Jeferson Miola: Omissão da PGR só fortalece corporativismo

Tempo de leitura: 2 min
Foto:Marcelo Camargo/Agência Brasil/Fotos Públicas

Omissão de Raquel Dodge é vergonhosa

por Jeferson Miola, em seu blog

É estarrecedor o silêncio da Procuradora-Geral da República Raquel Dodge acerca do escândalo que atinge em cheio o coordenador da autodenominada força-tarefa da Lava Jato e vários procuradores e procuradoras.

É inquestionável que estamos diante de um abrangente e corrosivo escândalo de corrupção no Ministério Público brasileiro, com respingos escabrosos sobre desembargadores, juízes e ministros das instâncias superiores do judiciário.

No mínimo, trata-se de improbidade administrativa, desvio funcional, organização criminosa e aparelhamento do Estado para satisfazer interesses privados, políticos e de um projeto de poder coordenado desde os EUA.

Tudo documentalmente provado e trazido ao público pelo Intercept com o apoio de outros órgãos de imprensa.

Os/as procuradores/as responsáveis pelos graves desvios, ao invés de já estarem afastados e submetidos aos procedimentos da Lei e aos códigos legais e de ética da corporação, seguem, entretanto, nos respectivos cargos públicos, recebendo os mais altos salários do país, destruindo provas e obstruindo as investigações.

Além do inacreditável silêncio diante deste escândalo que ultrapassa as fronteiras nacionais e espanta o mundo inteiro, a omissão da Raquel Dodge envergonha.

A omissão da chefe da PGR só fortalece o corporativismo que protege os implicados – como no âmbito do Conselho Nacional do Ministério Público, que decidiu arquivar pedido de investigação do Deltan Dallagnol; e da Associação Nacional dos Procuradores da República, com seus comunicados que flertam com o delírio, tamanho nonsense.

Com seu silêncio e sua omissão, Raquel Dodge descumpre seu dever funcional e, implicitamente, pode ser acusada de cumplicidade e conivência.

Não há lugar para ilusões. Como o Estado de Direito foi estuprado e o Brasil está sob a vigência do regime de exceção, não surpreenderá se a própria Chefe do MP continuar prevaricando e descumprindo sua obrigação legal e funcional.

Assim como já não surpreende a complacência dos órgãos judiciais de controle [CNJ, CNMP] e das instâncias superiores do judiciário.

Essa inação, se não for revertida, não só manchará a gestão e a carreira da Raquel Dodge, mas afetará de modo indelével, e para pior, a imagem e a confiança no Ministério Público e da justiça.


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Luiz Fernando

O Golpe de abril de 2016 foi legitimado com a eleição fraudulenta de bolsonaro confirmada pelo intercept. Por outro lado a esquerda tem sofrido derrotas muitas sérias a da previdência a maior delas, o Brasil caminha para a barbárie.

abelardo

Depois de um breve período de imperialismo o judiciário tirou a máscara e saiu do armário armário e se mostrou como todo mundo já imaginava, ou seja: seletista, parcial, partidário, sedento de poder e de vantagens, em benefício próprio e, o que mais nos surpreendeu, muito próximo nas tramas ilegais, nos abusos de poder, nas delinquências criminosas e nas traições ao cargo e a instituição que representa. Está muito próximo, nas avaliações negativas, dos já velhos e conhecidos demais poderes da república. Também, com a sequência de procuradores Gerais, nos últimos mandatos, quem aguenta esse tranco?

Deixe seu comentário

Leia também