Jeferson Miola: O delírio do comandante do Exército em seu primeiro discurso

Tempo de leitura: 3 min
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Comandante do Exército delira e fala de tudo, menos da função profissional do Exército

Por Jeferson Miola, em seu blog

No primeiro discurso como novo comandante do Exército, o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira anunciou que percorrerá, “no tempo certoos 8 comandos militares de área do Brasil e os estabelecimentos de ensino da Força para estreitar laços de comando, acompanhar o ensino e a instrução militar, bem como o adestramento da tropa”.

A despeito da condução desastrosa do Exército no enfrentamento da pandemia por meio da liderança irresponsável e criminosa do general da ativa Eduardo Pazuello, o novo comandante do Exército se permitiu fazer um discurso laudatório – para não dizer delirante; absurdamente disparatado da realidade.

Adepto do modismo do léxico ultraliberal como seus colegas ultraliberais de farda, o general Paulo Sérgio citou como supostas “entregas à sociedade brasileira” as “incontáveis ações de toda ordem que temos desencadeado em apoio aos nossos irmãos brasileiros, em todos os rincões deste país continental” [sic].

Ele então recitou a imaginária “atuação heróica e épica” do Exército para preservar vidas, abastecer hemocentros de todas regiões do país, apoiar “irrestritamente a vacinação”, transportar e entregar insumos de saúde e cestas básicas, montar instalações de campanha, confeccionar equipamentos de proteção individual, atuar na desinfecção de espaços públicos e no controle sanitário nas fronteiras.

Nem pareceria fantasia não tivesse o Brasil em meio a um genocídio com quase 400 mil mortes – ¾ delas evitáveis –, e enfrentando uma catástrofe sanitária e humanitária que faz do país uma ameaça planetária.

O comandante nonsense prosseguiu na prédica fantasiosa e disse que o Exército continuará estendendo a “Mão Amiga” [do “Braço Forte”] para atender demandas como o combate aos crimes transfronteiriços e ambientais; o apoio às comunidades ribeirinhas e indígenas; a ajuda humanitária aos venezuelanos, às populações carentes do semi-árido, às localidades da faixa de fronteira e pequenas cidades do interior e, pasme, às periferias das grandes cidades.

Enfim, é o “Exército sempre junto ao povo brasileiro”, delirou o general.

Além de concitar “todos integrantes do Exército [para] que sigamos evidenciando união e visão de futuro, estreitando ainda mais laços de lealdade e camaradagem”, o general estranhamente conclamou “nossa Reserva Ativa, briosos veteranos e militares temporários que deixaram o serviço ativo, mas não despiram a farda verde-oliva; vocês são muito importantes para a Força – nossa reserva mobilizável; mantenhamo-nos unidos!!”.

Numa interpretação no mínimo elástica, para não dizer desonesta e conspirativa da CF, o comandante proclamou que, “sob a estrita observância da ordem constitucional vigente, devemos continuar a representar vigoroso vetor de estabilidade e de garantia da ordem e da paz social”. Como assim, cara pálida?!?!

Alheio à completa desmoralização das Forças Armadas pela catástrofe e devastação do país, o general defendeu que “todos nós, integrantes do Exército de Caxias, instituição que desfruta dos mais altos índices de credibilidade junto ao povo brasileiro, possamos servir, pelo exemplo, de inspiração para aqueles que almejam um futuro de paz, justiça, liberdade e progresso para nosso amado Brasil”.

As frases finais do discurso do general Paulo Sérgio entrariam para o anedotário das grandes bizarrices, não fossem trágicas. Disse ele: “Que o todo poderoso Deus dos Exércitos nos ilumine e proteja. Fé na missão!”, terminando com o lema da campanha eleitoral do Bolsonaro “Brasil, acima de tudo!”. Deus [aquele acima de todos], como se viu, ele já havia citado antes.

No 1º discurso como comandante do Exército, o general Paulo Sérgio delirou e falou de tudo, menos da única e exclusiva função profissional do Exército, que é a de garantir a integridade territorial e a defesa da soberania do Brasil contra eventual agressão estrangeira.

As Forças Armadas brasileiras, em especial o Exército, não estão estruturadas e sequer preparadas para defender o país, mas sim para defender os interesses das oligarquias dominantes – nacionais e estrangeiras – contra o que eles consideram os “inimigos internos”: o próprio povo brasileiro.

É sintomático, por isso, que no discurso inaugural do mandato do novo comandante do Exército, ele não tenha feito nenhuma – absolutamente nenhuma – menção à palavra “defesa”.

A razão para isso é notória: na guerra de pilhagem e saqueio das riquezas nacionais, o Exército atua como força de ocupação que garante a devastação do país pelos capitais e oligarquias nacionais e estrangeiras.

Em matéria de defesa, as Forças Armadas brasileiras, de tão despreparadas, desqualificadas e incompetentes, seriam derrotadas até mesmo pela inexistente marinha da Bolívia. 

Os comandantes militares ilegalmente dedicam tempo, energia e orçamento público para interferirem e conspirarem na política, ao invés de priorizarem a organização profissional de instituições que deveriam ser de Estado, mas atuam como partidos políticos.


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Comentários

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robertoAP

No fundo….no fundo, as atividades mais altruístas do Exército brasileiro são ALMOÇAR E JANTAR DE GRAÇA e NÃO PAGAR IMPOSTOS como os outros “mortais” brasileiros , não é general…..e bota “mortais” nisso, são 4000 por dia, por culpa do Exército, não é general??

Marys

Esse é o mesmo discurso golpista, orquestrado pelas redes de ódio Bolsonarista e pelo próprio na última semana, com milhares de visualizações e comentários ufanistas.
É o que alimenta o gado e o ego da extrema direita e mantém a verba dos youtubetes e comidilha bozofascista intocada.

    Nêmesis

    “nossa Reserva Ativa, briosos veteranos e militares temporários que deixaram o serviço ativo, mas não despiram a farda verde-oliva; vocês são muito importantes para a Força – nossa reserva mobilizável; mantenhamo-nos unidos!!”

    Talvez tenha a ver com este “ato falho” do Coiso:

    https://br.noticias.yahoo.com/news/na-periferia-df-bolsonaro-repete-160700047.html

    A história da “intervenção militar” sendo requentada para as hordas bollsonaristas.

Rodrigo

Impressionante como um ignorante, como o autor sldesse texto lixo, pode se dizer jornalista.
Não teve capacidade sequer de escrever sobre algo tão simples e com informações em toda a internet pra que pudesse pesquisar sobre seu objeto.
O Comandante do Exército fez um discurso simples e objetivo, falou genericamente sobre o papel que a força está desempenhando no momento. Não estamos em guerra pra se falar em defesa externa e quanto ao Covid ou qualquer outra pandemia ou doença infectocontagiosa, são os órgãos de saúde que combatem… O Exército apoia quando solicitado.
Lastimável ler tamanha babaquice.

    Nelson

    Meu chapa. Em que país tu estás vivendo? É o fanatismo bolsonarista que não te deixa enxergar?

    Estamos em guerra, sim. É uma guerra do governo de Jair Bolsonaro e de grande parte das Forças Armadas, que é unha e carne com ele, contra o nosso país e a grande maioria do nosso povo.

    Estão mancomunados com as grandes corporações, nacionais e estrangeiras, os já mi e bilionários, na pilhagem e rapina das riquezas que pertencem ao povo brasileiro como um todo.

    Obedecem, cega e caninamente, aos ditames que vêm do Sistema de Poder que domina os EUA e se propõem a cumprir, regiamente, a missão de transformar o Brasil em mera colônia dos países ricos.

    E, hipocrisia e cinismo elevados a níveis nunca imaginados, ainda têm a coragem de ficar enfatizando um slogan, “Brasil acima de tudo”, totalmente desprovido de conteúdo.

    Nelson

    A tão vilipendiada Venezuela bolivariana, cujo governo socialista estaria reprimindo e matando o povo, segundo dizem a mídia hegemônica e uma montoeira de fakenews, computa, hoje, 2.047 mortos pela covid.

    Sim, a Venezuela, que está submetida a um bloqueio econômico brutal e criminoso imposto pelos mui democráticos governos dos Estados Unidos.

    O país vizinho tem uma população cerca de 7,5 vezes menor que a brasileira. Se lá tivesse uma guerra contra o povo como a que temos aqui, a Venezuela deveria estar contando, hoje, mais de 52 mil mortos; seria um morticínio cerca de 25 vezes maior.

Zé Maria

Enquanto os Milicos estiverem ao Lado
do Genocida Palaciano, SK do Planalto,
e, portanto, do Ruralista Madeireiro Salles,
será impossível às Forças Armadas “atender demandas como o combate aos crimes ambientais e o apoio às comunidades ribeirinhas e indígenas”.
A Realidade nos mostra faticamente que
Bolsonaro e Salles são completamente opostos ao Ambiente Natural, contrários
aos Ribeirinhos e aos Indígenas.

marcio gaúcho

Mais um perigoso fanático bolsonarista, falso nacionalista e falastrão…

    Nêmesis

    O pior que o referido meliante nem é fanático. Como o @Felipe e a @Marys mencionaram, trata-se de um discurso metodicamente montado, no melhor estilo Goebbels, para entreter os seguidores bollsonaristas – esses sim, fanáticos.

Felipe

Não é delírio. É propaganda mesmo. Na prática, são tropas de ocupação colonial, sustentadas financeiramente pelo próprio povo o qual deveriam defender. Mas, parafraseando Nascimento, defender a soberania do país dá muito trabalho… Vai tomar tiro de fuzileiro estrangeiro quando pode mamar nas tetas do Estado e ser “melhor que o povão”, perseguindo quem está desarmado? O desgoverno Bolsonaro está sendo extremamente didático em revelar a realidade.

Neves

Deveria ser profissional e só ter em seus quadros quem gostasse e quisesse seguir essa carreira.

Jeronimo Collares Collares

Quem anda delirando são os bobos da EX-esquerda que imaginam vencer o fascismo via ‘votos’. nada prenderam na história mesmo.

    César

    Jerónimo o bobo nem aprendeu a escrever APRENDERAM e vem a dar pitaco de como vencer o fascismo!

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