Justiça por Lindolfo, vítima da homofobia: Ato reúne MST, entidades de direitos humanos, professores e coletivos LGBT; vídeos

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Fotos Joka Madruga
Homenagem

MST PR*, vídeos e fotos de Joka Madruga

“A morte já não mata
Já não mata mais a morte
O chão regado à sangue
Faz a flor nascer mais forte”.

Em 30 de abril, Lindolfo Kosmaski, jovem gay de 25 anos e origem camponesa, foi assassinado foi brutalmente assassinado no Paraná.

Seu corpo todo carbonizado estava próximo à PR- 151, rodovia que atravessa o município de São José do Triunfo, onde ele morava.

A cidade, no sudeste do Paraná, fica a 106 km de Curitiba.

Indícios apontam para crime de homofobia.

Lindolfo fez licenciatura em Educação do Campo na Escola Latina Americana de Agroecologia (ELAA), no assentamento Contestado, no município da Lapa (PR).

Participou de diversas atividades de formação do MST.

Atuava como professor na rede estadual de ensino no Paraná.

Na última eleição municipal concorreu a vereador pelo PT, em São João do Triunfo.

Atualmente, cursava mestrado no Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências e Matemática da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Toda a solidariedade ao pai, mãe e irmãos de Lindolfo. Foto: Joka Madruga

Nesse sábado (08/05), mais de 200 pessoas se reuniram na cidade em um ato em memória de Lindolfo.

No meio da praça, em frente à Secretaria Municipal De Educação, uma cruz de madeira, velas, bandeiras, flores e uma camiseta com a imagem do jovem.

O ato em memória de Lindolfo foi organizado por várias entidades: Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São João do Triunfo, APP Sindicato, Coletivo Triunfo, Conselho Permanente de Direitos Humanos do Paraná, PT municipal e estadual e CUT/PR.

Darci Frigo, vice-presidente do Conselho Nacional dos Direitos Humanos, participou da homenagem

Ao se dirigir aos presentes (vídeo abaixo), especialmente à família de Lindolfo, destacou as batalhas do jovem professor, assumidamente LGBT e militante pela reforma agrária.

Frigo quer não apenas a prisão do  assassino, mas justiça para que as pessoas sejam respeitadas pelas suas diferenças.

Marco Aurélio Gaspar é professor de educação física no Colégio Estadual Francisco Neves Filhos, em São João do Triunfo.

Ele lembrou que conheceu Lindolfo quando era bem criança, aluno do colégio.

E que anos depois voltou para na condição de professor. Motivo de orgulho para escola.

“O legado do nosso professor Lindolfo ficará na nossa história. Um legado de luta, de dignidade  e de esperança”, diz o ex-professor e agora colega de trabalho Marco Aurélio (vídeo abaixo).

Mirelle Gonçalves é militante do MST.

Integrava a coordenação da Escola Latina Americana de Agroecologia (ELAA) na época em Lindolfo fez licenciatura em Educação do Campo lá.

“O Lindolfo chegou na Escola Latina Americana de Agroecologia com 18 anos”, recorda Mirelle.

“Era um menino camponês cheio de sonhos, querendo conhecer o mundo, com o coração batendo no mundo, aberto para o conhecimento, para o aprender”, continua.

“E assim ele se fez. Ele saiu de lá um homem, um educador”, conta

“Dói muito [a morte de Lindolfo]. É uma dor física. E não tem o que gente diga que vai fazer essa dor passar. Mas tem muita luta pra gente não ver isso se repetir”.

“Dentro do movimento sem terra, a gente tem a seguinte frase: ‘Aos nossos companheiros e companheiras tombados nenhum um minuto de silêncio, mas uma vida toda de luta. Uma vida toda de luta por Justiça, por Lindolfo e para não termos outros Lindolfos'”, conclui Mirelle no vídeo abaixo.

Maria Natividade é moradora do assentamento Contestado, na Lapa, e integrante do Setor de Saúde do MST.

Para ela, Lindolfo não era só um estudante. Era um militante da luta no geral.

“Era meu grande parceiro e companheiro no espaço junto às plantas medicinas e terapias naturais”, destaca Natividade (vídeo abaixo).

Participaram também do ato: deputado estadual Tadeu Veneri (PT); vereador Anderson do Prado (PT), vice-presidente da Câmara de São João do Triunfo; Hermes Leão, presidente da APP Sindicato; Alessandro Mariano, coletivo LGBT Nacional do MST; Edson Bagnara, da direção estadual do MST.

O deputado Tadeu Veneri ouve  o pai de Lindolfo. Na sequência, Hermes Leão, Edson Bagnara e Alessandro Mariano. Fotos: Joka Madruga

JUSTIÇA POR LINDOLFO!

O “plantio” de uma cruz de cedro marcou o encerramento ato (vídeos abaixo) em memória do jovem Lindolfo Kosmaski, mais uma vítima da homofobia e da intolerância.

A cruz de cedro, que irá brotar e se transformar em uma nova árvore, foi fixada às margens da rodovia 151, próximo ao local onde Lindolfo foi assassinado.

Flores e sementes também foram plantadas.

A partir de ontem o local será preservado pela comunidade, amigos e familiares como marco da luta por justiça contra a homofobia e em memória do  jovem professor.

*Ednubia Ghisi colaborou.


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Comentários

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Arnon

O Papa Francisco tem razão nessa questão dos gays.
Cá entre nós. Tem gente que nasceu na janela.
Se pegasse um livro difícil e lesse e entendesse seria muito mais útil para ele próprio e para a humanidade. Talvez aprendesse um serviço que ninguém faz e ganharia muito dinheiro. Toda área precisa de bons profissionais. Excelentes.
Não seguem nem a constituição nesse país. Direitos humanos é que não vão seguir mesmo é nunca nessa terra. Nas Américas pobres.
Cabe a Justiça fazer justiça, mas mesmo assim aqui é difícil. Aqui o que manda é o dinheiro.
Depois de se ocupar dos gays, será quem a ocupação da pessoa ? Os adúlteros.
Produzir algo de útil não consegue nem a pau. Produzir preconceitos qualquer um produz.
Qualquer crime de morte deveria ter o mesmo peso “e pena” de prisão em cadeia se foi por dolo e seja quem foi o autor(a) do crime rico ou pobre. Mas aqui não funciona assim.
Já existe pena de morte aqui, só não está na lei, mas já existe. E não daria certo isso aqui.
Se tivesse uma grande cabeça se ocuparia de outras coisas. Conseguiria fazer algo interessante.
Produzir conhecimento e não copiar.
Só cópia e repetição igual papagaio.

Zé Maria

Freikorps em ação.

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