o trabalho foi o castigo que deus impôs a adão, o infeliz que foi expulso de casa pelo próprio pai, o primeiro sem-teto da história.

“o trabalho liberta” era a frase escrita na entrada do mais famoso e cruel campo de concentração nazista; que também era conhecido como campo de trabalhos forçados.

valorizar o trabalho, sem refletir sobre o seu significado, cheira a servidão voluntária.

enganaram você desde criança com aquela fábula manipuladora da formiga e da cigarra.

nem a formiga e nem a cigarra trabalham; elas não batem ponto, não tomam esporro, não têm ansiedade e nem depressão.

o trabalho, tal o conhecemos, nasce quando o primeiro macaco desce de uma árvore e diz: “essa árvore é minha”.

o trabalho nasce com a cerca, com o muro…

um ianomâmi não trabalha, tal qual a cigarra e a formiga, o indígena não tem um crachá, um salário de merda, um chefe de sessão, um inspetor, um gerente geral, um departamento de pessoal, uma chefia!

o homem, colocado na condição de animal doméstico, lambe a mão do seu senhor porque esse lhe garante a ração de todos os dias, sem deixar de dar-lhe algumas pancadas.

é mentira que o trabalho dignifica o homem, o que o dignifica é o caráter; o trabalho o danifica.

inventaram o tal do ócio criativo para que você, mesmo em momentos de lazer e fruição, pense em trabalhar, produzir, gerar riqueza para alguém; porque se você é um trabalhador, nunca é pra você a riqueza que você gera.

é o seu suor e o seu sangue que lubrificam a máquina que lhe tritura a carne.

em qualquer imagem sobre a escravidão no brasil você verá os pretos trabalhando; só os pretos trabalhavam!

o trabalho, além de ser um castigo, é uma fonte de riqueza da qual o trabalhador não se beneficia.

“tá vendo aquele edifício, moço…”

toda babá, é bom você saber, também tem o seu bebê, porém o seu trabalho é deixar de cuidar do seu filho para cuidar do filho dos outros.

a emancipação da mulher branca aconteceu às custas do trabalho da mulher negra.

“lugar de mulher não é no tanque, no fogão ou empurrando carrinho de bebê”, dizem as mulheres brancas, enquanto as pretas lhes fazem comida, lhes lavam as calcinhas, ninam e alimentam os seus filhos.

são as não-mulheres do feminismo de araque.

não foi o nimeyer e nem jk quem construiu brasília, quem o fez foi uma multidão de miseráveis analfabetos que foram jogados para fora da cidade assim que a obra ficou pronta, quais restos de construção.

aos olhos do empregador, o empregado é só uma ferramenta; uma não-pessoa, uma entidade coisificada, um martelo de carne e ossos, uma bigorna que sua, um burro sem rabo.

o chicote já foi bastante usado no lombo de trabalhador; o trabalho como um castigo e uma punição!

se pudessem, os patrões trocariam todos os trabalhadores por máquinas, porque essas não adoecem, não menstruam e não se organizam em sindicatos.

o único trabalho que liberta é o da livre gestão anarquista, porque todos estão em comum acordo e ninguém está a explorar ninguém.

o resto é servidão!

palavra da salvação.

“ Tá vendo aquele edifício, moço?
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
Era quatro condução
Duas pra ir, duas pra voltar
Hoje depois dele pronto
Olho pra cima e fico tonto
Mas me vem um cidadão
E me diz, desconfiado
Tu ‘tá aí admirado
Ou ‘tá querendo roubar?
Meu domingo ‘tá perdido
Vou pra casa entristecido
Dá vontade de beber
E pra aumentar o meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio
Que eu ajudei a fazer…” Lúcio Barbosa

*Lelê Teles é jornalista, roteirista e publicitário.


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Comentários

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Lucio Sátiro Maia

Uma aberração de texto que só poder os ter sido escrito por um esquerdista: o parasita que critica o trabalho, mas precisa comer, vestir, beber, enfim, tem necessidades básicas que só serão satisfeitas através da extração de recursos, seja direto da natureza, seja tirando recursos alheios.
E esquerdista não tem um pingo de dignidade, nem com trabalho, nem abdicando dele por viver de uma mentira, que ele chama de “valor trabalho” e que foi copiada de Smith e Ricardo pelo charlatão plagiador do Marx. Mentira essa que sustenta outras mentiras, como a tal “exploração capitalista”, e a “mais valia” segundo a qual o capitalista se apropria de uma parte da produção do trabalhador.
Trabalhador esse que ao chegar no trabalho, vai se utilizar de um prédio que ele não comprou, de máquinas que ele não comprou, de matéria prima que ele não comprou, de um gasto absurdo de energia elétrica que ele também não vai pagar, para fabricar produtos que, SE vendidos, vão permitir ao capitalista a continuar pagando não apenas o salário do trabalhador, mas tudo aquilo que o trabalhador usa DE GRAÇA e cujos custos sairão justamente do bolso do capitalista: máquinas, manutenção dessas máquinas, insumos, eletricidade, capital de giro, gastos com pesquisa e inovação de produtos etc.
Capitalista esse que ao invés de aproveitar milhões de reais com a família e amigos, prefere abdicar da satisfação imediata desse dinheiro para investir numa empreitada para obter um retorno do investimento às vezes depois de 10, 15 ou 20 anos, isso SE seu produto for um sucesso na luta contra os produtos de seus concorrentes, porque esses riscos o trabalhador também não assume, mas o salário dele está garantido todo mês e caso seja demitido, seus direitos trabalhistas também serão garantidos.
Sobre os tais campos de trabalho forçados, é uma especialização da esquerda, que ainda existem e na China e Coreia do Norte são eufemizados, se é que isso é possível, sob o nome de “campos de reeducação”. Tudo para manter o povo escravizado debaixo da tirania socialista e manter os privilégios do partido único que acha que pode ditar como as pessoas devem viver.
O autor em sua infantilidade anarquista quer condicionar o trabalho à concepção humana da fábrica, como se isso negasse a realidade do trabalho da cigarra e da formiga, que também trabalham, à sua maneira, para garantir sua vida, sem precisar bater ponto.
Sobre pretos serem os únicos que trabalhavam no Brasil, o autor mostra a má fé com que trata do assunto tão complexo: os brancos não só trabalhavam, como antes de escravizar negros (por uma simples questão de custo-benefício), Portugal e Espanha escravizaram principalmente os chineses, japoneses, coreanos, malaios e eslavos. Especialmente os chineses, coisa que tanta dor de cabeça deu ao Marquês de Pombal.
E como a costa da África está bem mais próxima do Brasil que a da China, os europeus se aproveitaram da escravidão africana já milenar em que reinos africanos enriqueciam vendendo africanos, pois transportar esses pessoal da África para o Brasil ficava mais viável que da longínqua China.
Quanto aos índios, o autor não poderia ser mais ridículo: eles também praticavam escravidão, especialmente de guerreiros de tribos inimigas, vencidos em combate.
Sobre trocar humanos por máquinas, essas também demandam manutenção, programação, troca de peças de reposição, coisas que são feitas por seres humanos. Além do mais, para a fantasiosa e anarquista mente do autor, não haveria problema com essa substituição, pois com ela, os humanos deixariam de ser “explorados” nesse trabalho que danifica e não dignifica.
A tal “livre gestão anarquista” também é outra baboseira. O trabalhador vai continuar fazendo a mesma coisa que a cigarra eca formiga, mas o autor se ilude com essa ilha da fantasia.
Recursos continuarão precisando serem extraídos, processados e transformados em bens de consumo e por uma necessidade da própria natureza humana, a relação de trabalho ou de “gestão” continuará a demandar que uns mandem e outros obedeçam. Com ou sem ponto eletrônico, com ou sem supervisor ou gerente.
Pois o trabalho livremente ajustado precisará ser cumprido e, como existem indivíduos mais ou menos negligentes, esse trabalho precisará ser cobrado.

ana

Olá, achei interessante sua publicação e gostaria de ver se é pertinente colocar em meu site que é: https://www.clinicasderecuperacao.com Um forte abraço.

    Lelê Teles

    Claro 😘

Zé Maria

Quem inventou que o ‘trabalho dignifica o homem’ foi um patrão FDP.

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