José Antônio Orlando: O corpo cativo, ao sabor do mercado

Tempo de leitura: 3 min

Twiggy: Na época, chocante

por José Antônio Orlando, no Semióticas (reprodução de trechos)

Moda é vestir os nus? Depende. Madonna e outros artistas populares de nossa época demonstram que provocar, e não vestir, pode ser sempre o melhor negócio. Já Simone de Beauvoir, que escreveu algumas das linhas definitivas sobre o assunto, costumava dizer com propriedade – “visto para quem me dispo”.

Pois é o aforismo da musa existencialista, aplicado aos processos midiáticos que sustentam (e por vezes subvertem), atitudes psicossexuais e sociais dominantes, que fornece a moldura para as reflexões reunidas por Shari Benstock e Suzanne Ferriss em “Por Dentro da Moda” (Editora Rocco), coletânea especialíssima de 16 ensaios sobre esse fluido, instável e implacável fenômeno situado nas fronteiras movediças entre erotismo, arte e política.

“On Fashion”, título do original em inglês, é considerado referência obrigatória em estudos sobre o ato de vestir desde a primeira edição na Europa e nos Estados Unidos, em 1994. Coube a Benstock e Ferriss, professoras de Literatura e História da Arte na Universidade de Miami, mapear os contornos da edição e juntar a equipe de especialistas em abordagens abrangentes e ambiciosas sobre as interfaces do mundo da moda.

Quando a televisão ainda não era um item obrigatório nas casas, os desfiles de moda também não eram tão populares, e o famoso tapete vermelho do Oscar nem existia, as referências para as roupas saíam do cinema, que desde as primeiras décadas do século 20 e cada vez mais exibe modelos desenhados pelos mais festejados nomes da alta costura, de Gabrielle Coco Chanel e Christian Dior a Giorgio Armani, Jean Paul Gaultier, Calvin Klein, Versace e Yohji Yamamoto – todos com presença em destaque na extensa galeria de medalhões celebrados, ou criticados, comparados, nos ensaios

Máscaras cotidianas

Filosofia, desfiles nas passarelas e a vida nas ruas: a tese que conduz a maioria dos ensaios destaca a sexualidade e os hábitos comportamentais como motor dos grandes movimentos sociais. Segundo destacam as organizadoras no ensaio de apresentação a “On Fashion”, o ato de vestir é dos mais privilegiados, porque é ele que determina e relaciona, às máscaras da vida cotidiana, o imaginário coletivo e os projetos autobiográficos de todos nós e de cada um em particular.

Ensaio sobre a Modernidade

A ligação da moda com a mercantilização – que outro francês, Charles Baudelaire, revelou em meados do século 19, em seus “Ensaios sobre a Modernidade” (lançado no Brasil pela Paz e Terra) – vai coincidir com o surgimento do capitalismo industrial e da economia de mercado. Nas últimas décadas, impulsionado especialmente pelas imagens da fotografia, do cinema e do internet, como destacam os teóricos citados, o poder repressivo dos modismos exerce cada vez mais sua tirania sobre os consumidores de todas as idades.

Movido pela obrigação do consumo efêmero, o corpo sujeito à moda mantém-se cativo do desejo mutante de adorno, além de dependente das forças econômicas do mercado. “A moda contemporânea pode estar em frangalhos”, destacam as organizadoras. “Não mais enquadrada num único padrão dominante, numa mesma altura de bainha, mas seu olhar sequioso perscruta o mundo em busca de ‘looks’ originais para deles se apropriar”.

Ao sabor dos ventos

Revendo a história da vestimenta, “Por Dentro da Moda” toca em contradições de gênero que vão muito além das mensagens estéticas, muito além do consumismo das obsessões com compras, apontando que nas imagens da mídia contemporânea a roupa masculina se tornou fixa e estável, congelada numa “rigidez fálica”, enquanto a roupa feminina muda ao sabor dos ventos, deslocando a ênfase de uma para outra zona erógena.

“A mulher abandonou os pesados e incômodos pregueados e os torturantes trajes de armações em favor de estilos mais simples e reveladores de formas”, analisa Leslie W. Rabine no ensaio sobre consumismo e feminismo nas revistas de moda. De acordo com Rabine, catedrática da Universidade da Califórnia, a “evolução” da mulher no século 20 acarretou um efeito da maior complexidade.

“É quase um gene mutante que foi se tornando dominante”, adverte Rabine, “tanto melhorando o status da mulher objeto do olhar e do desejo masculino, como expressando sua nova independência de autoridade de pais e maridos, sua maior mobilidade física e econômica, sua situação de sujeito que reflete sobre si mesmo e um desligamento das restrições vitorianas da feminilidade”.

Twiggy, uma lenda

“Lendo antigas entrevistas e artigos sobre Twiggy, torna-se evidente de imediato que nunca uma modelo de moda teve tanta importância. É provável que nem antes, nem depois, o público tenha tido tando conhecimento da vida atrás do rosto de uma modelo. Mas a imprensa popular norte-americana, representativa da grande classe média, claramente percebeu Twiggy como uma ameaça. Oriana Fallaci, numa extensa entrevista para o ‘Saturday Evening Post’ que marcou época, divertiu-se em bombardear essa desistente dos bancos escolares com perguntas sobre história e política. Fallaci: Twiggy, você sabe o que aconteceu em Hiroshima? Twiggy: Onde é que fica isso?”
(Linda Benn DeLibero)

Para ler o texto completo, aqui.


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Isabel Hamdan

“A mulher abandonou os pesados e incômodos pregueados e os torturantes trajes de armações em favor de estilos mais simples e reveladores de formas”, e em contrapartida hoje, as mulheres se torturam, para manterem-se esquálidas a favor da mídia. "A mulher flutua ao sabor da moda". Realmente, já nos torturamos em vestes pesadas e sufoncantes e hoje nos privamos de muitas coisas a favor da mídia e da moda.

Klaus

Depois de invejar Chávez, Morales e Correa, hora de invejar Cristina Kirchner, que usa muy bién o futbol para sua campanha eleitoral. Oh, inveja, por que me consomes tanto? Este uso do futebol não seria condenado por aqui, pois não? Um resumo da história: a transmissão do futebol na Argentina é estatal (que inveja!); o governo paga 100 milhões de euros e pretende reajustá-lo para 200 milhões de euros pela transmissão (quants casas populares poderiam ser construídas, hein?). Não é aceita publicidade comercial, apenas propagandas do governo (que inveja!!!!!); River Plate caiu pra segunda divisão e o governo central determinou (em conluio com a AFA) a união da primeira com a segunda divisão. Com isto, o River não cai e haverá um time de cada província no campeonato, o que faz com que a propaganda estatal chegue a todos em ano eleitoral. É ou não é pra ficar com inveja? Ah, tudo isto em colaboração com o Ricardo Teixeira de lá, que comando o futebol há 30 anos. Dilma fazendo isto no Brasil alguém acharia ruim?? rs

    João PR

    Dedinho para baixo para você!
    Desinfeta daqui meu!

Amaro

Falou em moda, eu me lembro do bambolê. Quando ele voltará novamente a ser moda? As pessoas que se preocupam com moda são, via de regra, as mais oblongas (ôcas) que eu conheço. São "Marias vão com as outras".
Elas se apresentam dizendo "vejam o que eu posso comprar; não é lindo?" E acabou o papo. É muito pouco.

O_Brasileiro

Eu não sei o que a Twiggy pensava, não sei se era uma intelectualóide chata ou uma patricinha supérflua, mas pena que as roupas não falam… porque quando algumas das mais bem vestidas abrem a boca…
Quanto ao consumismo, é alimentado pela inquietação (pulsão como diria Lacan) e pela competição das pessoas…
Deixemos que se maqueiem… causa menos doenças do que o álcool e os doces e frituras das propagandas!

FrancoAtirador

ENTREVISTA / GLEISI HOFFMANN – 29/07/2011 (Parte 1)

Por Marina Caruso, na Marie Claire

O que foi fundamental em sua trajetória para transformá-la em chefe da Casa Civil?
Gleisi – Duas características foram essenciais na minha vida: determinação e disciplina. Meus pais me deram isso. Eles sempre foram rígidos na educação e nos impuseram humildade. Minha mãe criou a mim e a meus três irmãos (Bertoldo, Juliano e Francis) praticamente sozinha. Meu pai era comerciante e viajava muito. Não tínhamos empregada e éramos uma família de classe média baixa. Para que a casa ficasse em ordem, todo mundo ajudava.
Quais são as virtudes femininas em cargo de comando?

Gleisi – Acho bárbaro quando os homens dizem que nós nos preocupamos muito com os detalhes. Essa é uma avaliação crítica recorrente, inclusive que alguns fazem à própria presidente. Dizem que a gente fica muito preocupada com detalhe e que temos de pensar no macro. Só que o diabo mora nos detalhes. Então se dedicar para que a coisa dê certo desde o início até o final, cuidando, acompanhando, é uma característica das mulheres. Eu não tenho dúvida que isso vai fazer uma diferença importantíssima na vida pública do país.

Como a cúpula feminina do governo pode ajudar a sanar problemas de gênero como a violência doméstica, a desigualdade salarial, a falta de políticas públicas para a saúde da mulher?
Gleisi – Com estímulo a políticas públicas e interlocução com a iniciativa privada. As conquistas nesse campo farão parte de um processo que já está acontecendo. Podemos acelerá-lo e é o que pretendemos.

A presidente Dilma disse ironicamente que está cercada de "homens meigos". Como a senhora lida com esses homens?
Gleisi – Ela fez uma brincadeira por acusarem-na de ser dura e firme. Aliás, esses atributos são considerados normais em um homem. Por que as mulheres têm de ser frágeis e meigas no comando? Liderança exige determinação e firmeza, independentemente do sexo.

Com sua nomeação, as atribuições da Casa Civil diminuíram. Sente-se desprestigiada em relação aos antecessores?
Gleisi – Não vejo dessa maneira. Nenhuma concentração é boa. Desde o governo do presidente Lula, havia a Secretaria de Relações Institucionais, responsável pela articulação política. A Casa Civil é articuladora e facilitadora das ações de governo. Trabalhar em equipe é sempre mais seguro e eficaz. Não me atrai a atitude heroica.

Como recebeu o convite para a Casa Civil?
Gleisi – Quando a presidenta me convidou para ser ministra-chefe da Casa Civil, eu gelei. Foi um susto. Tive dúvidas se deveria aceitar. Pensei: "Meu Deus, é muita responsabilidade". Ela me chamou um dia antes da posse, e eu fiquei muito preocupada. Fiquei quatro anos na política, longe da gestão. Por isso falei para o Paulo (Paulo Bernardo, seu marido e ministro das Comunicações): "Acho que não devo aceitar. Não me sinto em condições". E ele disse: "Reflita bem". Naquela noite, eu chorei. Chorei mesmo. Daí eu fui conversar com a presidenta. Sentei na frente dela decidida a falar que eu achava melhor não assumir, porque não me sentia preparada para desafios tão grandes. Mas ela foi falando, falando, falando e no final eu disse: "Tá bem, presidenta" (faz voz de menina e solta uma gargalhada). Pensei: "Se Deus me pôs aqui é porque eu devo poder fazer algo diferente para ajudar o Brasil. Não é fortuito".

E o Paulo Bernardo, como recebeu essa notícia? Isso não mexe com os brios dele?
Gleisi – Para ele, foi um susto também. Não acredito que o tenha afetado. Mas ele tem reclamado que eu trabalho demais. Saio de casa antes dele e chego depois. Mas ele vai ter de ter paciência e cuidar um pouco mais das crianças. Ele sempre foi a pessoa pública, e agora sou eu que estou mais em evidência. No dia da minha posse, o telefone de casa tocou às 6 horas da manhã. Ele atendeu, ainda sonolento. Era uma jornalista de uma rádio perguntando: "Alô, é o assessor da Gleisi?". Ele costuma ser mal-humorado de manhã, mas foi espirituoso: "Claro que não. É o marido dela. O assessor de imprensa não dorme aqui em casa!"…

    FrancoAtirador

    ENTREVISTA / GLEISI HOFFMANN – 29/07/2011 (Parte 2)

    Por Marina Caruso, na Marie Claire
    A senhora perdeu eleições para o Senado, em 2006, e para a prefeitura de Curitiba, em 2008. Como encarou as derrotas?
    Gleisi – De forma pedagógica. Derrotas ensinam muito. E nem sempre uma derrota eleitoral é uma derrota política. Minha avó dizia que aquilo que não nos mata fortalece. Num mundo público majoritariamente masculino, é o máximo ser mulher e dizer: "Me preparei, posso discutir, conversar, encaminhar, participar das lutas". Para mim, é mais que um orgulho pessoal, é mostrar que as mulheres podem fazer a diferença do seu jeito. Para equilibrar o mundo, a enorme parcela feminina da população precisa estar nos processos decisórios. Não é possível uma democracia em que mais da metade da população não participe.
    Até mesmo mulheres fortes têm seus momentos de fragilidade. Quais foram os seus? Não pensou em desistir da política quando perdeu as eleições?
    Gleisi – Nunca! Perder e sofrer são lados da mesma moeda da vida. O que vale é a dimensão e importância que você dá a eles. Foram duas situações. Na do Senado, houve uma derrota eleitoral, mas uma vitória política. Eu saí muito de baixo, ninguém acreditava que eu iria ganhar. Foi no final da campanha que a gente avaliou que tinha chance, e aí já não tinha tempo. Mas saí fortalecida. A campanha pela prefeitura de Curitiba foi muito difícil, dura, pesada, de desconstrução da imagem. Ia para alguns bairros, e os adversários diziam que eu não era de Curitiba, não era casada, não tinha filhos, afirmavam que eu era uma mentira. Eu chegava em casa me perguntando onde havia me metido. E, no final, a vitória deles foi acachapante. O que me deixou triste, mas não a ponto de jogar a toalha.
    A vitória, no ano passado, na disputa pelo Senado teve um gosto especial?
    Gleisi – Comemorei de forma muito tranquila. Sabia, e sei, que não é uma vitória individual. É uma conquista coletiva de todos que acreditaram na caminhada. Mais que uma vitória, encaro como uma missão. Ter a função de senadora é ter a função de servir. É uma grande responsabilidade com o povo do meu Estado.
    A senhora era chamada de "Pit-bull do Senado", por defender com veemência o governo. Outra alcunha da senhora é a "Barbie da Dilma". Os apelidos a incomodam?
    Gleisi – Nunca mordi ninguém. Defendia o governo porque acredito nele. E se me chamam de Barbie é porque me acham bonitinha e vazia como uma boneca, não ligo. Não me acho bonita e cuido de minha aparência como a maioria das mulheres. Ser como a Barbie, embora longe da realidade, me envaidece.
    Chorou por causa desse bullying político?
    Gleisi – Já chorei muito na vida. Já cheguei em casa, me tranquei no quarto e chorei, chorei, chorei. Os apelidos não me afetam muito. Mas, quando um projeto não dá certo, falha, eu me frustro muito. Sou muito perfeccionista e não gosto das críticas que não são construtivas.

    FrancoAtirador

    ENTREVISTA / GLEISI HOFFMANN – 29/07/2011 (Parte 3)

    Por Marina Caruso, na Marie Claire

    Assim que assumiu a Casa Civil, a senhora disse que faria de tudo para levar seus filhos à escola. Tem cumprido isso?
    Gleisi – Fui salva pelas férias! As crianças passaram o mês de julho em Curitiba, na casa da minha mãe. Só voltaram agora. Mas a verdade é que não vou poder levá-las mais à escola. Tenho vindo para cá todos os dias às 8 horas, horário em que elas entram. Talvez eu vá no primeiro dia, mas mais que isso não vou conseguir.

    Sente culpa?
    Gleisi – Agora menos, mas já tive muita, de chorar. Quando era diretora da Itaipu, ia para Foz de Iguaçu dois dias da semana, e o João ficava com a minha mãe. Saía de casa, de carro, e o via no portão, dando tchau. Eu já começava a chorar ali. Ele era tão pequenininho. No hotel, eu só pensava: "O que eu estou fazendo? Devia estar com meu filho", e chorava, chorava. A caçula, que é adotiva, também sofreu muito lá atrás. O processo de adoção já corria há dois anos e meio, e eu estava em plena campanha para o Senado de 2006 quando me ligaram do Juizado dizendo: "Sua filha está aqui". Eu não podia tirar licença-maternidade, estava no meio de uma campanha. Fiquei desesperada. Mas minha família se mobilizou, e a Gabi se apegou muito a minha mãe. Quando terminou a campanha, tive de fazer uma aproximação para que ela sentisse que eu era a mãe. Ainda hoje ela se ressente muito da minha ausência.

    Com quantos meses ela chegou?
    Gleisi – Cinco. Aliás, o juiz poderia ter liberado a adoção antes, e não o fez. Fiquei muito chateada com isso. Nem tinha a pretensão de ter um recém-nascido. Poderia ser de 2 ou 3 anos. E a Gabi já estava liberada para adoção desde que nasceu, porque a mãe dela já tinha assinado os papéis. E ainda assim ficou cinco meses no abrigo! Por quê? Porque, infelizmente, o sistema de adoção no Brasil é muito ruim. Os juízes têm medo de entregar os meninos às famílias e, por cautela, eles têm a infância roubada. Para uma criança, cada mês passado num abrigo é uma eternidade.

    Por que adotou? Não podia ter mais filhos?
    Gleisi – Podia. O João Augusto queria uma irmãzinha, e eu achava que tinha tanto amor por criança que era demais para dar apenas a ele. Precisava repartir um pouco (risos). Sentia vontade de ter outro bebê, mas não queria passar por toda a gestação de novo. Aquele barrigão, aquele desgaste. É uma delícia, mas basta o primeiro filho. Não consigo entender até hoje a minha avó. Ela teve 15! Todo ano aquela mulher ficava grávida. Não dá, gente…

    A senhora e o ministro Paulo Bernardo arrumam tempo para namorar?
    Gleisi – É difícil. Quando dá, vamos ao cinema, tomamos um vinho. Ultimamente temos lido muito jornais juntos.

    Como começou o namoro? O que mais a encantou nele?
    Gleisi – Em Brasília, quando fui trabalhar na Câmara dos Deputados. A dedicação do Paulo ao trabalho e a seriedade com que tratava os assuntos da política. Gostávamos também das mesmas coisas, das mesmas matérias, como orçamento. Além de tudo, ele é um galanteador, que tem muita sensibilidade com o mundo feminino. Isso também me preocupa…

    Dizem que a senhora começou a namorar Paulo Bernardo quando ainda era casada com o jornalista Neilor Toscan, então assessor de Bernardo, que, na época, era deputado. Falam também que vocês moravam juntos em um apartamento funcional…
    Gleisi – Minha mudança para Brasília e o fim do meu primeiro casamento foram os momentos mais difíceis da minha vida. Mas não teve isso de morar junto, não. Eu era casada com o Neilor, que trabalhava no Banco do Brasil. A gente morava em Curitiba. Quando ele foi transferido para Brasília, eu já conhecia o Paulo e o procurei para trabalharmos juntos. Eu tinha experiência em gestão e orçamento, e essa era a área dele.

    FrancoAtirador

    ENTREVISTA / GLEISI HOFFMANN – 29/07/2011 (Parte 4)

    Por Marina Caruso, na Marie Claire

    A senhora é vaidosa? Já fez plástica?
    Gleisi – Sou cuidadosa como toda mulher. Fiz uma plástica nos seios, depois de amamentar, e apliquei Botox no rosto, para atenuar as rugas. Se eu pudesse, pediria ao tempo para andar mais devagar. Uso sempre filtro solar, porque sou muito clara, e maquiagem. Sou meio relaxada com exercícios físicos. Ainda não consegui priorizá-los. Mas gostaria.

    Quem a ajuda a escolher o que vai vestir?
    Gleisi – Não sou atenta à moda. Visto aquilo que acho que fica bem e me deixa minimamente confortável. Sempre peço opinião para amigas. Durante a campanha para o Senado, recebi orientação de uma profissional de estilos. Guardo algumas lições, como as cores que funcionam melhor para minha pele, os cortes.

    Liga para marcas? Seu tailleur é de onde?
    Gleisi – Este custou caro… (ajeita a lapela e pede para a assessora ver de onde é). É da Maxmara. Eu olhei, gostei e comprei. Não faço muito isso, porque evito gastar. Mas deste eu gostei mesmo.

    A senhora tem algum sonho de consumo?
    Gleisi – Adoro bolsa e sapato. Eu olho na vitrine e me dá vontade de levar. Adoraria ter uma bolsa Louis Vuitton. Não é nem pela marca, pelo estilo mesmo. Acho tão bacana, gosto do design. Uma vez pensei em comprar uma no Paraguai, mas achei melhor não (risos).

    Desde quando a senhora é vegetariana?
    Gleisi – Não como carne vermelha há mais de 16 anos. Carnes brancas deixei de comer há quatro anos. Não gosto. Não me faz falta e não sei ao certo por quê.

    A senhora era boa aluna?
    Gleisi – Era esforçada (risos). Tinha de estudar muito para ir bem. Não era algo natural, era fruto de disciplina e esforço mesmo. Sempre fui muito contestadora, o que me dava problemas com meus pais. Quando eu achava que a professora era rígida demais, injusta, batia boca. Nunca admiti que gritassem comigo.

    De onde veio o desejo de ser freira?
    Gleisi – Estudei em um colégio religioso, só de meninas, em Curitiba. As freiras tinham uma ação muito intensa de caridade em torno da escola. Queria aquela vida para mim, queria ajudar o próximo e, por isso, ser freira. Mas a formação era em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, e meu pai achou longe e não me deixou ir.

    Como entrou para a militância política?
    Gleisi – Entrei quando fazia movimento estudantil, com 19, 20 anos. Meu primeiro partido foi o PCdoB. Conheci o PT depois, em 1989, e nunca mais o deixei. Trago o compromisso de dedicar-me àquilo que efetivamente melhora a vida das pessoas e busca justiça social. Deixei para trás a visão romântica de esquerda.

    Que livro a senhora está lendo?
    Gleisi – "Conversas Que Tive Comigo", do Nelson Mandela. Sou fã dele.

    Que música não se cansa de ouvir?
    Gleisi – Chico Buarque, que adoro, e grupo ABBA. Por conta disso já assisti a Mamma mia umas seis vezes.

    O que gosta de fazer para relaxar?
    Gleisi – Ficar em casa, ler e assistir a filme. E, de vez em quando, tomar um vinho.

assalariado.

Nesta sociedade de luta de classes, a exploração da mulher e seu corpo, sempre foi motivo para relaciona-la como objeto a ser usado/ consumido e, descartada, uma mercadoria, para obtenção de lucros pela burguesia capitalista. Melhor dizendo, na teoria do capitalismo além de ser usada para cama, mesa e banho, também passou a ser o fetiche em forma de mercadoria, é a vaidade do capital, em pessoa, para obtenção de lucros. As mulheres na visão dos donos dos meios de produção, não vão além de objetos para acumulo de mais capital, visto que, hoje, elas são por volta de 47% da mão de obra rebaixada das elites empresariais, "matam dois coelhos, ou mais, numa paulada só".

Na teoria marxista: " o fetichismo, é o processo pelo qual a mercadoria, no capitalismo, um ser inanimado, passa a ser considerado como se tivesse vida. As relações sociais deixam de ocorrer entre indivíduos, mediadas pela mercadoria, mas tornam-se relações meramente entre as próprias mercadorias, sendo os seres humanos meros intermediários no processo econômico geral. Com isso ocorre a desumanização do ser humano no capitalismo, com a ilusão de que não há relações humanas (isto é, sociais) no que se refere à mercadoria. Para a escola marxista, o fetiche é um elemento fundamental da manutenção do modo de produção capitalista. Consiste numa ilusão que naturaliza um ambiente social específico, revelando sua aparência de igualdade e ocultando sua essência de desigualdade."

Deixe seu comentário

Leia também