José do Vale: Soterrado pelas 500 mil mortes, o povo está na rua para vencer o maior inimigo dos brasileiros

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19JForaBolsonaro: Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo. Fotos: Mídia Ninja, RBA e Benildes Rodrigues

VENCER O INIMIGO INVENCÍVEL

“Sofrer a tortura implacável, romper a incabível prisão, voar num limite improvável, tocar o inacessível chão”, O Homem de la Mancha

Por José do Vale Pinheiro Feitosa*, especial para o Viomundo

Doeu profundo na nossa integridade humana.

É um insulto que atravessa toda a nossa luta política e a Constituição formal de uma Nação.

Ninguém passa por uma lesão dessas sem que feridas difíceis de cicatrizar inflamem a consciência.

Enquanto milhares saíram às ruas do Brasil nesse 19 de junho, os números da pandemia de covid-19 soterravam a insônia cívica.

Os dados coletados por todo país, mesmo num final de semana quando diminuem as coletas, mostram uma realidade crítica: 82.288 novas infecções.

Somos há dias o país com maior número de novos casos de covid-19 do mundo.

Hoje mesmo o nosso número de novas infecções superam a soma do segundo, terceiro, quarto e quinto país em ordem de gravidade: Índia, Rússia, África do Sul e Indonésia.

Assim como somos o país com maior número de mortes por tal doença.

Tivemos 2.179 mortes no dia 19 de junho quando a população protestou nas ruas.

Esse volume de mortes do 19 de junho supera a soma das ocorridas nos oito países com maior número óbitos por covid-19: Índia, Rússia, Indonésia, México, Filipinas, África do Sul, Chile e Estados Unidos.

Mas um número furou os moinhos de vento, derrubou a engrenagem que naturaliza a morte como uma necessidade da vida: chegamos a 501.000 mortes por covid-19.

A primeira morte observada no Brasil por tal doença aconteceu no dia 12 de março de 2020, num hospital municipal da Zona Leste de São Paulo.

Em 19 de junho de 2021, apenas quinze meses transcorridos, as 501 mil mortes retratam a falência do governo brasileiro.

Não é possível atribuí-las a um desastre natural das epidemias.

E não são, mesmo, porque temos demonstrações inequívocas de que o controle sanitário e o distanciamento por si são suficientes para cessar a disseminação do vírus.

Neste momento, o quadro da epidemia no Brasil reflete outro aspecto da omissão criminosa do governo federal: a vacinação.

A imunização em massa da nossa população teria modificado a situação da pandemia aqui, como tem feito em todo mundo.

Infelizmente, aqui, segue lenta.

Seis meses após a liberação das vacinas no mundo todo, o Brasil apenas conseguiu vacinar 11,66% da população com as duas necessárias para cada pessoa.

Não temos autonomia de produção nem não compramos vacinas, quando em 2020 nos foram ofertadas.

Um crime contra a saúde pública dos 211 milhões de brasileiros, cuja responsabilidade total  do governo Bolsonaro.

Tanto que as vacinas que chegam às unidades da federação estão sendo aplicadas, mesmo em áreas remotas.

É o caso dos estados da região amazônica, que apesar dos problemas de logítica, conseguem aplicar mais de 60% das doses distribuídas.

Nos demais estados,  70% a 93% das doses distribuídas pelo governo federal sendo aplicadas na população.

O povo está na rua porque não tem governo. E quem não tem governo, tem que se governar.

“Sonhar mais um sonho impossível. Lutar quando é fácil ceder.”

*José do Vale Pinheiro Feitosa é médico sanitarista.


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Darcy Brasil

Apenas uma parcela do povo, a chamada “massa avançada”, vinculada principalmente aos partidos e movimentos de esquerda, estiveram nas ruas. Isso é bastante positivo. Diferentemente de quando esses mesmos segmentos ocuparam as ruas para combater o golpe que se preparava contra Dilma, essas manifestações contaram com o apoio da maioria absoluta dos indivíduos que se identificam com o centro politico, que votavam, no passado, de forma sistemática, no campo então liderado pelo PSDB. Esses indivíduos de centro, que se consideram liberais, precisam ser urgentemente atraídos para as futuras manifestações de rua. O eixo da luta é o “Fora,Bolsonaro”, não apenas pela forma criminosa com que vem tratando a pandemia no Brasil, convertendo-se num genocida espalha-vírus, mas principalmente por sua intenção quase explícita de se perpetuar no poder pela via da violência armada. Confundir os desejos com a realidade, algo bem comum ao pensamento esquerdista infantil, recusando uma Frente Ampla Antifsscista porque dentro dela se abrigariam defensores de programas econômicos neoliberais, é estupidez política. O que importa é o compromisso de cada ator político na refutação de um golpe de estado, na defesa do pacto político conhecido como “Estado Democrático de Direito”, que Bolsonaro e suas milícias tentam destruir. Vale lembrar ainda que um golpe de estado miliciano deflagaria imediatamente uma guerra civil de longa duração no Brasil. Bolsonaro e os estúpidos milicianos que se deixam liderar por ele acreditam poder reeditar nos tempos presentes um golpe de estado similiar ao de 1964, confundindo também os seus desejos com a realidade. Nenhum regime ditatorial conseguiria se estabilizar no Brasil de hoje. Uma guerra civil sangrenta seria praticamente a inevitável consequência dessa aventura miliciana. A consciência desta ameaça tende a crescer entre os setores liberais da sociedade brasileira, necessitando ser convidada a marchar nas ruas junto com a esquerda em defesa das liberdades democráticas e do impeachment de Bolsonaro, reivindicando ainda a condenação de Bolsonaro pelo crime de genocídio, seja nos tribunais brasileiros, seja no tribunal internacional da ONU.

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