Kfouri: Jornalista que na Segunda Guerra teve dúvida sobre qual era o lado certo não fazia bom jornalismo; vídeo

Da Redação

“Nós vivemos uma situação de certa maneira pior do que a do golpe de 64”, disse ontem à noite o jornalista Juca Kfouri, no lançamento do livro Relações Obscenas.

O livro analisa sob vários pontos-de-vista os vazamentos das mensagens trocadas entre procuradores da Lava Jato e o então juiz federal Sergio Moro, hoje ministro de Jair Bolsonaro.

O prefácio é do escritor Fernando Morais.

Kfouri escreve sobre futebol para o Grupo Folha.

Quando o presidente constitucional João Goulart foi derrubado pelos militares, com apoio da mídia, a situação foi imposta “pelas armas, pelo terror, pela tortura, pelas mortes, pelo desaparecimento de quem resistiu e hoje tudo isso é possível fazer midiaticamente, juridicamente, via Congresso Nacional”, disse Kfouri.

Ele aparentemente se referia ao golpe de 2016, em que o Congresso derrubou a presidenta eleita Dilma Rousseff sem crime de responsabilidade e com omissão do Supremo Tribunal Federal.

A prisão do ex-presidente Lula foi continuação do golpe contra Dilma, abrindo caminho para a chegada ao poder de Jair Bolsonaro.

“Com Lula livre, nós vamos acabar triunfando”, previu Kfouri.

Ele disse que não se preocupa com a neutralidade, mas sim com a imparcialidade e a isenção no exercício diário do jornalismo.

“Jornalista que na Segunda Guerra Mundial teve dúvida sobre qual era o lado certo, não estava fazendo bom jornalismo”, afirmou Kfouri, que também é sociólogo.